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1 Acadêmico, formando do Curso de Licenciatura com Habilitação em Música da UDESC. 2 Professora Mestra do Departamento de Música da UDESC.

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Academic year: 2021

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O ensino de música extracurricular na Escola Técnica Federal em Florianópolis/SC: relato de experiência sobre uma oficina de improvisação musical realizada

Maycon José de Souza1 Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc

mayconjsouza@yahoo.com.br Daniela Dotto Machado2 Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc

danielamusica2004@yahoo.com.br

Resumo. Esta publicação constitui-se num relato de experiência de estágio orientado, que foi realizado

durante o primeiro semestre de 2005. Tal atividade é desenvolvida na disciplina de Prática de Ensino da Música - Estágio V, no Curso de Licenciatura Plena em Educação Artística com Habilitação em Música da Universidade do Estado de Santa Catarina. A atividade prática de estágio, aqui relatada, é caracterizada por ser uma atividade extracurricular de ensino musical. Foi realizada na Escola Técnica Federal localizada na cidade de Florianópolis/ SC. Neste trabalho, será apresentada a proposta pedagógico-musical, que foi posta em prática durante o semestre letivo, bem como algumas considerações gerais sobre o trabalho realizado.

1. Apresentando a proposta de ensino musical

A elaboração desse projeto de ensino extracurricular ocorreu a partir da reflexão do acadêmico sobre sua formação como músico, que iniciou em bandas de sopros passando por grupos instrumentais de MPB e Jazz. Ao se ter como uma das funções do educador musical o desenvolvimento de uma maior musicalidade dos alunos em suas diversas maneiras, a proposta de estágio foi concebida. Ela tem como objetivo geral viabilizar uma formação musical mais sólida aos alunos da Escola Técnica, e oriundos da comunidade local de Florianópolis, através das atividades de improvisação em grupo.

A idéia de elaborar esta oficina surgiu quando o discente estava fazendo o Estágio IV na Escola Técnica. Nessa instituição, foi convidado pelo professor efetivo da instituição a participar dos ensaios da banda, que faz parte da escola. A banda tem como repertório músicas populares, jazz e blues. Durante os ensaios surpreendeu o fato de que a banda não tinha integrantes com competências para improvisar nos solos das músicas. Foi a partir deste problema que surgiu a idéia de fazer a última prática de estágio nessa escola, com o objetivo de desenvolver nos integrantes da banda e da orquestra algumas competências para

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Acadêmico, formando do Curso de Licenciatura com Habilitação em Música da UDESC. 2

Professora Mestra do Departamento de Música da UDESC.

Belo Horizonte, 25a 28 de outubro de 2005

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que pudessem improvisar e solar nas músicas do repertório. Assim, nesta oficina participaram alunos da Escola Técnica e outras pessoas oriundas da comunidade local de Florianópolis.

Ao conhecer, antecipadamente, o perfil dos alunos que iriam participar desta proposta de ensino musical, sendo que uma das características desse perfil é o fato dos mesmos já tocam e trazem consigo uma bagagem musical, alguns questionamentos fizeram parte do processo de realização do estágio, que são: Como administrar uma aula de música para todos e ao mesmo tempo atender estas diferenças musicais entre os alunos? Já que os alunos estão de livre e espontânea vontade, quais serão os atrativos para manter os alunos na oficina até ao final do estágio?

1.1 Objetivos da proposta

1.1.1 Objetivo Geral: Viabilizar uma formação musical mais sólida para os alunos da

Escola Técnica e para outras pessoas da comunidade local de Florianópolis, através da atividade de improvisação em grupo.

1.1.2 Objetivos Específicos:

- Propiciar aos alunos participantes da oficina de improvisação: - Contato e a aprendizagem da leitura musical formal tradicional;

- Vivências musicais em grupo, priorizando a atividade de improvisação musical; - Desenvolvimento de algumas habilidades e competências necessárias para a

realização da improvisação em prática em conjunto;

- Contato e o conhecimento sobre os estilos musicais de banda e orquestra*.

- O conhecimento e a realização prática de diversos ritmos musicais pertencentes a estilos específicos;

- O desenvolvimento da percepção dos alunos com relação à apreciação musical.

