• Nenhum resultado encontrado

Eurobarómetro Standard 86. Opinião pública na União europeia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Eurobarómetro Standard 86. Opinião pública na União europeia"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

Eurobarómetro Standard 86

Esta sondagem foi encomendada e coordenada pela Comissão Europeia,

Direcção-Geral da Comunicação.

Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em

Portugal.

Este documento não reflecte as opiniões da Comissão Europeia.

Opinião pública na União europeia

Relatório nacional

Portugal

(2)

Eurobarómetro Standard 86

Relatório nacional

OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA

PORTUGAL

http://ec.europa.eu/COMMFrontOffice/PublicOpinion

Esta sondagem foi encomendada e coordenada pela Comissão Europeia, Direção-Geral da Comunicação. Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em Portugal.

(3)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 2

I. O ATUAL CLIMA DA OPINIÃO PÚBLICA EM PORTUGAL 3 II. OS PORTUGUESES E A UNIÃO EUROPEIA 6 III. O FUTURO DA UNIÃO EUROPEIA 10

CONCLUSÃO 12

Este Relatório Nacional do Eurobarómetro 86 foi elaborado para a Representação da Comissão Europeia em Portugal por uma equipa composta por José Santana Pereira (Instituto de Ciências Sociais – U. Lisboa), Carlos Jalali (U. Aveiro), Marina Costa Lobo (Instituto de Ciências Sociais – U. Lisboa) e Patrícia Silva (U. Aveiro). O texto do relatório foi elaborado de acordo com as normas do novo acordo ortográfico.

(4)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

INTRODUÇÃO

O Eurobarómetro 86 foi realizado no outono de 2016, dando continuidade à análise regular da opinião pública europeia realizada pela Comissão Europeia. Este relatório nacional examina os dados relativos a Portugal em perspetiva comparada com os restantes Estados-membros da União Europeia. O relatório aborda três temáticas: a avaliação que os portugueses fazem do atual contexto económico e político, as atitudes dos portugueses relativamente à Europa comunitária e as expectativas relativas ao futuro da União. Sempre que se considere relevante, a opinião pública nacional sobre estes temas será aprofundada através do recurso a análises longitudinais (comparando os resultados atuais com os de Eurobarómetros anteriores) e à desagregação dos perfis sócio-demográficos dos inquiridos.

Em Portugal, o trabalho de campo deste Eurobarómetro foi realizado entre os dias 5 e 14 de novembro de 2016. Enquanto o relatório anterior (EB 84, outono de 2015) analisava dados recolhidos num momento de impasse em relação à formação de governo com base nos resultados das eleições legislativas, processo em que o então presidente da República Cavaco Silva teve um papel importante, este relatório explora dados recolhidos quase um ano após a formação de um governo minoritário do PS com o apoio dos partidos à sua esquerda no parlamento (gerando um quadro político inédito desde a democratização), e cerca de oito meses depois da tomada de posse do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, eleito à primeira volta nas presidenciais de janeiro de 2016. A fórmula inédita de governo tem-se revelado estável, e no momento da realização deste Eurobarómetro tanto o primeiro-ministro como o Presidente da República gozavam de ampla popularidade.1

Ao nível nacional, este foi um período marcado pela possibilidade de suspensão de fundos europeus por parte da Comissão Europeia (decorrente de um procedimento por défice excessivo de Portugal) e por alguma apreensão em torno do resultado da avaliação que a Comissão faria do Orçamento de Estado para 2017, aprovado na generalidade pelo parlamento a 4 de novembro (na véspera do início do trabalho de campo deste Eurobarómetro). Em 16 de novembro, essa possibilidade foi colocada de lado e o Orçamento foi validado sem que se considerasse que eram necessárias medidas adicionais para cumprir as regras europeias relativas ao défice. O período do trabalho de campo foi ainda marcado por polémicas relacionadas com a recusa de entrega de declarações de rendimentos e património ao Tribunal Constitucional por parte da nova administração da Caixa Geral de Depósitos, avanços no processo de alienação do Novo Banco por parte do Estado, o arranque de um programa de perdão fiscal (PERES), e a organização em Lisboa de um Web Summit com 53 mil participantes, que gerou alguma discussão na esfera pública sobre a mais-valia económica que este tipo de eventos pode significar para Portugal. Ao nível internacional, merece destaque a eleição presidencial norte-americana, a 8 de novembro. A vitória inesperada de Donald Trump, contrariando o resultado de várias sondagens que apontavam para a vitória de Hillary Clinton, constituiu uma surpresa para vários quadrantes da sociedade portuguesa e internacional, um segundo choque eleitoral após o referendo sobre o Brexit em junho de 2016. Este resultado prometia trazer mudanças para a relação entre a Europa e os EUA, caso o novo Presidente respeitasse as promessas eleitorais de rever o contributo dos EUA para a NATO ou os tratados de livre comércio (como o TTIP).

