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Macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores da qualidade da água em uma lagoa do IFMG - campus Bambuí

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Academic year: 2021

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Macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores da qualidade da água

em uma lagoa do IFMG - campus Bambuí

Izabela Tassar Évora Leite (¹), Júlia Pimenta Melo Carvalho (¹) , Ludmila Maria

Gonçalves Godoi de Camargos (¹), Graziele Wolff de Almeida Carvalho(2)

(¹) Mestranda em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental. Instituto Federal Minas Gerais (IFMG), campus

Bambuí. Rod. Bambuí/Medeiros km 5. CEP: 38900-000. Bambuí/MG. (2) Professora - Instituto Federal Minas

Gerais, campus São João Evangelista. Avenida Primeiro de Junho,104, Centro. CEP: 39705-000. São João Evangelista/MG.

RESUMO

Os macroinvertebrados bentônicos são considerados bons bioindicadores da qualidade da água. A presença ou ausência, assim como a abundância ou escassez de algumas espécies, podem ser indicativos do grau de poluição aquática. Visando identificar e avaliar marcroinvertebrados bentônicos presentes em uma lagoa do IFMG – Campus Bambuí, foram feitas 3 coletas em locais distintos da lagoa e triagem das amostras em laboratório, com a utilização de estereomicroscópios e instrumentos indicados para esse tipo de identificação. Ao todo foram coletados 297 indivíduos, 293 do filo Arthropoda, sendo que 65 são do subfilo Crustacea e 4 do filo Mollusca. Dentre esses, 111 são organismos da ordem Plecoptera e Ephemeroptera pertencentes ao filo Arthropoda. Tais organismos são sensíveis ou intolerantes à poluição devido ao fato de que a sua sobrevivência depende de altas concentrações de oxigênio. Indivíduos da ordem Odonata, também foram identificados, o que pode ter relação com presença de matéria orgânica, muito comum em ambientes lênticos. Após a realização de todas as etapas do estudo concluiu-se que a água da lagoa apresenta qualidade boa, o que justifica a abundância de indivíduos e contribui para a manutenção de todo ecossistema aquático presente no ambiente estudado.

Palavras-chave: Ecossistemas aquáticos, Biomonitoramento, Macroinvertebrados aquáticos,

Ambientes lênticos.

INTRODUÇÃO

Os impactos ambientais decorrentes de atividades antrópicas têm alterado fortemente os ecossistemas aquáticos. A demanda de água doce é demasiadamente grande em todo o mundo, sendo a perda de qualidade, um contribuinte para a redução de sua disponibilidade.

O monitoramento ambiental permite compreender as relações das ações humanas com o meio ambiente, através da determinação das condições dos ecossistemas e da verificação de impactos ambientais. A integridade dos ecossistemas aquáticos pode ser manejada através do uso de

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bioindicadores, que constituem importante ferramenta na avaliação dos efeitos de perturbações e alterações no ambiente.

O biomonitoramento de corpos hídricos através do uso de macroinvertebrados bentônicos – organismos que habitam o fundo de ecossistemas aquáticos durante pelo menos parte de seu ciclo de vida – é cada vez mais usado e aceito como uma importante ferramenta na avaliação da qualidade da água. A comunidade de invertebrados bentônicos de água doce apresenta uma elevada riqueza taxonômica, incluindo protozoários, vermes pertencentes a diversos filos, crustáceos, moluscos e insetos (adultos e imaturos), entre outros (SILVEIRA et.al., 2004).

O presente estudo teve por objetivo o levantamento qualitativo de macroinvertebrados bentônicos associados aos sedimentos de uma das lagoas artificiais localizada no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) - campus Bambuí, avaliando a relação das espécies encontradas com a qualidade da água.

MATERIAL E MÉTODO

O presente estudo foi realizado em uma das lagoas artificiais localizada no IFMG - Campus Bambuí, no mês de outubro de 2015. A lagoa está localizada logo na entrada do campus, à direita da guarita de acesso (Figura 1).

Figura 1: Localização da lagoa amostrada (IFMG – campus Bambuí). Fonte: Google Maps.

A metodologia utilizada foi baseada em dois estudos, sendo eles um artigo científico e um Comunicado Técnico da Embrapa, ambos sobre amostragem de Macroinvertebrados Bentônicos. A técnica de coleta foi adaptada para melhor adequação às condições ambientais observadas na lagoa em estudo.

- Coleta de campo

As amostras da comunidade bentônica foram coletadas em três pontos diferentes, à margem da lagoa. Posteriormente, o material amostrado foi levado para o Laboratório de Entomologia do IFMG – campus Bambuí para triagem dos macroinvertebrados bentônicos capturados.

Na ausência de uma draga, foi utilizado um puçá para coleta dos sedimentos. As características do coletor usado dependem dos objetivos da pesquisa, tais como a presença ou

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ausência de indivíduos muito pequenos ou até mesmo imaturos (SILVEIRA et.al., 2004). A Coleta foi realizada de acordo com as etapas descritas a seguir. 1- Revolvimento do sedimento com o auxílio de uma pá; 2- Posicionamento do puçá no fundo da lagoa para a retirada do sedimento; 3- Transferência do material coletado para potes transparentes; 4- Fixação das amostras em álcool etílico 70%. 5- Verificação de indivíduos presos ao puçá quando da transferência do sedimento para os potes transparentes.

