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Escola Nacional de. Saúde Pública

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Saúde Pública

6º CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA

(2002/2004)

MÓDULO DE INTRODUÇÃO À PROMOÇÃO E PROTECÇÃO DA

SAÚDE

CUIDADOS CONTINUADOS DE SAÚDE E

APOIO SOCIAL

- UMA REFLEXÃO -

Elaborado por: Paulo Alexandre Lopes dos Santos

LISBOA ABRIL DE 2003

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PAULO ALEXANDRE LOPES DOS SANTOS 1

ÍNDICE

0 - INTRODUÇÃO ...2

1 - ÁREA TEMÁTICA ...4

1.1. OBJECTIVOS DOS CUIDADOS CONTINUADOS DE SAÚDE E APOIO SOCIAL...4

1.2. INÍCIO E EVOLUÇÃO DOS CUIDADOS CONTINUADOS NO CENTRO DE SAÚDE DE MAFRA...5

1.3. PROMOÇÃO DA SAÚDE DE ACORDO COM A CARTA DE OTTAWA...6

2 - CONCLUSÃO ...9

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0 - INTRODUÇÃO

O cidadão e a sociedade são a razão de existir do sistema de saúde. Qualquer um destes elementos é essencial para a melhoria da saúde. Esta não pode e não deve ser vista como um fim em si mesmo; ela funciona como um recurso para a vida. Sem ela dificilmente se conseguirá obter uma vida agradável. Assim, torna-se primordial a participação e a responsabilização do cidadão na promoção da sua própria saúde tornando-se também ele um elemento importante no Sistema de Saúde, participando activamente no desenvolvimento deste serviço.

Apesar de todos estarmos conscientes dos benefícios que advêm destas mudanças estruturais, alguns factores dificultadores emergem, como o envelhecimento da população, o aparecimento marcante de doenças crónicas, as mudanças na estrutura tradicional familiar e a racionalização dos recursos são factores adjuvantes para uma elevada e crescente taxa de dependência da população dos serviços de saúde.

Tendo em conta este aumento de dependência, existe uma grande preocupação em promover a autonomia dos utentes em situação de doença e consequentemente de dependência, reforçando e promovendo o envolvimento familiar para lidar com estas situações.

Os esforços desenvolvidos ao longo dos últimos tempos, quer do ponto de vista social quer do ponto de vista da saúde, no sentido de dar respostas aos utentes na comunidade que carecem de Cuidados Continuados têm sido amplamente desenvolvidos, no entanto, insuficientes para o grau de carência das populações.

Através do Despacho Conjunto nº 407/98 dos Ministérios da Saúde e do Trabalho e Solidariedade, está aberta a porta para a criação de respostas integradas em matéria de cuidados continuados, dirigidos à população em situação de dependência, onde se englobam as pessoas idosas, garantindo assim a articulação e intervenção integrada dos sectores da saúde e da acção social.

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Assim este ensaio, terá como objectivo:

• Reflectir sobre a actividade dos Cuidados Continuados no meu local de trabalho (Centro de Saúde de Mafra), tendo em conta os princípios da promoção de saúde. • Dar a conhecer ao meio académico uma experiência, na área dos cuidados

continuados, numa vertente de Rede de Cuidados Comunitarios.

Para isso a área temática será desenvolvida baseando-se em três aspectos fundamentais: os objectivos dos Cuidados Continuados de Saúde e Apoio Social, o início e a evolução dos Cuidados Continuados no Centro de Saúde de Mafra, e o enquadramento dos mesmos na vertente da Promoção da Saúde analisando os enfoques da Carta de Ottawa.

Na conclusão irei referenciar quais as estratégias que considero necessárias para que se possa concretizar efectivamente um programa de Promoção de Saúde de uma determinada população no âmbito dos Cuidados Continuados.

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1 - ÁREA TEMÁTICA

1.1. OBJECTIVOS DOS CUIDADOS CONTINUADOS DE SAÚDE E APOIO SOCIAL

As transformações demográficas, sociais e familiares da sociedade têm vindo a revelar, com particular incidência, o aumento da população idosa com perda de autonomia, bem como o aparecimento de situações problemáticas no âmbito da saúde mental, dependência física, isolamento e exclusão social de sectores expressivos e tendencialmente crescentes em termos sociais.

