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Refúgios climáticos de mamíferos marinhos

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E

CONSERVAÇÃO

REFÚGIOS CLIMÁTICOS DE MAMÍFEROS MARINHOS

CECILIA SILVA DA ROCHA PITA DE ALMEIDA

São Cristóvão

2018

(2)

CECILIA SILVA DA ROCHA PITA DE ALMEIDA

REFÚGIOS CLIMÁTICOS DE MAMÍFEROS MARINHOS

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ecologia

e Conservação da Universidade Federal

de Sergipe, como requisito exigido a

obtenção do título de Mestre em Ecologia

e Conservação.

Orientador: Prof. Dr. Pablo Ariel

Martinez

São Cristóvão

2018

(3)

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

A447r

Almeida, Cecilia Silva da Rocha Pita de.

Refúgios climáticos de mamíferos marinhos / Cecilia Silva da Rocha Pita de Almeida; orientador Pablo Ariel Martinez. – São Cristóvão, 2018.

83 f.: il.

Dissertação (mestrado em Ecologia e Conservação)– Universidade Federal de Sergipe, 2018.

1. Biogeografia. 2. Paleoclimatologia. I. Martinez, Pablo Ariel, orient. II. Título.

(4)
(5)

III

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a oportunidade que tive de cursar este Mestrado, mesmo com

altos e baixos momentos, conseguir trilhar essa maratona de dois anos. Devo isso a

compreensão do Prof. e Chefe de departamento Sidney Feitosa Gouveia por me indicar

um professor competente e disponível a me aceitar na sua equipe de pesquisa.

Agradeço muitíssimo este um ano que passei no PibiLab sob a orientação do Prof. Pablo

que tão atencioso me acolheu no meu momento mais dramático. Toda a equipe de alunos

que ele tem, pois também foram bem receptivos e compreensivos, dentre eles: Darlan,

Mayane, Diene, Victor, Jennifer, Kathleen e Leo. Equipe maravilhosa que sabe o que

quer e não perde oportunidade para trabalho. Serão lembrados sempre comigo em minha

jornada profissional, inclusive nossos meetings mais diversos, uns a fantasia, outros

picnic e etc. Turma legal essa, emoções para preparação de cardápio e decoração, bolos

mais saborosos em cada encontro. Delicia ter passado esses dias com vocês.

Agradeço também ao Anderson Aires Eduardo, estudante de pós doc que durante as

minhas análises no programa R me ajudou. Sem ele, nada teria chegado até aqui também.

Agradeço ao companheirismo do prof. Alexandre Liparini por ser atenciosos e presente

sempre.

Também agradeço pelo auxílio da Dr. Jennifer Morales-Barbero que nos ajudou durante

algum tempo na coleta de dados.

Agradeço a oportunidade de auxílio financeiro que tive, pois isso valeu muito e permitiu

minha dedicação e disposição para fazer o trabalho fluir, que foi possível por meio da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

– CAPES e Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

– CNPq.

Agradeço pela torcida de meus pais e irmãos, e a todos da família que torciam por mim.

Agradeço também ao meu esposo Algacir que no início do nosso casamento foi o início

do meu mestrado, alguns planos foram adiados e ele foi bem compreensivo. As coisas

pareciam que não iam dar certo, e eram difíceis de serem conciliadas, mas olhando para

trás vejo que tudo saiu bem.

E para finalizar, agradeço a Deus por conduzir minha vida e me conceder esta vitória que

sem Ele, nada do que tenho seria possível. Ele é quem dá a vitória, mesmo antes da batalha

travada.

(6)

IV

RESUMO

Compreender como o clima têm moldado a distribuição das espécies ao longo do tempo

evolutivo tem sido o ponto central dos estudos biogeográficos. Isso porque as alterações

climáticas afetam a sobrevivência dos indivíduos e, consequentemente, interferem na

estrutura da comunidade. Sabemos que as condições climáticas variaram ao longo do

tempo e espaço, sendo necessário o surgimento de locais denominados de refúgios

climáticos. Estes, por sua vez, serviram como abrigo e proteção das espécies por manter

condições mais estáveis, permitindo a conservação e sobrevivência delas. No ambiente

marinho, uma das mudanças climáticas mais marcante foi a última máxima glaciação

(UMG, ~ 21.000-18.000 anos), o qual apresentou nível do mar mais baixo do que no

presente. Assim, tivemos como objetivos: (i) identificar os refúgios climáticos marinhos

onde existiu a coocorrência de um alto número de espécies em três períodos de tempo

(presente: 0ka, Holoceno médio a 6 ka e Pleistoceno a 21 ka); (ii) determinar quais fatores

ecológicos e históricos caracterizam os refúgios. Baixamos dados de ocorrência de 110

espécies de mamíferos marinhos do GBIF e de artigos específicos afim de ser feita a

modeladem de distribuição das espécies (MDE) por meio do algoritmo Maxent através

do programa R v.3.2.2. Foram selecionadas quatro variáveis climáticas (média anual de

salinidade na superfície do mar, média anual de temperatura na superfície do mar,

amplitude anual de salinidade na superfície do mar e amplitude anual de temperatura na

superfície do mar) que foram obtidas a partir do Modelo de Sistema Climático

Comunitário (CCSM3). Os refúgios climáticos foram determinados como áreas que

apresentaram riqueza de espécies acima do 90° percentil ao longo dos três intervalos de

tempo. A localização desses refúgios foi observadada em regiões temperadas acima das

latitudes 30˚, indicando que essas áreas apresentaram condições mais adequadas para a

maioria das espécies.

Os fatores ecológicos e históricos que determinaram os refúgios

foram testados com Mann-Whitney, utilizando uma significância de p<0,05. Os refúgios

estiveram relacionados com os fatores: ecológico como alta produtividade (p<0,001),

históricos como alta profundidade (p<0,001) e a presença de espécies com a maior média

de tempo de divergência evolutiva (p<0,001), significando que os refúgios abrigaram

linhagem de espécies mais antigas do que as regiões de não refúgio. Para todos os fatores

testados, foi obtida diferença significativa (p<0,005). Além disso, os fatores, ecológico e

históricos, serviram como bons preditores da riqueza de espécies no ambiente marinho.

Vale destacar que esse trabalho é pioneiro em determinar refúgios para o ambiente

marinho e em escala global, devendo ser mais explorado para outros táxons. Sugerimos

que as áreas de refúgios identificadas aqui possam ser consideradas nas políticas de

conservação das espécies de mamíferos marinhos pela capacidade que essas áreas têm de

apresentar condições ambientais adequadas para manutenção das espécies. Em estudos

futuros, sugerimos que sejam usados a MDE como ferramenta para a escolha de novas

áreas potenciais para preservação considerando que as mudanças ambientais são

frequentes.

