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A mobilização do exército brasileiro e o envio de tropas para os fronts da 2ª Guerra Mundial

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Academic year: 2021

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A MOBILIZAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO E O ENVIO DE TROPAS PARA OS FRONTS DA 2ª GUERRA MUNDIAL

DIEGO ARMANDO DA SILVA DE CASTRO

Resumo: O objetivo do presente estudo é mostrar como foi a mobilização e o envio da

FEB para o front europeu. Para atingir esse objetivo, adquiri livros de autores militares e civis que retrataram o assunto com maestria e sabedoria. Após as coletas de dados, primeiramente, relatei o porquê de o Brasil ter entrado no conflito, demonstrando os ataques aos navios mercantes e a pressão norte-americana, e expus as condições brasileiras naquele momento, com a ditadura do Estado Novo e a crise econômica. Citei a ajuda dos EUA, os métodos de recrutamento, as personalidades civis e militares que se destacaram, a aceitação da população, a assistência social e, por último, a divisão e o envio da tropa pelos navios americanos. A Força Expedicionária Brasileira foi motivo de orgulho para todos os brasileiros por ser a única tropa latino-americana a participar da Segunda Guerra Mundial. Concluí afirmando que o assunto é pouco estudado e que aqueles que têm interesse em saber sobre a FEB e a participação brasileira na Guerra podem se interessar por esta leitura.

Palavras-chave: FEB. Guerra. Mobilização.

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1 Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em História Militar, da

Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em História Militar, com orientação do Prof. Armando Alexandre dos Santos.

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1 INTRODUÇÃO

O presente artigo trata das atitudes e das ações que foram tomadas para que o Brasil conseguisse mobilizar e enviar cerca de 25 mil combatentes para o front da Segunda Guerra Mundial. Quando se deu o início dessa Guerra, o Brasil passava por uma crise econômica e o ditador Getúlio Vargas implantava sua política de Estado Novo. O governo brasileiro retardou o quanto possível o envio de tropas para a Europa. Segundo MOTTA (2001, pg. 51), os motivos foram:

Aguardar uma definição mais precisa dos rumos da guerra e dos recursos necessários para nela tomar parte; possuir consciência plena do nosso despreparo para uma guerra no estilo da que se desenvolvia; conhecer melhor o ônus que iria incidir sobre o nosso tesouro para suprir as necessidades emergentes.

Em meados de 1943, Getúlio Vargas, diante do torpedeamento de diversos navios brasileiros por parte dos alemães, aprovou a formação de uma Força Expedicionária Brasileira para lutar ao lado dos Aliados na guerra. O Brasil não tinha as mesmas condições de combate de alguns países beligerantes, como Estados Unidos e Alemanha. Não possuíamos equipamentos, armamentos, treinamento nem efetivo suficiente para entrarmos em batalha e fazermos frente às grandes potências mundiais que participavam da maior guerra da história. Segundo Barone (2013, pg. 103) "a tarefa de organizar a FEB seria um enorme desafio, e o tempo disponível era curto".

Em vista disso, pesquisei sobre os diversos fatores e atitudes que levaram o Brasil a conseguir mobilizar e enviar sua tropa. Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, cresceu de importância a atuação dos EUA, nação que, seguindo conceitos e doutrinas como “a América para os americanos” e sabendo da importância estratégica do Brasil, ajudou nosso país a obter materiais, equipamentos, armamentos, enfim, auxiliou o Brasil a entrar no maior conflito mundial da História com as mínimas condições possíveis. Falei das importantes alianças, tratados e comissões, como a Joint Brazil-United States Defense Commission - JBUSDC (Comissão Conjunta de Defesa Brasil-Estados Unidos), com sede em Washington, a Joint Brazil - United States Military Commission - JBUSMC (Comissão Militar Conjunta Brasil - Estados Unidos), com sede no Rio de Janeiro, e a Lend Lease, ou Lei de Empréstimo e Arrendamento. Antes mesmo de relatar sobre a ajuda dos EUA, achei interessante sintonizar o leitor no maior conflito mundial da história, expliquei porque o Brasil entrou na luta da Segunda Guerra Mundial do lado dos Aliados e qual era a situação do Brasil e do Exército Brasileiro naquela época. Além de tratar sobre a ajuda dos EUA, abordei os diversos tipos de recrutamento que foram utilizados para que fosse formado o efetivo da Força Expedicionária Brasileira. Abordei os diversos tipos de assistência que a FEB implementou aos soldados para que estes se preparassem intelectualmente, psicologicamente e fisicamente. Retratei como foi dividido o efetivo brasileiro para o embarque e deslocamento para o front, como a população brasileira aceitou a situação de beligerância e identifiquei algumas personalidades civis e militares, brasileiras e estrangeiras, que se destacaram naquele momento da história brasileira.