1 Ver, por exemplo, a sondagem realizada pelo CESOP em meados de novembro de 2016

(5)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

I. O ATUAL CLIMA DA OPINIÃO PÚBLICA EM PORTUGAL

Neste primeiro capítulo, procedemos à análise das avaliações que os portugueses fazem da situação económica e política do seu país no outono de 2016, começando por focar os problemas considerados mais prementes pelos inquiridos. A Figura 2.1 mostra que 58 por cento dos portugueses consideram que o principal problema do país é o desemprego. Trata-se de um

valor bastante superior à média europeia (31 por cento): de facto, os portugueses só são ultrapassados nesta preocupação pelos espanhóis (66 por cento), cipriotas (62 por cento) e croatas (59 por cento). Ademais, 34 por cento dos portugueses consideram a situação económica um problema. Portugal é, em conjunto com a Espanha, o terceiro Estado-membro em que um

maior número de inquiridos refere a situação económica como o principal problema do país, logo após o Chipre (54 por cento) e a Grécia (40 por cento). O aumento do custo de vida e a dívida pública são, ex aequo, os terceiros temas mais frequentemente mencionados em Portugal (24 por cento).

2.1 Problemas mais importantes do país

(percentagem de inquiridos que referem cada problema; duas respostas possíveis)

Quando comparados com os seus congéneres europeus, os portugueses são mais propensos a referir o desemprego, a situação económica, o custo de vida e a dívida do governo como os principais problemas do país, mas parecem estar bastante menos preocupados com a imigração (o segundo tema mais referido na União Europeia em geral, mas oitavo em Portugal) e o terrorismo (mencionado por 14 por cento do conjunto dos europeus mas apenas por 2 por cento

dos portugueses). A imigração é o problema mais frequentemente mencionado pelos alemães (45 por cento) e malteses (46 por cento), sendo as taxas de referência do tema nestes países as mais altas da União Europeia. Por sua vez, é na França (31 por cento) e na Alemanha (28 por cento) que a referência ao terrorismo é mais comum, constituindo este tema a segunda principal preocupação dos cidadãos destes países (depois do desemprego e da imigração, respetivamente).

58% 34% 24% 24% 13% 12% 11% 4% 3% 3% 2% 1% 1% 31% 19% 15% 10% 15% 7% 18% 26% 11% 10% 14% 7% 7% O desemprego A situação económica O aumento dos preços / a inflação/ o custo de vida A dívida do governo As reformas / pensões Os impostos A saúde e a segurança social A imigração O crime O sistema educativo O terrorismo A habitação O ambiente, o clima e as questões energéticas Média UE Portugal

(6)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

Sendo a situação económica e o desemprego os problemas mais desafiantes do país na ótica dos cidadãos, não surpreende que apenas 15 por cento dos portugueses avaliem a situação da economia nacional de modo positivo (contra uma média europeia de 41 por cento; figura 2.2).

No entanto, este é um valor bastante mais elevado do que os observados nos Outonos de 2013, 2014 e 2015: 3, 5 e 8 por cento, respetivamente. Parece haver, assim, uma tendência

de lenta mas progressiva melhoria na avaliação que os portugueses fazem do estado da economia nacional. Apesar disso, Portugal encontra-se entre os sete países em que as opiniões favoráveis sobre a economia nacional são menos expressivas, lado a lado com a Croácia e a França e depois da Bulgária, Itália, Espanha e Grécia, Estados-membros em que uma visão positiva da situação económica nacional é ainda mais rara.

