Prof. Márcio Iorio Aranha
Regime jurídico das empresas
estatais
1)
Submissão aos princípios gerais da Administração Pública (art. 37, caput –
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência)
2)
Personalidade de direito privado (Decreto-lei nº 200/67)
3)
Autorização de sua instituição por lei específica (art. 37, XIX, da CF)
4)
Regime jurídico (geral) de direito privado (art. 173, § 1º, II, da CF)
5)
Podem desenvolver atividades empresariais ou prestar serviços públicos
6)
Sujeição a controle estatal:
Controle judicial (art. 5º, XXXV, da CF)
Controle financeiro (art. 70, caput e parágrafo único, da CF)
Poder de tutela (art. 26 do Decreto-lei nº 200/67 – supervisão ministerial) –
afastado reexame de conveniência e oportunidade dos seus atos
Recorte
Recorte
Regime de Prestação
EMPRESA
ESTATAL
Serviço público (art. 175 da CF/88)Regime de Direito Público Prestacional Atividade econômica em sentido estrito
(art. 173, §1º, II da CF/88) Regime de Direito Privado
Recorte
Regime de Organização
EMPRESA
ESTATAL
Serviço público (regime concorrencial)
(art. 170, IV – livre concorrência c/c art. 170, IX – excepcionalidade ao tratamento mais favorecido)
Regime de Direito Privado, com exceções advindas do manuseio e destinação de patrimônio público
Atividade econômica em sentido estrito (art. 173, §1º, II da CF/88)
Regime de Direito Privado (exceto licitações)
Serviço público (regime de privilégio constitucional = monopólio) (arts. 21, X ... da CF/88)
Ausente a competição e, por decorrência, os princípios de livre concorrência e vedação de tratamento mais favorecido
Regime de Direito Público [DETALHAMENTO A SEGUIR]
CASO ECT
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL Art. 21. Compete à União: (...)
X - manter o serviço postal e correio aéreo nacional;
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
DECRETO-LEI Nº 509, DE 1969
Art. 12. A ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e equipamentos destinados aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a imunidade tributária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no concernente a foro, prazos e custas processuais.
STF:
Pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública (
serviço público de prestação
obrigatória ou sob regime de exclusividade ou privilégio constitucional
)
Impenhorabilidade
Imunidade recíproca
Processo e estabilidade
RE 230.051-ED (j. 11/06/2003); RE 220.699 (j. 12/12/2000)
CASO ECT
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(IPVA) ACO 765-AgR (j. 15/12/2006); RE 437.889 (j.14/12/2004); RE 407.099 (j.06/08/2004); (IPTU) AI 718.646-AgR (j. 24/10/2008); (não
atinge taxas municipais, somente impostos) RE 364.202, 2ª T
(j.05/10 /2004); (mesmo atividades não incluídas no núcleo central das atividades de serviço público de privilégio gozam de imunidade para financiar a atividade principal) RE 601.392, com repercussão geral, Pleno,
maioria (j.28/02/2013).
Geral: (Art. 173, §§ 1º e 2º apenas atingem empresas estatais que explorem atividade econômica em sentido estrito) – ACO 765-QO (j.01/06/2005); ADPF 46 (j.05/08/2009).
RE 589998 (j. 20/03/2013) – não há processo administrativo em empresa estatal; não há garantia de estabilidade de empregado público ingresso após EC 19/1998; motivação exigida para dispensa de empregado por derivação do princípio
CASO INFRAERO
Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL Art. 21. Compete à União: (...)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
STF:
Pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública (serviço público de
prestação obrigatória ou sob regime de exclusividade ou de privilégio
constitucional ou de monopólio estatal)
Impenhorabilidade
Imunidade recíproca
--
(ISS) RE 524.615-AgR (j. 09/09/2008); (ISS – delegatária de
serviço público) RE 363.412-AgR 2ªT (j.07/08/2007); AI
797.034-AgR (j.21/05/2013).
CASO INFRAERO
CASO PETROBRÁS
Sociedade de Economia Mista
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL
Art. 177. Constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos
resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de
derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o
transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e
gás natural de qualquer origem; (...)
STF:
RE 285716 AgR, 2ª Turma, Dje de 26.03.2010)
“É irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a
circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal.”
“A imunidade tributária recíproca não se aplica à Petrobrás, pois:
Trata-se de sociedade de economia mista destinada à exploração econômica em
benefício de seus acionistas, pessoas de direito público e privado, e a salvaguarda
não se presta a proteger aumento patrimonial dissociado de interesse público
primário.
A Petrobrás visa a distribuição de lucros, e, portanto, tem capacidade
contributiva para participar do apoio econômico aos entes federados.
A tributação de atividade econômica lucrativa não implica risco ao pacto
federativo.”
CASO PETROBRÁS
Empresa
Estatal
serviço público
sob privilégio
constitucional
Processual Administrativo Ausente processo administrativo, mas aplicáveis princípios de impessoalidade Processual Jurisdicional privilégios processuais da Fazenda Pública Civil Impenhorabilidade de bens, rendas e serviçosPrestação regime de serviço público Comercial Regime de monopólio (livre iniciativa, concorrência, vedação de tratamento mais favorecido) Trabalhista Regime de emprego, mas aplicáveis regras de impessoalidade (concurso público + fundamentação para dispensa) Tributário Imunidade recíproca, inclusive sobre atividades acessórias de subsídio cruzado à atividade principal (RE 601.392 – 2013)