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Título do trabalho: Ligação cidade-floresta: o que determina o conhecimento do consumidor sobre a Amazônia?

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Academic year: 2021

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Título do trabalho:

Ligação cidade-floresta: o que determina o conhecimento do consumidor sobre a Amazônia? - Sessão Temática: SAT-H. Instrumentos Econômicos para a Conservação da Biodiversidade - Nome do(s) autor(es):

Nome: Laize Sampaio Chagas e Silva Instituição: Imazon, UEPA

Informação curricular: Estudante de engenharia ambiental Email: laizeschs@hotmail.com

Nome: Rogério Loturco Orsi Instituição: Imazon, UFVJM

Informação curricular: Estudante de engenharia florestal Email: rogerioloturco@hotmail.com

Nome: Patrícia da Silva Instituição: Imazon, UEPA

Informação curricular: Estudante de engenharia ambiental Email: pattyzinhasilva@hotmail.com

Nome: Simone Carolina Bauch Instituição: Imazon, NCSU

Informação curricular: Engenharia florestal, pesquisadora assistente do Imazon, Belém, PA e doutoranda em economia ambiental da Universidade Estadual da Carolina do Norte, Raleigh, EUA

Email: scbauch@gmail.com - Resumo do Trabalho:

Resumo

A comercialização de produtos da floresta é discutida por muitos como uma das formas de preservação e conservação de recursos naturais. Apesar da clara ligação entre a valoração da floresta e sua conservação (ao aumentar o valor da floresta em pé para populações que vivem de seu manejo), esta estratégia tem pouco potencial de promover o manejo sustentável se o consumidor final não tiver conhecimento ou interesse sobre o que está consumindo. Em sintonia com a literatura de valoração contingente, este artigo avalia o conhecimento de consumidores sobre os produtos oriundos da floresta e sua relação com a floresta Amazônica. Os dados foram obtidos através de 1776 entrevistas com consumidores em supermercados e feiras na cidade de Belém, PA. Apesar de ser uma cidade praticamente inserida na floresta, foi observado que apenas 56% dos entrevistados responderam que consomem ao menos um produto da floresta, além de que dentre todas as respostas obtidas apenas 39% eram de fato produtos florestais. As análises de correlação e regressão mostram que há significância entre conhecimentos formais (escolaridade) e vivência prática na determinação do conhecimento e na disponibilidade a pagar a mais por produtos certificados. Ou seja, para incentivar o manejo

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sustentável da floresta é também necessário incluir a educação da população em geral para que possam fazer escolhas criteriosas por suas preferências ambientais.

Palavras-chaves: Amazônia, produtos florestais, disponibilidade a pagar, certificação, conhecimento, comercialização.

Abstract

The marketing of forest products is discussed by many as a form of preservation and conservation of natural resources. Despite the clear link between the valuation of the forest and its conservation (by increasing the value of the standing forest for people depending on it for a living), this strategy has little potential to promote sustainable management if the final consumer does not know or has little interest on what she is consuming. In line with the contingent valuation literature, this article assesses the knowledge of consumers on products from the forest and its relationship with the Amazon forest. We obtained data through interviews with 1,776 consumers in grocery stores and open air markets in the city of Belém, PA. Despite being a city virtually inserted in the forest, we observed that only 56% of respondents replied that they consume at least one product of the forest, besides that among all responses obtained only 39% referred to actual forest products. Correlation and regression analysis show that there is significant relation between formal (schooling) and practical knowledge in determining knowledge on forest products and willingness to pay for certified products. Therefore, to encourage sustainable forest management it is also necessary to include the education of the general public to allow for informed choices that reflect their environmental preferences.

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Ligação cidade-floresta: o que determina o conhecimento do consumidor

sobre a Amazônia?