Por sua vez, quando descrevem a situação financeira do seu agregado familiar, 55 por cento dos portugueses expressam uma avaliação favorável. Trata-se de um valor 14 pontos

percentuais abaixo da média europeia, que continua a colocá-los entre os povos mais pessimistas da Europa (desta feita, apenas menos pessimistas que os romenos, os croatas, os húngaros, os búlgaros e os gregos). É, contudo, uma proporção 14 pontos mais alta que a observada no Outono de 2015 e 5 pontos mais elevada em relação à primavera de 2016, o que aponta para uma evolução positiva nestas perceções em Portugal.

2.2 Situação da economia nacional e do agregado familiar

(percentagem de inquiridos que responderam "boa" ou "muito boa")

87% 82% 82% 89% 88% 90% 81% 65% 77% 80% 80% 72% 65% 69% 86% 61% 61% 59% 47% 71% 55% 63% 69% 49% 55% 44% 59% 64% 28% 90% 87% 81% 81% 79% 78% 64% 60% 59% 51% 49% 47% 47% 41% 40% 33% 32% 30% 30% 27% 26% 20% 15% 15% 15% 14% 13% 11% 3% Luxemburgo Alemanha Malta Holanda Dinamarca Suécia Irlanda República Checa Áustria Reino Unido Bélgica Estónia Polónia Média UE Finlândia Eslováquia Lituânia Chipre Hungria Eslovénia Roménia Letónia França Croácia Portugal Bulgária Itália Espanha Grécia Situação da economia nacional Situação financeira do agregado familiar

(7)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

As expectativas sobre a evolução da economia nacional são, em Portugal, mais otimistas que as que se encontram na União Europeia como um todo. Apesar de as proporções de inquiridos que consideram que, daqui a um ano, a situação será similar à atual serem parecidas (49 por cento em Portugal, média europeia de 47 por cento), em Portugal a percentagem daqueles que acham que a evolução será positiva (27 por cento) é superior à média europeia (22 por cento).

Já quanto às expectativas sobre a evolução da situação financeira familiar, os portugueses reproduzem de forma quase perfeita a tendência geral dos cidadãos da União Europeia: 64 por cento dizem que a situação não sofrerá alterações, 11 por cento estão pessimistas e

21 por cento consideram que o próximo ano trará melhorias. Portugal está, por isso, extremamente distante da Grécia, contexto em que quase metade dos inquiridos (48 por cento) antecipa um pioramento das condições financeiras do seu agregado nos próximos doze meses.

Há, também, uma clara tendência de desanuviamento das expectativas dos portugueses: se

neste outono apenas 18 por cento dos inquiridos consideram que a situação económica do país irá piorar, em 2015 esta era uma expectativa partilhada por mais de um quarto dos portugueses, em 2014 por mais de um terço e em 2013 por cerca de 6 em cada 10 inquiridos. Quanto à percentagem de pessoas que achavam que a situação financeira da sua família iria piorar no próximo ano, identificamos neste outono o valor mais baixo dos últimos anos, inferior aos

identificados nos anos de 2015 (cerca de 16 por cento), 2014 (cerca de 21 por cento), 2013 (cerca de 44 por cento) ou 2012 (cerca de 50 por cento).

Vejamos agora alguns dados sobre as atitudes dos portugueses em relação à esfera política. A figura 2.3 apresenta a evolução das taxas de confiança nas instituições políticas nacionais em Portugal e na União Europeia nos últimos dois anos. Enquanto que no cômputo geral da União não parece ter havido grande evolução (taxas de confiança nos órgãos executivo e legislativo em torno dos 30 por cento, e cerca de 15 por cento dos europeus que confiam nos partidos), em Portugal há uma tendência de recuperação, em particular ao longo do ano de 2016 (primavera e outono),

especialmente no caso do parlamento e do governo. De facto, as proporções de portugueses que confiam nestas instituições no outono de 2016 são duas vezes mais elevadas que as observadas no outono anterior, e ligeiramente mais altas que a média europeia. A evolução da

taxa de confiança nos partidos tem sido mais lenta, mas a tendência é de crescimento.

