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Quarteirização registra avanço

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1 Boletim 1087/2016 – Ano VIII – 24/10/2016

Quarteirização registra avanço

Por Martha San Juan França

Se o uso de serviços quarteirizados já era comum há alguns anos na área de TI, as demandas originadas das novas tecnologias, incluindo big data, computação em nuvem, segurança digital, desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis e mídias sociais, fizeram com que se alastrasse ainda mais. A prática, que se traduz em apoio de fornecedores externos que tenham expertise em assuntos muito específicos, hoje se tornou parte do cotidiano das empresas.

"O mundo está mais próximo e com as novas ferramentas tecnológicas, o modo como as empresas funcionam mudou muito rapidamente", afirma Jeovani Salomão, presidente da Federação das Associações de Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

(Assespro Nacional). "O problema é que a legislação não acompanhou essas mudanças." Para Salomão, em uma área tão dinâmica como a TI, a cadeia de especialidades é longa. "Uma grande empresa integradora de serviços e software pode conhecer entre 50% a 60% dos sistemas e subcontratar empresas que não são empregadas de ninguém e que, por sua vez, procuram profissionais adequados ou mesmo uma startup para resolver um único problema de forma mais ágil. Daí a necessidade das empresas de quarteirizar, quinteirizar, ou até mais", afirma. "Não há limite, ou melhor, o limite deve ser a otimização do processo, a qualidade versus o custo."

As associações do setor, como a Assespro, a Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) e a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) se empenham em tornar a prática de quarteirização, que eles preferem chamar de contratação de serviços complementares ou mesmo de

especialização, mais compreendida pelos clientes e pelo governo. Segundo essas

entidades, a legislação atual não condiz mais com a realidade da cadeia produtiva do setor de TI e do mercado globalizado, gerando insegurança jurídica para os empreendedores. "Estamos perdendo oportunidades. Contratos que poderiam ser feitos aqui acabam indo para empresas de outros países e até mesmo empresas brasileiras subcontratam mão de obra de fora como garantia", afirma Roberto Mayer, presidente da Federação das

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Os quarteirizados também se queixam. "Em consultoria não falta serviço, mas as empresas que poderiam contratar o especialista diretamente acabam tendo um

intermediário pelo temor de ter que arcar com custos trabalhistas e com isso encarecem o serviço", afirma Douglas Romero da Cruz, consultor de dezenas de empresas na área de big data.

As micro e pequenas empresas também se sentem prejudicadas pois não têm um estoque de mão de obra especializada para aproveitar as oportunidades de mercado. "A

insegurança jurídica beneficia as grandes empresas, na maioria estrangeiras, que detém mais recursos econômicos e podem terceirizar ou mesmo manter com mais facilidade seus próprios recursos humanos especializados", afirma Marcos Luiz Marchezan,

vice-presidente do Sindicato das Empresas de Informática da Grande Florianópolis.

O grande empecilho do mercado nesse mundo de serviços e inovação é que a relação de trabalho é complexa e cara, uma startup tem dificuldade em se formalizar e a legislação empurra para a informalidade, complementa Sergio Paulo Gallindo, presidente da

Brasscom. Ele lembra que o Brasil tem 430 mil profissionais apenas nos provedores de TI e software e, em geral, a mão de obra é muito qualificada e especializada, com altos salários. Por isso, muitas companhias aderiram ao trabalho informal com pagamento pelo regime de pessoa jurídica (PJ) ou contratam uma terceira que se torna responsável pelo serviço e eventuais contratempos.

Para tentar combater o trabalho informal, a Brasscom lançou um Guia de Boas Práticas Trabalhistas, que entre outras coisas orienta o setor sobre como reduzir o volume de demandas judiciais relacionados com subcontratação de empresas e profissionais. O guia sugere a fiscalização pelas empresas de toda a sua cadeia produtiva para evitar processos que tratem da responsabilidade por dívidas de suas terceirizadas com subcontratação. Hoje, o regime de responsabilização é regido pela súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho, que considera que a empresa que contrata uma terceira não responde pelas suas práticas empregatícias, mas prevê responsabilidade subsidiária se figurar em uma ação trabalhista.