Palavras-chave: Biogeografia, Ciclos glaciais, Modelos Paleoclimáticos, Pleistoceno

tardio, Última Máxima Glaciação.

(7)

V

ABSTRACT

Understanding how climate has shaped distribution of species over evolutionary time has

been central to biogeographic studies. It is mean that climate change affects the survival

of individuals, and therefore interferes in the structure of the community. We know that

climate change varied considerably over time and space, and it is necessary to subjugate

places so-called climatic refuges. These refuges, in turn, served as a shelter and protection

of species by maintaining more stable conditions for their conservation and survival. In

the marine environmental, one of the most strinking and no so far climatic changes was

the last maximum glaciation (UMG, ~ 21,000-18,000 years), which had a lower sea level

than at present. In this study, our objectives were: (i) to identify the marine climate refuges

where there was co-occurrence of a high number of species in the three time periods

(present: 0ka, 6 ka in middle Holocene and 21 ka in Pleistocene) in the marine

environment; (ii) determine which ecological and historical factors characterize refuges.

We obtained occurrence data for 110 species of marine mammals from the GBIF global

repository and of specific articles to be constructed the species distribution models using

the Maxent algorithm by program R 3.2.2. Four climatic variables were selected (annual

mean sea surface salinity, annual mean sea surface temperature, annual range sea surface

salinity and annual range sea surface temperature), which were obtained from the Model

of Community Climate System, version 3 (CCSM3). The climatic refuges were

determined as area that presented species richness above 90

th

percentile over the three

time intervals. The location of these refuges was observed in temperate regions above

latitudes

30˚

, indicating that these areas presented conditions more suitable for most

species. The ecological and historical factors that determined the refuges were tested with

Mann-Whitney, using a significance of p <0.05. These refuges were related to ecological

factors such as high productivity (p <0.001) and historical as high depth (p <0.001) and

the presence of species with the highest mean evolutionary divergence time (p <0.001),

meaning that the refuges harbored lineage of species older than non-refuge regions. Our

results show a significant difference between the variables tested (p <0.05). Moreover,

ecological and historical factors served as good predictors of species richness in the

marine environment. It is noteworthy that this work is a pioneer in determining refuges

for the marine environment and on a global scale, and should be more explored for other

taxa. We suggest that the refuge identified here can be considered in the conservation

policies of marine mammal species due to the ability of these areas to present suitability

environmental conditions for species maintenance. In future studies, we suggest that

MDE be used as a useful tool for choosing new potential areas for preservation

considering that environmental changes are frequent.

Keywords: Biogeography, Glacial cycles, Paleoclimatic models, Late Pleistocene, Last

Glacial Maximum.

(8)

VI

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS_______________________________________________ VII

LISTA DE TABELAS______________________________________________ VIII

RESUMO DO ARTIGO_____________________________________________ 9

1. INTRODUÇÃO _________________________________________________ 11

2. GRUPO DE ESTUDO: MAMÍFEROS MARINHOS ___________________ 16

3. MATERIAIS E MÉTODOS _______________________________________ 17

3.1 Coleta de dados _________________________________________________ 17

3.2 Modelo de Distribuição de espécies _________________________________ 17

3.3 Delimitação de refúgios __________________________________________ 20

3.4 Teste de hipótese para os fatores ecológicos e históricos ________________ 21

4. RESULTADOS __________________________________________________ 22

5. DISCUSSÃO ____________________________________________________ 25

6. CONCLUSÃO ___________________________________________________ 29

7. AGRADECIMENTOS ____________________________________________ 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________________ 31

APÊNDICES ______________________________________________________ 39

(9)

VII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização dos refúgios climáticos globais a partir da riqueza de espécies de

mamíferos marinhos obtidos do MDE (baseado no Maxent) ___________________ 22

Figura 2: Riqueza de mamíferos marinhos que formam refúgios climáticos______ 23

Figura 3: Comparação dos fatores ecológicos (produtividade) e históricos

(profundidade e tempo de divergência evolutiva) entre áreas identificadas como refúgio

e não refúgio ________________________________________________________ 24

(10)

VIII

LISTA DE TABELAS

(11)

9

PLEISTOCENE CLIMATE REFUGES FOR MARINE

MAMMALS

Cecília Silva da Rocha Pita de Almeida

1

, Anderson Aires Eduardo

2

, Jennifer

Barbero-Morales

3

, Mayane Alves Andrade

1

, Diene Oliveira Santos

1

, Pablo Ariel

Martinez

1

,

1-Laboratory of Integrative Research in Biodiversity (Pibi), Federal University of

Sergipe, Marechal Rondon Avenue, São Cristóvão, Sergipe.

2-

Postgraduate Program in Geosciences and Basin Analyzes,

Federal University of

Sergipe, Marechal Rondon Avenue, São Cristóvão, Sergipe.

3- Unit of Ecology, Faculty of Biology, University of Salamanca, Salamanca, E-37007,

Spain.

Correspondence:

Cecília Silva da Rocha Pita de Almeida; e-mail: ceciliapita22@gmail.com

Abstract

Aim

Climate change affects the survival and growth of individuals, which consequently

interferes with the distribution of species. These climatic changes varied over time and

space, necessitating the emergence of so-called climatic refuges that could house and

maintain more stable conditions for species survival. Among the most striking and no so

far events we had the last maximum glaciation (LGM, ~ 21,000-18,000 years), which had

a lower sea level than at present and affected considerably the marine environment and

its fauna. In this study we had as objectives: (i) to identify the marine climate refuges

where there was cooccurrence of a high number of species in the three time periods

(present: 0ka, 6 ka in middle Holocene and 21 ka in Pleistocene); (ii) determine which

ecological and historical factors characterize refuges.

Location

Global marine environment.

Methods

We identified the marine climate refuges where co-occurrence of a high

number of species occurred in the three different time (present, 6 ka and 21 ka) and also

(12)

10

determined which ecological and historical factors characterize the refuges. We obtained

occurrence data for 110 species of marine mammals through the GBIF global repository

and constructed species distribution models in the Maxent software through program R

(v. 3.2.2). Four climatic variables were selected (annual mean sea surface salinity, annual

sea surface salinity amplitude, annual mean sea surface temperature and annual sea

surface temperature amplitude), which were obtained from the Model of Community

Climate System, version 3 (CCSM3) available on the PMIP2 (Paleoclimate Modeling

Intercomparison Project - http://www.marspec.org/) database. The climatic refuges

corresponded to the areas that presented high species richness over the three time

intervals, that is, areas that presented 10% of data with greater species richness. The

ecological and historical factors that determined the refuges were tested with

Mann-Whitney, using a significance of p <0.05.

