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Tendência temporal de mortalidade por neoplasia de pâncreas em adultos e idosos nos estados do sul do Brasil de 1996 a 2016

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ANA FLÁVIA HOFER BARBOSA

TENDÊNCIA TEMPORAL DE MORTALIDADE POR NEOPLASIA DE

PÂNCREAS EM ADULTOS E IDOSOS, NOS ESTADOS DO SUL DO BRASIL

DE 1996 A 2016

Trabalho de Conclusão de Curso julgado adequado como requisito parcial ao grau de médico e aprovado em sua forma final pelo Curso de Medicina, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 17 de junho de 2020.

Orientadora, Profa. Fabiana Oenning da Gama, Msc. Universidade do Sul de Santa Catarina

Profa. Marcia Regina Braga Palumbo Universidade do Sul de Santa Catarina

Profa. Giovanna Grunewald Vietta. Universidade do Sul de Santa Catarina

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TENDÊNCIA TEMPORAL DE MORTALIDADE POR NEOPLASIA DE PÂNCREAS EM ADULTOS E IDOSOS, NOS ESTADOS DO SUL DO BRASIL DE 1996 A 2016

TEMPORAL TREND OF MORTALITY FOR PANCREATIC CANCER IN ADULTS AND ELDERLY PEOPLE IN SOUTHERN BRAZIL STATES FROM 1996 TO 2016

Ana Flávia Hofer Barbosa1 Fabiana Oenning da Gama2

________________________

1 Discente do Curso de Medicina. Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL - Campus Pedra Branca - Palhoça (SC) Brasil. E-mail: ana.flaviahb@gmail.com

2 Enfermeira. Mestre em Psicopedagogia. Especialista em Terapia Intensiva. Docente dos cursos de Graduação em Medicina e Enfermagem. Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL - Campus Pedra Branca - Palhoça (SC) Brasil. E-mail: oenning_gama@yahoo.com.br

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RESUMO

Objetivo: Analisar a tendência temporal de mortalidade por câncer de pâncreas em adultos e idosos, nos Estados do sul do Brasil de 1996 a 2016. Método: Estudo ecológico de séries temporais da tendência de mortalidade por neoplasia de pâncreas. Dados obtidos do Sistema de Mortalidade Hospitalar, disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, pelo CID 10 – C25. Análise estatística por regressão linear simples, p<0,05. Resultados: Encontrada tendência ascendente na taxa geral de óbitos por câncer de pâncreas no sul do Brasil, taxa média 15,92 casos/100.000 habitantes e aumento de 49,46% ao comparar o primeiro e último ano (p<0,001). Mesmo comportamento observado nos três estados (p<0,001), com as maiores taxas médias no Rio Grande do Sul (18,36). Sexo feminino e masculino com tendência de incremento. No masculino (β=0,295; p<0,001), taxa média 17,04 casos/100 mil habitantes, incremento 40,76% ao comparar o primeiro e último ano. No feminino (β= 0,301; p<0,001), taxa média de 14,91 casos/100 mil habitantes, incremento 59,98% ao comparar o primeiro e último ano. Observado incremento das taxas de mortalidade nas faixas etárias do sexo masculino acima de entre 50 anos e no feminino acima de 60 anos (p<0,05), aumento da velocidade média anual (VMA) acompanhando o avançar das faixas etárias. Conclusão: Tendência ascendente de mortalidade por neoplasia de pâncreas na região sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul), no período analisado, maiores taxas no Rio Grande do Sul. Tendência ascendente em ambos os sexos, com tendência de incremento com o avançar da idade.

Descritores: Mortalidade. Neoplasia de Pâncreas. Câncer. Tendência de Mortalidade.

ABSTRACT

Objective: To analyze the temporal trend of mortality from pancreatic cancer in adults and the elderly, in the southern states of Brazil from 1996 to 2016. Method: Ecological study of time series of the trend in mortality from pancreatic cancer. Data obtained from the Hospital Mortality System, made available by the Informatics Department of the Unified Health System, by CID 10 - C25. Statistical analysis was performed by simple linear regression, p<0.05. Results: An upward trend was found in the overall rate of deaths from pancreatic cancer in southern Brazil, with an average rate of 15.92 cases / 100,000 inhabitants and an increase of 49.46% when comparing the first and last year (p<0.001). Same behavior observed in the three states (p<0.001), with the highest average rates in Rio Grande do Sul (18.36). Female and male sex with an increasing trend. In males (β=0.295; p <0.001) and an average rate of 17.04 cases/100 thousand inhabitants, an increase of 40.76% when comparing the first and last years. In women (β=0.301; p<0.001), an average rate of 14.91 cases/100 thousand inhabitants, an increase of 59.98% when comparing the first and last years. An increase in mortality rates was observed in the male age groups over 50 years old and in the female age group above 60 years old (p<0.05), with an increase in the average annual speed (VMA) following the advance of the age groups. Conclusion: Upward trend in mortality due to pancreatic cancer in southern Brazil (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul), in the analyzed period, with the highest rates in the State of Rio Grande do Sul. Upward trend in both sexes, with a tendency to increase with advancing age.

