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1 plano de trabalho. NO CAMINHO PARA CASA ÂNGELA SALDANHA doutoramento em educação artística FBAUP

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plano de trabalho

NO CAMINHO PARA CASA

ÂNGELA SALDANHA | doutoramento em educação artística | FBAUP

Quem nunca se encontrou num ponto em que tudo lhe parece incerto, nunca chegará a nenhuma certeza (...) o espanto (...) é o primeiro indicio de arte.

Konrad Fielder in Munari (1984:24)1

PERTINÊNCIA DA INVESTIGAÇÃO

O Século XX com a melhoria das condições de vida, essencialmente na alimentação e na medicina, trouxe ao ocidente um extraordinário aumento na esperança máxima de vida e assim um acréscimo na população mais idosa e na sua qualidade de vida.

De acordo com as projecções do Instituto Nacional de Estatística (2009)2, em 2046 a proporção de população jovem reduzir-se-á a 13% e a população idosa aumentará dos actuais 17,2% para 31%. Neste cenário, agravar-se-á o processo de envelhecimento da população portuguesa expresso no índice de envelhecimento, que é hoje de 112 idosos por cada 100 jovens e em 2046 será de 238 pessoas com mais de 65 anos por cada 100 até aos 14 anos.

Mas, apesar de todos vislumbrarmos esta realidade, são ainda poucas as organizações que promovem a actividade sustentada deste tipo de população.

1 MUNARI, Bruno (1984). Artista e Designer. Lisboa: Editorial Presença

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Este ano em que se celebra o Ano Europeu das Actividades de Voluntariado Que Promovam uma

Cidadania Activa3 pretende-se promover a responsabilidade individual e o exercício activo, envolvente e participativo da cidadania, através do apoio a novas práticas de empreendedorismo e de inovação social, nomeadamente nas áreas de inclusão social e envelhecimento. É, assim compreendido por toda a Europa a necessidade urgente da “afirmação de uma identidade da terceira idade como um grupo de

pessoas que colabora de forma activa e que estão integradas na sociedade.” Quintela (2009:57)4

De acordo com um estudo realizado por Paúl (1997)5 os Idosos inseridos na comunidade são os que

vivem mais satisfeitos. Mas ainda são raras as práticas na sociedade que reflectem esta necessidade emergente de tornar as pessoas idosas activas no local onde habitam, contribuindo para comunidades com história, estórias, identidades próprias e auto-sustentáveis.

Encontramo-nos constantemente entre-lugares e também os idosos assumem múltiplos papéis de extrema importância para a sociedade, indivíduo - progenitor - participante de uma comunidade - contador de experiências - presença viva do passado - construtor do futuro (seu e dos outros). Estaremos a esquecer-nos de um diamante em bruto da nossa sociedade?

E a Educação Artística:

- com a utilização da fotografia/imagem (como técnica artística) como método de inquietação numa sociedade

- como promoção das possibilidades de se superar a si próprio, - como promoção do diálogo,

- como (re) construção de memórias, - como partilha de saberes,

- como ferramenta de intervenção,

deverá, devido ao seu potencial transformador, ser tida em conta nesta (re)activação do idoso na comunidade e na (re)construção de identidades que sustentam as comunidades.

Pois, frequentemente falamos de educação artística para crianças e jovens, mas pouco nos remetemos para a faixa etária adulta (que nunca teve a oportunidade de usufruir de experiências de educação artística), sem nos referirmos aos vulgos Ateliers (pintura, escultura, artes plásticas, tradicionais, etc). Esquecemo-nos constantemente que Educação Artística vai para além da mera técnica artística e com ela não se pretende só a criação de artistas, mas de pessoas globais, com mais conhecimentos de si e dos outros.