Results

The refuges were related to ecological factors such as high productivity (p

<0.001) and historical as high depth (p <0.001) and the presence of species with a longer

time of evolutionary divergence (p <0.001), indicating that refuges housed more ancient

species. Our results show a significant difference between the variables tested (p <0.05),

demonstrating that refuges may have provided adequate habitat conditions for the species

over time.

Main conclusions

Refuges were located at latitudes above 30º where temperate

climate predominated, indicating that these areas presented climates more suitable for

most species.

Keywords: Biogeography, Glacial cycles, Paleoclimatic models, Late Pleistocene, Last

Glacial Maximum.

(13)

11

1. INTRODUÇÃO

Compreender a distribuição das espécies é um tema fundamental nos estudos

ecológicos e evolutivos (Pearson, 2002; Elith et al. 2006). Existe consenso de que os

fatores ecológicos e históricos influenciam a riqueza e distribuição das espécies.

Diferenciamos os estudos dos fatores ecológicos por focarem nos grupos funcionais dos

organismos e nas condições ambientais (temperatura, salinidade, umidade entre outros)

relacionadas à distribuição espacial das espécies no tempo presente. Por outro lado, os

estudos dos fatores históricos concentram-se no efeito de eventos biogeográficos, tais

como os períodos glaciais e interglaciais sobre grupos taxonômicos superiores (Wiens &

Donoghue, 2004; Crisci et al., 2006;

Monge-Nájera, 2008). Ambas abordagens, ecológica

e histórica, tentam compreender os padrões de distribuição das espécies, bem como os

gradientes de diversidade (Wiens & Donoghue, 2004; Mittelbach et al. 2007; Roy &

Goldberg, 2007; Graham et al. 2010; Tittensor et al. 2010

;

Ricklefs & Jenkins, 2011;

McClain & Schlacher, 2015; Rabosky & Hurlbert, 2015).

O padrão mais evidente na natureza refere-se às distribuições de espécies em

diferentes latitudes, pois observamos que existe uma diminuição da riqueza de espécies à

medida que nos afastamos dos trópicos. Essa distribuição dos organismos na natureza é

determinada pelos fatores: (i) características intrínsecas (ex. vagilidade, comportamento

reprodutivo, tolerância fisiológica, tamanho corporal) (Wiens & Donoghue, 2004; Smith

& Lyons, 2011); (ii) interações bióticas (ex. competição e predação) (Wisz et al. 2013);

(iii) condições ambientais (ex. temperatura, precipitação, produtividade) (Allen et al.

2002; Monge-Nájera, 2008; Brown, 2014; Wisz et al. 2013) e (iv) processos históricos,

tais como tectônicas de placas, deriva continental, glaciação, especiação, dispersão entre

outros (Wiens & Donoghue, 2004; Crisp et al. 2011).

Frente aos diversos fatores que podem afetar a distribuição das espécies, o clima

é um dos mais determinantes (Hutchinson, 1957; Pearson & Dawson, 2003; Wiens &

Grahan, 2005). A definição de nicho grinelliano considera que um conjunto de condições

climáticas são responsáveis por delimitar e determinar onde uma espécie habita (Grinel,

1917, 1924). Dessa forma, o conhecimento sobre o clima permite compreender como as

espécies estão distribuídas e quais os locais mais adequados para cada espécie habitar.

Além disso, as espécies apresentam níveis de tolerância climática diferentes (Hällfors et

al. 2016) e reagem de modo singular às variações que as afetam, tanto espacial quanto

(14)

12

temporalmente (Wisz et al. 2013). As mudanças climáticas influenciam na distribuição

das espécies, afetando as espécies em particular, bem como as interações entre elas

(Araújo & Luoto, 2007; Heikkinen et al. 2007 Gilman et al. 2010). Consequentemente,

interferem na amplitude geográfica e modificam a estrutura e dinâmica das comunidades

(Gilman et al. 2010). Neste sentido, os efeitos ocasionados pelas mudanças do clima sobre

as diferentes espécies serão dependentes da velocidade e intensidade das mudanças

climáticas (Sandel et al. 2011). Caso haja uma rápida mudança climática num

determinado local, a sobrevivência irá depender de seu potencial de migração e/ou

adaptação (Aitken et al. 2008). Devemos considerar que as mudanças climáticas são

caracterizadas como fenômenos frequentes e cíclicos que acompanham a história da Terra

ao longo dos milhões de anos.

O Pleistoceno (~2,6 milhões até 10 mil de anos atrás) foi acompanhando de

sucessivos eventos de interglaciações e glaciações em que 75% do tempo prevaleceram

eras glaciais (Leite, 2015) existindo uma clara alternância de eventos climáticos, frios e

quentes (Lawing & Polly, 2011). A última máxima glaciação (UMG, ~ 21.000-18.000

anos ou 21 e 18 ka) foi um dos eventos mais marcantes, pois foi caracterizada por climas

frios e secos em regiões continentais em todo o mundo (Braconnot et al. 2007) afetando

consideravelmente a distribuição da biota. Dessa forma, a glaciação promoveu grandes

mudanças: (i) cobertura da maior parte do hemisfério norte por gelo (Waltari et al. 2007);

(ii) recuo do nível do mar em relação ao nível presente (Voris, 2000); (iii) diminuição da

temperatura entre 4 a 8º C (Petit et al. 1999) e (iv) as zonas climáticas mudaram em

latitude bem como em altitude, mudando também a temperatura, precipitação, circulação

atmosférica e oceânica (Clark et al. 1999;

Petit et al. 1999; Brown & Lomolino, 2006).

As mudanças climáticas sucessivas durante os períodos glaciais e interglaciais

mais recentes forçaram algumas espécies a sofrerem migrações para locais

climaticamente estáveis, conhecidos como refúgios (Aitken et al. 2008; Médail &

Diadema, 2009; Gavin et al. 2014). Quando as mudanças climáticas eram rápidas e

intensas, muitas vezes, as espécies não conseguiam adaptar-se ou migrar para regiões de

refúgios climáticos, por isso, acabavam sendo extintas (Magri & Palombo, 2013). Dessa

forma, os refúgios climáticos serviram como locais onde os organismos buscaram abrigo

diante de condições ambientais adversas, favorecendo assim a sua persistência e

sobrevivência (Briscoe et al. 2016). Um dos trabalhos pioneiros foi o realizado por Haffer

(1969) ao observar as alterações climáticas durante o Pleistoceno, levando-o a elaboração

(15)

13

da chamada Hipótese de Refúgio do Pleistoceno (PRH). A PRH explica o efeito das

mudanças climáticas nos processos de especiação e foi proposta originalmente para a

região Amazônica, a fim de explicar a diversidade biológica das populações de aves da

bacia amazônica. Posteriormente, diversos estudos demonstraram a existência de refúgios

climáticos na Europa, Mediterrâneo e norte da Sibéria (Lister & Stuart, 2008;

Tzedakis

et al. 2013; Morales-Barbero, 2017), Sul da Europa (Willis et al. 2000; Petit et al. 2003;

N gele & Hausdorf, 2015), Antártida (Bennett et al. 2016), África (Boxnick et al. 2015)

e América do Norte (Waltari et al. 2007; Gugger et al. 2010) entre outros.