1.2 Conteúdos a serem trabalhados: Conhecimentos práticos de:

1. Técnicas instrumentais: digitação, embocaduras, respiração e sonoridade;

2. Conhecimento teórico que englobe: sinais de alteração, compasso simples e compostos, escalas, intervalos, acordes, arpejos, cifras da harmonia populares.

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1.3 Justificativa

No curso de Licenciatura Plena em Educação Artística com Habilitação em Música da UDESC, os Estágios I, II, III e IV são realizados em escolas, através de atividades curriculares. O Estágio V abre espaço para que o acadêmico possa realizar seu estágio em outros locais, além da educação básica, e focar outras propostas de ensino musical. Assim, o estágio V dá a possibilidade de se desenvolver oficinas de música, onde os participantes possam participar por livre e espontânea vontade.

Outra justificativa para a realização dessa prática de estágio é a necessidade de se desenvolver nos alunos e integrantes da comunidade de Florianópolis competências e habilidades para que esses possam improvisar e solar nas práticas musicais que participam.

1.4 Metodologia

A oficina de improvisação se deu a partir da vivência e do conhecimento musical que os alunos trouxeram para os encontros. Neste sentido, a prática de improvisação teve como foco o repertório tocado pela banda e orquestra da Escola Técnica Federal, além das músicas de interesse dos alunos.

As aulas tiveram o objetivo de desenvolver a formação musical dos alunos através da prática instrumental em conjunto, focando a atividade de improvisação. Também nelas buscou-se proporcionar aos alunos o maior contato e reconhecimento de estilos musicais. A partir disso, promoveu-se um maior engajamento e participação efetiva dos alunos nos dois grupos musicais da escola: Banda (Big Band) e Orquestra.

As atividades a serem desenvolvidas nas aulas, incluíram também seminários expositivos, análise de repertório, audição comentada do repertório; leituras orientadas; exercícios práticos, com distribuições de vozes em naipes, que ira ocorrer à construção de arranjos com a turma. As aulas abordaram a experimentação em grupo, sendo que toda teoria exposta foi praticada e comprovada com a performance dos alunos em sala de aula.

A prática da improvisação se ocorreu, tendo em vista alguns tópicos:

• Focalizar a improvisação junto com a técnica do instrumento;

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• Desenvolver e criar frases melódicas;

• Pedir para que cada aluno faça variações das escalas estudadas, quando tiver acompanhamento harmônico;

• Ouvir gravações de estilos como: Baião, Bossa nova, Blues e Jazz.

Por ser uma oficina prática em música, acredita–se, ser necessário possibilitar aos participantes um “sentimento de realização” (SWANWICK,1993, pg.27). Ao ter esse propósito, teve-se a postura de mediar a interação das pessoas com à música e com os outros membros do grupo. Por isso, a prática musical em grupo tem um papel primordial na formação de músicos, uma vez que viabiliza vivências musicais que extrapolam as realizadas individualmente.

O estagiário teve nesta oficina uma função muito importante de desenvolver competências que, segundo Swanwick (1993), pode ser feita a partir da abertura de um espaço para discussão e negociação em grupo nas atividades de composição, improvisação, execução e apreciação. Além disso, “o ensino musical deve incluir a experiência musical direta Swanwick” (1993, p.28). Esta oficina tem como objetivo e propósito musical sonoro, crendo que a reflexão musical surge a partir da prática musical direta. A prática musical poderá motivar o aluno a sentir a necessidade ou curiosidade de ter outras vivências musicais. Por isso entende-se que por meio desta prática de estágio talvez se consiga proporcionar as pessoas participantes o desenvolvimento de competências e habilidades prático instrumental e crítico-teórico. Como salienta Swanwick (1993), “um objetivo básico da educação musical e o desenvolvimento de uma apreciação rica e ampla, quer o aluno se torne um músico profissional, um amador talentoso ou um membro sensível de platéias (SWANWICK, 1993, p.29)”.