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INTRODUÇÃO

O câncer é a principal causa de morte em países economicamente desenvolvidos e a segunda principal causa de morte nos países em desenvolvimento (1-2). A incidência mundial de câncer chegou a 18,1 milhões de casos em 2018, com 9,6 milhões de óbitos. Estima-se que cerca de 1 em cada 5 homens e 1 em cada 6 mulheres desenvolverão câncer durante a vida, e 1 em cada 8 homens e 1 em cada 11 mulheres perecerão pela doença. Em uma expectativa mundial, 43 milhões de pessoas terão diagnóstico de câncer em cinco anos(1).

No mundo, foram relatadas 458 918 novos casos de câncer de pâncreas em 2018(2), sendo o terceiro mais comum nos Estados Unidos da América(3), e com estimativa de mais 355.317 novos casos esperados até 2040(2). Em ordem de frequência, o câncer de pâncreas ocupa a terceira posição entre os tumores do trato gastrintestinal, porém é o mais fatal dentre eles com uma sobrevida de apenas 9% em 5 anos(4).

Quando comparado à realidade brasileira, essa prevalência cai para 4% de todos os óbitos e 2% e todos os tipos de câncer identificados, ocupando oitavo lugar na causalidade de mortes por câncer no país, associado principalmente ao diagnóstico em fases avançadas ou metastática(4). A origem do câncer de pâncreas ainda é objeto de estudos, onde busca-se desvendar os fatores de risco e a causalidade da doença(5). Constituem fatores modificáveis, tabagismo(6,7), uso do álcool(8,9), obesidade(10), fatores dietéticos(11,12) e a exposição a substâncias tóxicas(13). Dentre eles, o tabagismo é o fator mais importante na etiologia do câncer de pâncreas, associado aproximadamente a 30% de todos os casos(14,15). Por outro lado, os considerados fatores de risco não modificáveis gênero(2), idade(16) etnia(17), diabetes mellitus(18), história familiar de câncer pancreático(19), fatores genéticos(20), infecções crônicas(12), grupo sanguíneo não-O(21) e a pancreatite crônica(22). Contudo, a sobrevida do paciente sofre influência de muitos fatores como idade, sexo, estadiamento, tamanho, tratamento e estilo de vida(23,24).

As neoplasias pancreáticas são usualmente silenciosas(25), e quando manifesta sintomas, costuma estar em estágio avançado ou metastático. Essa difícil detecção somada a um comportamento agressivo do câncer, são as principais justificativas para a alta taxa de mortalidade. Outra razão inclui o diagnóstico tardio, uma vez que a falta de um método eficaz, seguro e sensível combinado a um custo alto dificultam essa condição, o que acaba impedindo práticas curativas como a cirurgia, onde 80-90% dos pacientes já apresentam tumores irressecáveis no momento do diagnóstico(26).Quanto aos sintomas, muitos são inespecíficos, dentre eles podemos encontrar dor abdominal, prurido, icterícia, urina escura, sintomas esses que são facilmente confundidos com obstrução na árvore biliar(27).

A partir desses pressupostos, o presente estudo objetivou analisar a tendência temporal de mortalidade por neoplasia de pâncreas em adultos e idosos nos estados do Sul do Brasil de 1996 a 2016.

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MÉTODO

Estudo ecológico de séries temporais realizado com base nos óbitos por neoplasia de pâncreas em adultos e idosos, nos três estados da região sul do Brasil, de acordo com o banco de dados de domínio público, do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, no site http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10sc.def, com cópia no formato

Comma Separted Value (CSV)(28).

Foram analisados 31.778 óbitos hospitalares em indivíduos adultos e idosos, com idade igual ou superior a 40 anos, entre 1996 e 2016, nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, registrados no banco de dados, pelo CID10 - C25 (neoplasia maligna do pâncreas).