Resumo

A comercialização de produtos da floresta é discutida por muitos como uma das formas de preservação e conservação de recursos naturais. Apesar da clara ligação entre a valoração da floresta e sua conservação (ao aumentar o valor da floresta em pé para populações que vivem de seu manejo), esta estratégia tem pouco potencial de promover o manejo sustentável se o consumidor final não tiver conhecimento ou interesse sobre o que está consumindo. Em sintonia com a literatura de valoração contingente, este artigo avalia o conhecimento de consumidores sobre os produtos oriundos da floresta e sua relação com a floresta Amazônica. Os dados foram obtidos através de 1776 entrevistas com consumidores em supermercados e feiras na cidade de Belém, PA. Apesar de ser uma cidade praticamente inserida na floresta, foi observado que apenas 56% dos entrevistados responderam que consomem ao menos um produto da floresta, além de que dentre todas as respostas obtidas apenas 39% eram de fato produtos florestais. As análises de correlação e regressão mostram que há significância entre conhecimentos formais (escolaridade) e vivência prática na determinação do conhecimento e na disponibilidade a pagar a mais por produtos certificados. Ou seja, para incentivar o manejo sustentável da floresta é também necessário incluir a educação da população em geral para que possam fazer escolhas criteriosas por suas preferências ambientais.

Palavras-chaves: Amazônia, produtos florestais, disponibilidade a pagar, certificação, conhecimento, comercialização.

Abstract

The marketing of forest products is discussed by many as a form of preservation and conservation of natural resources. Despite the clear link between the valuation of the forest and its conservation (by increasing the value of the standing forest for people depending on it for a living), this strategy has little potential to promote sustainable management if the final consumer does not know or has little interest on what she is consuming. In line with the contingent valuation literature, this article assesses the knowledge of consumers on products from the forest and its relationship with the Amazon forest. We obtained data through interviews with 1,776 consumers in grocery stores and open air markets in the city of Belém, PA. Despite being a city virtually inserted in the forest, we observed that only 56% of

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respondents replied that they consume at least one product of the forest, besides that among all responses obtained only 39% referred to actual forest products. Correlation and regression analysis show that there is significant relation between formal (schooling) and practical knowledge in determining knowledge on forest products and willingness to pay for certified products. Therefore, to encourage sustainable forest management it is also necessary to include the education of the general public to allow for informed choices that reflect their environmental preferences.

Keywords: Amazon, forest products, willingness to pay, certification, knowledge, marketing.

1. Introdução

A comercialização de produtos florestais não-madeireiros tem sido discutida como forma de incentivar a conservação da floresta por vários autores. Segundo Shanley et al (2002), ao contrário dos usos da terra prevalentes na Amazônia tais como pecuária e exploração madeireira, os quais contribuem para o empobrecimento biótico e para a drástica redução de espécies com valor econômico, a coleta de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) é descrita como uma forma de uso da terra sustentável. Além disso, tais produtos podem contribuir para a geração de renda de comunidades tradicionais, estreitar a relação floresta-cidade e permitir a criação de políticas públicas que busquem aumentar a consciência da população sobre o uso de produtos florestais e do impacto do seu consumo no Meio Ambiente.

Assim sendo, vários estudos parecem corroborar com a hipótese de que a comercialização de PFNM é uma alternativa econômica que pode, indiretamente, promover a conservação ambiental (FIGUEIREDO, 2005). Porém a venda de PFNM é geralmente caracterizada por informação assimétrica, com a complicação adicional de se tratarem de bens não-homogêneos, elevando o custo de avaliação da qualidade do produto oferecido por comerciantes.

Para viabilizar a conservação florestal é necessário que haja incentivos para que o dono da floresta a mantenha em pé. Estes incentivos podem ser na forma de subsistência (REDFORD, 1992) ou renda monetária (SHANLEY, 2002; NEUMANN e HIRCH, 2000; PEREZ e ARNOLD, 1996), bem como seguro natural contra eventos extremos (PATTANAYAK, 2001; PUTZ, 2000;). Renda monetária vem na forma de produtos comercializáveis, não só madeira, como também muitos PFNM tais como frutos, sementes, cascas, óleos, raízes, entre outros. Estes tipos de produtos são geralmente usados por

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comunidades da floresta, já que possuem conhecimentos tradicionais a respeito de seu manejo e usos. A partir da difusão destes produtos para o meio urbano a demanda tende a gerar maior incentivo para produção tanto pelo aumento do preço na cidade como também pelo menor risco associado à venda deste produto.

