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O DIREITO PREVIDENCIÁRIO NA VISÃO DE RECENTES DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A QUESTÃO DA DESAPOSENTAÇÃO

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O DIREITO PREVIDENCIÁRIO NA VISÃO DE RECENTES DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

A QUESTÃO DA DESAPOSENTAÇÃO

No regime geral de previdência social, é sabido, o segurado somente se aposenta uma vez. No caso de múltiplas atividades não irá se aposentando no momento em que implementa os requisitos para cada atividade. No momento em que complementa os requisitos para a aposentadoria numa das atividades pode requerer o benefício; as demais atividades são consideradas no cálculo para efeito de acréscimo no valor do benefício. É natural que, se em ambas as atividades o segurado implementa todos os requisitos, mais que acréscimo terá o somatório do salário de benefício de cada uma das atividades até o teto máximo previsto em lei.

A aposentadoria por tempo de contribuição, como sabe, não obriga o segurado a se desligar do emprego, como ocorreu no passado e, assim, podendo continuar a trabalhar, deve, também, continuar a contribuir.

Houve época em que a legislação previa um benefício para o segurado, já aposentado, que retornasse ao trabalho, ocasião em que lhe eram devolvidas as contribuições vertidas, em forma de pecúlio. Mas tal figura não existe mais na legislação previdenciária.

O segurado, já aposentado, que continuar trabalhando, no mesmo ou em outro emprego ou atividade, é obrigado a continuar a contribuir, por força do princípio constitucional da solidariedade e, quando se afasta novamente, nenhum benefício percebe. A lei ressalva o direito ao auxílio-acidente, reabilitação profissional e salário família.

Essa situação está a recomendar, de longa data, a ação do legislador, no sentido de corrigir essa injustiça ou, na ausência desta, a intervenção no Judiciário.

Dentre os mecanismos que vem sendo buscados se acha a desaposentação, de modo a permitir uma nova aposentadoria.

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Suponhamos que um empregado se aposente com salário mínimo e, depois, obtenha novo emprego ou mesmo ingresse no serviço público e queira, então, utilizar aquele tempo em uma nova aposentadoria. É preciso se desaposentar ou renunciar à primeira aposentadoria para que o tempo possa ser utilizado para a nova aposentadoria.

É isso que é a desaposentação, que não constitui, no entanto, uma panaceia para beneficiar a universalidade dos aposentados, senão aqueles que, diante de uma situação nova, possuem condições de renunciar à aposentadoria anterior e obterem uma mais vantajosa.

Essa questão está sendo julgada pelo Supremo Tribunal Federal no Recurso extraordinário nº 661256, julgamento que foi suspenso em 09.10.2014, após o voto do Relator.

O FATOR PREVIDENCIÁRIO

O direito brasileiro, até o advento da Emenda Constitucional nº 20, seguida pela Lei nº 9.876/99, não conhecia o fator previdenciário.

Até então as pessoas se aposentavam pela média das últimas trinta e seis contribuições.

Com a Emenda Constitucional nº 20 veio a Lei nº 9.876/99 que, a par de ampliar o período básico de cálculo dos benefícios previdenciários, que passou a ser a média das 80% maiores remunerações a partir de julho de 1994, instituiu o fator previdenciário, no regime geral de previdência.

Não existe no serviço público, no conhecido Regime Próprio de Previdência Social, o fator previdenciário.

O fator previdenciário nasceu exatamente porque não se conseguiu êxito em instituir uma idade mínima no regime geral de previdência, tal como ocorreu com a Emenda Constitucional nº 20, com o regime próprio de previdência social.

O servidor público somente se aposenta, por tempo de contribuição, com a idade mínima de 60 anos para o homem e 55 para as mulheres, com a redução de tempo aplicada ao magistério.

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No regime geral de previdência não se exige idade mínima para a aposentadoria mas a idade é considerada no cálculo do fator previdenciário e, assim, quando mais jovem a pessoa se aposentada menor o valor do benefício.

Como é feito esse cálculo?

Primeiro calcula-se normalmente o valor do benefício, apurado-se o salário de benefício. Suponhamos que atinge o montante de R$ 3.000,00 essa média. Sobre essa média irá ser aplicado o fator previdenciário, que consiste num coeficiente que será tanto maior quanto maior seja a idade e o tempo de contribuição do segurado e menor a expectativa de vida. Esse fator ou coeficiente podo ser superior a ou inferior a 1. Se for superior o valor do benefício resultante será maior que a média apurada. Se for inferior a 1, o valor do benefício será inferior à média apurada. Ele é considerado na aposentadoria por tempo de contribuição e facultativamente, a critério do segurado, na aposentadoria por idade.

A jurisprudência do STF de longa data reconheceu a constitucionalidade do fator previdenciário e, mais recentemente, vem reafirmando esse entendimento, como se pode observar do julgado no RE nº 695309- AGr/SP, da 1ª Turma, julgado em 05.08.2014, que afirma textualmente: “...O fator previdenciário incidente no cálculo do benefício previdenciário não viola o texto constitucional...”.(acórdão publicado).