Os primeiros trabalhos sobre refúgios no ecossistema marinho eram definidos

como locais onde um maior número de espécies se abrigavam. Para Brock (1979), os

refúgios eram habitats tridimensionais que influenciavam na estrutura de uma

comunidade, enquanto Everett e Ruiz (1993) afirmaram que esses locais serviam para

proteção contra predadores em virtude da ausência de uma estrutura física alternativa.

Assim, as definições iniciais de refúgio não levavam em consideração as mudanças

climáticas ao longo do tempo geológico (ver Kohn & Leviten, 1976; Woodin, 1978;

Leber, 1985). A disponibilidade recente de dados paleoclimáticos marinhos (Sbrocco,

2014) nos permitem analisar os refúgios sob uma perspectiva integradora, levando em

consideração os efeitos paleoclimáticos sobre a distribuição das espécies e a estrutura das

comunidades.

Infelizmente, a análise de refúgios marinhos tem sido fragmentada a poucos

táxons ou regiões geográficas restritas. Um dos trabalhos pioneiros de refúgios marinhos

(Vermeij, 1993) permitiu estimar espécies que foram extintas desde o fim do Pleistoceno

e definir áreas que serviram como refúgios geográficos. Os refúgios foram caracterizados

por apresentar uma alta produtividade planctônica primária, estando localizados no

noroeste do Atlântico temperado e norte do Pacífico. Alguns espécimes de mamíferos

marinhos registradas no trabalho foram o peixe-boi de Steller (Hydrodamalts gigas), a

foca monástica caribenha (Monachus tropicalis), a lontra do mar (Enhydra lutris) e a

baleia-cinzenta (Eschrichtius robustus). Por outro lado, Stanley e colaboradores (1996)

identificaram refúgios marinhos por meio de estudos genéticos para uma espécie de

mamífero, a foca comum (Phoca vitulina). Os refúgios pretéritos foram identificados em

locais onde os gelos polares durante a UMG isolaram as populações dos oceanos

Atlântico e Pacífico. Outras regiões que foram reconhecidas por atuarem como refúgios

marinhos foram a Indonésia Oriental, Malásia e Filipinas, sendo consideradas o epicentro

(16)

14

da biodiversidade e evolução de peixes marinhos costeiros (Carpenter & Springer, 2005).

Elas puderam servir como refúgio por apresentarem o mais extenso habitat marinho

tropical, vários tipos de habitats, relativa estabilidade da temperatura do mar durante a

glaciação (Randall, 1998), além de extensa água profunda, enquanto para as espécies de

águas rasas, a glaciação acabou servindo como barreira à dispersão (Randall, 1998).

Assim, a formação de refúgios será dependente das características ambientais que o

ecossistema marinho apresenta.

Dada a importância dos refúgios para preservação e proteção das espécies, no

presente trabalho utilizamos modelos de distribuição de espécies para estimar as áreas

potencialmente habitáveis na atualidade, e realizamos projeções pretéritas (6 mil e 21 mil

anos) de 110 espécies de mamíferos marinhos. Definimos como refúgios climáticos

aqueles locais que mantiveram uma alta riqueza de espécies ao longo do tempo

(Morales-Barbero et al. 2017). Em seguida, analisamos se existem características ecológicas e/ou

históricas que identificam os refúgios. Para isso, testamos as seguintes hipóteses não

excludentes: (i) Hipótese de produtividade, que assume que as áreas com maior

produtividade puderam abrigar um maior número de espécies (Cox & Moore, 2011;

Sammarco et al. 2017), como acontece por exemplo com os recifes de corais (Roberts &

Ormond, 1987; Komyakova et al. 2013; Newman et al. 2015). Neste caso, esperamos

encontrar refúgios em regiões mais produtivas; (ii) Hipótese de estabilidade assume que

as regiões mais estáveis abrigam um maior número de espécies nectônicas ao longo do

tempo. Consideramos as regiões profundas (>120m) como locais que foram mais estáveis

ao longo do tempo, isso por que a 21 mil anos as regiões costeiras atuais não estavam

disponíveis devido à glaciação que provocou o recuo do nível do mar em relação ao tempo

presente; (iii) Hipótese de tempo de divergência reconhece que os refúgios apresentaram

linhagens de espécies mais antigas devido ao fato de que essas regiões tiveram mais

tempo para acumular espécies e assim, puderam favorecer a diversificação (Carpenter &

Springer, 2005; Morales-Barbero et al. 2017). Portanto, é provável que as áreas de

refúgios abrigaram mais espécies de linhagens antigas do que espécies de linhagens mais

novas.

Afim de entender como ocorreu a distribuição das espécies, nosso trabalho tem

como objetivos: (i) identificar os refúgios climáticos para os mamíferos marinhos onde

existiu a coocorrência de um alto número de espécies nos três períodos de tempo

(17)

15

(presente: 0, 6 mil e 21 mil anos) a partir da modelagem de distribuição de espécies

(MDE); (ii) definir quais áreas apresentam alta riqueza de espécies ao longo dos últimos

21.000 anos; (iii) determinar quais fatores ecológicos e históricos caracterizam os

refúgios.

(18)

16

2. GRUPO DE ESTUDO: MAMÍFEROS MARINHOS

A fauna marinha é bem diversificada devido aos diversos fatores ecológicos e

históricos que atuam sobre ela. Apresenta representantes de todos os filos animais, dentre

eles, os mamíferos. Os mamíferos marinhos se destacam por desempenhar importante

papel ecológico no ecossistema marinho, pois servem como indicadores da saúde dos

oceanos (Wells et al. 2004). Eles apresentam ampla distribuição geográfica (com uma

média de 52 milhões de km

2

, Pompa et al. 2011) pela sua alta vagilidade, além de

ocuparem todas as latitudes. Esses mamíferos dispõem de grande quantidade de

informação sobre a sua distribuição geográfica, suas relações filogenéticas (ver: Uhen,

2007; Foote et al. 2015), suas características ecológicas e de história de vida. Os

mamíferos marinhos correspondem a três linhagens independentes: Pinnipedia

pertencentes a Ordem Carnivora, Ordem Cetacea formados pelos Mysticeti e Odontoceti,

e Ordem Sirenia (Jefferson et al. 1994), totalizando ~120 espécies existentes (Pompa et

al. 2011; Zhou et al. 2015).

