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Rev. adm. empres. vol.25 número1

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Academic year: 2018

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resenha bibDográffca

Drucker, Peter F.

Toward

the

next economics and other essays.

New York, 1981. XI + 212 p.

Este livro de Peter Drucker é uma obra de coleta de 12 artigos publi-cados nos diferentes meios de co-municação escrita dos EUA: revis-tas, jornais, e até catálogos. Um

ar-tigo sobre o Japão foi tirado da

Harvard Business · Review, outro de um catálogo de pintura japonesa. O autor tem, visivelmente, todo mun-d.o nos EUA à espera de um artigo seu. Serão realmente tão bons? Pos-so responder afirmativamente, co-mo professor e como velho fã· do in-superável mestre, apesar de ele, des-ta vez, propor que os professores se· jam jogados ao ferro-velho lá pelos 40 anos de idade.

Talvez o primeiro capitulo, que deu o nome ao livro, seja o mais es-pecializado e ditrcil para o leitor co-mum - "Toward the next econo-mics" trata do desenvolvimento da economia dos mercantilistas, dos fi-siocratas e dos economistas clássi-cos, com seus interesses em mici-oe-conomia, marxismo, até chegar a

Keynes, e ao colapso da concepção de Keynes nos dias de hoje; indica o caminho para uma nova economia que tenta explicar a falha de Key-nes ao explicar que a procura por parte do consumidor pode ser regu-lada pela taxa de juros e suprimento de dinheiro. O caminho seria o da otimização da produtividade. Pará um não-economista o artigo é de di-Hcil leitura, apesar de interessante.

O segundo cap(tulo é uma brin-cadeira deliciosa com os ecologistas: "Salvando a cruzada - ou o alto custo de nosso futuro ambiental". Drucker apresenta os dilemas que a cruzada ecológica apresenta:

ambiente limpo ou desemprego cruzada dos ricos contra os po-bres

necessidades econômicas e pol(- . tícas contra o ambiente de pa(-ses subdesenvolvidos

Rev. Adm. Empr.

risco de dano ao ambiente e morte de crianças por desnutri-ção

As soluções apresentadas por Drucker são "o menor dos males, em cada hipótese". Portanto um ca-pftulo interessante e bom, irônico e até . sarcástico.

No terceiro cap(tulo, "Empresa e tecnologia", temos, na minha opi-nião, um dos pontos altos da obra, pois os mitos da perfeita previsão tecnológica são sucintamente des-tru (dos por Drucker, e, de outro la-do, ele mostra a inerente descon-fiança que o empresário tem relati-vamente à tecnologia. Depois ele demonstra que a tecnologia é me-lhor administrada por não-tecnocra-tas. A melhor parte da discussão é

sobre o intervalo entre a aplicação da ciência pura para produtos in-dustriais . O autor se queixa de que os economistas, exceto Schumpeter e os historiadores, esquecem que existe o avanço da tecnologia. Fi-nalmente, verifica que a expectati-va de vida que temos hoje é em grande parte devida .ao saneamento por meio de redes de esgotos e a mais nenhum outro meio tecnológi-co.

Outro cap(tulo excelente é o · quarto, chamado "Multinacionais e

pat'ses em desenvolvimento - mitos e real idade". O autor vai frontal-mente contra os quatro mitos bási-cos -as suposições erradas, que são, na opinião dele:

1. Os pa(ses em desenvolvimento são importantes para. as empresas multinacionais, uma fonte de ven-das, receitas, lucros e crescimento.

2. Capital externo, dado pelos go-vernos ou por empresas, fornece o capital para o desenvolvimento eco-nômico.

3. O interesse nacional dos pa(-ses em desenvolvimento é subordi-naçlo à exploração .multinacional global, pois a multinacional integra e distribui recursos produtivos além. de fronte iras nacionais.

4. A melhor rríaneira de organizar uma multinacional é o método do

Rio de Janeiro, 25 (1): 66-71

século XIX, em que cada filial é

possu (da pela empresa central.

Drucker acredita que a multina-cíonal de hoje será a transnacional de amanhã, e qlJe ela vai permitir, pela exportação, o desenvolvimento dos pa(ses do tセイ」・■イッ@ Mundo.

O· quinto capítulo dá um pulo em direção a um assunto comple-tamente diferente - ele trata da administração por objetivos - "Que resultado deve ser esperado" e de-monstra que tal procedimento, na realidade, é antigo, pois tanto a Du-pont quanto a General Motors da década de 20

usaram, sob outro nome, a APO. De outro lado, . a

administração pública sempre .

tra-balha por objetivos, com resultados mistos. Principalmente a dificulda-de da "medida" é insuperável quan-do se quer achar o alcance quan-do obje-tivo. Talvez a maior contribuição da APO seja fazer compreender a difi-culdade, a complexidade e os ris-cos de decisões} de prioridades. O autor passa a discutir o consenso

e

a discussão inteligente.