2.3 Confiança em instituições políticas: evolução 2014-2016

(percentagem de inquiridos que "tendem a confiar")

11% 12% 11% 13% 16% 14% 16% 15% 15% 16% 17% 21% 15% 33% 39% 29% 31% 27% 27% 31% 20% 25% 18% 32% 36% 30% 31% 28% 28% 32% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Outono

2014 Primavera2015 Outono2015 Primavera2016 Outono2016 Outono2014 Primavera2015 Outono2015 Primavera2016 Outono2016 Portugal Média UE

(8)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

A maioria dos portugueses afirma estar satisfeita com o modo como a democracia funciona no seu país, sendo o valor observado em Portugal (52 por cento) idêntico à média

europeia (53 por cento), ainda que distante das avaliações esmagadoramente positivas observadas no Luxemburgo ou na Dinamarca (figura 2.4). Neste indicador, voltamos a observar uma evolução positiva em relação a anos anteriores. Convém lembrar que no outono de 2013 apenas 13 por cento dos portugueses estavam satisfeitos com o funcionamento da democracia, sendo, na altura, Portugal o Estado-membro com o mais alto nível de insatisfação com a democracia. Em 2014 e 2015, as taxas médias de satisfação com a democracia eram de apenas 26 e 32 por cento, respetivamente.

2.4 Satisfação com a democracia

(percentagem de inquiridos que afirmam estar "satisfeitos" ou"muito satisfeitos" com o funcionamento da democracia no seu país)

II. OS PORTUGUESES E A UNIÃO EUROPEIA

Neste capítulo, analisam-se alguns dados relativos às atitudes dos portugueses em relação à União Europeia. Começamos pelo sentimento de cidadania europeia. Quando questionados sobre se se sentem cidadãos da União Europeia, 79 por cento dos portugueses responderam afirmativamente (média europeia: 67 por cento). Este valor coloca Portugal entre os países em

que a cidadania europeia é abraçada por um maior número de inquiridos, ao lado de Espanha, Polónia, Irlanda e Finlândia e abaixo apenas de Malta (82 por cento) e Luxemburgo (92 por cento). A Grécia é, por sua vez, o único Estado-membro em que menos de metade dos cidadãos (47 por cento) afirmam sentir-se cidadãos europeus. Convém sublinhar que o sentimento de cidadania

91% 87% 79% 78% 77% 73% 69% 69% 64% 64% 64% 57% 53% 53% 52% 52% 51% 45% 43% 42% 42% 39% 38% 37% 37% 36% 33% 30% 21% Dinamarca Luxemburgo Suécia Holanda Finlândia Irlanda Bélgica Alemanha Malta Áustria Reino Unido Polónia República Checa Média UE Letónia Portugal Estónia França Eslováquia Lituânia Hungria Espanha Roménia Croácia Chipre Eslovénia Itália Bulgária Grécia

(9)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

europeia é particularmente forte entre os cidadãos mais jovens (com entre 15 e 39 anos) e com maiores níveis de escolaridade (nestes grupos, pelo menos 90 por cento dizem sentir-se cidadãos europeus), e consideravelmente mais modesto entre as domésticas (apenas 49 por cento expressam este sentimento). Em termos longitudinais, convém lembrar que três anos antes, no outono de 2013, apenas 58 por cento dos portugueses diziam sentir-se cidadãos da União Europeia.

No caso português, em termos gerais, trata-se de um sentimento nem sempre acompanhado de uma percepção positiva sobre o conhecimento dos direitos garantidos pela cidadania europeia, visto

que apenas 47 por cento dos inquiridos afirmam conhecer, completamente ou até certo

ponto, tais direitos (média europeia: 50 por cento). É contudo curioso verificar que este valor, tal

como a proporção de inquiridos que afirmam sentir-se cidadãos europeus, é consideravalmente superior ao identificado em dois países fundadores da União Europeia, França e Itália.

Para além disso, 47 por cento dos portugueses consideram que a imagem da União Europeia é positiva. Esta percentagem é a quinta mais elevada entre os Estados-membros, e 12

pontos percentuais superior à média europeia. Para além disso, é duas vezes mais alta que a identificada no outono de 2013 (22 por cento), em pleno contexto de ajuda financeira externa monitorizada por duas instituições europeias em colaboração com o FMI. O facto de quase metade dos portugueses considerar que a imagem da União Europeia é positiva confirma a tendência de retorno aos valores identificados no período anterior à intervenção externa, retorno esse que se tem vindo a verificar desde o fim do programa de ajustamento em 2014.