As taxas brutas de mortalidade foram calculadas através da razão entre o número de óbitos por neoplasia de pâncreas, e a população dos estados estimada na data de 1º de julho em cada ano da série, sendo apresentadas por 100.000 habitantes. Foram utilizados os dados populacionais provenientes dos censos do Instituto de Geografia e Estatística de 1990, 2000 e 2010, sendo repetidas as informações para os demais anos(29).

Para análise da tendência temporal, foi utilizado o modelo de regressão linear simples e a variação média anual das taxas (β), acompanhado pelos respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), considerando-se estatisticamente significativos valores de p<0,05 a partir do programa StatisticalPackage for the Social Sciences (SPSS). Version 18.0. [Computer program].

Chicago: SPSS Inc; 2009.

O estudo obedeceu aos preceitos éticos do Conselho Nacional de Saúde, em sua Resolução n° 466/2012, e por tratar-se de dados secundários, de domínio público, não foi necessária a avaliação do comitê de ética em pesquisa.

RESULTADOS

O presente estudo analisou 31.778 óbitos hospitalares por neoplasia de pâncreas em adultos com idade igual ou superior a 40 anos, nos três estados do sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) no período de 1996 a 2016.

Verificada tendência ascendente na taxa geral da mortalidade por neoplasia de pâncreas no sul do Brasil (β= 0,297; p <0,001), no período analisado, com taxa média de 15,92 casos por 100 mil habitantes e aumento de 49,46% ao comparar as taxas do primeiro e último ano (Gráfico 1).

O mesmo comportamento foi observado nos três estados (p <0,001). Cuja taxa média do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foram de 14,01; 13,55 e 18,36 e a variação percentual anual entre o primeiro e último ano, respectivamente de 65,43%, 59,48% e 27,13% casos por 100 mil habitantes (Gráfico 1).

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Ao analisar a tendência das taxas de mortalidade por neoplasia de pâncreas, segundo sexo, observou-se comportamento de incremento para ambos (masculino: β= 0,295; p<0,001 e feminino: β= 0,301; p<0,001), com taxa média de 17,04 e 14,91 casos por 100 mil habitantes e incremento de 40,76% e 59,98% ao comparar as taxas do primeiro e último ano, respectivamente (Tabela 1).

Na análise segundo faixa etária por sexo, verificou-se tendência de incremento nas taxas de mortalidade por neoplasia de pâncreas, nas faixas etárias acima de 50 anos na população masculina, (β= 0,109; p< 0,007) com aumento da velocidade média anual (VMA) acompanhando o avançar das faixas etárias, com taxas médias variando de 10,50 a 48,85 por 100.000 habitantes (Tabela 1).

Observada mesma tendência de incremento da mortalidade por neoplasia de pâncreas na população feminina, nas faixas etárias acima de 60 a 69 anos (β= 0,330; p< 0,001), 70 a 79 anos (β= 0,396; p= 0,007) e acima de 80 anos (β= 0,345; p= 0,004), com taxas médias que variaram de 20,85; 44,68 e 80,94 por 100.000 habitantes e incremento de 56,37%; 29,57 e 47,22% ao comparar as taxas do primeiro e último ano, respectivamente (Tabela 1).

DISCUSSÃO

O estudo revela uma tendência de incremento nas taxas de mortalidade por neoplasias de pâncreas nos três estados do sul do Brasil entre os anos 1996 a 2016, com um total de 31.778 óbitos em adultos, com idade igual ou superior a 40 anos, tendo uma taxa média de 15,92 casos por 100 mil habitantes e aumento de 49,46% ao comparar as taxas do primeiro e último ano. O mesmo comportamento de incremento foi observado nos três estados (p <0,001), sendo o estado com a maior taxa média, o Rio Grande do Sul, seguido pelo Paraná e Santa Catarina.

Estudos internacionais trazem que o câncer de pâncreas é um tumor com incidência heterogênea(30), sendo que 2/3 de todas as mortes ocorrem em países desenvolvidos(31). Dados do GLOBOCAN revelam que no ano de 2012 o câncer de pâncreas causou mais de 331.000 mortes no mundo. Globalmente, aproximadamente 338.000 pessoas apresentavam esse tipo de câncer em 2012, sendo o 11º mais comum(32). No ano de 2018 esse cenário expande e alcança o 7º lugar no ranking mundial, sendo responsável por 432.242 mortes, onde as maiores taxas ajustadas pela

idade para a neoplasia de pâncreas foram encontradas na Europa Central e Oriental para homens (9,9/100.000 habitantes), e na Europa Ocidental para mulheres (7,2/100.000 habitantes). Em contrapartida, a menor taxa foi registrada na Ásia Central do Sul para ambos os sexos, com taxas de 1,1/1000.000 habitantes para homens e 1/100.000 para mulheres(1).