A intervenção qualitativa e eficaz neste quadro referencial, passa, por imperativo da complexidade dos problemas sociais daí decorrentes, pelo estabelecimento de redes sociais locais de apoio integrado que estabeleçam entre si objectivos convergentes na vertente da prestação de Cuidados Continuados de Saúde e Apoio Social, de forma humanizada, global, continuada e executada, preferencialmente, no ambiente quotidiano dos indivíduos/famílias (ambulatório / domiciliário).

Assim, os Cuidados Continuados de Saúde e Apoio Social têm como objectivos:

• Promover a saúde e qualidade de vida dos idosos e/ou de outras pessoas em situação de dependência e contribuir para a sua integração sócio-familiar e comunitária; • Manter a autonomia no domicílio e no seu ambiente habitual;

• Assegurar a mobilidade e a acessibilidade a benefícios e a serviços;

• Apoiar e formar as famílias, voluntários e outras pessoas da comunidade que assegurem cuidados ou acompanhem este tipo de situações;

e deverão contribuir para:

• Criar respostas integradas entre os sectores da saúde e social, quer no domicílio, quer em regime ambulatório, de forma a colmatar o aumento exponencial do número de pessoas portadoras de doença crónicas, com curso inexorável para a deficiência, para a desvantagem e para a incapacidade, entre as quais se inclui uma percentagem significativa de pessoas idosas, que apresentam necessidades acrescidas de apoio social sem redução da necessidade de cuidados de saúde;

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• Promover e melhorar a prestação de cuidados de saúde e de apoio social integrados às pessoas idosas, centrados em equipas multidisciplinares, que possuam recursos humanos devidamente formados, e centrem a sua actuação numa componente de reabilitação e de acompanhamento, através de cuidados de média e de longa duração, indispensáveis a um sistema de saúde que se quer adequado para responder às necessidades de uma população em envelhecimento.

1.2. INÍCIO E EVOLUÇÃO DOS CUIDADOS CONTINUADOS NO CENTRO DE SAÚDE DE MAFRA

Tendo em conta o atrás referenciado, em Agosto de 2000, iniciei funções no Centro de Saúde de Mafra, e propus-me a iniciar o Programa de Cuidados Continuados, juntamente com mais dois colegas, com uma nova perspectiva de actuação, isto é, envolvendo, responsabilizando e estimulando toda a comunidade e a equipa de profissionais, da qual o utente/família faz parte integrante e participante. Por outro lado a actuação passou a ser, não só no aspecto curativo, mas também na vertente da promoção da saúde, evitando assim as incapacidades e as consequências que levariam a curto prazo a intervenções curativas.

Fez-se inicialmente um levantamento dos recursos comunitários, conseguindo-se envolver os Serviços de Apoio Domiciliário, que são de extrema importância no sucesso deste tipo de cuidados, tendo-se conseguido uma relação de interajuda entre o Centro de Saúde e Instituições Particulares de Solidariedade Social, nomeadamente o Posto de Assistência da Malveira e o Centro Social e Paroquial do Milharado.

Este programa abrangeu inicialmente cerca de 30% da população de todo o Centro de Saúde, e neste momento, após várias avaliações e devido ao sucesso deste modo de actuação, cerca de 75% a área do Centro de Saúde está abrangida; também as Organizações Não Governamentais e Organizações Governamentais têm-nos acompanhado nesta evolução; existem actualmente parcerias com protocolos não formalizados com as seguintes Instituições:

• Posto de Assistência da Malveira; • Centro Social e Paroquial do Milharado; • Centro Social e Paroquial da Igreja Nova; • Centro Social e Paroquial de Sto. Isidoro;

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• Centro Social e Paroquial do Livramento; • Casa Mãe do Gradil;

• Juntas de Freguesia das várias localidades; • Câmara Municipal de Mafra

• Santa Casa da Misericórdia de Venda do Pinheiro

De salientar a formação desta última instituição, o seu aparecimento deveu-se ao facto das necessidades sentidas por parte da actuação do programa dos Cuidados Continuados, sendo dois dos elementos que iniciaram o programa, que fazem parte dos fundadores desta instituição, levando assim a perceber de como os profissionais da saúde não só deverão incentivar estas parcerias, mas também apoiar a formação de instituições, incutindo logo de inicio a filosofia de intersectorialidade que se pretende desenvolver.