Segundo Francisco Camargo, presidente da Abes, são questões que precisam ser regulamentadas considerando que a quarteirização é um caminho sem volta. "Temos necessidade de experts em alguns segmentos, mas é difícil estabelecer plano de carreira com salário adequado para esses profissionais. Precisamos de trabalho cooperativo para aprimorar produtos e serviços com tecnologias antes inacessíveis utilizando o corpo técnico interno das empresas."

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Empresas defendem superespecialização

Por Martha San Juan França

Em um mercado que exige conhecimentos específicos e formação aprofundada em áreas diferentes, é inviável que uma empresa domine todas as atividades e a tendência é quarteirizar cada vez mais. "No setor de TI, principalmente, o trabalho em cadeia, envolvendo várias empresas distintas, é crucial para o sucesso de um projeto", afirma Waldemar Lobo de Miranda Neto, da Pro Advanced Soluções em TI, integradora de soluções de tecnologia da informação para terceiros. Recentemente, a equipe da Pro Advanced foi contratada pela Internet Sat, fornecedora de internet banda larga via satélite, para implantar um sistema de conectividade segura nos links da empresa para usinas de energia eólica nos Estados do Piauí e Rio Grande do Norte e hidrelétricas em Goiás. "A Internet Sat detém conhecimento e expertise necessários para link por satélite, mas quarteirizou a parte do projeto, que trata da conectividade segura e monitoramento desse ambiente, para nós, que temos knowhow nessa operação", diz Miranda Neto. "Dessa forma, foi possível atender à solicitação em sua totalidade."

Dotados de conhecimentos em tecnologia específica, profissionais especializados acabam empreendendo ou trabalhando como consultores terceirizados ou quarteirizados. Foi o caminho trilhado por Douglas Romero da Cruz, especializado em big data, arquitetura e engenharia de dados e business analytics. Sem capital para empreender, ele optou por trabalhar de forma

independente. "Tenho um perfil profissional muito solicitado para parcerias com empresas", afirma. "Mas para isso preciso investir em atualização por conta própria. Anualmente participo de eventos de tecnologia no exterior porque a tecnologia evolui de forma muito rápida e há uma discrepância do conhecimento à disposição no Brasil e lá fora."

A BRQ, uma das principais empresas do país no setor de serviços e tecnologia da informação, prefere trabalhar com mão de obra própria para atender seus clientes. "Não faço quarteirização, nosso modelo é 100% funcionários. Prefiro ser o final da cadeia", afirma Benjamin Quadros, principal executivo da BRQ. "Mesmo considerando que este é um setor de 'moscas brancas', no qual é comum encontrar profissionais que não querem vínculos empregatícios, a legislação

trabalhista no país é engessada e o risco é gigantesco." A solução da BRQ para micro e pequenas empresas é mais difícil de ser implementada. "Além de existirem menos especialistas disponíveis, essas empresas têm dificuldade em contratar e manter esse funcionário em sua folha de

pagamento", afirma Marcos Luiz Marchezan, do sindicato das empresas de TI de Florianópolis. Outro problema enfrentado pelas empresas que levam à quarteirização é a distância. Contratada pela Canon para comercialização e assistência técnica de suas impressoras, a Reis Office, empresa que comercializa equipamentos de escritório, quarteiriza a assistência técnica para seus clientes em localidades remotas. "Atendemos mais de 400 cidades por todo o país e esta foi a solução encontrada", afirma o diretor comercial Rodrigo Reis. "Em geral, trabalhamos em parceria com prestadores de serviço de empresas menores de outsourcing e impressão que atendem vários parceiros e recebem nosso treinamento."

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