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CONTEXTO DE VIDA E SAÚDE DE CUIDADORES INFORMAIS DE IDOSOS DEPENDENTES DE CUIDADOS / CONTEXT OF LIFE AND HEALTH OF INFORMAL CAREGIVERS OF CARE-DEPENDENT ELDERLY

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ARTIGO ORIGINAL

CONTEXTO DE VIDA E SAÚDE DE CUIDADORES INFORMAIS DE IDOSOS DEPENDENTES DE CUIDADOS

CONTEXT OF LIFE AND HEALTH OF INFORMAL CAREGIVERS OF CARE-DEPENDENT ELDERLY CONTEXTO DE VIDA Y SALUD DE CUIDADORES INFORMALES DE ANCIANOS DEPENDENTES

DE CUIDADOS

Maria Julia Yunis Sarpi1

Iara Sescon Nogueira2

Mariana Pissioli Lourenço3

Lígia Carreira4

Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera5

RESUMO

Objetivo: analisar o contexto de vida e saúde dos cuidadores informais de idosos

dependentes de cuidados. Métodos: estudo descritivo e quantitativo, realizado no período de fevereiro de 2017 a janeiro de 2018, com 15 cuidadores de idosos residentes na área de abrangência de uma Unidade Básica de Saúde localizada em Maringá-PR. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada realizada no domicílio do idoso, utilizando um questionário sociodemográfico e a Escala de Sobrecarga de Zarit Reduzida, e posteriormente analisados a partir de estatística descritiva, por meio do programa

computacional Microsoft Excel 2010®. Resultados: predominantemente os cuidadores de

idosos são do sexo feminino, filhas, coabitam com o idoso, não praticam atividades físicas e/ou sociais, não recebem auxílio para realizar o cuidado, não receberam capacitação e apresentam algum grau de sobrecarga. Conclusão: torna-se necessário o planejando de ações de saúde com foco na prevenção e manejo da sobrecarga dos cuidadores de idosos, prevenindo o esgotamento físico e psicológico, promovendo a qualidade de vida desses indivíduos, e com isso, também a qualificação do cuidado ofertado por eles.

Descritores: Atenção Primária à Saúde; Saúde do Idoso; Cuidadores; Promoção em

Saúde; Prevenção Primária.

1 Enfermeira. Residente do Programa de Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade de São Paulo (USP).

E-mail: mariajuliaysarpi@gmail.com

2Enfermeira. Mestra em Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem do Programa de Pós-graduação em

Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: iara_nogueira@hotmail.com

3Enfermeira. Mestra em Enfermagem. Docente colaboradora do Departamento de Enfermagem da Universidade

Estadual do Paraná (UNESPAR). E-mail: marianapissiolilourenco@gmail.com

4Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem e Programa de Pós-graduação

em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: ligiacarreira@hotmail.com

5Enfermeira. Doutora em Ciências. Docente do Departamento de Enfermagem e Programa de Pós-graduação em

Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: vanessadenardi@hotmail.com

Autor correspondente: Iara Sescon Nogueira. Endereço: Rua Hélio Jarreta nº 54, Vila Bosque, Maringá-PR.

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Contexto de vida e saúde de cuidadores de idosos

ABSTRACT

Objective: to analyze the life and health context of informal caregivers of care-dependent

elderly. Methods: a descriptive and quantitative study, conducted from February 2017 to January 2018, with 15 caregivers of elderly residents in the area covered by a basic health unit located in Maringá-PR. Data were collected through semi-structured interviews conducted at the elderly's home, using a sociodemographic questionnaire and the reduced Zarit overload scale, and subsequently analyzed using descriptive statistics using the Microsoft Excel 2010® computer software. Results: predominantly the caregivers of the elderly are female, daughters, cohabit with the elderly, do not practice physical and/or social activities, do not receive assistance to perform care, have not received training and have some burden degree.

Conclusion: it is necessary to plan health actions focusing on prevention and management of

the burden of elderly´s caregivers, preventing physical and psychological exhaustion, promoting the quality of life of these individuals, and thus also the qualification of the care offered by them.

Descriptors: Primary Health Care; Health of the Elderly; Caregivers; Health Promotion;

Primary Prevention.