APOSENTADORIA ESPECIAL E EPI

A Constituição Federal prevê a aposentadoria por tempo de contribuição e, ainda, a redução de tempo, conforme disposto no art.40, §4º, para os portadores de deficiência, os que exercem atividades de risco e para os que tenham atividades exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

A aposentadoria especial é, pois, dentre outras, aquelas em que os trabalhadores exercem atividades em condições prejudiciais à sua saúde. A legislação pátria prevê situações em que a aposentadoria se verifica aos 15, 20 ou 25 anos, contrariamente à regra geral onde o homem se aposenta aos 35 anos de contribuição e a mulher aos 30 anos de contribuição.

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Discute-se se o fornecimento de EPI (Equipamento de Proteção Individual) afastaria o direito à aposentadoria especial, posto que, embora o trabalhador esteja em ambiente insalubre, os efeitos estão minimizados pelo equipamento de proteção, por exemplo protetor auricular contra ruído.

Essa matéria está sendo julgada pelo Supremo Tribunal Federal que, após admitir a relevância da matéria, na ARE nº 664335-SC, iniciou o julgamento do mérito em 03.09.2014.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ INTEGRAL DO SERVIDOR PÚBLICO. CONCEITO DE MOLÉSTIAS GRAVES.

Tanto no regime geral de previdência quanto no regime próprio de previdência social, existem moléstias graves, definidas em lei e que dão aos portadores tratamento diferenciado. No RGPS, por exemplo, a moléstia grave prevista em lei dispensa o cumprimento de prazo de carência, bastando, para a concessão de benefícios por invalidez, a qualidade de segurado. No regime próprio de previdência o efeito é diferente; diz respeito ao valor. A aposentadoria por invalidez decorrente de moléstia grave determina a aposentadoria com proventos integrais (última remuneração segundo recente julgado do STF- ARE 653.084- AgR), ao passo que a aposentadoria por invalidez com outras moléstias dá direito à aposentadoria proporcional.

Resta saber se as relações de moléstia grave contidas na lei são meramente exemplificativas ou taxativas. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso extraordinário nº 656860, Rel.Min. Teori Zavascki, entendeu que o direito à aposentadoria por invalidez com proventos integrais pressupõe que a doença seja especificada em lei (acórdão publicado em 18.09.2014).

REAJUSTE DE APOSENTADORIA E SALÁRIO MÍNIMO

Como se sabe o reajuste de benefícios previdenciários obedece a índice próprio, não se lhes aplicando os índices de reajuste do salário mínimo.

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É bem verdade que, durante algum tempo, após a vigência da Constituição Federal de 1988, até a regulamentação pela Lei º 8.213/91 houve uma equivalência temporária entre o número de salários mínimos da época da concessão do benefício e a data de sua revisão, por força da nova Constituição.

Depois dessa regra transitória, no entanto, desapareceu a equivalência. Existe, no salário mínimo, um ganho real, que supera o índice de atualização dos benefícios previdenciários.

A manutenção do benefício em quantitativos do salário mínimo desde a época da concessão, de forma que os reajustes sigam o mesmo índice do salário mínimo, é tese vencida na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, reiterada e de longa data.

O que existe apenas é a garantia do salário mínimo como valor mínimo de qualquer beneficio previdenciário que substitua a remuneração do segurado.

No julgamento do AI nº 776.742-MG (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento) decidiu o STF: " ...2 - A revisão dos benefícios previdenciários não pode ser atrelada à variação do salário mínimo, após a implantação do Plano de Custeio e Benefícios. Precedentes...".

INCONSTITUCIONALIDADE DO CRITÉRIO DA LOAS

Tema bem controvertido na jurisprudência dizia respeito à possibilidade de comprovação da miserabilidade para efeito da renda mensal de prestação continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social fora do critério legal exigido, qual seja, que a renda per capita do beneficiário requerente fosse inferior a 1/4 do salário mínimo.

Num primeiro momento o STF havia entendido por não declarar a inconstitucionalidade sob o argumento de que a matéria ficaria carente de disciplina legal.

Mas, a despeito da jurisprudência do STF o entendimento abundante nos demais Tribunais era o de que a comprovação da miserabilidade

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poderia ser feita por outros critérios e não apenas pelo previsto em lei, qual seja, o de renda per capita não superior a 1/4 do salário mínimo.

Por maioria de votos, agora, o Supremo Tribuna Federal, julgando o Recurso extraordinário nº 567985 e 580963 confirmou incidentalmente a inconstitucionalidade do parágrafo 3º do art. 20 da Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 8.742/1993), que prevê como critério para a concessão de benefício a idosos e deficientes a renda familiar mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo, por considerar que esse critério está defasado para caracterizar a situação de miserabilidade. Foi também declarada a inconstitucionalidade do parágrafo único do artigo 34 da Lei nº 10.471/2003 (Estatuto do Idoso).

