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Superior Tribunal de Justiça

RECLAMAÇÃO Nº 7.277 - ES (2011/0269859-0)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

RECLAMANTE : ESPÍRITO SANTO CENTRAIS ELÉTRICAS S/A - ESCELSA

ADVOGADO : HERMANO DE VILLEMOR AMARAL FILHO E OUTRO(S)

RECLAMADO : JUIZ DE DIREITO DA 3A VARA CIVEL FAZENDA E

REGISTROS PÚBLICOS DE LINHARES - ES

INTERES. : CLOVES MONTEIRO DE BARROS E OUTROS

EMENTA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECLAMAÇÃO. TESE. JULGADO DESCUMPRIDO. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO. PERÍCIA TÉCNICA. NECESSIDADE. PROFISSIONAL. FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA. ART. 145 DO CPC. ART. 12, § 3.º, DA LEI 8.629/1993. DECISÃO RECLAMADA. NOMEAÇÃO. PERITO JUDICIAL. CORRETOR DE IMÓVEIS. DESCUMPRIMENTO CONFIGURADO.

1. A tese firmada no julgamento do Ag 1.334.673/ES confirma a ilegalidade

prima facie da designação de corretor de imóveis para proceder a perícia judicial em ação de desapropriação, na forma do art. 145, §§ 1.º a 3.º, do CPC, e do art. 12, § 3.º, da Lei 8.629/1993, à míngua de qualificação em ensino superior.

2. A decisão judicial que, a despeito da clareza desse comando judicial, procede à

nomeação de perito judicial sobre corretor de imóveis, em que pese não configurada a exceção prevista no § 3.º do art. 145 do CPC, descumpre o teor do referido julgado.

3. Reclamação procedente.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento:

"A Seção, por unanimidade, julgou procedente a reclamação, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."

Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Sérgio Kukina, Ari Pargendler, Eliana Calmon, Arnaldo Esteves Lima, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Humberto Martins. Brasília (DF), 27 de novembro de 2013.

MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES , Relator

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Superior Tribunal de Justiça

RECLAMAÇÃO Nº 7.277 - ES (2011/0269859-0)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

RECLAMANTE : ESPÍRITO SANTO CENTRAIS ELÉTRICAS S/A - ESCELSA

ADVOGADO : HERMANO DE VILLEMOR AMARAL FILHO E OUTRO(S)

RECLAMADO : JUIZ DE DIREITO DA 3A VARA CIVEL FAZENDA E

REGISTROS PÚBLICOS DE LINHARES - ES

INTERES. : CLOVES MONTEIRO DE BARROS E OUTROS

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):

Espírito Santo Centrais Elétricas S.A. - ESCELSA reclama do descumprimento de decisão judicial proferida por este Tribunal Superior nos auto do Agravo de Instrumento n.º

1.334.673/ES, segundo ementa a seguir transcrita:

ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. PERÍCIA. CORRETOR DE IMÓVEIS. IMPOSSIBILIDADE. REALIZAÇÃO POR ENGENHEIRO. DETERMINAÇÃO IMPOSTA PELO ARTIGO 12 DA LEI 8.629/93. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO PARA DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.

Alegando que a referida monocrática confirmara a tese de nulidade da nomeação de corretor para o ofício de perito em ação de desapropriação, porque prerrogativa de pessoa com formação em engenharia, a Reclamante afirma que juíza de direito descumprira o julgado ao proceder exatamente de forma contrária à aludida tese.

Informações da autoridade reclamada, fls. 219/397.

Parecer do Ministério Público Federal pelo indeferimento da reclamação, fls. 400/404.

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Superior Tribunal de Justiça

RECLAMAÇÃO Nº 7.277 - ES (2011/0269859-0)

EMENTA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECLAMAÇÃO. TESE. JULGADO DESCUMPRIDO. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO. PERÍCIA TÉCNICA. NECESSIDADE. PROFISSIONAL. FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA. ART. 145 DO CPC. ART. 12, § 3.º, DA LEI 8.629/1993. DECISÃO RECLAMADA. NOMEAÇÃO. PERITO JUDICIAL. CORRETOR DE IMÓVEIS. DESCUMPRIMENTO CONFIGURADO.

1. A tese firmada no julgamento do Ag 1.334.673/ES confirma a ilegalidade

prima facie da designação de corretor de imóveis para proceder a perícia judicial em ação de desapropriação, na forma do art. 145, §§ 1.º a 3.º, do CPC, e do art. 12, § 3.º, da Lei 8.629/1993, à míngua de qualificação em ensino superior.

