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Rev. esc. enferm. USP vol.49 número6

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Academic year: 2018

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EDITORIAL

DOI: 10.1590/S0080-623420150000600001

Desafios da Enfermagem no contexto da

Agenda de Desenvolvimento pós-2015

Isabel Amélia Costa Mendes1

Mensagens claras têm sido endereçadas às agências internacionais, aos go-vernos, aos formuladores de políticas públicas, às instituições formadoras de re-cursos humanos de saúde, advogando e alertando para: 1) a necessidade de se expandir numérica e qualitativamente a formação e suprimento de proissionais de saúde em nível global, ressalvando-se que a solução depende de decisões es-tratégicas na seleção dos melhores talentos, localização geográica, conteúdos e modelos de treinamento, de foco em habilidades apropriadas a cada contexto e de investimento para o desenvolvimento de competências ao longo da vida laboral, envolvendo equipes multidisciplinares; 2) o acréscimo de trabalhadores de saúde é necessário, mas insuiciente para o atingimento da meta de acesso e cobertura universal a toda a comunidade, sendo imprescindível que a oferta de serviços seja fundamentada em planejamento estratégico que abranja indicado-res geográicos, inanceiros e motivacionais capazes de atrair e reter os

proissio-nais de saúde nas localidades onde eles são mais necessários(1).

Neste contexto, e dadas as evidências, é imperioso o investimento em outros elementos centrais para o alcance das metas e para a sustentabilidade das polí-ticas adotadas em termos de acessibilidade, cobertura e qualidade da assistência. Registram-se na literatura posicionamentos contundentes de que evidências nem sempre são convertidas em política e em prática e que não há atalhos para este

caminho(1-2), revestindo-se a cobertura universal de saúde num imperativo moral(3).

Tais desaios estão na base da discussão dos esforços para alcance da cober-tura universal de saúde e das metas de desenvolvimento sustentável pós-2015, na qual os recursos humanos ocupam papel central.

E só com uma ação sistêmica será possível atingir todas as barreiras para se en-frentar e vencer o enorme desaio na área de recursos humanos para a saúde; apenas com compromisso político sustentável será possível oferecer uma base para ação

local e global(4), o que demanda ações convergentes e complementares em cada área.

Considerando que em termos globais a Enfermagem e a Obstetrícia repre-sentam cerca de 70% da força de trabalho em saúde, e que em muitos países elas são líderes de equipes multiproissionais de saúde, é fácil concluir da impres-cindibilidade destes proissionais que atuam na linha de frente dos serviços e entender que qualquer deiciência numérica ou de qualidade de seu peril afeta seriamente os resultados desses serviços prestados à população(5-6), a quem se

quer a garantia de vida com dignidade.

Com a conquista obtida com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e com o processo de deinição da Agenda de Desenvolvimento

pós-2015 pelo sistema ONU(7), delineia-se um cenário em que a Enfermagem e a

Obstetrícia ganham ainda mais foco, na esteira da compreensão dos formulado-res de políticas sobre o papel central dos recursos humanos de saúde.

A adoção, por consenso, da resolução sobre a cobertura universal de saúde e a demanda por atenção básica e por cuidados altamente especializados põem em evidência a Enfermagem e a participação efetiva do enfermeiro tanto na oferta de cuidado, como na tomada de decisões e na formulação de políticas baseadas em evidências.

Rev Esc Enferm USP · 2015; 49(6):876-877

1 Universidade de São Paulo, Escola de

Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem no Brasil, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

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www.ee.usp.br/reeusp

EDITORIAL

de enfermeiros tomem decisões acertadas que promovam a valorização deste proissional na Para enfrentar desaio deste porte cumpre que as instituições formadoras e empregadoras

escola e no trabalho, investindo continuamente em seu conhecimento, fortalecendo sua lide-rança, suas competências em pesquisa e respectiva documentação como base para decisões informadas. O incentivo institucional é fundamental, mas não suiciente para garantir a au-tovalorização e autoconiança do enfermeiro – é preciso que o reconhecimento global sobre a importância do enfermeiro para os sistemas de saúde, e para a conversão das políticas em resultados, tenha ressonância nos ministérios de saúde de todos os países-membros da Orga-nização Mundial da Saúde e, destes, para a sociedade. Enfermeiros preparados, valorizados, oferecendo resultados e soluções constituem motor de desenvolvimento da Enfermagem e se relete no despertar de vocações desencadeando aumento na demanda por vagas nos cursos de Enfermagem, condições dignas de trabalho e retenção na carreira.

É preciso que as Escolas saibam também preparar seus professores para receber os clientes (da graduação, pós-graduação e educação continuada) com a responsabilidade de contribuir com a meta de saúde e bem-estar da população, equacionando a escassez de enfermeiros hoje tão premente e ameaçadora.

Que saibamos nos valer das oportunidades que o contexto nos oferece para conquistarmos o empoderamento da Enfermagem e uma imagem ajustada ao seu valor!

REFERÊNCIAS

1. Campbell J, Buchan J, Cometto G, David B, Dussault G, Fogstad H, et al. Human resources for he-alth and universal hehe-alth coverage: fostering equity and efecctive coverage. Bul World Hehe-alth Organ. 2013;91(11):853-63.

2. Campbell J. The route to effective coverage is trough the health worker: there are no shortcuts. Lancet. 2013;381(9868):725.

3. Etienne CF. Achieving universal health coverage is a moral imperative. Lancet. 2015;385(9975):1271-3.

4. Sales M, Kieny MP, Krech R, Ettienne C. Human resources for universal health coverage: from evidence to policy and action. Bull World Health Organ. 2013;91(11):798-8.

5. World Health Organization. Health workforce. Moving the nursing agenda forward [Internet]. Geneva: WHO; 2015 [cited 2015 Oct 29]. Available from: http://www.who.int/hrh/news/2015/global_nurse_conf-kor/en/

6. World Health Organization. Global Advisory Group on Nursing and Midwifery: 2013 review [Internet]. Ge-neva: WHO; 2013 [cited 2015 Oct 29]. Available from: http://www.who.int/hrh/resources/28NOV13008_ GlobalAdvisoryGroupNursingMidwifery.pdf

7. United Nations. The Millennium Development Goals and Beyond [Internet]. New York; 2015 [cited 2015 Oct 27]. Available from: http://www.un.org/millenniumgoals/2015_MDG_Report/pdf/MDG%20 2015%20rev%20(July%201).pdf

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