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TESE DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO PARA O PROCESSO DE GESTÃO DE RISCOS NO PLANEJAMENTO DO FECHAMENTO DE MINA

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TESE

DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO PARA O

PROCESSO DE GESTÃO DE RISCOS NO

PLANEJAMENTO DO FECHAMENTO DE MINA

AUTOR: ROBERTO BRÁULIO GUIMARÃES

ORIENTADOR: Prof. Dr. Hernani Mota de Lima (UFOP)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP

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(3)

Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br

G963d Guimarães, Roberto Bráulio.

Desenvolvimento de um método para o processo de gestão de riscos no planejamento do fechamento de mina [manuscrito] / Roberto Bráulio Guimarães. - 2012.

xviii, 135f.: il., color.; tabs.; mapas.

Orientador: Prof. Dr. Hernani Mota de Lima.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Ouro Preto.

Escola de Minas. Núcleo de Geotecnia - NUGEO. Programa de Pós-Graduação em Geotecnia.

Área de concentração: Geotecnia Aplicada à Mineração.

1. Fechamento de mina - Teses. 2. Administração de risco - Teses. 3. Normas técnicas - ABNT NBR ISO 31000:2009 - Teses. 4. Gestão ambiental - Teses. 5. Análise de riscos - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

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iii

“ Assumir riscos calculados. Isso é bem diferente de ser precipitado.”

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iv

DEDICATÓRIA

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v

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me concedeu na vida todas as condições e oportunidades necessárias para a realização deste trabalho. Sou muito grato por tudo Senhor;

Ao meu orientador, Prof. Dr. Hernani Mota de Lima, pela paciência, dedicação e estímulo dado para que eu pudesse enfrentar os desafios encontrados nessa pesquisa e, principalmente, pela confiança e por ter acreditado em meu potencial;

A minha família, pelo apoio e incentivo para continuar nos estudos, em especial aos meus pais, pelo exemplo de vida e moralidade;

A todos os Professores do NUGEO, em especial ao Prof. Dr. Frederico Garcia Sobreira, Coordenador do Programa de Pós-Graduação, pelo apoio e incentivo;

Aos Professores Dr. Uajará Pessoa Araujo e Dr. Antônio Maria Claret de Gouveia, pelas valiosas contribuições durante a apresentação da proposta de qualificação;

Ao Rafael Lacerda, secretário do NUGEO, pela amizade e apoio dispensado;

Ao Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Ouro Preto, instituição da qual sou Professor, pela autorização para participação no curso de Doutorado;

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vi

RESUMO

A reputação de uma empresa de mineração é afetada quando uma mina é abandonada e a área por ela explorada se apresenta ambientalmente degradada, constituindo-se em um passivo por um longo período. O fechamento prematuro e/ou mal planejado de uma mina pode resultar em impactos negativos extremos sobre o meio ambiente e em impactos socioeconômicos e culturais sobre a comunidade circunvizinha à empresa de mineração. O uso de técnicas de gestão de riscos pode ajudar a reduzir esses impactos, tanto para fechamentos de mina prematuros como para fechamentos planejados. A gestão de riscos com foco no fechamento de mina tem por finalidade destacar as questões e os riscos principais, permitindo à administração e ao gestor concentrar os recursos de forma adequada e auxiliando a tomada de decisão. Para elaboração desse estudo, buscou-se desenvolver e testar um método para o processo de gestão de riscos, aplicável ao planejamento do fechamento de mina, de acordo com a ABNT NBR ISO 31000:2009 - GESTÃO DE RISCOS, de forma que os riscos identificados no planejamento do fechamento de mina sejam avaliados, priorizados e tratados de forma preventiva. Para aplicação e para verificação da efetividade do método, utilizaram-se, como instrumento de investigação e de estudo de caso, os dados da Mina Carina pertencentes à empresa Polaris Metals Pty Ltda.

