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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO

5ª TURMA - 10ª CÂMARA

PROCESSO TRT 15ª REGIÃO N.º 0010868-20.2014.5.15.0126 RO RECURSO ORDINÁRIO

RECORENTE: ETELVINO MATIAS DA SILVA

RECORRIDO: CIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO - SABESP ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE PAULÍNIA

EMENTA

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. EMPRESA PÚBLICA. DISPENSA IMOTIVADA. MOTIVAÇÃO ILÍCITA. NULIDADE DA RESCISÃO CONTRATUAL. REINTEGRAÇÃO. A dispensa de empregado público concursado somente pode ocorrer mediante a existência de motivação a justificá-la, diante dos princípios insculpidos no artigo 37, caput, da Constituição Federal, aos quais os órgãos da administração indireta devem observância. Se o órgão da administração indireta expõe os motivos da dispensa, imperiosa a verificação da legalidade dos fundamentos que a justificaram. A dispensa discriminatória ou abusiva tem o condão tornar nulo o ato rescisório. Precedentes do Supremo Tribunal Federal (R.E. n.º 589.998). Recurso ordinário acolhido.

Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante (ID 1cf5e61), em face da sentença de ID 08d3474, proferida pela MMª. Juíza Claudia Cunha Marchetti, que concluiu pela procedência parcial dos pedidos.

Pleiteia sua reintegração no emprego, com o pagamento dos salários vencidos e vincendos. Insiste, ainda, no deferimento de honorários advocatícios.

Isento de custas processuais (ID 08d3474).

A ré apresentou contrarrazões (ID 74b4fa9).

O Ministério Público do Trabalho opinou pelo prosseguimento do feito (ID da2a23f).

É o relatório.

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Conheço do recurso ordinário, eis que atendidos os requisitos legais de admissibilidade.

NULIDADE DA DISPENSA - REINTEGRAÇÃO NO EMPREGO

A magistrada que prolatou a decisão recorrida ponderou que a ré dispensou o autor, empregado aposentado, com fulcro no Termo de Ajustamento de Conduta firmado com o Ministério Público Estadual, aduzindo que "a essência do referido acordo foi promover maior eficiência no serviço público (essencial à população), sendo este também princípio constitucional a ser observado pela reclamada". Assim, julgou improcedentes os pedidos.

Inconformado, o reclamante sustenta que a reclamada, ao fundamentar a dispensa do empregado aposentado com base no Termo de Ajustamento de Conduta celebrado com Ministério Público Estadual, agiu de forma discriminatória. Alega, ainda, que o TRCT demonstra que a dispensa foi imotivada.

Vejamos.

De início, insta ressaltar ser incontroverso nos autos que o reclamante foi admitido pela reclamada, uma sociedade de economia mista, em 01/08/1989, pelo regime jurídico da CLT, mediante processo seletivo, tendo sido dispensado em 20/05/2012, sem justa causa (CTPS, ID 4015923).

No termo de rescisão contratrual consta que a despedida ocorreu sem justa causa (ID 7c1260c), embora a ré alegue que dispensou o empregado com base no Termo de Ajustamento de Conduta celebrado com o Ministério Público do Estado de São Paulo (ID 4016999).

Destaco, por oportuno, que o entendimento deste relator é no sentido de que, tratando-se o reclamante de empregado público concursado, como na hipótese dos autos, sua dispensa somente poderia ter ocorrido mediante a existência de

motivação a justificá-la, diante dos princípios insculpidos no artigo 37, caput, da Constituição

Federal, aos quais a reclamada deve observância, eis que se trata de uma sociedade de economia mista.

Aliás, assim decidiu o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 589.998, em sessão realizada em 20/03/2013.

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conforme a seguinte ementa:

RECURSO DE REVISTA - SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA - EMPRESA PÚBLICA RESCISÃO CONTRATUAL IMOTIVADA IMPOSSIBILIDADE ENTENDIMENTO DO STF RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 589.998 -PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA LEGALIDADE, ISONOMIA, MORALIDADE E IMPESSOALIDADE. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 589.998, ocorrido em 20/3/2013, entendeu que as empresas públicas e as sociedades de economia mista precisam motivar o ato de rompimento sem justa causa do pacto laboral. Em face dos princípios constitucionais da legalidade, da isonomia, da moralidade e da impessoalidade, o ente da administração pública indireta que explora atividade econômica deve expor as razões do ato demissional praticado e a elas fica vinculado. A motivação do ato de dispensa resguarda o empregado e, indiretamente, toda a sociedade de uma possível quebra do postulado da impessoalidade e moralidade por parte do agente estatal investido do poder de demitir. Além disso, a exposição dos motivos viabiliza o exame judicial da legalidade do ato, possibilitando a compreensão e a contestação da demissão pelos interessados. Assim, a falta da exposição dos motivos ou a inexistência/falsidade das razões expostas pela administração pública para a realização do ato administrativo de rescisão contratual acarreta a sua nulidade. Logo, deve ser reputada nula a demissão sem justa causa do reclamante que não apresenta motivação. Diante do moderno entendimento do STF, deixo de aplicar a Orientação Jurisprudencial nº 247, I, do TST. (Processo: RR - 24600-98.2009.5.01.0040 Data de Julgamento: 02/04/2013, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/04/2013).