Deste modo, julgo de extrema importância uma Educação Artística para os Idosos, direccionada para a sua identidade pessoal e colectiva, de forma a que estes se tornem cidadão activos nas comunidades

3 Através da Decisão n.º2010/37/CE, de Novembro de 2009 4 Quintela, Maria (2009). Revista Autêntica

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em que vivem, reivindicando significados perdidos de uma comunidade participativa, com identidade e auto-sustentável.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Artística, Idosos, Intervenção Comunitária, Identidade, Comunidade, Histórias de Vida

OBJECTIVOS

- Aprender métodos e técnicas a utilizar na Educação Artística; - Construir um espaço de partilha geracional;

- Compreender o processo de aprendizagem do idoso;

- Perceber as vantagens e desvantagens de trabalhar com pessoas idosas; - Compreender as necessidades da população idosa;

- Perceber o ciclo motor das comunidades;

- Tornar a população idosa activa na comunidade onde se insere;

- Contribuir para a construção de um novo paradigma educacional que reflicta a realidade geracional ocidental;

PERGUNTA DE PARTIDA

Como podem os idosos, usando a Educação Artística, (re)construir a identidade de uma comunidade? METODOLOGIA

Classificar um estudo segundo a sua metodologia corresponde a um processo complicado, pois, “numerosas obras de Metodologia incluem uma classificação que varia segundo os autores”. (Carmo & Ferreira, 2008: 227)6

Investigar em Educação, lugar deste estudo, é diferente de estudar sobre a educação, pois “os trabalhos de investigação em educação, dedicam-se, certamente, à razão, capaz de organizar a verdade, mas fixando-se simultaneamente no ethos, capaz de fundar essa verdade, e enraizando-se no

pathos, o pensamento comum”. (Hadji & Baillé, 2001: 15)7

Assim, este trabalho não se prende com razões de índole científica ou probabilística, onde a necessidade da prova condiciona e dirige todo o trabalho, mas numa prática de ensino-aprendizagem dinâmica, reflexiva e constante, com fortes ligações à prática.

A A/r/tografia, defendida pela primeira vez por Rita L. Irwin (1999), como metodologia a ser usada na Educação Artística, assenta em três papeis inerentes à pessoa que inicia um estudo na área da educação e da arte: Artista-Investigador-Professor (Artist/Researcher/Teacher).

6 CARMO, Hermano, FERREIRA, Manuela (2008). Metodologia da Investigação. 2.ª Edição. Lisboa: Universidade Aberta 7 HADJI, Charles; BAILLÉ, Jacques (2001). Investigação e Educação – para uma “nova aliança”. Porto: Porto Editora.

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Esta metodologia defende que se pode fazer um trabalho de Investigação em Educação Artística

articulando as três formas do pensamento defendidas por Aristóteles - teoria (theoria), prática (praxis) e criação (poesis) e nos entre-lugares do investigador (Artist/Researcher/Teacher). Pois como refere Irwin (in Barbosa & Amaral, 2008: 88-89)8, “na A/r/tografia os três papeis e as três formas de pensamento não são vistas apenas como entidades separadas, mas também como identidades conectadas e integradas que permanecem sempre presentes no nosso trabalho” e o importante é criar “relações entre essas formas de pensamento”.

Assim, esta metodologia privilegia a triangulação de dados e a Investigação-Acção: objecto de arte + investigação + texto, como afirma Irwin (in Barbosa & Amaral, 2008: 100)9, “A/r/tografia é uma forma de representação que privilegia tanto o texto como a imagem ao se encontrarem em momentos de

mestiçagem. Mas, sobretudo, a a/r/tografia é sobre cada um de nós que vive uma vida de profundo significado realçado através de práticas perceptivas que revelam o que estava escondido, criam o que não foi nunca sabido e imaginam o que esperamos conseguir.”

-DADOS

1. Produções/Intervenções Artísticas produzidas pelos idosos (objectos, imagens, etc.) 2. Documentos escritos pelos idosos sobre as suas Produções/Intervenções Artísticas

3. Documentos escritos por pessoas da comunidade sobre as Produções/Intervenções Artísticas dos idosos

- MÉTODOS DE RECOLHA DE DADOS

1. Análise das Produções/Intervenções Artísticas produzidas pelos idosos (objectos, imagens, etc.) 2. Análise da palavra escrita dos idosos sobre as suas Produções/Intervenções Artísticas (textos livres) 3. Análise da palavra escrita por pessoas da comunidade sobre as Produções/Intervenções Artísticas dos idosos (textos livres)

CRONOGRAMA

Etapas Cronologia

1.º Revisão Bibliográfica e estudo sobre o tema Outubro de 2010 a Julho de 2013

2.º Criação de um grupo de estudo Junho de 2011

3.º Compreensão dos interesses e motivações do grupo Junho de 2011 a Junho de 2012