RESUMEN

Objetivo: analizar el contexto de vida y salud de los cuidadores informales de ancianos

dependientes del cuidado. Métodos: estudio descriptivo y cuantitativo, realizado entre febrero de 2017 y enero de 2018, con 15 cuidadores de personas mayores residentes en el área cubierta por una Unidad Básica de Salud ubicada en Maringá-PR. Los datos fueron recogidos a través de entrevistas semiestructuradas realizadas en la casa de los ancianos, aplicando un cuestionario sociodemográfico y la escala reducida de sobrecarga de Zarit, y posteriormente los datos fueron analizados a través de estadísticas descriptivas utilizándose el programa de computadora Microsoft Excel 2010®. Resultados: predominantemente los cuidadores de ancianos son mujeres, hijas, viven con los ancianos, no practican actividades físicas y / o sociales, no reciben asistencia para realizar el cuidado, no han recibido capacitación y tienen algún grado de carga. Conclusión: es necesario planificar acciones de salud centradas en la prevención y el manejo de la carga de los cuidadores de ancianos, previniendo el agotamiento físico y psicológico, promoviendo la calidad de vida de estos individuos y, por lo tanto, también la calificación de la atención ofrecida por ellos.

Descriptores: Atención Primaria de Salud; Salud del Anciano; Cuidadores; Promoción de la

Salud; Prevención Primaria.

INTRODUÇÃO

O cenário populacional no Brasil tem caminhado para um aumento da população idosa e segundo projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS), será 15 vezes maior até o ano de 2025(1).

O envelhecimento traz consigo diversas alterações biopsicossociais, como perdas cognitivas, físicas, mentais, mudanças de personalidade na vida social e produtiva, que podem afetar a autonomia e qualidade de vida dos idosos(2). A

incapa-cidade funcional do idoso refere-se à

dificuldade ou necessidade de auxílio para o indivíduo realizar tarefas no seu dia a dia, e somado a este fator, ainda podem existir doenças que agravam a incapacidade e tornam o idoso depen-dente de cuidados(3).

Embora sejam alterações comuns aos idosos, a incapacidade funcional implica negativamente na saúde e qualidade de vida dos mesmos e, consequentemente, também afeta a saúde e a vida dos familiares de seu convívio. A partir do momento em que essas alterações são diagnosticadas, há necessidade de elencar um cuidador para auxiliar o idoso

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Contexto de vida e saúde de cuidadores de idosos

no exercício das Atividades Básicas de Vida Diária, como alimentação, higiene pessoal, medicação e locomoção. Esse tipo de cuidado permite que o idoso conti-nue seguindo a sua rotina e evita a ocor-rência de violência a essa população(3).

No que se refere aos cuidadores, existem dois tipos, o formal e o informal. O cuidador formal é aquele que recebeu treinamento específico, em instituição oficialmente reconhecida, e que recebe remuneração para exercer sua atividade. Já o cuidador informal, pode ser tanto um membro da família como um conhecido. Geralmente, este não recebeu qualquer tipo de treinamento para exercer esse papel, e provê cuidados e assistência para outros sem remuneração(4).

Os cuidadores informais, por muitas vezes, acabam por abrir mão de cuidar de suas vidas para assistir ao idoso e este fato pode desencadear sentimentos negativos, uma vez que o processo de cuidar pode ser vivenciado de maneira penosa e difícil se não há apoio de outros familiares ou dos serviços de saúde. Assim, a falta de informação e preparo para exercer a função de cuidador pode prejudicar o cuidado oferecido, a saúde do idoso sob sua supervisão, bem como a qualidade de vida do próprio cuidador(4,5).

Neste contexto, quanto maior for o grau de dependência do idoso, maiores serão as atribuições do cuidador e também o tempo disponibilizado para atender as necessidades do idoso que está sob sua responsabilidade. Como consequências, um processo de sobre-carga dos cuidadores pode desencadear problemas físicos, psicológicos, emocio-nais, sociais e financeiros que afetam não somente o bem-estar do cuidador, mas influenciam negativamente na saúde do idoso assistido por ele(5).