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vii

ABSTRACT

The reputation of a mining company is affected when a mine is abandoned and the exploited area is environmentally degraded so it becomes a passive for a long period. The early and/or bad planned closing of a mine could result in some negative extreme impacts on the environment, and cultural and socioeconomics impacts on the neighbor community to the mining company. The use of risk management techniques could help to reduce these impacts on early mine closing as much as on planned closing. The risk management with a focus on the mine closure has to highlight the main risks and questions as a purpose, allowing the administration and the manager to concentrate the resources in a suitable manner and helping the decision-making. To elaborate the study a method was developed and tested to the risk management process which is possible to apply on the planning of the mine closure, according to ABNT NBR ISO 31000:2009 - GESTÃO DE RISCOS, in a way that the identified risks in the mine closure could be evaluated, prioritized and treated in a preventive way. To the application and evaluation of the effectiveness of the method the investigation and study tool used was the Mina Carina data, belonging to the company Polaris Metal Pty Ltda.

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viii

Lista de Figuras:

Figura 2.1 – Planejamento para fechamento e o ciclo de vida da mina ... 8

Figura 3.1 – Diagrama esquemático do processo de gerência de riscos... 21

Figura 3.2 – Relacionamento entre os princípios da gestão de riscos, estrutura e processo 24 Figura 3.3 – Processo de gestão de riscos – Detalhamento ... 26

Figura 3.4 – Processo de avaliação de riscos... 29

Figura 4.1 – Plano e projeto de desenvolvimento cíclico nas diferentes fases da vida de uma mina ... 43

Figura 4.2 – Abordagem para uso da gestão de riscos no planejamento do fechamento de mina ... 45

Figura 4.3 – Exemplo dos estágios para implementação do processo de análise e gestão de riscos ambientais ... 46

Figura 4.4 – Modelo de avaliação de Passivos de Sustentabilidade em Minas Fechadas ... 49

Figura 6.1 – Processo de gestão de riscos no fechamento de mina ... 67

Figura 6.2 – Estratégia e contexto de fechamento de mina ... 68

Figura 6.3 – Estrutura e etapas para a comunicação de riscos no contexto da gestão de riscos ... 82

Figura 7.1 – Mapa da Austrália ... 84

Figura 7.2 – Localização da mina Carina ... 85

Figura 7.3 – Localização da mina Carina ... 85

Figura 7.4 – Localização da mina Carina ... 86

Figura 7.5 – Estrutura geral da mina Carina ... 87

Figura 7.6 – Contorno da cava da mina Carina ... 88

Figura 7.7 – Vista aérea da área de Carina ... 94

(10)

ix

(11)

x

Lista de Quadros:

Quadro 2.1 – Atividades do processo de fechamento de mina associados aos estágios do

projeto de mineração ... 9

Quadro 2.2 – Exemplos de objetivos gerais para as atividades de fechamento de mina ... 13

Quadro 4.1 – Lista de riscos ambientais ... 52

Quadro 4.2 – Lista de riscos à comunidade e riscos sociais ... 55

Quadro 4.3 – Níveis de recuperação e uso futuro de áreas degradadas pela mineração ... 57

Quadro 4.4 – Lista de riscos de uso final do solo ... 58

Quadro 4.5 – Lista de riscos à saúde e à segurança ... 59

Quadro 4.6 – Lista de riscos jurídicos e financeiros... 60

Quadro 4.7 – Lista de riscos técnicos ... 61

Quadro 6.1 – Apoio ao brainstorming sobre definição de objetivos sociais de fechamento 72 Quadro 6.2 – Apoio ao brainstorming sobre definição de objetivos ambientais de fechamento... 73

Quadro 7.1 – Responsabilidades ambientais na Mina Carina ... 92

Quadro 8.1 – Processo de avaliação de riscos no planejamento do fechamento da Mina Carina (identificação e análise de riscos) ... 99

Quadro 8.2 – Classificação prioritária de riscos de fechamento da Mina Carina ... 105

Quadro 8.3 – Tratamento de riscos no planejamento do fechamento da Mina Carina... 108

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xi

Lista de Tabelas:

Tabela 3.1 – Exemplo de matriz qualitativa de riscos ... 33

Tabela 4.1 – Matriz de classificação de riscos primários ... 47

Tabela 4.2 – Análise da necessidade de ação com base na classificação de riscos ... 47

Tabela 4.3 – Matriz de riscos para avaliação de riscos no fechamento de mina. ... 50

Tabela 6.1 – Matriz de análise de riscos para o processo de gestão de riscos no planejamento do fechamento de mina ... 75

Tabela 6.2 – Categorias de probabilidade para análise de riscos de fechamento de mina .. 76