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A pesquisa para este artigo foi simples, pois apenas mostrei o que ocorreu na mobilização e no envio da Força Expedicionária Brasileira, pesquisando diversos livros sobre o assunto, de autores militares e autores civis que retrataram de maneira magnífica aquele momento da história brasileira. A pesquisa teve também aspectos teóricos, pois discuti e comprovei alguns dos diversos fatores que levaram a FEB a chegar nos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial.

Quanto ao nível de profundidade, a pesquisa foi explicativa, pois identifiquei fatores que contribuíram para a mobilização e o envio da Força Expedicionária Brasileira. Quanto ao método utilizado para a coleta de dados, utilizei a pesquisa bibliográfica, comparando a todo momento conhecimentos obtidos nos diversos livros adquiridos sobre o tema. Utilizei, como instrumento de coleta de dados desses livros, as fichas de leitura, ficha-resumo e ficha-citação. Por fim, sempre me referi ao efetivo da FEB como de aproximadamente 25 mil militares e o Exército Brasileiro da época, por volta de 60 mil homens.

Acredito que a publicação deste artigo seja de interesse e sirva de objeto de estudo para pessoas que se interessarem pela Segunda Guerra Mundial e pela Força Expedicionária Brasileira, porque mesmo eu, que sou oficial de carreira do Exército Brasileiro, sabia muito pouco antes de escrever este artigo. Em vista disso, nos próximos tópicos deste artigo, abordarei os resultados obtidos nas diversas coletas de dados e demonstrarei as diversas ações e atitudes que foram tomadas para que o Brasil conseguisse mobilizar e enviar cerca de 25 mil combatentes para os campos de batalha da maior guerra da historia.

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2 POR QUE O BRASIL ENTROU NA MAIOR GUERRA DA HISTÓRIA MUNDIAL AO LADO DOS ALIADOS?

Oficialmente, em 22 de agosto de 1942 o Brasil declarou guerra à Alemanha e à Itália. Mas, na verdade, o envolvimento do Brasil na Guerra iniciou-se um pouco antes, em março de 1941, quando ocorreu o primeiro ato de guerra contra o Brasil, que foi o bombardeamento do navio mercante Taubaté, que navegava entre Chipre e Alexandria, no mar Mediterrâneo, por um avião da Luftwaffe. Até o final da Guerra, quase um terço dos navios da Marinha Mercante Brasileira foi afundado, provocando a morte ou desaparecimento de quase 1.000 pessoas, entre tripulantes e passageiros.

Em vista de todos esses acontecimentos, mais a pressão da população brasileira, liderada, principalmente, pelos estudantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e a pressão dos Estados Unidos da América, que consideravam o Brasil, e principalmente o Nordeste brasileiro, uma área de extrema importância estratégica para futuras ações da guerra, o presidente Getúlio Vargas declarou guerra à Alemanha e à Itália. Getúlio Vargas se refere, em um dos trechos da sua declaração de guerra, segundo SEITENFUS (2003, pg. 298) a ''uma situação de beligerância, que somos forçados a reconhecer na defesa da nossa dignidade, da nossa soberania e da nossa segurança e a da América''.

3 SITUAÇÃO BRASILEIRA E DO EXÉRCITO BRASILEIRO NA ÉPOCA

O Brasil passava por série crise econômica desde a década de 1930 e aGuerra desequilibrou os mercados internacionais. O Brasil era um país de perfil de exportação primária que lutava com dificuldades para manter um processo ainda inicial de industrialização, ocupando politicamente um lugar limítrofe na distribuição de poder mundial. Segundo BARONE (2013, pg. 40), “O truculento regime ditatorial brasileiro implantado por Getúlio Vargas durante o Estado Novo (1937 – 1945) assemelhava-se ao de vários países da América do Sul e da Europa.” Várias ditaduras, ao longo da década de 1930, se instauraram ao redor do mundo. Em Portugal, na Áustria, no Japão, em Cuba, na Argentina, União Soviética e vários outros.