Assim, torna-se necessária a imple-mentação de estratégias pela família como, por exemplo, redes de apoio social que possam reduzir as consequências negativas relacionadas ao ato de cuidar. O apoio social contempla a estrutura da rede de relacionamentos sociais e a adequação de suas funções, especial-mente o grau de satisfação da pessoa que recebe o apoio(6).

Como parte da rede de apoio, os serviços de saúde estão inseridos e cabe aos profissionais de saúde considerar a

saúde do cuidador informal e avaliar o grau de sobrecarga a que se submetem, já que estão expostos a uma alta carga de estresse, necessitando também de cuidados e atenção(7).

A Estratégia Saúde da Família (ESF) pode colaborar nesse cenário, sobretudo ao criar vínculos duradouros que oportunizem o apoio ao cuidador e o adequado desempenho de seu papel junto ao idoso(8). Nesse sentido,

eviden-cia-se a necessidade de ações educativas em saúde, para qual o papel do profis-sional enfermeiro se faz oportuno, melhorando o enfrentamento do cuidador por meio do ensino sobre saúde, em busca de melhoria das condições de saúde do mesmo(8).

Considerando o exposto, é importante que a equipe de ESF compreenda as necessidades do cuidador para que possa planejar e executar intervenções apro-priadas. Assim, um projeto de extensão do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM), intitulado “Assistência Domiciliar de Enfermagem às Famílias de Idosos Dependentes de Cuidados” (ADEFI), tem desenvolvido ações voltadas para a atenção domiciliar de idosos pertencen-tes à área de abrangência de uma equipe de ESF.

Em parceria com essa equipe, o referido projeto busca desenvolver inter-venções para os cuidadores informais de idosos dependentes de cuidados, e para isso, desenvolveu a presente proposta de pesquisa, colaborando com as práticas de saúde ao permitir desvelar a caracteriza-ção do perfil desses cuidadores e suas possíveis necessidades de cuidado, visto que essa colaboração prescinde de levan-tamento prévio das condições de vida e saúde dos mesmos.

Diante disso, a questão que norteou o presente estudo foi: qual o contexto de vida e saúde do cuidador informal de idosos dependentes de cuidados? Assim, o estudo objetivou analisar o contexto de vida e saúde dos cuidadores informais de idosos dependentes de cuidados.

MÉTODOS

Tratou-se de um estudo de campo descritivo, de caráter quantitativo,

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Contexto de vida e saúde de cuidadores de idosos

realizado com cuidadores de idosos dependentes de cuidados residentes na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vardelina, localizada no município de Maringá, no Norte Central do Estado do Paraná, Brasil.

A seleção dos sujeitos da pesquisa ocorreu por conveniência pelo pesquisa-dor e pela equipe de ESF da referida UBS. Como critérios de inclusão foram estabelecidos que os participantes deve-riam ser cuidadores informais de idosos que apresentassem dependência para atividades diárias e serem identificados como cuidadores principais, além de serem atendidos pelo projeto de extensão em enfermagem, o ADEFI. O mesmo ocorre na UBS Vardelina em parceria com a Universidade Estadual de Maringá, desde julho de 2016. Não houve critérios de exclusão. Atendendo aos critérios, integraram a população-alvo e aceitaram participar do estudo 15 cuidadores de idosos.

Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada individual realizada no domicílio do idoso, utilizan-do-se de dois instrumentos: um formulá-rio sociodemográfico e de hábitos/con-dições de vida e saúde; e a escala de Sobrecarga de Zarit Reduzida. O formu-lário sociodemográfico e de hábitos/con-dições de vida e saúde foi formulado pelos próprios pesquisadores e dividido em três partes: identificação do cuidador, identificação de hábitos de vida e condições de saúde. Foram incluídas no formulário as seguintes variáveis: idade, sexo, escolaridade, ocupação, situação conjugal, parentesco em relação ao idoso, coabitação com o idoso, tempo que cuida do idoso, se recebe ajuda para exercer o cuidado, realização de atividade física e social, presença de morbidades e se recebeu capacitação para exercer a função de cuidador.

