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Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul vol.32 número3

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Academic year: 2018

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Internato de psiquiatria na Universidade São Francisco – PAULIN & POÇAS

Resenha

Rev Psiquiatr Rio Gd Sul. 2010;32(3):117

Atul Gawande é defi nitivamente um rock star. Ensaísta do New Yorker e professor de Harvard, conselheiro no governo Clinton e sempre citado por Barack Obama, uma das 100 pessoas mais infl uentes do mundo segundo a revista

Time, autor de artigos científi cos terrivelmente importantes e bestsellers. Seu último livro, The Checklist Manifesto, é uma exaltação a como simples listas podem ser decisivas, seja evitando desastres aéreos a muitos metros de altitude, impedindo que edifícios colapsem no solo ou diminuindo pela metade mortes por complicações cirúrgicas. Listas, diz Gawande, fazem com que usemos o conhecimento que temos consistentemente, para que possamos aplicar o que sabemos que funciona.

Algumas das histórias são fascinantes, especialmente aquelas sobre como as listas começaram a ser usadas na aviação, em restaurantes ao redor do mundo, na construção civil e em várias empreitadas em que pequenos deslizes podem ser literalmente letais. O leitmotiv do livro, que em grande parte o valida, foi uma pesquisa liderada pelo autor e fi nanciada pela Organização Mundial da Saúde. O estudo testou a utilização da Surgical Safety Checklist em centros diversos em termos de recursos e pessoal. Os resultados da implementação da lista (publicados no sempre muito nobre

New England Journal of Medicine) foram notáveis, como uma redução de 50% na mortalidade por complicações cirúrgicas.

Se The Checklist Manifesto se parece com um bestseller, é porque é um bestseller. Na contracapa, as recomendações vêm de pesos-pesados da não fi cção, como Malcolm Gladwell e Bill Bryson. Quando escrevia esta resenha, a obra era a sexta na lista de livros relacionados à medicina na Amazon, sendo que os primeiros cinco eram ou textos de referência ou dietas. De fato, se o livro por vezes pode ser enervante, é justamente pelo estilo bestseller, com frases curtas, exemplos incessantes, movimentos rápidos, características da escola Dan Brown de escrita acessível para a sétima série.

Talvez o ponto mais frágil do ensaio apareça quando o autor elabora os motivos por trás da utilidade das listas. Certo, elas funcionam porque diminuem a quantidade de erros que cometemos. Mas por quê? Gawande discute os problemas da superespecialização e da quantidade enorme de informações disponíveis no nosso tempo. Mas como seus próprios casos exemplifi cam, não são apenas pequenos equívocos que elas previnem. Muito frequentemente, o que elas parecem ser capazes de fazer é que revejamos nossas ações, aqueles erros a que uma boa dose de autoengano nos torna cegos. A principal virtude dessas checklists parece ser que elas permitem a prevenção de pequenos equívocos antes que uma dose de truques de percepção seja necessária para preservar nossas ilusões. De uma maneira ou de outra, Gawande me convenceu a checar com mais assiduidade o que faço. Lembranças de nossa falibilidade são sempre bem-vindas.

Correspondência:

Pedro Vieira da Silva Magalhães, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina, Laboratório de Psiquiatria Molecular, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rua Ramiro Barcelos, 2350, CEP 90035-003, Porto Alegre, RS. Tel.: (51) 2101.8845. Fax: (51) 2101.8846. E-mail: pedromaga2@gmail.com Não foram declarados confl itos de interesse associados à publicação desta resenha.

Copyright © Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul – APRS Recebido em 04/06/2010. Aceito em 08/06/2010..

The Checklist Manifesto:

How to Get Things Right

Atul Gawande

New York, Metropolitan Books, 2009.

Pedro Vieira da Silva Magalhães*

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