Nos últimos 10 anos foram verificadas tendências crescentes dessa neoplasia na América do Norte, Europa Ocidental e Oceania, sendo que, a França foi o país com maior taxa de variação média anual, com 4,4% para homens e 5,4% para mulheres(32).

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No Brasil em 2011, o Instituto Nacional do Câncer, relatou 7.726 mortes pelo câncer de pâncreas, sendo 3.803 atribuídas ao sexo masculino e 3.923 ao feminino(4). Com as maiores taxas de mortalidade, encontrados na região Sul e Sudeste do país, entretanto, em crescente nos demais estados(33).

Estudo realizado entre 1980 a 2009, mostrou que os índices de mortalidade entre os homens, foi de 6,39/100.000 habitantes no Rio Grande do Sul – Estado com a maior pontuação, seguido pelo Distrito Federal (5,24/100.00), São Paulo (5,03/100.000), Santa Catarina (4,92/100.000) e Paraná (4,83/100.000). Entre as mulheres, o Estado com as maiores taxas foi também o Rio Grande do Sul (4,66/100.000), seguido do Distrito Federal (4,20/100.000), Paraná (3,58/100.000) e Santa Catarina (3,37/100.000) (34).

Ao analisar as capitais do Brasil nos anos de 1980 a 2009, percebeu-se maior concentração de mortalidade na Região Sul, onde Porto Alegre ficou em primeiro lugar com 7,91 óbitos/100.000 habitantes, seguido de Curitiba com 7,00 óbitos/100.000 habitantes(34).

Siegel et al. trazem como importante fator de risco não modificável para o câncer de pâncreas, o envelhecimento(16).Estudos explicam que o acúmulo de danos celulares gerados ao longo da vida, principalmente do material genético, por ser exposto a fatores que predispõe uma mutações como o álcool, cigarro, alimentação inadequada e processos oxidativos(35), somados a uma desregulação do sistema imunológico, faz com que aconteça uma perda gradual da capacidade do organismo de reconhecer as células tumorais e uma falha em impedir seu crescimento, resultando em progressão neoplásica(36).

A grande incidência desse tipo de câncer no Sul do Brasil pode-se justificar por fatores como o envelhecimento, o que concorda com dados do IBGE, os quais revelam que os maiores percentuais de idosos do país são encontrados nas Regiões Sul e Sudeste, com 15,9% e 15,6%, respectivamente, e o menor na Região Norte, com 10,1% da população composta por pessoas com 60 anos ou mais de idade, no ano de 2016(37).

Outro fator que explica esses resultados é o tabagismo. Estudo realizado no Reino Unido em 2011, destacou que 26,2% dos casos de câncer de pâncreas em homens e 31,0% em mulheres foram ligados ao hábito tabágico(38).Uma meta-análise que inclui 82 estudos revelou que fumar cigarro causa um aumento em 75%, as chances de um em comparação ao grupo de não fumantes, e que este risco persiste por pelo menos 10 anos após a cessação do hábito(39). Outro estudo Europeu (EPIC) de 2012 revelou que este risco aumenta a cada 5 cigarros fumados por dia(40).

Neste cenário, evidencia-se o fumo como importante fator de risco modificável para esta neoplasia(6,7) e neste contexto, vale salientar hábitos e culturas diferentes de cada região, sendo o fumo encontrado com elevada prevalência na Região Sul como mostra inquérito feito pelo Ministério da Saúde, o qual revela que entre as capitais do país com maior prevalência de fumantes estão Curitiba (15,6%), São Paulo (14,2%), Porto Alegre (12,5%) e Florianópolis (11,2%)(41).É importante evidenciar que o Brasil é o maior exportador mundial de folha de tabaco,

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e que a partir de 1940 a Região Sul já alcançava a posição de maior produtora. Em 2006 o Sul produziu 871.938 toneladas, representando 96,8% da produção nacional(42).

Ao analisar as taxas por sexo e idade, o estudo atual mostra incremento importante em ambos os sexos (p<0,001), que tende a aumentar com o avançar da idade. O sexo masculino apresenta incremento nas taxas a partir dos 50 anos (p<0,05) e o sexo feminino a partir dos 60 anos (p<0,05).