(13)

xii

Lista de Siglas e Abreviaturas:

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIA Avaliação de Impacto Ambiental

APP Análise Preliminar de Perigos

CMCP Plano Conceitual de Fechamento da Mina Carina

Conama Conselho Nacional do Meio Ambiente

Copam Conselho Estadual de Política Ambiental

DAM Drenagem Ácida de Mina

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EPA Environmental Protection Agency

EUA Estados Unidos da América

FMEA Failure Mode and Effects Analysis

GFM Guia de Fechamento de Minas

HIV Human Immunodeficiency Virus

Ibram Instituto Brasileiro de Mineração

ICMM Conselho Internacional de Mineração e Metais

IEC International Electrotechnical Commission

ISO International Organization for Standardization

MBR Minerações Brasileiras Reunidas S/A

MCA Análise Multicritério

MME Ministério das Minas e Energias

NAF Material não Formador de Ácido

NBR Norma Brasileira

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xiii

ONG Organização Não Governamental

PAE Plano de Atendimento a Emergências

PAF Material Potencialmente Formador de Ácido

Pemp Plano de Gestão Ambiental de Carina

PGR Plano de Gerenciamento de Riscos

Prad Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

RA Riscos Ambientais

RCS Riscos à Comunidade e Riscos Sociais

RJF Riscos Jurídicos e Financeiros

RSS Riscos à Saúde e à Segurança

RT Riscos Técnicos

RUS Riscos de Uso Final do Solo

SRA Society for Risk Analysis

SWOT Strengths Weaknesses Opportunities Threats

Unep United Nations Environment Programme

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xiv

Lista de Anexos:

Anexo I – Formulário para avaliação de riscos ambientais ... I-1

Anexo II – Formulário para avaliação de riscos à saúde e à segurança ... II-1

Anexo III – Formulário para avaliação de riscos à comunidade e riscos sociais ... III-1

Anexo IV – Formulário para avaliação de riscos de uso final do solo ... IV-1

Anexo V – Formulário para avaliação de riscos jurídicos e financeiros ... V-1

Anexo VI – Formulário para avaliação de riscos técnicos ... VI-1

Anexo VII – Formulário para gerenciamento de riscos ... VII-1

(16)

xv

SUMÁRIO

Dedicatória... iv

Agradecimentos ... v

Resumo ... vi

Abstract ... vii

Lista de Figuras ... viii

Lista de Quadros ... x

Lista de Tabelas ... xi

Lista de Siglas e Abreviaturas ... xii

Lista de Anexos ... xiv

SUMÁRIO ... xv

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ... 1

1.2 CONTEXTO DO PROBLEMA ... 1

1.2.1 Questão de pesquisa ... 3

1.3 OBJETIVO DA PESQUISA ... 3

1.4 JUSTIFICATIVA ... 3

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 5

CAPÍTULO 2 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES ... 7

2.1 FASES DA MINERAÇÃO ... 7

2.2 RECUPERAÇÃO ... 10

2.3 FECHAMENTO DE MINA ... 11

2.4 PLANO DE FECHAMENTO DE MINA ... 12

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xvi

CAPÍTULO 3 – GESTÃO DE RISCOS ... 17

3.1 INTRODUÇÃO ... 17

3.2 STAKEHOLDERS EM UMA GESTÃO DE RISCOS ... 22

3.3 GESTÃO DE RISCOS SEGUNDO A NORMA ABNT NBR ISO 31000:2009 ... 22

3.3.1 Processo de gestão de riscos ... 25

3.3.1.1 Estabelecimento dos contextos ... 27

3.3.1.2 Processo de avaliação de riscos ... 28

3.3.1.2.1 Identificação de riscos ... 33

3.3.1.2.2 Análise de riscos ... 34

3.3.1.2.3 Avaliação de riscos ... 36

3.3.1.3 Tratamento de riscos ... 37

3.3.1.4 Comunicação e consulta ... 39

3.3.1.5 Monitoramento e análise crítica... 40

CAPÍTULO 4 – GESTÃO DE RISCOS NO PLANEJAMENTO DO FECHAMENTO DE MINA ... 42

4.1 REVISÃO DA LITERATURA ... 42

4.2 AVALIAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS NO FECHAMENTO DE MINA ... 51

4.3 AVALIAÇÃO DE RISCOS SOCIOECONÔMICOS NO FECHAMENTO DE MINA ... 53

4.4 AVALIAÇÃO DE RISCOS DE USO FINAL DA ÁREA NO FECHAMENTO DE MINA ... 56

4.5 AVALIAÇÃO DE RISCOS À SAÚDE E À SEGURANÇA NO FECHAMENTO DE MINA ... 58

4.6 AVALIAÇÃO DE RISCOS JURÍDICOS E FINANCEIROS NO FECHAMENTO DE MINA ... 60

(18)