A taxa de confiança na União Europeia é também mais alta em Portugal (48 por cento) que no conjunto dos Estados-membros (36 por cento). Portugal é, em conjunto com a Bélgica,

o oitavo país em que a taxa de confiança na União é mais elevada, depois da Lituânia, Malta, Roménia, Luxemburgo, Finlândia, Irlanda ou Bulgária (com taxas de confiança entre os 49 e os 55 por cento). Quanto à confiança em instituições europeias específicas, uma maior proporção de portugueses confia no Parlamento Europeu (48 por cento) que na Comissão Europeia ou no Banco Central Europeu (45 e 44 por cento, respetivamente). Entre os cidadãos europeus, a

ordenação é a mesma, mas as taxas de confiança são 6 a 10 pontos percentuais mais baixas. A figura 3.1 permite verificar que, para mais de metade dos portugueses (e dos europeus em geral), a livre circulação de pessoas, bens e serviços e a paz entre os países que compõem a União Europeia são os dois resultados mais positivos da União. Contudo, a paz

é o resultado mais citado pelos europeus em geral (35 por cento), e particularmente importante para os alemães (52 por cento dos inquiridos neste país referem-na como o principal resultado da construção europeia); já a livre circulação é a consequência positiva da União Europeia mais frequentemente citada pelos portugueses (45 por cento). Portugal é, aliás, o Estado-membro

em que este fruto da construção europeia é citado por uma maior proporção de cidadãos. Os restantes resultados (moeda única, poder económico e diplomático da União Europeia, políticas agrícolas e de assistência social, programas de intercâmbio) são alvo de referências por grupos residuais de cidadãos tanto em Portugal como na Europa como um todo. De salientar que apenas 4 por cento dos portugueses e dos europeus em geral consideram que não há nenhum resultado positivo a destacar na atividade da União Europeia. Há quatro anos (outono de 2012), a percentagem de portugueses que expressavam esta opinião era 3,5 vezes mais elevada (14 por cento).

(10)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

3.1 O resultado mais positivo da União Europeia

(percentagem de inquiridos que referiram cada resultado em primeiro lugar)

No outono de 2016, 61 por cento dos portugueses discordam da ideia de que o seu país enfrentaria melhor o futuro se estivesse fora da União Europeia (figura 3.2).

3.2 O país enfrentaria melhor o futuro fora da União?

(percentagem de inquiridos que "discordam totalmente" ou "tendem a discordar")

45% 16% 8% 8% 7% 4% 3% 2% 2% 26% 35% 7% 5% 8% 4% 5% 2% 4% Livre circulação de pessoas, bens e serviços dentro da UE. Paz entre os Estados‐Membros da União Europeia Programas de intercâmbio de estudantes (ex.: ERASMUS) Poder económico da UE Euro Nenhum Nível de assistência social (saúde, ensino, pensões) na UE Política agrícola comum Influência política e diplomática da UE no resto do mundo Média UE Portugal 79% 76% 75% 74% 73% 68% 68% 67% 67% 67% 65% 65% 62% 61% 61% 58% 58% 57% 57% 53% 51% 51% 50% 49% 47% 44% 43% 42% 42% Holanda LuxemburgoDinamarca Alemanha Malta Estónia Lituânia Irlanda Finlândia Suécia Bélgica Espanha Eslováquia Hungria Portugal Média UE FrançaGrécia Letónia Polónia Bulgária Croácia República ChecaRoménia Áustria Chipre Eslovénia Itália Reino Unido