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Na Alemanha, o alarido do orgulho nacional ferido e as ideias dos criadores do Partido Nacional – Socialista ganharam forte resultado junto à população decaída e sem expectativas. Segundo BARONE (2013, pg. 40) “Adolf Hitler elegeu-se líder, sob a promessa de uma nova Alemanha, que reinaria por mil anos sobre as nações inferiores do resto do mundo. O palco para uma das maiores tragédias da humanidade começava a tomar forma.”

O Brasil de Vargas também tinha a ideia de se firmar diante de toda a América Latina. Durante a República Velha, o poder se alternava entre os latifundiários barões do café de São Paulo e os latifundiários criadores de gado de Minas Gerais; era a chamada “República do Café com Leite”. Vargas, prometendo tirar o poder das mãos dos cafeicultores e pecuaristas, liderou a Revolução de 1930, tomando o poder e liderando o país até que em 1937 implantou uma ditadura do Estado Novo. Segundo FARIA (2015, pg. 232), “O regime de Vargas apoiava-se em uma constituição centralizadora e autoritária, que guardava muitos pontos em comum com as ditaduras fascistas da Europa”.

As Forças Armadas Brasileiras, principalmente o Exército Brasileiro, estavam desestruturadas para atenderem às exigências de uma guerra moderna e inédita ao país. Segundo FARIA (2015, pg. 238):

O Exército Brasileiro contava com um efetivo aproximado de 60 mil homens, sua organização, instrução e doutrina e emprego obedeciam aos regulamentos de característica francesa. Os armamentos e equipamentos, na sua grande maioria de procedência estrangeira, eram antiquados e em número insuficiente para atenderem às novas exigências.

4 FATORES QUE AJUDARAM NA MOBILIZAÇÃO E NO ENVIO DE CERCA DE 25.000 HOMENS PARA A GRANDE GUERRA

4.1 ALIANÇA BRASIL - EUA

Antes mesmo do início do conflito, a aliança entre Brasil e EUA na Segunda

Guerra Mundial começou a se constituir. Em 1934 houve uma Missão Naval enviada pelos EUA ao Brasil e houve a Missão de Instrução de Artilharia de Costa.

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Em 1939, o passo mais importante e, certamente, o marco inicial na formação da aliança, foi a visita da Delegação Militar Norte-Americana, chefiada pelo General George C. Marshall, que se reuniu com o Ministro da Guerra brasileiro, General Eurico Gaspar Dutra e o General Pedro Aurélio de Góes Monteiro, Chefe do Estado Maior do Exército. Esse encontro revelou as preferências e propensões dos dois países. Segundo OLIVEIRA (2015, pg. 39), “Para os estadunidenses a prioridade era a defesa da região nordeste do Brasil. Temiam um ataque partindo de Dakar, na costa da África, à região de Natal, no Rio Grande do Norte, distante cerca de três mil quilômetros dali.” Na ocasião, Góes Monteiro pediu como prioridade o fornecimento de itens que estavam em plena escassez no Exército Brasileiro, como veículos e armas automáticas.

A Lend Lease, ou Lei do Empréstimo e Arrendamento, surgida em 1940, era a forma pela qual a gerência Roosevelt patrocinava a aquisição do material bélico e estratégico por parte das nações em luta contra o Eixo.

No dia 23 de maio de 1942, o Ministro da Fazenda brasileiro Souza Costa e o Secretário de Estado dos EUA Summer Welles firmaram acordos relativos a materiais bélicos e comércio exterior. Segundo OLIVEIRA (2015, pg. 53), "Os EUA se comprometiam a financiar com até US$ 200 milhões via Lend Lease a aquisição de meios militares para as forças armadas do Brasil, tanto para a compra de armas e munições quanto de insumos para a produção bélica local."