xvii

CAPÍTULO 5 – MATERIAIS E MÉTODOS ... 63

5.1 MATERIAIS ... 63

5.1 MÉTODOS ... 64

CAPÍTULO 6 – DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO PARA O PROCESSO DE GESTÃO DE RISCOS NO PLANEJAMENTO DO FECHAMENTO DE MINA ... 66

6.1 INTRODUÇÃO ... 66

6.2 ESTABELECIMENTO DO CONTEXTO NA GESTÃO DE RISCOS NO PLANEJAMENTO DO FECHAMENTO DE MINA... 68

6.2.1 Política de fechamento de mina ... 69

6.2.2 Objetivos, critérios e indicadores de desempenho... 69

6.2.3 Informação, coleta e análise de dados ... 70

6.3 PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS (IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS, ANÁLISE DE RISCOS E AVALIAÇÃO DE RISCOS) ... 71

6.4 COMUNICAÇÃO DOS RISCOS ... 80

6.5 MONITORAMENTO E REVISÃO DA GESTÃO DE RISCOS NO PLANEJAMENTO DO FECHAMENTO DE MINA... 82

CAPÍTULO 7 – ESTUDO DE CASO: MINA CARINA - POLARIS ... 83

7.1 ESTABELECIMENTO DO CONTEXTO NO PLANEJAMENTO DO FECHAMENTO DA MINA CARINA ... 83

7.1.1 O Projeto Mina Carina ... 83

7.1.2 Plano estratégico preliminar de fechamento da Mina Carina ... 89

7.1.3 Política ambiental da Polaris ... 89

7.1.4 Contexto ambiental ... 90

(19)

xviii

CAPÍTULO 8 – PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS (IDENTIFICAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS) NO PLANEJAMENTO DO

FECHAMENTO DA MINA CARINA E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 97

8.1 IDENTIFICAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS ... 97

8.2 TRATAMENTO DE RISCOS NO PLANEJAMENTO DO FECHAMENTO DA MINA CARINA ... 105

8.3 COMUNICAÇÃO E CONSULTA AOS STAKEHOLDERS ... 117

8.4 MONITORAMENTO E ANÁLISE CRÍTICA ... 118

CAPÍTULO 9 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS 120 9.1 CONCLUSÕES ... 120

9.2 RECOMENDAÇÕES ... 121

9.3 LIMITAÇÕES ... 122

9.4 SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS ... 123

REFERÊNCIAS ... 125

(20)

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais

A mineração é reconhecida como atividade propulsora do desenvolvimento, contribuindo de forma decisiva, para o bem estar e para a melhoria da qualidade de vida da presente e das futuras gerações. Entretanto, dela decorrem impactos sociais e ambientais negativos, quando ocorrem implantação e operação de uma mina, e impactos socioeconômicos, ambientais e culturais, quando de seu fechamento. Por outro lado, esses impactos podem e devem ser minimizados, se a atividade for planejada e executada dentro do conceito de desenvolvimento sustentável.

De acordo com Villas Bôas e Barreto (2000), o principal desafio para a indústria de mineração não é somente a recuperação de áreas degradadas, prática já adotada há algumas décadas. Em essência, o fechamento de mina é amplamente considerado pela indústria, e até recentemente por muitos governos como uma questão predominantemente ambiental (ONTARIO, 1995; SASSOON, 1996; SASSOON, 2000). Os autores defendem a incorporação das questões socioeconômicas e culturais nos programas de fechamento de mina, bem como o tratamento da questão ambiental no âmbito do desenvolvimento sustentável.

Desta forma, o programa de fechamento de mina deve iniciar-se durante a fase de viabilidade do projeto de mineração e continuar através das fases de produção e renúncia do título minerário. Deve explicitar os objetivos e guias, estabelecer uma provisão financeira e um efetivo programa de consulta e engajamento das partes interessadas ou afetadas pelo empreendimento.