O câncer de pâncreas, raramente é encontrado em indivíduos jovens, sendo mais frequente a partir dos 60 anos, com aumento exponencial da incidência de acordo com a idade, de 10/100.000 habitantes entre 40 e 50 anos para 116/100.000 habitantes entre 80 e 85 anos(4).

Dados da Organização Mundial e Saúde (OMS) dos anos de 1996 a 2008 sobre a mortalidade por câncer de pâncreas mostram padrões epistêmicos similares entre homens e mulheres, mostrando tendência de aumento na média anual de 1,39%, com 3,47 óbitos/100.000 habitantes em 1996 para 3,98 óbitos/100.000 em 2018. No sexo feminino, o aumento foi de 2,06 óbitos/100.000 habitantes em 1996, para 2,45 óbitos/100.000 habitantes em 2008(43).

De acordo com o presente estudo, homens desenvolvem câncer de pâncreas mais jovens que mulheres - cerca de 10 anos antes - na faixa etária de 50 a 59 anos. Esse fato pode-se explicar novamente pelo tabagismo. Estudo feito sobre o cigarro revela que a prevalência de fumo no país é de 15,1%, dentre estes valores, a prevalência de fumo entre homens foi de 18,8% e entre mulheres de 11,6%, ou seja, diferença significativa, 62% maior no sexo masculino. A mesma pesquisa traz também a informação de que entre os homens, a maior prevalência de tabagismo encontrada foi no grupo dos 50 a 59 anos de idade(44).

Considerando o impacto da mortalidade pelo câncer de pâncreas, o presente estudo buscou trazer uma maior elucidação sobre o comportamento e perfil epidemiológico desta neoplasia no sul do Brasil, a fim de estabelecer maiores informações para a prevenção, diagnóstico precoce, projeções e planejamento de políticas públicas de saúde.

No entanto, vale ressaltar que estudos epidemiológicos usando dados de atestados de óbito, podem apresentar lacunas nas notificações pelo sistema de registro interferindo assim nos dados coletados. E por se tratar de um estudo ecológico, não foi possível associar exposição e doença no nível individual.

CONCLUSÃO

Verificada tendência ascendente de mortalidade por neoplasia de pâncreas na região sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul), no período analisado. Com as maiores taxas analisadas no estado do Rio Grande do Sul. Tendência ascendente em ambos os sexos (p<0,001). O sexo feminino mostrou incremento das taxas a partir dos 60 anos de idade e o sexo masculino a partir dos 50 anos, ambos com tendência de incremento com o avançar da idade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por seu meu guia e fonte de sabedoria. Em segundo lugar aos meus pais Paula e Omero (em memória) pelo apoio a mim extensivamente dedicado. Estendo esse agradecimento, também, a toda minha família, que direta ou indiretamente sempre contribuiu para minha formação. Por fim, agradeço aos meus professores por todo ensinamento e, em especial, a minha orientadora Fabiana pela sua fraterna orientação e sua exímia instrução para elaboração deste estudo.

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GRÁFICOS E TABELAS

Gráfico 1. Tendência temporal da mortalidade por Neoplasia de Pâncreas, nos estados do sul do Brasil (geral) e por estados, em adultos e idosos, entre os anos de 1996 a 2016. Geral (β=0,297; p <0,001), Paraná (β= 0,309; p< 0,001), Santa Catarina (β= 0,252; p <0,001) e Rio Grande do Sul (β= 0,259; p< 0,001).

Fonte: Elaboração dos autores, 2020.

Tabela 1. Tendência temporal das taxas de mortalidade por Neoplasia de Pâncreas, em adultos e idosos, segundo sexo e sexo por faixa etária na região sul do Brasil, entre 1996 a 2016.

0 5 10 15 20 25 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Te n d ên cia Te m p o ra l d e Mo rta lida d e p o r N eo p las ia d e Pâ n cre as n a re gião s u l d o Bra sil / 100.000 h ab ita n tes Anos

(13)

* Taxa Média – média das taxas do período; † VP – variação percentual entre as taxas do primeiro (1996) e último ano (2016); ‡ VMA (β) – Variação Média Anual (VMA) - Calculada por Regressão Linear; § IC95% da VMA – Intervalo de Confiança de 95% da Variação Média Anual; || Valor de p – Considerada significância estatística.

Fonte: Elaboração dos autores, 2020.

*** RS ESTADO COM A MENOR VARIAÇÃO

Referências

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