Para mensurar a sobrecarga objetiva e subjetiva do cuidador em relação aos cuidados prestados ao idoso, utilizou-se o segundo instrumento, a escala de Sobrecarga de Zarit Reduzida(9),

tradu-zida e validada no ano de 2002 para a cultura brasileira(10). Esta escala possui

sete itens no formato de escala de Likert e tem como objetivo avaliar o impacto causado pelo cuidar nos aspectos físicos, emocionais e sociais, apresentando os

seguintes escores: até 14 pontos sobrecarga leve; 15 a 21 pontos sobre-carga moderada; e acima de 22 pontos sobrecarga grave.

Os instrumentos de coleta foram aplicados pelo pesquisador e após a coleta de dados realizou-se a condensa-ção das informações em planilha e posteriormente análise a partir de estatí-stica descritiva, por meio do programa computacional Microsoft Excel 2010®. Os achados foram discutidos com literatura atual e pertinente.

A pesquisa fazia parte de um estudo maior que foi submetido ao Comitê Permanente de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (COPEP/UEM), e obteve pare-cer favorável (CAEE: 37457414.6. 0000.0104, parecer nº 1.954.350). O consentimento dos participantes foi assegurado pela assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias.

RESULTADOS

Participaram da pesquisa 15 cuida-dores de idosos. Destes, 11 (73,4%) eram filhos ou filhas, 02 (13,4%) marido ou esposa, 01 (6,6%) pai ou mãe e 01 (6,6%) irmã ou irmão dos idosos. As variáveis sociodemográficas, de hábitos de vida e condições de saúde desta população são apresentadas a seguir na Tabela 1.

Observou-se que a maioria da população é do sexo feminino (86%) e enquadra-se na faixa etária maior que 60 anos (60%); com Ensino Fundamental Incompleto (66,7%);

aposentado ou pensionista (60%);

coabitando com o idoso (86%); com presença de alguma morbidade (80%); cuidando a menos de cinco anos (53,4%), sem receber auxílio de ninguém (93,4%); e não receberam capacitação para a função de cuidador (93,4%).

As condições de saúde mais

frequentes foram relacionadas ao apare-lho locomotor, como osteoporose, artrose e atrite, com oito (53,3%) cuidadores; Hipertensão Arterial Sistêmica, com sete (46,7%); Diabetes mellitus com dois (13,3%); e três (20,0%) cuidadores não apresentaram nenhuma morbidade.

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Contexto de vida e saúde de cuidadores de idosos

Tabela 1. Caracterização dos cuidadores de idosos

dependentes de cuidados. Maringá-PR, Brasil, 2017-2018.

Variáveis N % Sexo Masculino 02 14,0 Feminino 13 86,0 Idade <60 anos 06 40,0 >60 anos 09 60,0 Escolaridade

Ensino Fundamental Incompleto 10 66,7 Ensino Fundamental Completo ou

mais 05 33,3 Situação conjugal Casado/união consensual 06 40,0 Solteiros 06 40,0 Viúvos 03 20,0 Ocupação Exercendo atividade 06 40,0 Aposentado ou pensionista 09 60,0

Parentesco com relação ao idoso

Filha/filho 11 73,4

Marido/esposa 02 13,4

Pai/mãe 01 6,6

Irmão/irmã 01 6,6

Coabitação com o idoso

Sim 13 86,0

Não 02 14,0

Presença de morbidade

Sim 12 80,0

Não 03 20,0

Tempo que cuida do idoso

Menos de cinco anos 08 53,4

6 a 10 anos 03 20,0 11 a 20 anos 02 13,3 Mais de 20 anos 02 13,3 Atividade social Sim 05 33,3 Não 10 66,7 Atividade Física Sim 06 40,0 Não 09 60,0

Recebe ajuda para exercer o cuidado

Sim 01 6,6

Não 14 93,4

Recebeu capacitação para a função de cuidador

Sim 01 6,6

Não 14 93,4

Total 15 100,0

Na Tabela 2 são abordados os escores obtidos na aplicação da escala de Sobrecarga de Zarit Reduzida, nos cuidadores de idosos dependentes de cuidados. Identificou-se que todos os cuidadores apresentaram algum nível de sobrecarga, sendo que 46,8% apresenta-ram escores de até 14 pontos, configu-rando-se como sobrecarga leve, seguido

de quatro (26,6%) cuidadores classifica-dos com sobrecarga moderada e quatro (26,6%) com sobrecarga grave.