Os pinípedes são os únicos membros aquáticos da ordem Carnivora, compreende

três famílias: Otariidae formado pelos leões marinhos e focas de ouvido, Odobenidae

(morsas) e Phocidae (focas verdadeiras e elefante-marinho) (Jefferson et al. 1994). Mais

de um quarto da diversidade de mamíferos marinhos são compostas pelos pinípedes,

sendo registrado a presença desses animais desde o final do Oligoceno (Berta et al. 2006),

cerca de 27 milhões de anos atrás. Já os Cetáceos surgiram no Eoceno há ~54 milhões de

anos atrás, apresentando relação evolutiva com os mamíferos ungulados (Berta et al,

2006). A ordem Sirenia é formada pelos peixes-boi que inclui duas famílias viventes:

Trichechidae (manatins ou peixes-boi, com 3 espécies viventes) que habitam regiões

tropicais, e o Dugongidae (dugongos) com uma espécie vivente na região Indo-Pacífica.

Os Sirênios tiveram registro fóssil desde o início do Eoceno há 50 milhões de anos até o

presente, são os únicos mamíferos marinhos a serem estritamente herbívoros (Jefferson

et al. 1994; Berta et al. 2006).

(19)

17

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Coleta de dados

Pontos de ocorrência foram obtidos para um total de 110 espécies de mamíferos

marinhos (~ 90 % das espécies existentes) a partir da base de dados de GBIF (GBIF,

http://www.gbif.org

/

) e literatura especializada. Todos esses pontos foram avaliados,

revisados e filtrados, usando como referência a base de dados da IUCN red list como

referência a fim de evitar erros de amostragem. As 110 espécies utilizadas estão divididas

em 30 espécies da Ordem Pinnipedia, 76 espécies da Ordem Cetácea e apenas 4 espécies

da Ordem Sirênia. O conjunto de dados de cada uma das 110 espécies apresentam no

mínimo 10 pontos de ocorrência sendo recomendável para se obter uma previsão

confiável (Stockwell & Peterson, 2002; Fitzpatrick & Ellison, 2018, p. 395).

3.2 Modelo de Distribuição de espécies

Para cada espécie, individualmente, construímos modelos de distribuição de

espécies (MDE) para obter as suas distribuições potenciais atuais e em seguida, realizar

projeções para os cenários climáticos de 6 mil e 21 mil anos (Apêndice A - Script usado

para fazer a modelagem). Os MDE foram implementados no software Maxent (Phillips

et al. 2006) por meio da plataforma R (v.3.2.2, R Development Core Team, 2011). O

Maxent consiste em um algoritmo baseado na entropia máxima, que estima a distribuição

geográfica potencial das espécies, baseando-se na correlação entre pontos de ocorrência

e ausência e as variáveis ambientais na área de estudos. Como dados de ausência não

estão disponíveis, pontos de fundo (background points) foram empregados como

pseudo-ausências. Baseado no conhecimento empregado por outros autores (e.g.

Morales-Barbero et al. 2017), nós empregamos 1.000 pontos aleatoriamente distribuídos para toda

a região de estudo que neste trabalho foram os oceanos do mundo todo.

A avaliação da acurácia dos modelos executados pelo software Maxent foram

feitos por validação cruzada (cross-validation). Essa avaliação consiste nas etapas de

calibração e validação que são adotadas como requisitos fundamentais em trabalhos de

modelagem, pois se verifica a qualidade e confiabilidade do modelo. A calibração

(20)

18

consiste no agrupamento de 70% dos dados, enquanto os outros 30% dos dados são

utilizados para validação, sendo esse procedimento replicado 10 vezes (calibração/

validação). Para evitar o sobreajuste dos modelos, foram utilizados apenas funções

(features) lineares e quadráticas.

O índice de AUC (área sob a curva, do inglês “Receiver Operating Characteristic

Curve” ou curva ROC) foi calculado pelo Maxent a fim de avaliar a especificidade

(ausência de erro de comissão) e a sensibilidade (ausência de erro de omissão) de um teste

de diagnóstico que foi utilizado (Fielding & Bell, 1997; Muñoz & Felicísimo, 2004). A

AUC fornece uma medida do desempenho do modelo, apresentando valores entre 0 e 1,

onde valores de AUC > 0,75 indicam um bom desempenho (Pliscoff & Fuentes-Castillo,

2011).

Foi baixado um total de 18 variáveis ambientais (Tabela 1) do banco de dados

Marspec (http://www.marspec.org; Sbrocco, 2014) a fim de parametrizar o modelo para

as seguintes três janelas de tempo: Presente (0 anos), Holoceno Médio (HM, 6 Ka) e o

Último Glacial Máximo (UGM, 21 Ka). A resolução utilizada foi de de 5 arc-min (células

de ~ 10x10 km na região do Equador) pelo Modelo de Sistema Climático Comunitário,

versão 3 (CCSM3) desenvolvido pelo Projeto de Intercomparação de Modelagem

Paleoclimática, fase 2 (PMIP2). Foi feita uma análise de correlação entre as variáveis, de

modo a ser selecionada as variáveis biologicamente mais informativas, assim,

selecionamos aquelas que tiveram uma correlação de r < 0,8 (Apêndice A - Script do R

para selecionar as variáveis). Após a correlação das variáveis climáticas, foram

selecionadas apenas quatro delas: média anual da salinidade na superfície do mar,

amplitude anual da salinidade na superfície do mar, média anual da temperatura na

superfície do mar e amplitude anual da temperatura na superfície do mar, em seguida,

construímos os modelos de distribuição das espécies.