- Análises Laboratoriais

As etapas de triagem em laboratório foram feitas conforme Silveira et. al. (2004), descritas a seguir. 1- Retirada da parte grosseira do substrato (ex: galhos, pedras e folhas); 2- Lavagem das amostras em água corrente com auxílio de uma peneira de malha fina; 3- Transferência para uma bandeja com solução supersaturada de açúcar; 4- Triagem dos indivíduos presentes e identificação em estereomicroscópio com aumento de 40x. Para garantir a qualidade do trabalho, a peneira deve ser metálica com malhas semelhante à do instrumento coletor utilizado (RAMOS, 2008).

Alguns indivíduos foram fotografados por câmera acoplada ao estereomicroscópio para melhor exemplificação dos indivíduos coletados. Após a triagem, os espécimes foram identificados e a sua presença relacionada com a qualidade da água da lagoa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação à presença de macroinvertebrados bentônicos, foi encontrado um total de 297 espécimes pertencentes aos filos Arthropoda e Mollusca, incluindo subfilo de Arthropoda – Crustacea. Os indivíduos foram classificados apenas até nível de ordem, conforme apresentados na tabela 1.

Tabela 1: Espécimes coletados em uma das lagoas artificiais do IFMG – campus Bambuí.

Filo Classe Ordem Nº de indivíduos

Arthropoda SubFilo Crustacea Insecta Plecoptera 35 Insecta Ephemeroptera 76 Insecta Trichoptera 08 Insecta Coleoptera 10 Insecta Heteroptera 01 Insecta Odonata 80 Insecta Diptera 18 Branchiopoda Cladocera 65 Mollusca Gastropoda ---- 04

Segundo Goulart e Callisto (2003), a diversidade nas comunidades biológicas reflete a integridade ecológica dos ecossistemas, além de representar uma ferramenta importante de

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monitoramento biológico, através do qual se pode avaliar as respostas da comunidade biológica a modificações nas condições ambientais originais.

A diversidade dos macroinvertebrados bentônicos amostrados revelou uma maior abundância de alguns grupos taxonômicos específicos como Odonata, Ephemeroptera e Plecoptera. Dentre esses, os organismos da ordem Plecoptera e Ephemeroptera são considerados insetos aquáticos sensíveis ou intolerantes à poluição, uma vez que necessitam de elevadas concentrações de oxigênio dissolvido na água para sua sobrevivência. A presença de larvas de Odonata em grande quantidade, igualmente pode ser associada à boa qualidade da água, visto que a maior parte das espécies desse grupo taxonômico necessita de condições restritas para sua manutenção e sobrevivência (STERZ e. al., 2011). A elevada incidência de indivíduos da ordem Odonata pode estar relacionada à presença de substrato rico em matéria orgânica (vegetação em decomposição) e substrato argiloso na lagoa amostrada.

Em relação aos microcrustáceos de água doce (Cladocera), conhecidos popularmente como pulga d’água, apesar de não serem considerados macroinvertebrados bentônicos, normalmente apresentam grande representatividade nos corpos d’água lênticos e também são utilizados como indicadores biológicos em estudos de qualidade da água (DEZOTTI, 2008).

A figura 2 mostra fotografias de macroinvertebrados bentônicos obtidas durante a etapa de triagem e classificação dos organismos observados. O último indivíduo ilustrado na figura é um representante da ordem +666, que também pode ser empregado em estudos de biomonitoramento.

Figura 2: Macroinvertebrados bentônicos observados em amostra de água coletada em uma das lagoas artificiais do IFMG – campus Bambuí.

Apesar de não ter se apresentado em número tão representativo, insetos da ordem Trichoptera também são considerados indicadores de boa qualidade de cursos d’água (STERZ e. al., 2011).

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Considerando o levantamento realizado, o grupo de macroinvertebrados bentônicos resistentes – formado principalmente por representantes dos filos Mollusca, Annelida e insetos da ordem Diptera – teve representatividade relativamente baixa nas amostras coletadas, quando comparados aos demais grupos taxonômicos identificados.

CONCLUSÃO

O levantamento qualitativo de macroinvertebrados bentônicos constitui importante ferramenta no monitoramento de corpos hídricos, especialmente de lagoas artificiais, sendo esses organismos bioindicadores da qualidade da água.

A diversidade de macroinvertebrados bentônicos encontrada permite inferir que a lagoa artificial do IFMG – campus Bambuí, objeto do presente estudo, apresenta condições ambientais satisfatórias, em relação a qualidade da água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEZOTTI, M. Processos e técnicas para o controle ambiental de efluentes líquidos. Rio de Janeiro: E-papers, 2008. 360p.

GOULART, M. D.; CALLISTO, M. Bioindicadores de qualidade de água como ferramenta em estudos de impacto ambiental. Revista FAPAM, ano 2, n. 1, 2003.

RAMOS, R. C. Estudo da composição taxonômica e da densidade de macroinvertebrados bentônicos no sistema de lagoas naturais do vale do médio Rio Doce (MG), com ênfase na espécie de molusco exótica Melanoides tuberculata (Müller, 1774). 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2008. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18139/tde-05032009-132213/>. Acesso em: 2015-11-23.

SILVEIRA, M. P.; QUEIROZ, J. F. de; BOEIRA, R. C. Protocolo de Coleta e Preparação de Amostras de Macroinvertebrados Bentônicos em Riachos. Comunicado Técnico 19. EMBRAPA Meio Ambiente. Jaguariúna-SP, Outubro, 2004. 7 p.

STERZ, C.; ROZA-GOMES, M. F.; ROSSI, E.M. Análise microbiológica e avaliação de macroinvertebrados bentônicos como indicadores da qualidade da água do riacho Capivara, município de Mondaí, SC. Unoesc & Ciência – ACBS, vol. 2, n. 1, p.7-16, jan./ jun. 2011.

Referências

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