Tabela 2. Escore da sobrecarga do cuidador de

idosos dependentes de cuidados a partir da escala de Sobrecarga de Zarit Reduzida. Maringá - PR, 2017-2018. Sobrecarga N % Sobrecarga Leve Até 14 pontos 07 46,8 Sobrecarga Moderada De 15 a 21 pontos 04 26,6 Sobrecarga Grave 22 ou mais pontos 04 26,6 Total 15 100,0 DISCUSSÃO

Os dados revelaram que a maioria dos cuidadores entrevistados era mulher e filha dos idosos dependentes de cuidado, corroborando com achados de outros estudos(3,4). Quando um familiar adoece

comumente a mulher assume a respon-sabilidade pelo cuidado, e apesar da diminuição da taxa de fecundidade (diminuição do número de membros nas famílias) e da inserção das mulheres no mercado de trabalho, as atribuições de cuidado são socialmente compreendidas como natural e inerente ao papel da mulher, na função de prover o cuidado da casa, dos filhos e do esposo(11,12). De

forma pouco usual o homem se responsa-biliza pelos cuidados diretos, contribuindo apenas secundariamente(13).

Além disso, a família tem sido apontada como a principal fonte de apoio aos idosos, cumprindo as normas sociais estabele-cidas(4). O fato de o parentesco ser de

filiação pode gerar um fator de risco de sobrecarga ao cuidador, considerando que está exposto frequentemente as demandas do cuidado, ocupação com atividades domésticas e outras atividades, remunera-das ou não. Essa possível sobrecarga pode gerar impactos negativos na qualidade de vida dos cuidadores(3,13).

Apesar da maioria dos cuidadores de idosos do presente estudo serem filhos, uma parte foi constituída por cônjuges. Vale ressaltar o fato de que encontramos uma realidade na qual os idosos têm cuidado de outros idosos mais depen-dentes. A semelhança de faixa etária pode influenciar em aspectos físicos,

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Contexto de vida e saúde de cuidadores de idosos

emocionais e sociais do cuidador, contri-buindo para seu isolamento social(14).

Segundo pesquisa realizada para avaliar a sobrecarga do cuidador relacionada aos aspectos físicos, psicológicos, financeiros e qualidade de vida(15), cuidadores idosos

têm apresentado perdas funcionais importantes que ressoam em uma dimi-nuição de suas potencialidades globais, o que também pode justificar a relação entre o domínio capacidade funcional e a faixa etária superior a 60 anos(14).

Em relação ao estado marital, observou-se que a porcentagem de cuidadores casados/união consensual e solteiros é a mesma. A presença de um companheiro pode ser benéfica e facilita-dora, mas também pode causar atritos na família, dependendo da forma como o companheiro encara a situação. O cônju-ge pode ser fonte de apoio emocional e instrumental ao cuidador, mas também pode não aceitar o compromisso do cuidado e o tempo disponibilizado para essa função(4,16). Um cuidador informal,

normalmente dispensa tempo integral para cuidar do idoso, faltando-lhe tempo para cuidar de seu cônjuge(3).

Os cuidadores da presente pesquisa, predominantemente residiam com o idoso, realizavam o cuidado sem apoio e não praticavam qualquer atividade social e/ou física. Esse resultado também é apontado em outros estudos(2,4). Quanto

maior a interação entre o cuidador e o idoso, maiores são as modificações necessárias na vida do cuidador, ocasio-nando um aumento no nível de sobrecar-ga pela demanda de cuidados diários e ininterruptos(3).

Os maiores obstáculos vivenciados no processo de cuidar, são a impossibilidade de sair de casa e a realização atividades de lazer, pois, sentem-se responsáveis e preocupados diariamente com a doença e o cuidado do idoso(14). A ausência da

prática rotineira de atividades sociais e/ou físicas, também se caracteriza como um fator que pode contribuir para aumento da sobrecarga. Quando o cuidador destina maior parte do tempo ao idoso e suas necessidades, acaba negli-genciando sua própria vida, necessidades e consequentemente sua saúde(3). O

cuidador deixa de sentir que tem auto-nomia para gerenciar a própria vida e tem de viver em torno do outro(14).