(21)

19 Tabela 1: Lista das variáveis ambientais presente no banco de dados Marspec.

Considerando que certas espécies de mamíferos marinhos encontram-se restritas

a uma determinada latitude, e essa característica pode levar a uma projeção em latitudes

Nome da variável

Definição

Batimetria

Profundidade do fundo do mar

(metros)

Biogeo01

Aspecto Leste/Oeste (radianos)

Biogeo02

Aspecto Norte/Sul (radianos)

Biogeo03

Plano de curvatura

Biogeo04

Perfil de curvatura

Biogeo05

Distância da plataforma (km)

Biogeo06

Batimetria de curva (graus)

Biogeo07

Concavidade (graus)

Biogeo08

Média anual de salinidade na

superfície do mar (psu)

Biogeo09

Salinidade na superfície do mar

(psu) do mês mais fresco

Biogeo10

Salinidade na superfície do mar

(psu) do mês mais salgado

Biogeo11

Amplitude anual da salinidade na

superfície do mar (psu)

Biogeo12

Variância anual da salinidade na

superfície do mar (psu)

Biogeo13

Média anual de temperatura na

superfície do mar (°C)

Biogeo14

Temperatura na superfície do mar

(°C) do mês mais frio

Biogeo15

Temperatura na superfície do mar

(°C) do mês mais quente

Biogeo16

Amplitude anual da temperatura na

superfície do mar (°C)

Biogeo17

Variância anual da temperatura na

(22)

20

as quais a espécies não ocupa, precisávamos inicialmente demarcar a distribuição da

espécie apenas no hemisfério onde elas realmente habitam. Uma vez que condições

climáticas relacionadas à temperatura tendem a ser mais similares entre as regiões polares

do que entre estas e o equador, o procedimento adotado evitou que a extrapolação das

condições adequadas no hemisfério oposto influenciasse a riqueza de espécies projetada

para as latitudes mais elevadas (Apêndice A - Script do R para limitar as espécies com

distribuição restrita). O mesmo tratamento foi feito para espécies que são restritas a uma

determinada região, como as espécies: Arctocephalus galapagoensis restritas às ilhas de

Galápagos (entre 9°N-3°S, 80-90°W), e a espécie Trichechus senegalensis que são

endêmicas de estuários do Oeste Africano.

3.3 Delimitação de refúgios

O Maxent criou mapas de adequabilidade que apresentam dados com valores

contínuos, sendo necessário sua transformação em mapas binários (Apêndice A - Script

do R para gerar os mapas binários) através do uso de valores de limiares (thresholds) os

quais foram gerados a partir de análises estatísticas (maximiza especificidade +

sensibilidade), sendo único para cada espécie e proveniente das informações sobre os

pontos de ocorrência conhecidos.

Os mapas binários (1 presença, 0 ausência) foram gerados de modo a representar

as células com potencialidade favorável de ter presença ou não-favorável (ausência) das

espécies. Foi feito um mapa binário para cada espécie e para cada janela de tempo:

presente (0), 6 ka e 21 ka. Em seguida, a partir dos mapas binários foi gerado os mapas

de riqueza de espécies pela identificação das áreas que apresentavam alta riqueza. Neste

trabalho, definimos como áreas de alta riqueza aquelas com número de espécies acima do

90º percentil. Estas áreas de alta riqueza foram obtidas após a sobreposição dos mapas

binários de todas as espécies, formando, assim, um mapa de riqueza para cada período de

tempo, presente (0), 6 ka e 21 ka (Apêndice A - Script do R para plotar os mapas de

riqueza).

Na etapa seguinte, foi feita a sobreposição dos três mapas de alta riqueza de

espécies, sendo um para cada perído de tempo que resultou no mapa dos refúgios

climáticos (Apêndice A - Script do R para identificar as áreas de refúgios). Assim, do

(23)

21

ponto de vista ecológico, os refúgios foram caracterizados como aquelas áreas que

aparentemente apresentaram condições ambientais adequadas para muitas das espécies

modeladas ao longo do tempo.

3.4 Teste de hipótese para os fatores ecológicos e históricos

Foram determinados três fatores para caracterizar os refúgios, um ecológico e dois

históricos, por meio das seguintes hipóteses: de produtividade, de estabilidade avaliada

pelo fator histórico profundidade e de tempo de divergência evolutiva, obtida pelo cálculo

da média do tempo de divergência de todas as espécies que eram encontradas na mesma

célula do mapa de distribuição das espécies (Apêndice A – Script do R com os gráficos

referentes aos fatores analisados).

Os dados de profundidade e produtividade de todos os oceanos foram adquiridos

do banco de dados AquaMaps (

http://www.aquamaps.org

/). O Tempo de divergência

evolutiva foi obtido a partir da árvore filogenética descrita por Rolland et al. (2014) para

os mamíferos, de modo a fornecer as idades de divergência de todas as espécies

analisadas.

Utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney

(assumindo α=0.05) para

avaliar se os refúgios climáticos estão associados aos fatores ecológicos e/ou históricos.

Sendo que as variáveis preditoras foram: profundidade, produtividade e tempo de

divergência evolutiva, enquanto a presença ou ausência de refúgio nossa variável de

resposta

(

Apêndice A - Script do R para realizar o teste estatístico).

(24)

22

4. RESULTADOS

Para o tempo presente, o mapa de riqueza de espécies demonstrou uma maior

concentração de riqueza de espécies localizadas nas zonas temperadas, região leste do

Pacífico e sul da Oceânia (0 ka, Fig. 1a). Em contraste, pouca riqueza foi encontrada no

lado leste do Atlântico Norte bem como no Mediterrâneo. A riqueza para o tempo 6 Ka

se diferenciou nitidamente pela pouca riqueza identificada na latitude sul, mais

especificamente no sul da África e Austrália, enquanto a maior riqueza foi obtida no

Atlântico norte e oeste do Pacífico (Fig. 1b). Para o tempo 21 ka, a maior riqueza de

espécies esteve localizada ao sul do leste do Pacífico do que em outros períodos, áreas

com baixa riqueza foram observadas ao sul da África e regiões costeiras da América (Fig.

1c), como consequência do severo clima continental e grande extensão de camadas de

gelo sobre a Terra a 21 ka, concentrando as distribuições das espécies mais para partes

profundas e oceânicas, como observado nas costas norte e sul do Atlântico.

Figura 1: Localização dos refúgios climáticos globais a partir da riqueza de espécies de mamíferos marinhos obtidas do MDE (baseado no Maxent) para (a) tempo presente, 0 ka; (b) 6 ka, Holoceno Médio, (c) 21 ka, Última Máxima Glaciação. Área colorida de verde indica locais com alta probabilidade de apresentar habitat adequado para as espécies. Tamanho das células: 100 x 100 km.

Os refúgios climáticos foram obtidos pela sobreposição espacial dos locais que

permitiram a acumulação de riqueza acima do 90º percentil nos três intervalos de tempo.

Eles estiveram localizados predominantemente em latitudes acima de 30˚ tanto ao norte

como ao sul, cobrindo regiões de clima temperado e também no Mar Negro, além de

cobrir grande parte das regiões costeiras (Fig. 2).

(25)

23 Figura 2: Refúgios climáticos de mamíferos marinhos estimado a partir da riqueza de espécies. Áreas de cor verde escura indicam locais com alta probabilidade de apresentar habitat adequado para as espécies nos três períodos de tempo (0Ka, 6 ka e 21 ka), cor quente e verde clara indicam locais com probabilidade de apresentar habitat adequado em um ou dois períodos de tempo, respectivamente. Tamanho das células: 100 x 100 km.