Para assegurar e firmar esses acordos, foram criadas mais duas missões militares conjuntas Brasil-EUA: a JBUSDC (Joint Brazil Unites States Defense Commission), com sede em Washington, e a JBUSMC (Joint Brazil United States Military Commission), com sede no Rio de Janeiro. A Comissão no Rio de Janeiro correu lentamente, enquanto a comissão de Washington andou a passos largos. Ficou decidido na comissão de Washington que todo o material seria fornecido pelos EUA, com exceção do equipamento individual e do fardamento. Além disso, também ficou decidido que os EUA enviariam para treinamento 50% do total de armas e equipamentos de uma Divisão de Infantaria do Exército dos EUA, bem como instrutores e assessores para ajudar no adestramento das tropas expedicionárias. Também foi prevista a frequência de oficiais brasileiros designados para compor o Corpo Expedicionário em cursos e estágios em escolas militares dos EUA. Esses cursos e estágios foram importantes para a substituição da doutrina militar francesa pela doutrina americana e para que esses militares conseguissem

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adestrar a tropa com os novos materiais e armamentos que estavam chegando dos EUA. Cópias e traduções de manuais dos novos armamentos e equipamentos foram feitas apressadamente, para que as instruções de adestramento da FEB seguissem o mais rápido possível.

4.2 RECRUTAMENTO

Segundo BARONE (2013, pg. 106):

O processo de seleção para formar a FEB seguiu o roteiro vigente no serviço militar brasileiro, ou seja, um sistema anacrônico, defasado e desorganizado, que promovia um grande desconforto e aborrecimento aos cidadãos que se apresentavam. Além de ser um desafio à paciência, o processo expunha os convocados a muitas humilhações e maus tratos por parte dos militares em serviço nas unidades de seleção do pessoal.

Os médicos olhavam de relance os reservistas, porque num país com a população pobre e com baixa salubridade física, as Comissões de Inspeção foram obrigadas a proceder a uma atenuação dos critérios. Em vista disso, foram recrutados soldados sem as mínimas condições físicas ou de saúde, e incorporados centenas de analfabetos que não atendiam às exigências para lidarem com equipamentos mais complexos. A maioria era da região Sudeste. Os recrutados se amontoavam nas diversas instalações militares que não tinham condições dignas necessárias para receber aquela quantidade de pessoal.

Apenas o voluntariado não seria capaz de reunir homens em número suficiente. Em vista disso, a população masculina foi dividida entre os que se apresentavam voluntariamente e os que tiveram que se alistar compulsoriamente em resposta aos chamados das Forças Armadas.

Mas, mesmo com as precárias condições, os claros foram preenchidos, houve a formação de novos oficiais na Escola Militar e nos Centros e Núcleos de Formação de Oficiais da Reserva (CPOR/NPOR), os quais, segundo FARIA (2015, pg. 244), "eram, na FEB, 3% dos capitães e 36% dos tenentes." Para os cargos ou funções mais importantes e que necessitavam de maior intelecto, foram escolhidos os melhores combatentes, muitos deles foram promovidos até dois cargos acima. Houve Sargento sendo promovido a oficial subalterno e oficial subalterno promovido a oficial superior. Tudo para preencher

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os claros e designar os melhores combatentes para as funções mais importantes e essenciais. Aqueles que foram recrutados às pressas e que não tinham boas condições foram designados principalmente para compor os pelotões de infantaria, nos quais o combatente basicamente só precisava seguir ordens, ter um bom preparo físico e atirar sempre ao comando do comandante. A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, com aproximadamente 25.000 militares foi assim formada.

4.3 PERSONALIDADES CIVIS e MILITARES QUE SE DESTACARAM NAQUELE MOMENTO DA HISTÓRIA BRASILEIRA.

Foram inúmeras as personalidades que se destacaram naquele momento da história brasileira. Antes de tudo e de todos, Getúlio Vargas, Presidente da República, se destacou por aprovar a formação e o envio da FEB ao Teatro de Operações da Segunda Guerra Mundial. Vale destacar a atuação do Ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, que tanto negociou com os americanos para nos auxiliarem na preparação da FEB. Ainda entre os brasileiros, podemos destacar o Marechal João Batista Mascarenhas de Moraes, que aceitou o comando da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, o General Eurico Gaspar Dutra, Ministro da Guerra, e o General Pedro Aurélio de Góes Monteiro, chefe do Estado Maior do Exército, que se reuniram com o General George C. Marshall para iniciar a formação da aliança militar Brasil-EUA.