(11)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

Trata-se de um valor ligeiramente superior à média europeia (58 por cento), e que coloca o país entre o conjunto de Estados-membros em que uma maioria dos cidadãos rejeita a ideia de que a não-pertença à União proporcionaria um futuro mais fácil. Por isso, este resultado distancia Portugal dos casos do Reino Unido, Itália, Eslovénia, Chipre, Áustria e Roménia, em que a rejeição desta ideia é expressa por menos de 50 por cento dos cidadãos. É, também, um valor 9 pontos percentuais mais elevado que o identificado na primavera de 2016 (52 por cento), o que aponta para uma evolução positiva em termos do consenso em torno dos benefícios da pertença à União. Existe, contudo, neste domínio, alguma variação em termos de grupos sócio-económicos em Portugal. A rejeição desta ideia não é maioritária entre as domésticas e os habitantes em grandes

cidades (49 e 47 por cento, respetivamente). Por outro lado, só entre os quadros superiores, os cidadãos mais escolarizados e os jovens adultos (com idades entre 25 e 39 anos) é que encontramos taxas de rejeição da possibilidade de um futuro mais vantajoso fora da União Europeia superiores a 66 pontos percentuais.

O apoio às políticas-chave da União Europeia também tende a ser maioritário em Portugal. A figura 3.3 mostra que a maioria dos portugueses apoia o mercado único digital (59 por cento), um acordo de investimento e comércio livre com os EUA (59 por cento), uma política externa comum (65 por cento), uma política de defesa e segurança comum (68 por cento), uma política de migração comum (74 por cento), a união económica e monetária com o Euro como moeda única (74 por cento), uma política energética comum (79 por cento) e a livre circulação dos cidadãos da União Europeia, sendo esta última política largamente consensual

entre os portugueses (88 por cento são favoráveis). Vale a pena sublinhar o facto de a única instância que não merece o apoio de 50 por cento dos inquiridos, tanto em Portugal como

no conjunto dos Estados-membros, ser a possibilidade de alargamento da União a outros países

no futuro próximo.

3.3 Apoio a políticas-chave da União Europeia

(percentagem de inquiridos que são "a favor")

88% 79% 74% 74% 68% 65% 59% 59% 48% 81% 73% 58% 69% 75% 66% 53% 59% 39% Uma livre circulação de cidadãos da UE Uma política energética comum entre os Estados‐Membros da UE Uma união económica e monetária Europeia com uma moeda única, o Euro Uma política europeia comum sobre a migração Uma política de defesa e segurança comum dos Estados‐Membros da UE Uma política externa comum aos 28 Estados‐membros da UE Um acordo de investimento e comércio livre entre a UE e os EUA Um mercado único digital dentro da UE O alargamento da UE a outros países nos próximos anos Média UE Portugal

(12)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

A livre circulação é também a política da União que reúne mais consensos entre os europeus em geral (81 por cento), mas, ao contrário do que acontece em Portugal, a segunda medida mais consensual diz respeito à política de segurança e defesa (75 por cento). A principal diferença entre Portugal e a União Europeia em geral diz respeito ao apoio à União Económica e Monetária (UEM) e ao Euro, mais frequente entre os portugueses (74 por cento) que entre os

europeus como um todo (58 por cento). Sem surpresas, as taxas de apoio à UEM e ao Euro são mais baixas (inferiores a 35 por cento) em países que não pertencem à Zona Euro, tais como a Polónia, a Dinamarca, a República Checa, a Suécia e o Reino Unido. Entre os membros da Zona Euro, o apoio à moeda única e à UEM é consideravelmente mais baixo em Itália e no Chipre (53 e 52 por cento, respetivamente) que no Luxemburgo, Irlanda ou Eslovénia (taxas de aprovação entre 85 e 87 por cento).

III. O FUTURO DA UNIÃO EUROPEIA

O capítulo final deste relatório é dedicado às opiniões dos portugueses sobre o futuro da União Europeia. Em Portugal, 54 por cento dos cidadãos afirmam estar otimistas em relação ao futuro da União, sendo este um valor ligeiramente superior à média europeia (50 por cento). A

figura 4.1 apresenta a diferença entre proporções de indivíduos otimistas e pessimistas em relação ao futuro da União Europeia: valores positivos significam que há mais cidadãos otimistas que pessimistas; por sua vez, valores negativos significam que o pessimismo é mais prevalecente que o otimismo.