4.º Recuperação da Fábrica de Vidro da Comunidade Julho e Agosto de 2011

5.º (Re)Construir Histórias de Vida – Auto-Retrato Setembro a Janeiro de 2012

6.º (Re)Construir Histórias do Local – Auto-Representação Janeiro a Junho de 2012

7.º Intervenção na Comunidade (performances, instalações, criação de Junho a Setembro de 2012

8 BARBOSA, Ana Mae; AMARAL, Lilian (Org.) (2008). Interterritorialidade: Mídias, Contextos e Educação. Brasil: Senac 9 BARBOSA, Ana Mae; AMARAL, Lilian (Org.) (2008). Interterritorialidade: Mídias, Contextos e Educação. Brasil: Senac

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objectos, etc. – actividades a realizar de acordo com o decorrer do estudo)

8.º Reflexão e Avaliação Outubro de 2012

9.º Análise e reflexão sobre os resultados obtidos Novembro de 2012 a Janeiro de 2013

10.º Tratamento e análise da informação Fevereiro de 2013 a Julho de 2013

11.º Redacção da tese Setembro de 2011 a Julho de 2013

- MÉTODOS PARA ANÁLISE DOS DADOS

Os dados serão analisados de forma qualitativa, pela sua ligação às práticas artísticas e ao propósito da investigação (Investigação-Acção) (Carmo & Ferreira, 2008: 228)10, reconhecido como um método mais afectivo, indutivo, de origem processual, reflexivo (Almeida, 2006: 70) experimental e próprio das ciências da educação.

Se não, vejamos o que expõe Lessard-Hébert, et al (2008: 109)11, “a análise quantitativa é linear, enquanto a análise qualitativa é cíclica, ou interactiva, já que implica um vaivém entre as diversas componentes.”

Assim, nesta investigação, o método usado será o qualitativo, mas a técnica de análise de dados prender-se-á às análises documental (produções/intervenções) e de conteúdo da palavra escrita por cada elemento da amostra (idosos e pessoas exteriores ao grupo), como defende Connelly e Clandinin (in Sá-Chaves, cintando Marcelo, 2009: 23)12, “o estudo da narrativa é o estudo da forma, segundo a qual os seres humanos experienciam o mundo. Esta noção pode ser transportada para a concepção que vê a Educação como a construção e reconstrução de histórias pessoais e sociais; os professores e os alunos são narradores e personagens das suas próprias histórias e das histórias dos outros.”

ÁREAS DE INTERESSE PARA O ESTUDO 1. Os Idosos:

Desenvolvimento humano e envelhecimento Envelhecer em Portugal

Importância do Idoso na comunidade 2. As Memórias e a Identidade 3. (Re)Criação de Comunidades 4. A Educação Artística:

Ferramentas da Educação Artística A Educação Artística da 3.ª Idade

10 CARMO, Hermano, FERREIRA, Manuela (2008). Metodologia da Investigação. 2.ª Edição. Lisboa: Universidade Aberta 11 LESSARD-HÉBERT, Michelle; GOYETTE, Gabriel; BOUTIN, Gerald (2008). Investigação Qualitativa – Fundamentos e

Práticas. 3.ª Edição. Lisboa: Epistemologia e Sociedade – Instituto Piaget.

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POSSÍVEIS CAPÍTULOS PARA A DISSERTAÇÃO

1. Introdução (incluindo motivações, objectivos, pergunta de partida, pertinência da investigação e apresentação do estudo)

2. Contextualização Teórica 3. Opções Metodológicas

4. Análise e Interpretação de Dados 5. Considerações Finais

Com este trabalho, pretendo responder à minha inquietação pessoal de (re)construção do meu “caminho para casa”, pelas histórias dos lugares de passagem, pela continuação das narrativas já iniciadas anteriormente, pela construção da identidade individual e colectiva, para o encontro de

raízes... e estarei, deste modo, a desenhar um mapa para casa (ao se desenrolar na comunidade onde cresci e vivo) e para um sitio que responda aos paradigmas emergentes da sociedade ocidental.

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Referências

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