1.4.1 Avaliação

A avaliação dos alunos foi feita em cada aula. Nesse sentido, é importante estipular alguns critérios para avaliá-los, os quais são: interesse pelo assunto tratado; interação com os membros do grupo; capacidade de habilidade instrumental; grau de entendimento dos assuntos a serem trabalhados e desenvolvimento musical.

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A partir desses critérios pode-se melhor planejar as aulas, discutindo estratégias pedagógicas que possibilite uma maior comprometimento dos alunos no grupo e o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas na música.

1.6 Considerações Finais sobre a Prática de Estágio

Esta oficina foi uma atividade extracurricular e a maior parte das pessoas que participaram eram proveniente das aulas de música curriculares ministradas na escola. Nesta oficina foram oferecidos diversos tipos de experiências musicais em grupo em torno da improvisação musical. As atividades que foram realizadas priorizando uma abordagem não dicotômica entre teoria e prática musical. Desse modo, os alunos puderam contextualizar os assuntos abordados e pertinentes à improvisação nesta atividade especificamente.

A Escola Técnica Federal, onde foi realizado o estágio, tem um uma boa infra-estrutura e material didático para execução das aulas de música. Isso facilitou a execução das aulas, evitando que o acadêmico tivesse que levar instrumentos musicais, aparelhos eletro-eletrônicos como aparelho de som, teclado, entre outros.

Já no início da oficina, surgiu uma primeira dificuldade, que já era prevista, que foi os diversos níveis de conhecimento e habilidade musical dos alunos. Foi muito difícil de lidar com esta questão, pois quando era abordado algum conteúdo musical básico, a metade da sala se dispersava, ou quando se procurava avançar com o conteúdo, a outra metade da turma não acompanhava. Uma das conseqüências desse fato foi a de que um grupo de alunos desistiu de participar da oficina. Os motivos eram evidentes: os alunos que tinham “poucos” conhecimentos musicais ou possuíam um nível de desenvolvimento musical bem maior não souberam lidar com as diferenças individuais e acabaram desistindo de participar da oficina de improvisação. Assim, restaram uma turma de alunos com o conhecimento musical mais “nivelado” e muito mais interessados em aprender.

Ao longo do trabalho, pode-se perceber que se foi consegui com os alunos um bom desenvolvimento musical geral. Tinha-se refletido anteriormente à execução da proposta que talvez a carga horária não fosse dar conta dos conteúdos previstos, esses necessários para improvisar em todo repertório da banda e da orquestra. Ao perceber que a carga

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horária da oficina não possibilitaria que todos os conteúdos pudesses ser abordados, começou-se a refletir sobre o que era mais importante em cada momento para os alunos. Então, mudou-se um pouco o foco da oficina e começou-se a propor atividades que promovesse o maior interesse dos alunos e incentivasse os mesmos a desejarem buscar outros conhecimentos musicais fora da escola.

Na última aula ministrada, foi realizada uma boa conversa com os alunos sobre a oficina e sobre a escola. Sobre a oficina os alunos disseram que foi muito boa. Admitiram que admiram o professor de música efetivo da escola atua, justificando que tudo o que a escola tem de material musical foi conseguido com muita dificuldade por ele. Assim, se o docente não tivesse o empenho que parece evidenciar ter, a escola não apresentaria a infra-estrutura e os materiais didáticos que possui. É possível afirmar que a luta política do professor de música é um exemplo a ser seguido pelos educadores musicais.

No final desta oficina, surgiram algumas perguntas como: Somente as aulas de música dentro da sala de aula iram suprir o desenvolvimento musical dos alunos? Na educação musical o que é e o que não é importe de ser trabalhados? Quais os fatores positivos e negativos das práticas em conjunto, realizadas nas escolas, para a formação dos alunos? Acredita-se que o estágio foi muito útil para formação do acadêmico como educador musical, pois além de melhorar sua preparação para lidar com a diversidade encontrada na sala de aula, possibilitou ao discente o desenvolvimento um olhar mais crítico e uma postura muito mais cuidadosa sobre as pessoas e suas possíveis relações com a música.

6. Referência Bibliográfica

SWANWICK, K. Permanecendo Fiel ã música na Educação Musical. Anaisdo II Encontro Anual da ABEM, Porto Alegre, 1993.

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