Além de George C. Marshall, outro nome estrangeiro muito importante foi o de Franklin Delano Roosevelt, presidente dos EUA, que praticou a política da boa vizinhança entre os países da América, aceitou e apoiou a mobilização e o envio das tropas brasileiras para o front europeu da Segunda Guerra Mundial.

4.4 OPINIÃO PÚBLICA E ASSISTÊNCIA SOCIAL

A opinião pública tomava forma através da influência da imprensa. Após os ataques alemães aos nossos navios e a morte de centenas de brasileiros que tripulavam esses navios, os quais eram principalmente da Marinha Mercante, a população brasileira

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aderiu à ideia da criação da Força Expedicionária Brasileira. Segundo MOTTA (2001, pg. 71), "a opinião pública desejava que o Brasil adotasse uma atitude, não de vingança, mas para mostrar que o brasileiro não era, como diz o caboclo, `gente pequenininha´”. Existiam aqueles que eram contra a participação brasileira e outros que eram a favor da participação ao lado dos países do Eixo; estes eram conhecidos como Germanófilos. A parte da sociedade que era contra a participação brasileira, não acreditava que o Brasil conseguiria entrar no teatro de operações italiano e participar efetivamente da maior guerra da história; esses diziam que o dia que uma cobra fumasse, o Brasil conseguiria essa façanha. Em consequência desse equívoco, o símbolo em homenagem à FEB é uma cobra fumando.

Muito importante para o preparo da tropa foram as assistências sociais, psíquicas e religiosas. A assistência social se fez presente através das cartas, dos pequenos presentes e das fotografias que enviavam aos soldados para dar a eles motivações necessárias ao combate. Médicos e psicólogos militares e civis voluntários ajudavam com orientação psicológica aqueles que estavam mais abalados; esse apoio era necessário para que o combatente mantivesse equilíbrio e coragem, e não esmorecesse em face do propósito que ia além da sobrevivência pessoal, da defesa da pátria e do sagrado pavilhão. A assistência religiosa diariamente realizava cultos nos quartéis de treinamento. Além de tudo isso, destaco a solidariedade dos companheiros, dos superiores e dos mais modernos que se uniram de uma forma que tentavam se sentir em casa.

4.5 DIVISÃO E ENVIO DA TROPA PARA O TEATRO DE OPERAÇÕES EUROPEU

A FEB foi constituída pela 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária e por órgãos não divisionários, sendo o General Mascarenhas de Moraes o comandante geral. Os órgãos não divisionários eram compostos por seção de saúde, agência do Banco do Brasil, depósito de Intendência, depósito de pessoal, serviço postal e seções de justiça. Segundo FARIA (2015, pg. 241), “A 1ª DIE foi organizada conforme modelo norte-americano, em tropa especial (Tr Esp), infantaria divisionária (ID), artilharia divisionária (AD), batalhão de engenharia (BE) e batalhão de saúde (BS).”

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Para o embarque e o envio da tropa, a Força Expedicionária foi dividida em quatro escalões. O 1º escalão, composto pelo 6º RI, com efetivo de 5.075 homens, embarcou para a Itália no navio General Mann, no dia 2 de julho de 1944; o 2º escalão, que embarcou no dia 22 de setembro de 1944 nos navios General Mann e General Meighs, era composto pelo 1º RI e pelo 11º RI, com efetivo de 10.375 homens; o 3º escalão embarcou no dia 23 de novembro de 1944, no General Meighs, com efetivo de 4.691 homens; e o 4º escalão, completando a nossa 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, embarcou no dia 8 de fevereiro de 1945, também no General Meighs, com efetivo de 5.082 homens. Estes escalões demoravam 14 dias para chegarem a Nápoles, na Itália, de onde seguiam para as áreas de treinamento nas frentes de batalha. Os dois navios, Meighs e Mann eram dos norte-americanos, que não tiveram condições de nos apoiar com uma frota maior, o que acarretou atraso do embarque e no envio das tropas brasileiras ao front europeu.