Os Produtos Florestais Não Madeireiros constituem um meio de auto-subsistência para muitas comunidades, sendo também elementos significativos da economia rural e regional em diversos países (VILLALOBOS e OCAMPO, 1997). Em Belém, a comercialização desses produtos favorece o comércio e nichos locais e regionais expandindo para todo o mercado regional.

Este estudo enfoca a caracterização de consumidores de PFNM em Belém, PA, cidade de 1,4 milhões de habitantes, que representa um enorme mercado para pequenos produtores em regiões peri-urbanas ou até mais distantes. A pesquisa foi realizada nas feiras, mercados e supermercados da cidade. No período de 2006 a 2008, buscando identificar se o consumidor, último elo da cadeia de mercado, conhece quais produtos consumidos são da floresta e, ao mesmo tempo, entender por que uma população que está inserida dentro de um bioma tão rico e cobiçada como a Amazônia apresenta grande confusão em identificar os PFNM, além de ter pouca consciência no que diz respeito ao uso e conservação dos produtos da floresta.

A falta de percepções ambientais das pessoas (consumidores) pode ser explicada pelo fato de possuírem outras prioridades. As pessoas vivem numa condição precária nas cidades e isso dificulta a consciência da conservação florestal. E isso gerará dificuldades para a implementação de estratégias de conscientização desta população (SIEBER, 2006). A postura de dependência e de desresponsabilização da população decorre principalmente da desinformação, da falta de consciência ambiental e de um déficit de práticas comunitárias baseadas na participação e no envolvimento dos cidadãos, que proponham uma nova cultura de direitos baseada na motivação e na co-participação da gestão ambiental das cidades (JACOBI, 2003).

É neste contexto que a educação ambiental assume um papel de transformação dos pensamentos sociais, no intuito de disseminar entre os indivíduos a responsabilidade de desenvolver o ambiente de forma sustentável. A busca por novos hábitos de consumo ou a preocupação em saber a origem de certo produto seria um passo importante para a diminuição das problemáticas ambientais. Recentemente, um novo mercado que envolve a parceria entre empresas e comunidades baseia-se na propaganda de comercializar produtos que supostamente são produzidos de forma sustentável. Nos países do hemisfério norte verifica-se, atualmente,

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uma crescente preferência dos consumidores por produtos ecologicamente corretos e por empresas com posturas não-agressivas ao meio ambiente (MOTTA e ROSSI, 2001).

No entanto, no Brasil, o lançamento de produtos rotulados como “verdes” e “justos” é reduzido. Além disso, a propaganda deste tipo de mercado ainda é bastante tímida, o que acarreta pouca ou nenhuma preocupação dos consumidores em adquirir bens ambientalmente corretos. Em um estudo realizado por Motta e Rossi (2001) sobre a “A Influência do Fator Ecológico na Decisão de Compras e Bens” identificou que “... Os consumidores isentam-se da responsabilidade de preservar o meio ambiente, alegando, por exemplo, que não reúnem informações necessárias para discernir entre produtos ecologicamente corretos e produtos ‘normais’... Além disso, promovem uma auto-resistência em adquirir um comportamento que não condiga com o da maioria, e embarcariam em novos hábitos e atitudes a partir do momento que não se sentissem excluídos...”.

Desta forma, este texto apresenta e analisa os dados obtidos na pesquisa para melhor compreender se a situação sócio-econômica e lugar de origem, bem como o nível de escolaridade, influenciam no conhecimento de PFNM.