O sexto cap(tulo é um paneg(ri-co à "administração cient(fica" e ao trabalho duro, cient(fico, de F. Taylor. No artigo 11

A redescoberta vindoura da administração cíent(fi-ca", o autor diz que Taylor estavá interessado no que hoje é chamado de "produtividade" (não havia essa palavra naquela época) · e não em di-nheiro (nem lucros, nem custo). A alta administração daquela época de quase todas as empresas considerava Taylor um perigoso subversivo. Ele sempre era a favor de pagar bem os operários. Na opinião de Drucker, teve Taylor o mesmo impacto que Marx no mundo moderno. Porque Ta.ylor fez a previsão de que dentro de 100 anos o operário viveria tão bem quanto o dono da empresa, foi exposto ao ridículo. No entan-to, nos pa(ses desenvolvidos, foi exatamente isso que aconteceu, com todos os beneHcios da vida moderna estando ao álcance do operário, do carro até o barco (não grande, mas barco). Drucker quer que os princ(pios de Taylor possam ser aplicados ao trabalho mental.

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No sétimo cap(tulo, "The bored board" (trocadilho), ou seja, "O conselho de administração entedia-do", o autor acredita que a empre-sa moderna necessita de um conse-lho que efetivamente controle a alta administração, e ajude nas

de-C I soes pol(ticas da empresa, em lugar de fazer promoções rotinei-ras recomendadas a ele . Fala também dos conselhos não-funcionantes das universidades e faculdades, que se preocupam com a licença de uma professora .de inglês para ter um

fi-lho, mas deixam o · clamor dos estu-dantes e dos professores do lado de fora. O conselho é consultor, não toma decisões, mas deve ter atua-ção eficiente por uns 50 dias do ano, e não um ou dois dias. Assim, Drucker é a favor da limitação do número de conselhos a que · u111a pessoa pode pertencer.

No capitulo 8, o autor se aventu-ra a brincar com a aposentadoria, tratando, ao mesmo tempo, do pro-fessor e do administrador; o profes-sor que se aposenta tarde demais .e o administrador cedo 、・ュ。ゥウセ@ por-que há uma limitação fixa em ida-de. Essa limitação foi estabelecida quando a expectativa de vida era menor, e a pessoa na idade fixada estava morta ou alquebrada - o que hoje não é mais o caso, pois ela po-de estar em pleno vigor, exceto quando é professor. (Este assunto é também tratado em outros livros de Drucker.} O autor não contribui, na opinião do resenhista, para a solu-ção do problema de critérios. Mas seu exemplo japonês é novamente bem dado, ou seja, no Japão, após os 55 anos, o indiv(duo é aposen-tado, perde a estabilidade, mas con-tinua, não como. executivo; mas co-mo consultor.

O capt'tulo 9, "Ciência e indús-tria - o desafio de uma interdepen-dência 。ョエ。ァッョHウエゥ」。GセL@ estuda em profundidade a "moda" da pesqui-sa e da ciência ョセ@ indústria e tam-bém no governo. Drucker é da opi-nião de que o sistema de impostos dos EUA penaliza a pesquisa pura básica para o progresso industrial -e -em s-eguida também p-enaliza a passagem da pesquisa para o produ-to. Pela cembinação do imposto de renda das empr;esas e do imposto sobre lucro-capital, o sistema é a fa-vor de lucros imediatos, de prazo

Resenha bibliográfica

curto - e torna o risco de investi-mento a longo prazo proibitivo. Di-ria eu: "Sim, e no Brasil temos exa-tamente o mesmo." Assim, em lu-gar de pesquisa, temos a conglome-ração financeira. Além disso, nos EUA existe a lei antitruste, que não incentiva o crescimento da empresa a não ser pela formação 、セ@ conglome-rados. Além disso, nas escolas, o ph .D é para ensinar, não para avançar a ciência primordialmente. A ciência fica portanto subordinada ao ensino, e este, junto com a ciência, pode fa-cilmente ser burocratizado por um Estado totalitário. Não é um quadro bonito o pintado por Drucker neste capitulo.

O cap(tulo 10 chama-se "Como garantir o não-desempenho" e se re-fere primordialmente セ@ empresa pú-blica ou ao Estado, e enumera os pe-cados mortais do administrador pú-blico :

1. _Tenha um objetivo elevado em lu-gar de uma meta alcançável; por exemplo, "o melhor da medicina pa-ra todos" em lugar de "qualquer um será atendido dentro de três minutos ao chegar no hospital".

2. Faça diversas coisas ao mesmo tempo -falta de prioridade.

3. Acredite que superdimensiona-mento é ótimo.

4. Não experimente - seja

dogmáti-co.

5. Não aprenda pela experiência.

6. Não saia do programa enquanto for posslvel- e Drucker cita a guer.ra do · Vietnã.

Os cap(tulos 11 e 12 são respecti-vamente dedicados ao sucesso do Ja-pão e o "Aspecto do JaJa-pão pela arte japonesa". Trata-se de um estudo his-tórico da administração japonesa, ex-celente, de alto nível, e cheio de ensi-namentos, principalmente sobre co-mo achar um denominador comum para uma negociação de セ Gァ。ョィ。Mァ。ᆳ

nha", mesmo que não maximize o lu-cre de ambos os lados.

Assim, resumi<liamente, Drucker deu à publicação 12 ensai<l>s de pro-fundidade variável, mas todos alta-mente leg(veis, intere-ssantes e cheios de ensinamentos para o

administra-dor. Um trabalho recomendado com entusiasmo - pois pode ser lido num domingo chuvoso em lugar de um jornal deprimente.

Kurt Ernsi Weil

Professor titular no

Departamento de Administração

da Produção e Operações Industriais da EAESP!FGV e decano da Congregação.

Referências

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