A diferença essencial desta nova forma de olhar e de atacar os problemas centra-se na ideia de que os cuidados são planeados, e o atendimento é personalizado, recorrendo-se e adequando-se aos meios disponíveis de forma sistemática e organizada.

1.3. PROMOÇÃO DA SAÚDE DE ACORDO COM A CARTA DE OTTAWA

Na Carta de Ottawa (OMS, 1986) são definidas cinco estratégias, sendo elas: a elaboração de políticas de saúde; a criação de meio ambiente saudável; o fortalecimento de acção comunitária; o desenvolvimento de habilidades pessoais e a reorientação dos serviços de saúde.

Em relação às políticas de saúde, isto é, o envolvimento do estado como incentivador na construção e envolvimento de parcerias, é compreendido através do Despacho Conjunto nº 407/98 dos Ministérios da Saúde e do Trabalho e Solidariedade e com o novo Dec. Lei nº 60/2003 de 1 de Abril, sobre a nova lei da Rede de Prestação de Cuidados de Saúde Primários, em que vem reforçar a ideia da necessidade de formar parcerias com entidades sociais, para que o funcionamento dos serviços de saúde esteja mais próximos dos cidadãos, das suas famílias e comunidades, e assim mais eficientes e socialmente mais justos e solidários.

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Referente ao meio ambiente, a importância das redes sociais de apoio, reflecte-se num maior equilíbrio do indivíduo com o meio que o rodeia. Segundo Nunes (2003), a existência de episódio traumáticos na vida dos idosos (como por exemplo, a morte do cônjuge, ou a diminuição da actividade social, ou a doença), não levam a repercussões a nível da saúde mental, se houver estas redes sociais.

Na acção comunitária o incentivo à participação de redes de apoio social local, é de extrema importância, pois são estas instituições, cujo trabalho assenta muitas vezes num regime de voluntariado, que fazem apelo aos direitos dos doentes e famílias, exigem respeito pela pessoa, justiça, liberdade, autonomia e tolerância, de forma a manterem ou atingirem um lugar social digno, Fayn (1998). A sua força desenvolve-se no acolhimento e escuta personalizada de quem sofre e das respectivas famílias. Actuam como defensoras dos direitos de cidadania, lutando contra a marginalização, o abandono e o isolamento, em defesa da dignidade dos mais carenciados, combatendo assim de uma maneira mais eficaz as inequidades e desigualdades em saúde.

Referente ao desenvolvimento de competências pessoais, a intervenção na vertente da educação, através do ensino e da informação aos familiares, parentela, vizinhos, amigos, voluntariado, assistentes domiciliárias, profissionais de saúde, e comunidade em geral, tem sido uma linha de actuação, utilizando para isso um princípio fundamental de promoção de saúde, de que facilitando a informação e formação às pessoas, só assim estas estarão habilitadas a lidar com os desafios quotidianos controlando os seus problemas de saúde, para poderem tomar decisões saudáveis. Para esta concretização existe um programa de formação e educação, direccionado para os prestadores formais e informais; a utilização da imprensa local, através de artigos informativos, para divulgação à comunidade das actividades, acções de formação dirigidos aos profissionais com o objectivo de trocas de experiências, e outras iniciativas dentro deste âmbito com carácter informal, sendo estas últimas importantes pelo facto de estimular as iniciativas individuais, aproveitar deste modo as oportunidades que surgem somente nestas situações, para que as pessoas intervenientes se possam sentir envolvidas.

Para que todo este modo de actuação tivesse resultados, os Serviços de Saúde Local tiveram que ser reorganizados. A promoção da saúde não depende somente do sector Saúde, é necessário a colaboração activa dos indivíduos e os outros actores da vida social, no entanto

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deve ser a Saúde o incentivador, e procurar meios e estratégias na comunidade para poder envolver e coordenar os recursos existentes. Assim, houve mudanças estruturais, tentando que o Centro de Saúde se mobilizasse para o exterior, através do contacto dos seus profissionais com as pessoas inseridas na comunidade, de forma a conhecer os seus problemas. Por outro lado, o facto de esta perspectiva de cuidados continuados dar prioridade à promoção, obrigou a que os próprios profissionais tivessem outra visão, para isso foi necessário formar equipes com estruturas de liderança que pudessem incutir e envolver os profissionais, para apoiar estas actividades.