1.2 Contexto do problema

(21)

2

precisa reconhecer que para ter acesso a novos recursos minerais, é necessário demonstrar que pode, efetivamente, fechar suas minas com o apoio das comunidades onde operam.

O entusiasmo e a ostentação que circundam a abertura de uma nova mina, geralmente, não estão presentes quando ocorre seu fechamento. De forma geral, em um cenário de normalidade, as minas deveriam fechar quando suas reservas estão esgotadas. Neste caso, muitos aspectos envolvidos no fechamento de mina seriam mais fáceis de gerenciar e haveria tempo disponível para o planejamento, para o monitoramento e para ensaios. Além disso, os fundos estariam seguros externamente para cobrir os custos de implementação do plano de fechamento. Os objetivos predeterminados poderiam ser alcançados ou evoluiriam satisfatoriamente. As partes interessadas estariam condicionadas a aceitar o fechamento de mina em uma data prevista. Funcionários por exemplo poderiam planejar e encontrar um novo emprego alternativo. A comunidade circunvizinha diretamente afetada pelas operações mineiras poderia se preparar e garantir benefícios sustentáveis.

Existem muitas razões pelas quais as minas podem fechar prematuramente. Entre elas, incluem-se, segundo Laurence (2006a), questões econômicas, geológicas, geotécnicas, regulamentares, pressões comunitárias e outras, que podem criar problemas significativos para uma empresa de mineração, para a comunidade envolvida e para o órgão regulador. Laurence (2006a) mostra que quase 70% das minas que foram fechadas nos últimos 25 anos na Austrália tiveram fechamento inesperado e não planejado.

O plano conceitual de fechamento de mina deve conter informações contextuais que auxiliem na implementação de um sistema de gestão de riscos. Tais informações podem ser derivadas da avaliação de impactos ambientais e impactos socioeconômicos, assim como impactos na saúde e na segurança e também as questões legais, bem como os acordos firmados com investidores e governos nas suas diversas esferas (local, estadual e federal).

(22)

3

resolvidos, outras questões, como segurança, relações com a comunidade local, legais, fiscais e fatores tecnológicos, também precisam ser levadas em consideração.

A gestão de riscos com foco no fechamento de mina deve identificar as possíveis questões que podem levar a empresa a riscos indesejáveis quando ocorre o seu fechamento. Essas questões devem ser destacadas como fatores de riscos, requerendo controle e monitoramento constante em todas as versões de um plano de fechamento de mina, bem como estratégias e métodos para controlar cada risco identificado.

1.2.1 Questão de pesquisa

O fechamento prematuro e/ou mal planejado de uma mina pode resultar em impactos negativos extremos sobre o meio ambiente, e em impactos socioeconômicos e culturais sobre a comunidade circunvizinha. Para se evitarem tais impactos é necessário um efetivo planejamento de fechamento de mina. O uso de técnicas de gestão de riscos pode ajudar a reduzir esses impactos, tanto para fechamentos prematuros de mina como para fechamentos planejados.

1.3 Objetivo da pesquisa

Esta tese teve por finalidade estudar, desenvolver e testar um método para o processo de gestão de riscos aplicável ao planejamento do fechamento de mina, de acordo com a ABNT NBR ISO 31000:2009 - GESTÃO DE RISCOS, de forma que os riscos identificados no planejamento do fechamento de mina sejam avaliados, priorizados e tratados de forma preventiva.

1.4 Justificativa

De acordo com ICMM (2008), todo plano de fechamento de mina deve conter informações atualizadas dos riscos e das oportunidades presentes no projeto, servindo como uma ferramenta auxiliar na tomada de decisões. O gerenciamento e a análise dos riscos/oportunidades devem ser usados para:

 Minimizar as consequências negativas de fechamento.

(23)

4

 Minimizar a probabilidade de insucesso nas atividades de fechamento.

 Maximizar a probabilidade de que as benfeitorias sejam de longo prazo.

O programa da Organização das Nações Unidas para o meio ambiente recomenda que as empresas desenvolvam programas para aumentar a conscientização dos stakeholders sobre os riscos e a preparação das comunidades vizinhas para o caso de acidentes. A mineração está inserida no rol de atividades no qual são recomendadas ações de controle e mitigação de riscos, inclusive no período posterior ao fechamento das minas (UNEP, 2001).