2. A decisão judicial que, a despeito da clareza desse comando judicial, procede à

nomeação de perito judicial sobre corretor de imóveis, em que pese não configurada a exceção prevista no § 3.º do art. 145 do CPC, descumpre o teor do referido julgado.

3. Reclamação procedente.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):

Procedente a reclamação.

A verificação do inteiro teor do julgado monocraticamente lavrado no Ag

1.334.673/ES deixa evidente que o recurso especial manejado pela Espírito Santo Centrais

Elétricas S.A., trazido a este Corte Superior por via de agravo, voltava-se exatamente contra a possibilidade, confirmada pelo Tribunal a quo, de a perícia judicial poder ser realizada ordinariamente por profissional corretor de imóveis.

Parece-me claro, portanto, que se o recurso especial foi provido, a pretensão da ora Reclamante foi acolhida para, nalgum sentido, reformar-se o julgado da origem e repelir essa perícia por profissional não habilitado.

Confirma-se essa premissa mediante simples compulsação do teor do julgado, senão vejamos (e-STJ fl. 150):

Quanto ao mérito, entendo assistir razão à parte recorrente.

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Superior Tribunal de Justiça

Dispõe o artigo 12, § 3º, da Lei nº 8.629/93, tido por violado:

Art. 12. Considera-se justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: (Redação dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

(...)

§ 3o O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro Agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, respondendo o subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou fraude na identificação das informações. (Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

Conforme cediço, os fatos objeto de prova nem sempre podem ser relevados através da simples palavra da testemunha ou do documento acostado. Há casos em que a apuração de um fato depende de conhecimento técnico aferível mediante contato com a coisa ou a pessoa (CPC, art, 145). Conforme se observa, a prova pericial é uma prova que demanda especial conhecimento técnico. Na perícia, há declaração de ciência na medida em que o perito relata no seu laudo as percepções colhidas. (Curso de Direito Processual Civil, Luiz Fux, p. 729).

Assim, como regra, o perito deve ser o profissional com formação universitária dotado de conhecimento técnico suficiente para eventual auxílio do juízo na vistoria de determinada coisa ou pessoa.

Suficientemente cristalino esse excerto quando pontua que, por via de regra , o perito judicial deve ser, à luz do art. 145 do CPC, profissional de nível universitário devidamente inscrito no órgão de classe competente, que deverá comprovar sua especialidade na matéria sobre a qual opinará, mediante certidão do órgão profissional em que estiver inscrito (§§ 1.º e 2.º), cumprindo a discricionariedade judicial prevista no § 3.º apenas quando na localidade não houver profissionais qualificados que preencham tais requisitos.

Nessa medida, a alusão subsequente ao art. 12, § 3.º, da Lei 8.629/1993, não desnatura essa conclusão, apenas ressalvando que a obrigação de que o laudo de avaliação seja peremptoriamente subscrito por engenheiro agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART dirige-se à Administração Pública.

Tal premissa, por óbvio, não autoriza o magistrado a descuidar de observar o art. 145 do CPC, de sorte que a qualificação de engenheiro agrônomo com registro de ART dirige-se, de fato, à Administração Pública, mas o perito judicial deve, como regra, a par das demais qualificações, também ser profissional de nível universitário, a não ser quando configurada a exceção do § 3.º do art. 145 do CPC.

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Superior Tribunal de Justiça

desbordado do teor do referido julgado superior.

Posto isso, julgo procedente a reclamação para cassar a decisão impugnada.

É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2011/0269859-0 PROCESSO ELETRÔNICO Rcl 7.277 / ES

Número Origem: 30060223614

PAUTA: 27/11/2013 JULGADO: 27/11/2013

Relator

Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. WALLACE DE OLIVEIRA BASTOS Secretária

Bela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO

RECLAMANTE : ESPÍRITO SANTO CENTRAIS ELÉTRICAS S/A - ESCELSA

ADVOGADO : HERMANO DE VILLEMOR AMARAL FILHO E OUTRO(S)

RECLAMADO : JUIZ DE DIREITO DA 3A VARA CIVEL FAZENDA E REGISTROS

PÚBLICOS DE LINHARES - ES

INTERES. : CLOVES MONTEIRO DE BARROS E OUTROS

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Intervenção do Estado na Propriedade - Desapropriação

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Seção, por unanimidade, julgou procedente a reclamação, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."

Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Sérgio Kukina, Ari Pargendler, Eliana Calmon, Arnaldo Esteves Lima, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.

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