Destaca-se também no presente estudo que a maioria dos cuidadores (80,0%) apresenta uma ou mais morbidades. As condições negativas de saúde apresentadas pelos cuidadores podem ser reflexo de um dia a dia exaustivo e estressante, assim como da falta de preparação para realização dos cuidados(3,4). Prevalentemente, as

ativi-dades realizadas pelos cuidadores neces-sitam de esforço físico, sendo necessário condicionamento físico para executar as tarefas pesadas(17).

No tocante aos escores obtidos na Escala de Sobrecarga Zarit Reduzida, todos os cuidadores apresentaram algum grau de sobrecarga, com destaque para a sobrecarga leve (46,8%). Os resultados diferem da literatura, que aponta para um índice maior de cuidadores com grau grave de sobrecarga(2,3,4). Essa

desseme-lhança pode estar relacionada ao fato do tempo de cuidado ter sido menor do que cinco anos. O grau de sobrecarga do cuidador está intimamente relacionado ao grau de fragilização e dependência do idoso assistido(18), além do tempo gasto

diariamente para cuidar e a exposição por tempo prolongado.

Concernente à preparação para a realização do cuidado, a maioria dos cuidadores (93,4%) não recebeu orien-tação formal para assumir esse papel. Nesse contexto, o Enfermeiro desem-penha papel fundamental, considerando que este profissional estabelece vínculo com o cuidador e seus familiares, e pode orientar quanto a sistematização da assistência, para que o cuidador não se sobrecarregue diante dos cuidados pres-tados. Além de ser nato educador em saúde, o Enfermeiro possui ferramentas necessárias para propor estratégias de qualificação do cuidado e de promoção da qualidade de vida do binômio idoso e cuidador(3).

Por fim, políticas para qualificar o cuidado formal e informal e partilhar de forma igualitária as cargas de atendi-mento em rede familiar, podem atenuar processos negativos relacionados ao bem-estar dos cuidadores, além de pro-mover apoio psicológico que também ameniza o mal-estar emocional(13).

Como limitações do estudo ressalta-se o número reduzido de participantes e seleção constituída por conveniência, o

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Contexto de vida e saúde de cuidadores de idosos

que limita a generalização dos resultados para a população de cuidadores de idosos

presentes nos diferentes cenários

brasileiros. Sugere-se a realização de novos estudos que abordem o perfil dos cuidadores informais de idosos depen-dentes de cuidado utilizando diferentes abordagens metodológicas, visto que o contexto de vida e saúde dos cuidadores de idosos ainda carece de aprofun-damento científico.

CONCLUSÃO

A presente pesquisa permitiu avaliar o grau de sobrecarga dos cuidadores informais de idosos dependentes de cuidado e caracterizá-los a partir dos aspectos sociodemográficos, de hábitos de vida e condições de saúde. Os resulta-dos apontaram que predominantemente

os cuidadores são do sexo feminino, filhas, coabitam com o idoso, não praticam atividades físicas e/ou sociais, não recebem auxílio para realizar o cuidado, não receberam capacitação, além de todos apresentarem algum grau de sobrecarga.

Acredita-se que os cuidadores de idosos possuem pouca visibilidade frente ao serviço de saúde, há fragilidades tanto na saúde do cuidador, quanto na assistência ofertada ao idoso. Assim, torna-se imprescindível que a equipe de saúde dispense maior atenção a essa população, planejando ações de saúde com foco na prevenção e manejo da sobrecarga dos cuidadores de idosos, prevenindo o esgotamento físico e psicológico, promovendo a qualidade de vida desses indivíduos, e com isso, também a qualificação do cuidado ofertado por eles.

Contribuição individual dos autores: Sarpi MJY; Nogueira IS e Lourenço MP: Participaram na concepção e

redação do projeto; coleta, análise e interpretação dos dados; redação do artigo e aprovação final da versão a ser publicada. Carreira L e Baldissera VDA: Participaram da revisão crítica relevante do conteúdo intelectual e aprovação final da versão a ser publicada. Todos os autores declaram ser responsáveis por todos os aspectos do trabalho, garantindo sua precisão e integridade.

Submetido: 21/05/2019 Aceito em: 18/08/2019

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