Em 2003, o Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM, sigla em inglês) adotou um conjunto de dez princípios, no sentido de ratificar o compromisso da indústria mineral com o desenvolvimento sustentável dentro de um quadro estratégico.

Entre esses princípios, destaca-se o quarto que trata da implementação de estratégias de gestão de riscos, que deveria ser estruturada em uma base sólida de dados. Nesses dados, incluem-se o processo de consulta das partes interessadas para a identificação e a avaliação dos riscos significativos sociais, de segurança, de saúde, impactos econômicos e ambientais associados às suas atividades; deveriam ainda ser asseguradas a revisão periódica e a atualização dos sistemas de gestão de riscos; a implementação de um programa de informação às partes potencialmente afetadas sobre os riscos significativos em relação às operações de uma mina e quais as medidas que serão tomadas para gerenciar os riscos potenciais de forma eficaz (ICMM, 2003). Entretanto, de acordo com Sanches (2007), os estudos de análise de riscos exigidos no Brasil, para fins de licenciamento ambiental, raramente são aplicados para a mineração. O mesmo pode-se afirmar para o caso de fechamento de mina.

(24)

5 1.5 Estrutura do trabalho

Esta tese está organizada em nove capítulos. O Capítulo 1 apresenta as considerações sobre como a indústria mineira enfrenta a fase de fechamento de mina e suas relações com o conceito de desenvolvimento sustentável. Neste capítulo, são apresentados, também, a questão de pesquisa, o objetivo da pesquisa, a justificativa e a estrutura da tese.

O Capítulo 2 apresenta algumas definições e conceitos sobre as atividades da mineração, bem como as suas etapas, principalmente em relação à fase de fechamento de mina.

O Capítulo 3 apresenta uma revisão bibliográfica sobre gestão de riscos e como essa questão é tratada na NORMA ABNT NBR ISO 31000:2009, GESTÃO DE RISCOS.

O Capítulo 4 apresenta uma revisão bibliográfica de como a gestão de riscos no planejamento do fechamento de mina é tratada por diversos autores e como a referida gestão é utilizada pela indústria da mineração nacional e internacional.

O Capítulo 5 apresenta os materiais e os métodos utilizados na realização da tese.

O Capítulo 6 desenvolve a proposta de um método para o processo de gestão de riscos no planejamento do fechamento de mina, seguindo as orientações da NORMA ABNT NBR ISO 31000:2009.

O Capítulo 7 apresenta a contextualização da Mina Carina, pertencente à empresa Polaris Metals Pty Ltda, como um estudo de caso para aplicação do método para o processo de gestão de riscos no planejamento do fechamento de mina.

(25)

6

(26)

7

CAPÍTULO 2

CONCEITOS E DEFINIÇÕES

2.1 Fases da mineração

De acordo com Hartman e Mutmansky (2002), a mineração apresenta as seguintes etapas de desenvolvimento de sua atividade:

a) Etapa de planejamento – composta pela prospecção (tem como objetivo a localização de recursos minerais economicamente viáveis) e pela exploração ou pesquisa mineral (tem como objetivo a caracterização e a avaliação de ocorrências minerais encontradas na fase de prospecção).

b) Etapa de implantação – caracterizada pelo desenvolvimento, que engloba as operações de preparação da jazida para a lavra.

c) Etapa de operação – caracterizada pela lavra (engloba as operações necessárias para o aproveitamento industrial da jazida – extração do bem mineral), pelo beneficiamento do minério lavrado, pela reabilitação ambiental (tem como objetivo controlar os impactos ambientais produzidos pelas atividades extrativas e visa a facilitar o processo de fechamento da empresa).

d) Etapa de fechamento – caracteriza-se por ser uma etapa na qual não mais ocorre a extração do minério devido à exaustão das reservas ou à inviabilidade técnico-econômica. Há, apenas, a continuidade dos trabalhos de recuperação ambiental sobre o meio físico, biótico e antrópico das áreas de influência do empreendimento, visando a promover a desativação em caso de exaustão definitiva ou o controle dos aspectos ambientais no caso de paralisação temporária. A desativação é a transição entre o fechamento e o uso futuro da área. Esse uso é caracterizado como pós-fechamento, não sendo mais considerado como atividade minerária.