REVISÃO DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS: PRAZO DE DECADÊNCIA

Segundo apurado no “Notícias do STF” "O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (16) que o prazo de dez anos para a revisão de benefícios previdenciários é aplicável aos benefícios concedidos antes da Medida Provisória (MP) 1.523-9/1997, que o instituiu. Por unanimidade, o Plenário deu provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 626489, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), para reformar acórdão de Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado de Sergipe que entendeu inaplicável o prazo decadencial para benefícios anteriores à vigência da MP. A decisão estabeleceu também que, no caso, o prazo de dez anos para pedidos de revisão passa a contar a partir da vigência da MP, e não da data da concessão do benefício."(acórdão publicado com embargos declaratórios opostos).

OPÇÃO PELO BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO

No momento em que o segurado preenche todos os requisitos para determinado benefício previdenciária verifica-se o direito adquirido, cujo exercício poderá ser postergado para momento oportuno.

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Assim, o segurado, mesmo que aposentado-se posteriormente à aquisição do direito, pode invocar aquela legislação pretérita, de quando implementou os requisitos para o gozo do benefício.

A jurisprudência é antiga do STF mas, foi renovada recentemente, no julgamento do Recurso extraordinário nº 630501, ocasião em que os Ministros do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, reconheceu o direito a cálculo de benefício mais vantajoso a segurado do INSS, desde que já preenchidas as condições para a concessão da aposentadoria.

Segundo a Ministra Relatora, em matéria previdenciária já está consolidado o entendimento de que é assegurado o direito adquirido "sempre que, preenchidos os requisitos para o gozo de determinado benefício, lei posterior revogue o dito benefício, estabeleça requisitos mais rigorosos para a sua concessão ou, ainda, imponha critérios de cálculos menos favoráveis".

NECESSIDADE DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO

No julgamento do Recurso extraordinário nº RE 631240 o Supremo Tribunal Federal sufragou a tese de que existe necessidade de requerimento prévio para ingressar em Juízo contra o INSS postulando benefício, mas não exige o esgotamento dos recursos administrativos.

Não há que se falar, no entanto, em requerimento prévio, quando INSS, contestando a ação, ataca o mérito do pedido ou tem publicamente conhecida posição manifestamente contrária à pretensão do autor. (Informação extraída do noticiário do STF).

CONVERSÃO DE TEMPO DE MAGISTÉRIO EM TEMPO COMUM

O Noticiário do STF divulgou que “O Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de deliberação no Plenário Virtual, reafirmou a tese de que, para fins de aposentadoria, não se permite a conversão do tempo de magistério em exercício comum, pois a aposentadoria especial de professor pressupõe o efetivo exercício dessa função, com exclusividade, pelo tempo mínimo fixado na Constituição da República. A

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decisão majoritária ocorreu na análise do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 703550, com repercussão geral reconhecida, ao qual foi dado provimento.No caso concreto, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recorreu de acórdão da Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU) que admitira a conversão em tempo comum do período em que uma segurada havia trabalhado como professora. Segundo o INSS, o reconhecimento da atividade de magistério como especial e sua conversão em tempo comum depois do advento da Emenda Constitucional (EC) 18/1981, que retirou a natureza especial da atividade, violou frontalmente o regime constitucional da aposentadoria por tempo de serviço.O relator, ministro Gilmar Mendes, observou que, atualmente, o parágrafo 8º do artigo 201 do texto constitucional dispõe que o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, terá reduzido em cinco anos o requisito de tempo de contribuição, para fins de aposentadoria no regime geral de previdência social.”

APOSENTADORIA ESPECIAL DO SERVIDOR PÚBLICO

Como se sabe, após admitir mandados de injunção a respeito da aposentadoria especial no serviço público, a jurisprudência do STF sufragou o entendimento de que devem ser aplicadas ao servidor público as mesmas regras de aposentadoria do regime geral de previdência.

Após o advento da Súmula Vinculante nº 33 estabelecendo “Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III, da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica”, entendemos ser desnecessário o ajuizamento de mandado de injunção para adoção das regras do regime geral de previdência na aposentadoria dos servidores públicos.

Erroneamente, no entanto, muitos vêm entendendo que a concessão de mandado de injunção significa ordem para a concessão de aposentadoria especial. Não, a concessão da aposentadoria é ato administrativo. A ordem decorrente do mandado de injunção é apenas para o que o pedido de aposentadoria seja apreciado segundo as regras do regime geral. Nada além disso. Se o beneficiário do

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mandado de injunção não preenche os requisitos para a aposentadoria especial a ela não terá direito.

Embora a clareza desse entendimento a matéria foi levada ao STF que, nos embargos de declaração no mandado de injunção nº 4841/DF, deixou clara a natureza da decisão, segundo esse entendimento: " ... Não se determinou, em momento algum, se essa ou aquela atividade constitui fator de risco ou é insalubre para fins de aposentadoria em regime especial...".

Referências

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