Também para que todo este trabalho tivesse visibilidade exterior, foi necessário fazer avaliações a nível da eficiência e da qualidade, tendo para isso sido concebido um programa informático, podendo através dele organizar, planificar, registar e avaliar as actuações, demonstrando a efectividade do programa dos Cuidados Continuados.

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2 - CONCLUSÃO

Após esta reflexão penso que as estratégias utilizadas, na actuação dos Cuidados Continuados, de forma integrada e intersectorial, têm ido ao encontro dos enfoques da Carta de Ottawa e simultaneamente enquadradas nos objectivos gerais do programa comunitário no domínio da saúde pública 2003-2008, através do desenvolvimento de redes de apoio social que se por um lado contribuem para a Promoção da Saúde, através do aumento de qualidade de vida dos mais idosos e/ou dependentes, por outro defendem os mais carenciados, minimizando assim as consequências económicas e sociais da falta de saúde.

Cada região deverá reunir os seus próprios recursos no sentido de programar a prestação de serviços aos grupos sociais vulneráveis e/ou em situações de dependência, temporária ou definitiva. Só assim, será possível organizar e optimizar, entre outros, a prestação de cuidados integrados, curativos e preventivos, e contribuir para melhorar o bem-estar geral e a autonomia das populações.

É preciso estabelecer e coordenar Planos de Cuidados de Prestação de Serviços e Intervenções, capazes de responder aos reais problemas das populações, às suas incapacidades e às suas necessidades, envolvendo equipas multidisciplinares e intersectoriais e usando metodologias, estratégias e instrumentos, que só o trabalho em equipa pode recolher e descodificar, no sentido de encontrar a solução mais adequada a cada caso.

Os Cuidados Continuados no Centro de Saúde de Mafra, estão no “bom caminho”, no entanto, ainda existem algumas deficiências que não poderão ser solucionadas somente através da persistência e do acreditar deste modo de actuação. É necessário reforçar estas parcerias existentes e procurar outras; investir na Saúde, não quer dizer apenas investir no Serviço de Saúde, mas também na criação de infraestruturas que promovam a educação, facilitem a formação de redes de comunicação e simultaneamente incluam recursos adicionais no sentido de melhorar as condições habitacionais, só assim, se torna possível melhorar as condições de vida das pessoas inseridas na comunidade, actuando sobre as verdadeiras causas locais, permitindo obter um maior nível de protecção de saúde.

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BIBLIOGRAFIA

DECISÃO Nº 1786/2002/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 23 de Setembro de 2002. Jornal Oficial das Comunidades Europeias. L 271: PT (2002-10-09) 1-11.

DECRETO-LEI nº 60/2003. D.R. I Série–A. 77 (03-04-01) 2118 - 2127

DESPACHO conjunto dos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Solidariedade n.º 407/98.DR II Série. 138 (1998-06-18) 8328-8332.

FAYN, Marie-George - Humaniser les soins. Paris: ESF Éditeur, 1998.

NUNES, Luís Ângelo Saboga – modelo salutogénico e sua operacionalização através do “Sentido de Coerência”. (2003).

http://www.salutogenesis.net

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – A DECLARAÇÃO DE JACARTA sobre Promoção da Saúde no Século XXI: 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Jacarta, República da Indonésia: OMS, 1997

http://www.who.int/hpr/backgroundhp/jakarta/portuguese2.pdf

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – CARTA DE OTTAWA para a Promoção da Saúde: 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Canadá: OMS, 1986

http://www.who.int/hpr/backgroundhp/ottawacharter.htm

PORTUGAL. Ministério da saúde - Contributos para um PLANO NACIONAL DE SAÚDE - Orientações estratégicas Lisboa: Ministério da Saúde, 2003

http://www.dgsaude.pt/dgs/p_na_saude.pdf

PORTUGAL. Ministério da saúde–Determinantes da Saúde na união Europeia: Actas da Conferência de Évora. Lisboa: Ministério da Saúde, 2000.ISBN 972-9425-81-7.

Referências

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