As análises dos fatores ecológicos e históricos demonstraram que os refúgios

hospedaram assembléias de espécies que mostraram estar localizadas em regiões mais

profundas (Fig. 3a), com alta produtividade (Fig. 3b) e onde houve a presença de

linhagens mais antigas (Fig. 3c). Em resumo, os resultados encontrados confirmam nossas

hipóteses propostas. A análise estatística demostrou diferença significativa (p < 0,0001,

teste U de Mann-Whitney) para cada um dos fatores entre as áreas de refúgio e de não

refúgio.

(26)

24 Figura 3: Comparação dos fatores a) ecológico: produtividade (valor logaritimizado); b) histórico relacionado à profundidade; e c) histórico relacionado ao tempo de divergência evolutiva entre áreas identificadas como refúgio e não refúgio, Boxplots executados no algoritmo do Maxent. Caixas com 10˚ a 90˚ percentil e a linha no meio corresponde a mediana. Critério usado para demarcar refúgio climático (para os três intervalos de tempo) mostrou diferença significativa (p < 0,0001) por meio do teste de Mann-Whitney para os três fatores analisados.

(27)

25

5. DISCUSSÃO

A abordagem utilizada neste trabalho permitiu identificar alguns dos fatores

responsáveis pela manutenção de uma alta riqueza de espécies ao longo do tempo, sendo

um trabalho pioneiro a nível global que determinou refúgios climáticos marinhos.

A primeira hipótese testada foi de produtividade. Nessa hipótese, espera-se

encontrar refúgios em áreas que apresentam uma maior produtividade (Roberts &

Ormond, 1987; Cox & Moore, 2011; Komyakova et al. 2013), assim, regiões mais

produtivas podem abrigar uma maior riqueza de espécies (refúgios). As relações entre

riqueza de espécies e produtividade dependem, algumas vezes, do táxon e da escala

geográfica adotada (por exemplo, regional ou continental) (Mittelbach et al. 2001) ou do

tipo de ambiente analisado. Esses podem ser divididos em ambientes terrestres e

marinhos, sendo que a produtividade terrestre é maior na altura dos trópicos (Brown,

2014), enquanto nos mares, não. Em experimentos conduzidos com plantas, a

produtividade permitiu uma melhor partição de recursos e diferenciação de nicho, além

de promover uma maior diversidade de espécies (McKane et al. 2002).

Consequentemente, uma melhor utilização dos recursos torna uma comunidade mais

eficiente (Lemieux & Cusson, 2014).

Sabe-se que a produtividade primária atua como um bom preditor de riqueza de

espécies (Ceballos & Ehrlich, 2006; Rabosky & Hurlbert, 2015), mas essas relações nem

sempre serão causais, e sim o resultado de colinearidade com outras variáveis tais como:

temperatura,

substrato, área, correntes, luz e nutrientes (Monge-Nájera, 2008; Rabosky

& Hurlbert, 2015). A combinação das variáveis: temperatura, produtividade e

sazonalidade influenciam a dinâmica evolutiva (Fraser & Currie, 1996). Além disso, a

produtividade também é resultado da interação com o habitat complexo e diversidade de

produtores (Lemieux & Cusson, 2014). Em alguns ecossistemas, a produtividade aumenta

como consequencia do aumento do número de espécies que interagem troficamente em

uma comunidade ecológica (Johnson et al. 1996). Em estuários, que cobrem grandes

extensões globais, foi verificado que a riqueza de

espécies aumenta com a produtividade

primária (Vasconcelos et al. 2015). Em uma comunidade de intermaré subártica, foi

observado que a diminuição da abundância de macroalgas provocou impacto negativo

sobre a produtividade (Lemieux & Cusson, 2014). Em estudos experimentais sobre

(28)

26

ecossistemas marinhos conduzidos por Worm et al. (2006), a produtividade aumentou

quatro vezes em momentos que a diversidade foi restaurada, demonstrando ligações

positivas robustas entre biodiversidade, produtividade e também com a estabilidade. Em

regiões muito profundas do mar, observa-se que as altas diversidades são promovidas

pela estabilidade (térmica) e pelos recursos tróficos (produtividade), demonstrando a

relação direta entre produtividade, riqueza e/ou diversidade (Johnson et al. 1996;

MacClain & Schlacher, 2015; Valentine & Jablonski, 2015), concordando com os nossos

resultados para mamíferos marinhos.

Em nossa segunda hipótese, observamos que locais mais profundos

apresentaram melhores condições para a formação de refúgios climáticos, ou seja, maior

riqueza de espécies do que as áreas mais rasas. Essa diferenciação existe por que as

regiões litorâneas e mais rasas de hoje (~120m) não estiveram disponíveis durante os

períodos glaciais, a 21ka durante o Pleistoceno (Sbrocco, 2014;

Ludt & Rocha, 2015)

como observado em nossos resultados (Fig. 1c). Assim, locais que foram menos

perturbados ao longo do tempo, tendem a abrigar mais espécies e formar refúgios,

portanto, são mais estáveis quando comparado com a locais que foram mais expostos

durante algum tempo. Dessa forma, qualquer porção de terra debaixo de uma geleira que

acaba de recuar apresentará uma riqueza muito menor do que uma porção de terra que

nunca teve uma geleira.

A hipótese de estabilidade explica, de modo geral, as diferenças de diversidade

observadas em diferentes condições ambientais (Johnson, 1970), por exemplo, áreas de

refúgios e não refúgio. Nossos achados equivalem ao que Gallardo e colaboradores (2015)

denominaram de hipótese de estabilidade temporal de Thienemann-Sanders, em que

prevê que o habitat mais antigo e mais estável (regiões profundas em nosso estudo)

apresentará maior riqueza e diversidade de espécies. Nota-se que a estabilidade temporal

muda à medida que a diversidade aumenta (Lehman & Tilman, 2000). Isso significa que

a estabilidade é afetada pela composição de espécies bem como pela diversidade

biológica que ocupa um determinado ecossitema (Johnson et al. 1996; Lehman & Tilman,

2000; Lanta et al. 2012). Alguns trabalhos que utilizaram a hipótese de estabilidade foi:

Hessler e Sanders (1967) para explicar a riqueza bentônica de regiões profundas e

Johnson (1970) que estudou a diversidade de espécies em comunidades marinhas bênticas

em pequena escala. O primeiro artigo aponta que a grande diversidade (no fundo do mar)

é melhor explicada como resultado da grande estabilidade desse ambiente físico (Hessler

(29)

27

& Sanders, 1967). Já Johnson (1970) reconheceu que mudanças no ecossistema estudado

afetam a estabilidade, sendo menor a estabilidade em águas rasas e maiores em águas

mais profundas, concordando com nossos achados os quais observamos que os ambientes

mais estáveis foram em regiões mais profundas. Em experimentos conduzidos sobre a

diversidade marinha demonstrou que ela se relaciona diretamente com a estabilidade

(Worm et al. 2006).