5 CONCLUSÕES

De acordo com o que foi pesquisado através de obras de autores já mencionados aqui, e através de observações feitas por mim, chego à conclusão de que o Brasil foi além das expectativas. Mesmo com todas as dificuldades citadas no artigo, a FEB não foi enviada para os campos de batalha com as melhores condições possíveis para combater, mas suficientes para que os combatentes sobrevivessem, lutassem e representassem o seu país com sucesso. Também concluo que a FEB deve ser motivo de extremo orgulho para o povo brasileiro e para a história brasileira, pois diante de todas as adversidades, o Brasil foi o único país da América Latina a enviar tropas para os fronts da Grande Guerra.

A Aliança Brasil-EUA foi de extrema importância para a formação e envio da FEB. Sem o auxílio norte-americano não teríamos condições mínimas materiais e de treinamento para procedermos à mobilização, preparo e envio de tropas para o teatro de operações. A viagem de nossos expedicionários em quatro escalões utilizando os mesmos navios americanos, General Mann e General Meighs, denotou a dificuldade e o esforço do Brasil e dos EUA para enviar a FEB para a guerra. O nosso recrutamento não foi o ideal, porém era o que poderíamos fazer e o que fazíamos de melhor naquela época. Além da preparação, as assistências foram de extrema importância para a continuação da atuação da FEB nos campos de batalha italianos. O moral do combatente em situações de

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desconforto igual ao da preparação e atuação na guerra, deve estar sempre elevado para que não atrapalhe a sua atuação no combate, acabando por comprometer a própria vida e a da sua tropa.

As diversas personalidades civis e militares que foram citadas no artigo e outras dezenas não citadas foram de extrema importância para o sucesso na mobilização e envio de pelo menos 25.000 combatentes “febianos”. Sem essas personalidades, nada disso poderia ser feito, pois os acordos, comissões, assistências e contratos são ações que esses líderes, que possuíam algum tipo de poder, ordenaram, assinaram e idealizaram porque confiaram no potencial do Brasil.

Em vista do trabalho apresentado, sugiro que outros assuntos relacionados sejam aperfeiçoados, para que o tema Força Expedicionária Brasileira seja melhor entendido e apresentado. O tema é de extrema importância e ainda é muito pouco divulgado e mesmo os autores que já escreveram sobre o assunto ainda possuem diversas dúvidas, questionamentos e posicionamentos diferentes. Após a mobilização e o envio das tropas, vem a participação definitiva no teatro de operações europeu. Após se ter uma noção de como foi a mobilização e envio da tropa, é interessante saber como foram as consequências dessas ações e analisar se as mesmas foram corretas e obtiveram sucesso.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras. 5. Ed. São Paulo: Contexto,

2015.

BARONE, João. 1942, o Brasil e sua guerra quase desconhecida. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira, 2013.

FARIA, Durland Puppin. Introdução à História Militar Brasileira.

Resende, 2015.

OLIVEIRA, Dennison. Aliança Brasil-EUA. Nova História do Brasil na

Segunda Guerra Mundial. Curitiba: Juruá, 2015.

SEITENFUS, Ricardo. O Brasil vai à guerra. 3. Ed. Barueri, SP: Manole,

2003.

MOTTA, Aricildes de Moraes. História Oral do Exército na Segunda

Guerra Mundial. Rio de Janeiro, 2001. Tomo 2.

MOTTA, Aricildes de Moraes. História Oral do Exército na Segunda

Guerra Mundial. Rio de Janeiro, 2001. Tomo 3.

MOTTA, Aricildes de Moraes. História Oral do Exército na Segunda

Guerra Mundial. Rio de Janeiro, 2001. Tomo 4.

MOTTA, Aricildes de Moraes. História Oral do Exército na Segunda

Guerra Mundial. Rio de Janeiro, 2001. Tomo 5.

MOTTA, Aricildes de Moraes. História Oral do Exército na Segunda

Guerra Mundial. Rio de Janeiro, 2001. Tomo 6.

MOTTA, Aricildes de Moraes. História Oral do Exército na Segunda

Guerra Mundial. Rio de Janeiro, 2001. Tomo 7.

MOTTA, Aricildes de Moraes. História Oral do Exército na Segunda

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