2. Metodologia

Os dados deste artigo vêm de entrevistas com 1776 consumidores em feiras e supermercados na cidade de Belém. Belém possui 44 feiras, 4 portos e centenas de mercados, vendedores informais e mercearias. Para este estudo os supermercados foram selecionados baseados em uma amostra aleatória de 20% das 3 maiores redes de supermercados da cidade. As feiras nas quais foram realizadas as entrevistas foram selecionadas através de uma amostragem aleatória estratificada, visando uma amostragem representativa de feiras com diferentes números de vendedores de produtos florestais. A figura 1 mostra o número de bancas vendendo produtos florestais em cada feira:

Feiras em Belém 0 10 20 30 40 50 60 70 80 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 Feira N ú m e ro d e b a n c a s c o m P F N M d e i n te re s s e

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Figura 1: Número de vendedores de produtos florestais nas feiras de Belém.

A amostra de estabelecimentos inclui 9 feiras e 6 supermercados de Belém e as entrevistas foram realizadas nos meses de Fevereiro a Abril de 2006, 2007 e 2008 (que correspondem ao período de safra da maioria dos produtos florestais não-madeireiros.

A escolha dos consumidores nos estabelecimentos visitados se deu por amostragem sistemática. O método de coleta de dados utilizado, o método de survey, apresenta um questionário estruturado de uma amostra da população e é destinado a obter informações específicas dos entrevistados. Baseia-se no interrogatório dos participantes e é direto, ou seja, o objetivo é conhecido pelo respondente (MALHOTRA, 2005).

Primeiramente foram calculadas estatísticas descritivas das variáveis utilizadas nas análises subsequentes. Em seguida foram calculadas as correlações entre as variáveis de interesse, tais como renda, nível de escolaridade, se nasceu em Belém, se já entrou na floresta e faixa etária. Finalmente, diversas especificações de regressões lineares foram utilizadas para explicar conhecimentos sobre consumo relacionado à floresta, para saber até que ponto estes dados podem influenciar na distinção de produtos que são ou não da floresta.

Há diversas maneiras em que se poderia medir “conhecimento sobre a floresta com base nos dados das entrevistas. Logo ao princípio da entrevista perguntamos ao entrevistado quais os produtos da floresta que você consome?” e baseado nesta pergunta poderiamos considerar o número de produtos florestais citados na resposta (média de 1,34 na amostra com desvio padrão de 1,51) ou a proporção de acertos dentre todos os produtos citados (média de 39% e desvio padrão de 39,31). Para as análises seguintes consideramos a porcentagem de acertos como medida de conhecimento sobre a floresta. Esta variável foi relacionada com as variáveis acima para explicar quais são os fatores que determinam este conhecimento (ou falta dele).

3. Resultados e discussões

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Variável Descrição Média Desv. Pad Min Max

FPRODF Proporção de acertos de produtos florestais 39,11 39,31 0 100

AGE Idade 42,09 15,54 11 90

NASCFORA Nasceu fora da Amazônia 6,68 4208,83 0 100 NASCCAPI Nasceu na capital (Belém) 53,35 668,20 0 100 VIVINTER Viveu maior parte da vida no interior 21,45 5335,20 0 100

EDUCBS Fez faculdade 26,15 2145,20 0 1

EFOR Entrou dentro da floresta 64,80 2615,10 0 100 CERT Pagaria mais por um produto certificado 24,87 2486,80 0 100 GENDER Respondente feminino 61,86 6185,60 0 100

Tabela 1: Estatísticas descritivas das variáveis de interesse.

Pela tabela 1 percebe-se que a média de acertos em relação aos produtos da floresta é baixa (apenas 39%). Se considerarmos que a cidade de Belém está inserida no bioma Amazônia e produtos como madeira, açaí, óleo de andiroba e outros produtos originários da floresta são amplamente utilizados pela população local esperaria-se uma proporção de acertos muito maior. A média de idade entre os entrevistados é de 42 anos, onde sua grande maioria 93,32% nasceu na região Amazônica, 53,35% Nascidas em Belém, capital do estado do Pará, e 21,45% dos entrevistados viveu a maior parte da vida no interior do estado.