A estabilidade não se restringi somente ao tempo e ambinte, também

consideramos a estabilidade climática, pois esta a longo prazo (refúgios), apresenta papel

central quanto a manutenção das espécies no ambiente (Terribile et al. 2012). Esta

estabilidade climática é considerada um bom preditor de riqueza (Werneck et al. 2012) e

demonstra que regiões climaticamente estáveis permitem a evolução de especializações

e adaptações mais finas do que as áreas com regimes climáticos mais erráticos, devido à

relativa constância dos recursos (ver Pianka, 1966). Sendo assim, as áreas com condições

climáticas estáveis em relação ao UMG puderam demonstrar o quanto que a estabilidade

climática é importante no estabelecimento de refúgios e, consequentemente, nos padrões

atuais de diversidade (Morales-Barbero et al. 2017).

Por outro lado, regiões mais profundas ocupam uma maior área, o que demonstra

mais habitat disponível (Barboza & Defeo, 2015; Chaudhary et al. 2016) do que áreas

mais rasas. A disponibilidade de habitat combinada com os fatores como a alta

produtividade primária foi reconhecida como importante preditor da biodiversidade

(Tittensor et al. 2010). Regiões mais profundas podem suportar populações maiores, o

que reduz a probabilidade de extirpação de espécies e apoia uma maior diversidade de

espécies especialistas (Willig, Kaufman & Stevens, 2003; Tittensor et al. 2010). Assim,

em nossos resultados, as áreas profundas puderam abrigar uma maior riqueza de

mamíferos marinhos, corroborando com a hipótese de estabilidade.

A hipótese tempo de divergência foi testada de modo a verificar se as regiões

de refúgios puderam abrigar linhagens de espécies antigas. O tempo de divergência

evolutiva é definido como o tempo em que uma linhagem divergiu do seu grupo-irmão,

isto é, da linhagem que inclui os parentes vivos mais próximos (Crisp & Cook, 2011). O

tempo de divergência é dependente das taxas de surgimento, extinção e preservação

estimadas a partir do registro fóssil (Foote et al. 1999). Esta estimativa de tempo de

divergência filogenética é considerada como componente importante de muitos estudos

(30)

28

evolutivos moleculares (Ho & Phillips, 2009). O tempo de divergência das espécies de

mamíferos marinhos permitiu a identificação dos refúgios climáticos, desse modo, essas

áreas podem ser reconhecidas como centro de especiação e endemismo, funcionando

como

“berçários” da diversificação (Morales-Barbero et al. 2017). É possível que as

regiões colonizadas inicialmente sejam geralmente mais ricas do que as regiões

recentemente colonizadas (Rodrigues et al. 2017). Consequentemente, as regiões de

refúgios por terem uma história de vida mais antiga, acabam favorecendo a diversificação

(Carpenter & Springer, 2005; Morales-Barbero et al. 2017).

O estudo sobre as distribuições das espécies desde os períodos glaciais até os

dias atuais tem um importante papel na compreensão dos processos de diversificação das

espécies, e logicamente, da biodiversidade. As taxas de especiação (ou extinção) podem

variar sistematicamente em regiões geográficas (Rabosky & Hurlber, 2015). Isso por que

qualquer variação nas idades dos clados entre as regiões diminuirá a relação entre a taxa

de diversificação e a riqueza. Muitos autores argumentam que centros de riqueza de

espécies são também centros evolutivos onde novas espécies evoluem e a partir do qual

eles se expandem para áreas marginais (Gray, 2001). Além disso, as comunidades tendem

a se diversificar no tempo e que as comunidades mais velhas, portanto, têm mais espécies

do que as mais jovens (Pianka, 1966). Em nossos achados, para o ambiente marinho

global, a relação entre maior riqueza e tempo de divergência indicou que as espécies de

linhagens mais antigas estiveram predominantemente localizadas em áreas de refúgio do

que áreas de não refúgio.

A determinação de áreas que serviram como refúgios pretéritos tem grande

importância para os estudos ecológicos e evolutivos. Notamos que esses refúgios

serviram para abrigar uma maior riqueza de espécies, e foram compostos por

predominância de linhagens mais antigas, dessa forma, fornece-nos informações para

compreensão dos processos evolutivos. Outra característica dessas áreas de refúgios é que

elas demonstraram estarem localizadas em áreas com condições ambientais mais estáveis

e com maior produtividade, o que permite a escolha dessas áreas como potenciais para

conservação das espécies. Consequentemente, devemos considerar os refúgios como

locais adequados para a priorização espacial, ou seja, adequados para a preservação das

espécies que encontram-se sujeitas às constantes e intensas mudanças climáticas e

também ameaçadas pelas ações antrópicas no ambiente marinho.

(31)

29

6. CONCLUSÃO

Vale destacar que nosso estudo é o primeiro em que se localiza, em ampla escala

geográfica e temporal, a existência de refúgios climáticos no ambiente marinho. Assim,

pudemos fornecer suporte para a importância dos processos ecológicos (produtividade) e

históricos (profundidade e tempo de divergência) na elaboração dos padrões de

biodiversidade dos mamíferos marinhos. Diferentemente do ambiente terrestre que

apresenta um aumento na riqueza a medida que se aproxima dos trópicos, o ambiente

marinho apresenta um padrão diferenciado bem como é influenciado pela interação entre

diferentes variáveis. Uma dessas variáveis é a produtividade que tem maiores valores em

latitudes altas, permitindo que essas áreas servissem como abrigo para um maior número

de espécies ao longo dos últimos 21ka. Outras variáveis que caracterizaram os refúgios

foram: a maior profundidade indicada por locais que apresentaram maior estabilidade ao

longo do tempo, e o tempo de divergência evolutiva que abrigou mais linhagens de

espécies antigas. Essas regiões puderam hospedar espécies durante mudanças climáticas

extrema (glaciação) e a partir daí com a melhoria das condições climáticas as espécies

puderam expandir seus limites e se diversificarem. As sucessivas e drásticas mudanças

climáticas podem ameaçar a biodiversidade marinha, por isso, deve-se pensar nas áreas

de refúgios como áreas potenciais para conservação das espécies bem como para

preservação dos locais que serviram para acumular processos históricos-evolutivos.

(32)

30

7. AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Capes pela concessão de bolsa de mestrado à aluna, ao Programa

de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal de Sergipe e pela

parceria com a Dr. Jennifer Morales-Barbero.

(33)

31

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