4.1 Otimismo e pessimismo em relação ao futuro da União Europeia

(diferença entre as percentagens de inquiridos "otimistas" e "pessimistas")

59% 45% 44% 39% 38% 31% 26% 21% 20% 20% 19% 19% 18% 18% 17% 13% 13% 11% 10% 6% 5% 2% 0% ‐1% ‐8% ‐11% ‐15% ‐17% ‐38% Irlanda Lituânia Malta Polónia Roménia Luxemburgo Eslovénia Eslováquia Bulgária Croácia Estónia Espanha Dinamarca Finlândia Portugal Bélgica Letónia Hungria Holanda Média UE Alemanha República Checa Suécia Áustria Itália Reino Unido França Chipre Grécia

(13)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

Através da análise desta figura, conseguimos identificar quatro grupos de Estados-membros: aqueles em que o pessimismo é mais comum que o otimismo (sobretudo Grécia, mas também Chipre, França, Reino Unido e Itália); países em que há um equilíbrio entre otimistas e pessimistas (Áustria, Suécia, República Checa e Alemanha); países em que o otimismo é claramente prevalecente (Irlanda, mas também Lituânia, Malta, Polónia, Roménia, Luxemburgo); e, por fim, nações em que o otimismo é ligeiramente mais frequente que o pessimismo: os restantes Estados-membros, entre os quais encontramos Portugal. A diferença entre otimistas e pessimistas é, em Portugal, mais elevada (17 por cento) que a diferença média na União Europeia (6 por cento). Para além disso, apesar de minoritária, a proporção de portugueses que consideram que a evolução da situação económica da União Europeia nos próximos doze meses será positiva (24 por cento) é superior à média europeia (18 por cento), e a quarta mais elevada na Europa.

Para além de expressarem as suas expectativas sobre o futuro da União Europeia, os cidadãos europeus também avaliaram uma série de objetivos da estratégia Europa 2020 como adequados, excessivamente modestos ou demasiado ambiciosos. A figura 4.2 apresenta a avaliação feita pelos cidadãos portugueses no outono de 2016. O principal ponto a destacar é o facto de a resposta mais comum entre os portugueses ser a avaliação dos objetivos como adequados, ainda

que tal opinião seja maioritária apenas em objetivos que têm a ver com energia (eficiência

energética e energias renováveis, 51 por cento), capital humano (habilitações literárias dos

cidadãos europeus, 54 a 57 por cento) e emprego (58 por cento). Na União Europeia em geral, o

objetivo relativo ao emprego também é mais frequentemente alvo da avaliação "adequado" (57 por cento), mas os objetivos ligados à energia reunem mais consensos (56 e 54 por cento) que aqueles focados nas habilitações literárias dos europeus (45 a 51 por cento).

4.2 Avaliação dos objetivos da estratégia Europa 2020 em Portugal

58% 57% 54% 51% 51% 46% 44% 41% 40% 29% 28% 27% 23% 24% 25% 24% 32% 22% 9% 9% 15% 13% 15% 9% 10% 23% 13% 4% 6% 4% 13% 10% 20% 22% 4% 25% Três quartos dos homens e das mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos devem ter um emprego Pelo menos 40% das pessoas entre os 30 e os 34 anos deve ter uma licenciatura ou um diploma O número de jovens que abandonam a escola sem qualificações deve descer para 10% Aumentar a quota de energias renováveis na UE em 20% até 2020 Aumentar a eficiência energética na UE em 20% até 2020 Reduzir as emissões de gases com efeito de estufa na UE no mínimo em 20% até 2020, comparando com 1990 Aumentar a contribuição da indústria na economia para 20% do PIB até 2020 O número de europeus que vivem abaixo do limiar da pobreza deve ser reduzido em um quarto até 2020 A parte dos fundos investidos em investigação e desenvolvimento deve alcançar os 3% da riqueza produzida na UE por ano

(14)

Opinião pública na União Europeia

Outono 2016

Relatório Nacional

Portugal

Eurobarómetro Standard 86

Quanto aos objetivos centrados no ambiente (redução de emissão de gases com efeito de estufa), indústria e investigação, verificamos que entre um quarto e um quinto dos portugueses não tem opinião, sendo estas proporções idênticas às dos que afirmam que estes objetivos são

muito ambiciosos e superiores às dos que os consideram excessivamente modestos. Cerca de um quinto dos europeus em geral também não expressa uma opinião sobre os objetivos focados nos temas da indústria e da investigação. Vale a pena destacar que as proporções de portugueses que acham que reduzir o número de pessoas a viver abaixo do limiar de pobreza em 25 por cento é um objetivo adequado ou muito ambicioso não são muito distintas (41 e 32 por cento,

respetivamente). Em comparação com os dados recolhidos no outono de 2014, há uma quebra considerável na proporção de inquiridos que consideram este objetivo adequado (de 53

para 41 por cento), que se deve em grande medida ao aumento dos portugueses que consideram que peca por modéstia (de 16 para 23 por cento).