Também pode-se dizer que 26,15% da população entrevistada tem educação formal avançada (já tendo cursado ou cursando alguma faculdade). Além disto 64,8% já esteve presente na floresta, 24,87% mostraram-se dispostos a pagar mais caro por produtos certificados e, por fim, 61, 86% da população entrevistada são mulheres.

Observa-se na Tabela 2 o valor das correlações entre as variáveis:

AGE NASCFORA

FPRODF -5,72E-03 4,00E-03 1,42E-02 2,54E-02 1,45E-01 *** 2,16E-01 *** 1,75E-01 *** -1,32E-01 *** AGE 1 9,52E-03 -1,65E-02 -4,09E-02 -3,47E-02 4,89E-02 6,10E-02 -7,80E-02 *** NASCFORA 1 -2,87E-01 *** 1,06E-01 *** 8,45E-02 *** -2,62E-02 -6,92E-03 -4,19E-02 *

NASCCAPI 1 -6,59E-01 *** 6,55E-02 ** 2,87E-02 7,73E-02 * 8,42E-03

VIVINTER 1 -6,89E-02 ** -9,95E-03 -2,18E-02 7,02E-03

EDUCBS 1 1,33E-01 *** 2,54E-01 *** -5,60E-02 *

EFOR 1 2,10E-01 *** -2,53E-01 ***

CERT 1 -2,01E-01 ***

GENDER 1

CERT GENDER

NASCCAPI VIVINTER EDUCBS EFOR

Tabela 2: Correlação entre as varáveis de interesse.

As correlações entre a porcentagem de acertos em relação a produtos florestais e educação universitária, se já entrou na floresta e interesse em pagar a mais por produtos certificados são positivas e significativas. Agora, a correlação entre a porcentagem de acertos e gênero do respondente é negativa e significativa. Percebe-se também que a correlação entre moradores do interior e educação avançada é negativa e significativa. Também são positivas (e significativas) as correlações entre educação avançada e ter entrado na floresta, bem como educação avançada e a disponibilidade a pagar a mais por produtos certificados. Finalmente, a

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correlação entre ter entrado na floresta e a disponibilidade a pagar a mair por produtos certificados é positiva e significativa.

A seguir são apresentados os resultados de análises multivariadas. Na tabela 3 são apresentados os resultados da regressão de mínimos quadrados simples tendo como variável dependente a porcentagem de acertos dos respondents com relação à produtos florestais (R2= 7,62% e estatística F significativa a 1% para o modelo como um todo):

Variável Descrição erro padrão

INTERCEPT 9,66 E-02 * 1,37 E-01

NASCFORA Se nasceu fora da Amazônia 5,87 E-02 6,83 E-02

NASCCAPI Se nasceu na capital (Belém) 5,91 E-03 4,25 E-02

VIVINTER Se viveu a maior parte da vida no interior 6,34 E-02 5,17 E-02

EDUCBS Se fez faculdade 1,15 E-01 3,81 E-02

EFOR Se já entrou na floresta 6,70 E-02 *** 3,66 E-02

AGE Idade 8,43 E-04 * 5,93 E-03

AGE2 Idade ao quadrado 1,10 E-05 6,50 E-05

GENDER Se o respondente for mulher 6,92 E-02 * 3,74 E-02

CERT Pagaria mais por um produto certificado 1,06 E-01 ** 4,12 E-02

parâmetro estimado

Tabela 3: Resultados da regressão linear para explicar a proporção de acertos em relação a produtos florestais (*** significativo ao nível de significância de 1%; ** significativo ao nível de significância de 5% e *

significativo ao nível de significância de 10%).

Como se pode ver na tabela 3, pessoas que entraram na floresta (EFOR) obtiveram uma maior proporção de acertos aos PFNM. Assim como, os consumidores que declararam que pagariam a mais por um produto certificado (CERT), as mulheres (GENDER) que responderam o questionário e as pessoas com idades mais avançadas (AGE), respectivamente.