Sobre o tema, esta outra decisão:

REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA. ART. 543-B, § 3º, DO CPC. REINTEGRAÇÃO. NULIDADE DE DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. DESRESPEITO AOS MOTIVOS DETERMINANTES DA DISPENSA. PREJUDICADO. A decisão desta Turma do TST não desrespeitou o acórdão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a existência de repercussão geral quanto ao tema sociedade de economia mista -dispensa imotivada - impossibilidade-. O STF entendeu pela necessidade de motivação do ato administrativo de dispensa de empregado público de empresa pública para que haja observância ao princípio da impessoalidade e possibilidade de controle do ato e, no acórdão deste colegiado, além de ter sido mantida a nulidade da dispensa com a consequente reintegração da reclamante, a decisão foi resolvida com base na teoria dos motivos determinantes. No caso, conforme esclarecido pela SBDI-1 do TST, no julgamento do recurso de embargos, a dispensa da reclamante foi considerada ilícita, por discriminatória e abusiva, bem como pelo fato de a reclamada não ter respeitado os motivos declarados para tanto, de forma que a Orientação Jurisprudencial nº 247 da SBDI-1 e a Súmula do TST nº 390, II, são inespecíficas, já que tratam da desnecessidade de motivação para a dispensa de empregados públicos, em razão de não lhes ser assegurada a estabilidade contida no artigo 41 da Constituição Federal. Esta Turma em momento nenhum negou os termos contidos nos citados verbetes. Mantém-se o acórdão da Sexta Turma que não conheceu do recurso de revista. Prejudicado o juízo de retratação, nos termos da parte final do § 3º do art. 543-B do CPC. ( RR - 103400-84.2006.5.03.0010 , Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 19/11/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/11/2014)

Na hipótese, o Termo de Ajustamento de Conduta firmado perante o Ministério Público Estadual autoriza a despedida dos servidores aposentados que permaneceram prestando serviços para a reclamada.

Todavia, a aposentadoria não constitui óbice para a continuidade da relação laboral, eis que não extingue o contrato de trabalho, consoante decisões do E. STF

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prolatadas nas ADIns 1.721 e 1.770.

Dessa forma, se o trabalhador optar por permanecer prestando serviços, não pode o empregador romper o vínculo empregatício apenas com fundamento na sua aposentadoria, como ocorreu no caso em tela.

Nessa esteira é o precedente do C. TST:

Portanto, concedida a aposentadoria e não havendo interesse do empregado em continuar a trabalhar na empresa, o contrato de trabalho será extinto pelo evento aposentadoria. Entretanto, se existir manifestação de vontade do empregado na manutenção da relação de emprego, inexiste a extinção do contrato de trabalho. (...) Apesar de se equiparar ao empregador comum quando contrata pela Consolidação Trabalhista, a Administração pública não o faz de forma livre e aleatória, pois deve nortear seus atos pela legalidade, moralidade e motivação, em especial, os ditames do texto constitucional, os quais determinam a realização de concurso público e restringem a dispensa imotivada após aprovação no estágio probatório. (...) Pois bem, compulsando os autos verifica-se que não houve processo administrativo em que tenha sido assegurada ampla defesa à reclamante, tanto que a própria Municipalidade dispensou a trabalhadora, sem qualquer motivação a não ser pelo fato de sua aposentadoria. (...) Portanto, não sendo a aposentadoria espontânea causa de extinção do contrato de trabalho ou motivo suficiente para dispensa de empregado estável, entendo correta a r. decisão de origem que ordenou a reintegração da autora. Nego provimento ao apelo.(AIRR-65900-69.2009.5.15.0066 , Relatora Ministra: Rosa Maria Weber, Data de Julgamento: 11/05/2011, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/05/2011)

Consequentemente, merece ser acolhido o recurso interposto pelo reclamante, para declarar a nulidade da rescisão contratual imotivada e determinar a sua reintegração na função que exercia à época da dispensa, condenando a reclamada, ainda, a efetuar a respectiva anotação em sua CTPS e a lhe pagar os salários vencidos e vincendos e demais benefícios concedidos à sua categoria profissional, desde a data do afastamento até a efetiva reintegração.