CONCLUSÃO

A análise dos dados recolhidos pelo Eurobarómetro 86 em Portugal permite constatar que, embora haja ainda pessimismo em relação a algumas questões económicas, existe uma evidente tendência positiva na evolução do clima da opinião pública nacional. De facto, os portugueses continuam a ser dos europeus que mais acham que a situação económica e o desemprego são os problemas mais importantes do país, e as suas avaliações da economia portuguesa são maioritariamente negativas. Além disso, embora haja neste outono uma maior proporção de portugueses a avaliar a situação da economia como positiva (em comparação com os três outonos anteriores), a percentagem de otimistas é baixa. No entanto, existe um maior otimismo em relação à evolução futura da situação económica e da situação financeira da família, em comparação com Eurobarómetros anteriores. No que diz respeito às atitudes políticas, há claramente uma tendência de aumento nos níveis de confiança no governo e no parlamento em 2016, embora as proporções de cidadãos nacionais que afirmam confiar nestas instituições políticas estejam longe de ser maioritárias. Portugal, que no outono de 2013 era o país europeu com os maiores níveis de insatisfação com o funcionamento da democracia em toda a União Europeia, apresenta agora níveis de satisfação superiores a 50 por cento e idênticos à média europeia.

No que diz respeito às atitudes dos portugueses em relação à Europa, o sentimento de cidadania europeia é prevalecente e a livre circulação de pessoas continua a ser o resultado mais positivo da integração europeia para a maior parte dos cidadãos nacionais. As percentagens de portugueses que confiam na União Europeia e acham que a sua imagem é positiva rondam os 50 por cento, e a maioria dos portugueses rejeita a ideia de que o país poderia enfrentar melhor o futuro fora da União. Entre as políticas-chave europeias, a única que não reúne o consenso da maioria dos portugueses é o alargamento a novos Estados.

A maioria dos portugueses está otimista em relação ao futuro da União Europeia, e Portugal é o quarto país com um maior número de cidadãos a expressar expectativas positivas sobre a evolução da economia no conjunto dos Estados-membros: cerca de um quarto dos inquiridos. Os portugueses tendem a avaliar maioritariamente os objetivos da estratégia 2020 como adequados, sendo que quando tal não acontece é porque há uma proporção não despicienda de cidadãos sem opinião sobre o tópico do objetivo (indústria, investigação ambiente) ou a considerá-lo excessivamente modesto (combate à pobreza).

Referências

Documentos relacionados

1.2 O presente concurso será regido por este Edital observado o Regimento Interno da Instituição, especialmente Capítulo VI, que dispõe sobre Transferência

A implementação de um Quartel General de nível militar estratégico permanente (Operational Headquarters) no Estado Maior da União Europeia dará à UE a coerência

Revela-se importante compreender a Ajuda Humanitária no âmbito de conflitos armados, a legitimidade das Intervenções Humanitárias, sob a alçada da ONU e da OTAN, assim,

Integração e cooperação no seio da União Europeia: os três pilares da UE e sua

Nos restantes países as médias de crescimento por década para as capitações diárias de proteínas são consi- deravelmente inferiores, mas, mais uma vez o RU merece referência

Levando em consideração que, o empreendedorismo possui forte influência na economia, este estudo tem como principal objetivo identificar as competências empreendedoras entre

instituições federais de ensino superior e de outras instituições congêneres, cuja vinculação com o campo da saúde pública ou com outros aspectos da sua atividade torne

Para chegar à outra margem Portugal deverá desenvolver uma forte ofensiva diplomática, com apoio de aliados naturais, no sentido de convencer as instituições