A tabela 4 mostra os resultados da regressão linear explicando o interesse das pessoas em pagar a mais por produtos certificados. Esta regressão obteve R2 de 14,38% e estatística F significativa a 1% para o modelo geral.

Variável Descrição erro padrão

INTERCEPT 4,56 E-01 * 1,45 E-01

FPRODF Proporção de acertos de produtos florestais 1,20 E-01 ** 4,71 E-02

NASCFORA Se nasceu fora da Amazônia 1,04 E-02 7,31 E-02

NASCCAPI Se nasceu na capital (Belém) 6,27 E-02 4,53 E-02

VIVINTER Se viveu a maior parte da vida no interior 4,47 E-02 5,54 E-02

EDUCBS Se fez faculdade 1,94 E-01 *** 4,02 E-02

EFOR Se já entrou na floresta 1,22 E-01 *** 3,89 E-02

AGE Idade 1,55 E-02 ** 6,31 E-03

AGE2 Idade ao quadrado 1,52 E-04 ** 6,92 E-05

GENDER Se o respondente for mulher 1,07 E-01 *** 3,98 E-02

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Tabela 4: Resultados da regressão linear para explicar o interesse em pagar a mais por produtos certificados (*** significativo ao nível de significância de 1%; ** significativo ao nível de significância de 5% e * significativo ao

nível de significância de 10%).

Como na regressão anterior, a maior porcentagem de acertos na resposta referente ao consumo de produtos florestais influencia a disponibilidade a pagar a mais por produtos certificados. Além disto, entrevistados com educação avançada, os que já entraram na floresta, e respondentes do gênero feminino também possuem maior disponibilidade a paper por produtos certificados. Finalmente, a idade do respondente também influi nessa decisão com uma relação quadrática positiva. Percebe-se também que variáveis que explicam a origem do consumidor entrevistado não afetam sua disponibilidade a pagar, demonstrando que características factíveis de serem afetadas por políticas públicas são as principais determinantes nesta análise.

4. Conclusão

A comercialização de produtos florestais não-madeireiros tem sido defendida como forma de incentivar a conservação florestal. Porém, levando em consideração danos que poderiam ocorrer devido à sobre-exploração e exaustão de estoques naturais de produtos florestais, é importante também considerar alternativas de mercado que criem um nicho para estes produtos. Nichos que têm sido discutidos como alternativas para produtos da Amazônia incluem sua denominação de origem (como produtos da Amazônia) ou também formas de certificação. Estes nichos porém, dependem da abilidade do consumidor em reconhecer estes produtos. Este artigo enfoca justamente na falta de conhecimento do consumidor em Belém do Pará a respeito dos produtos da floresta que os cerca. Apesar de Belém ser uma das maiores capitais da Amazônia Oriental, a população urbana não tem muito contato com o ambiente florestal e os seus produtos, mesmo fazendo parte de seu cardápio diário, nem sempre são reconhecidos como tal.

Baseado nos resultados deste artigo, percebe-se que o reconhecimento destes produtos é explicada pelas seguintes características do consumidor: pessoas que entraram na floresta (EFOR), que pagariam mais por um produto certificado (CERT), se é mulher (GENDER) e idades mais avançadas (AGE), respectivamente. Na análise sobre os fatores que afetam a disponibilidade a pagar por produtos certificados, percebe-se que estas mesmas características, além da educação avançada, explicam a variável dependente.

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Assim, percebe-se que a falta de conhecimento sobre a ligação entre o consumidor urbano e a floresta provém de duas fontes principais: sua vivência prática (ilustrada por ter entrado na floresta) e também pelo conhecimento proveniente da educação formal. Estas são características que podem ser influenciadas por políticas públicas. Ou seja, difundindo informações a respeito dos produtos florestias e ressaltando a sua importância no comércio local e regional espera-se fortalecer a consciência ambiental dos moradores urbanos, a fim de incentivar o manejo sustentável e conservação dos recursos.

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5. Referências bibliográficas

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