Outrossim, com fundamento no que dispõe o artigo 461, § 4º, do CPC, determino que a reclamada proceda à reintegração do reclamante, no prazo de 10 dias após o trânsito em julgado desta decisão, contados da sua intimação para tanto, que deverá ser expedida após o trânsito em julgado desta decisão, sob pena de arcar com multa diária, ora fixada em R$ 1.000,00, a ser revertida em benefício do autor.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

O reclamante insiste no direito à percepção de honorários advocatícios.

Razão lhe assiste.

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possui regulamentação própria, consubstanciada no artigo 791 da CLT, que prevê o jus postulandi das partes (em plena vigência), bem como na Lei n.º 5.584/1970, que disciplina a concessão e prestação de assistência judiciária na seara trabalhista.

Assim, a verba honorária é devida quando a parte atender aos requisitos previstos no artigo 14 da citada Lei n.º 5.584/1970, quais sejam, a assistência pelo sindicato da categoria e o benefício da justiça gratuita.

Neste caso, o reclamante declarou sua hipossuficiência econômica (ID 4015824) e está assistido pelo sindicato de classe (ID 2665126).

Consequentemente, faz jus o reclamante aos honorários advocatícios, conforme entendimento pacificado pelas Súmulas 219 e 329, e pela Orientação Jurisprudencial n.º 305, da SDI-1, do C. TST.

Ressalta-se que a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho se firmou no sentido de que essa parcela deve incidir sobre o valor líquido da condenação, conforme a Orientação Jurisprudencial n.º 348 de sua SDI-1, in verbis:

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. VALOR LÍQUIDO. LEI Nº 1.060, DE 05.02.1950 (DJ 25.04.2007)

Os honorários advocatícios, arbitrados nos termos do art. 11, § 1º, da Lei nº 1.060, de 05.02.1950, devem incidir sobre o valor líquido da condenação, apurado na fase de liquidação de sentença, sem a dedução dos descontos fiscais e previdenciários.

Diante disso, deve a reclamada arcar com a verba honorária em benefício do reclamante, no importe de 10% (dez por cento) do valor líquido da condenação.

Diante do exposto, decido CONHECER do recurso ordinário interposto pelo reclamante e DAR-LHE PROVIMENTO para a) declarar a nulidade da dispensa sem justa causa e determinar sua reintegração no emprego, na função que exercia à época da dispensa, no prazo de 10 dias após o trânsito em julgado desta decisão, contados a partir da intimação da reclamada, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00, a ser revertida em seu benefício; b) condenar a reclamada a efetuar a respectiva anotação em sua CTPS e a lhe pagar os salários vencidos e vincendos e demais benefícios concedidos à sua categoria profissional, desde a data do afastamento até a efetiva reintegração; e c) deferir ao autor honorários advocatícios no importe de 10% (dez por cento) do valor líquido da condenação. Tudo nos termos da fundamentação.

Para os efeitos da Instrução Normativa n.º 03/1993 do C. TST, rearbitro o valor da condenação, fixando-o em R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).

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Custas no importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), a cargo da ré.

Sessão realizada em 12 de maio de 2015.

Composição: Exmos. Srs. Desembargadores Fernando da Silva Borges (Relator e Presidente regimental) e Fabio Grasselli e Juíza Larissa Carotta Martins da Silva Scarabelim.

Ministério Público do Trabalho:Exmo(a) Sr (a). Procurador (a) Ivana Paula Cardoso. Acórdão

Acordam os magistrados da 10ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, à unanimidade em

CONHECER do recurso ordinário interposto pelo reclamante e DAR-LHE PROVIMENTO para a) declarar a nulidade da dispensa sem justa causa e

determinar sua reintegração no emprego, na função que exercia à época da dispensa, no prazo de 10 dias após o trânsito em julgado desta decisão, contados a partir da intimação da reclamada, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00, a ser revertida em seu benefício; b) condenar a reclamada a efetuar a respectiva anotação em sua CTPS e a lhe pagar os salários vencidos e vincendos e demais benefícios concedidos à sua categoria profissional, desde a data do afastamento até a efetiva reintegração; e c) deferir ao autor honorários advocatícios no importe de 10% (dez por cento) do valor líquido da condenação. Tudo nos termos da fundamentação.

Para os efeitos da Instrução Normativa n.º 03/1993 do C. TST, rearbitro o valor da condenação, fixando-o em R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). Custas no importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), a cargo da ré.

FERNANDO DA SILVA BORGES

Desembargador Relator

Votos Revisores

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: [FERNANDO DA SILVA BORGES]

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Referências

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