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8

validação. O planejamento para o fechamento de mina deve ser integrado aos sistemas e aos processos de tomada de decisões (ICMM, 2008).

Figura 2.1 – Planejamento para fechamento e o ciclo de vida da mina. Fonte: ICMM (2008).

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9

ciclo de vida do empreendimento (quadro 2.1). Deste modo, segundo Vale – GFM (2011), um ciclo de vida para os planos de fechamento teria a seguinte sequência:

 Plano de fechamento da fase de exploração.

 Plano conceitual de fechamento (estudos ambientais).

 Atualização e detalhamento do plano de fechamento.

 Plano final de fechamento.

 Relatórios de pós-fechamento.

Ciclo de vida da Mina

Atividades de Mineração Atividades Relacionadas ao Fechamento

1 E tap a de p la ne jam en to (e xp lo raç ão )

Abrange investigação geofísica e geoquímica, mapeamento geológico e amostragem a partir da superfície. Exploração avançada inclui trincheiras e poços de pesquisa, aberturas subterrâneas, sondagens e amostragem intensiva. Engloba todas as atividades de exploração, bem como o desenvolvimento dos estudos de pré-viabilidade.

Planos de fechamento são requeridos para atividades de exploração avançada.

2 E ta pa de im pla nta çã o (D es env olv im ent o)

Essa fase abrange desde os estudos de viabilidade para os aspectos econômicos, ambientais e sociais, até a construção e o comissionamento dos diversos componentes do projeto de mineração (startup da unidade operacional).

A elaboração do plano de fechamento conceitual é requerida como parte dos estudos de viabilidade. O plano conceitual abrange as atividades e os programas de reabilitação dos danos causados pela implantação. 3 E tap a d e O pe raç ão ( la vr a)

Durante esse período, o minério é lavrado e processado Atualizações periódicas do plano de fechamento são feitas ao longo da vida operacional da mina de modo a atender eventuais mudanças de projetos, nas características do minério, na legislação e na política da empresa em função de fusões ou aquisições. Com a proximidade do encerramento das atividades de lavra, um plano de fechamento detalhado, com projeto executivo, deve ser elaborado. 4 E tap a d e Fec ha m en to

Essa etapa inclui a desativação e a reabilitação. Essas atividades devem ser conduzidas para as diversas estruturas e infraestrutura da mina. Intervenções sociais devem ser feitas para mitigar o impacto do fechamento sobre a população afetada.

Essa etapa é composta também pelo pós-fechamento, fase que sucede ao fechamento da mina e na qual, via de regra, realizam-se atividades de monitoramento e manutenção das estruturas desativadas.

Execução das atividades descritas no plano de fechamento.

Execução de atividades de pós-fechamento, dependendo das condições de fechamento (sem restrições, com cuidado passivo e com cuidado ativo). Incluem-se as etapas de monitoramento e de manutenção.

Avaliação das condições da mina fechada (aspectos ambiental, social e jurídico), visando à identificação de vulnerabilidades e de passivos eventualmente remanescentes após o fechamento.

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10 2.2 Recuperação

O Decreto Federal nº 97.632 de 10 de abril de 1989, que estabelece no seu artigo 3°, a necessidade de preparação de um Plano de recuperação de áreas degradadas (Prad) para todas as atividades de extração mineral, define que: “A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano pré-estabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente”.

Recuperação ambiental é um termo geral que designa a aplicação de técnicas de manejo visando a tornar um ambiente degradado apto para um novo uso produtivo, desde que sustentável. A reabilitação ambiental, também denominada de recuperação, deve ser praticada sempre em seguida às operações de desenvolvimento e lavra, ou seja, ela deve estar presente durante todo o desenvolvimento da atividade mineral, num determinado local. As ações de recuperação ambiental visam a habilitar a área para que esse novo uso possa ter lugar. A nova forma de uso deverá ser adaptada ao ambiente reabilitado, que pode ter características bastante diferentes daquelas anteriores às ações de degradação, por exemplo, um ambiente aquático em lugar de um ambiente terrestre, prática relativamente comum em mineração (SANCHES, 2008).

O emprego dos termos recuperação/reabilitação/restauração ambiental é definido em função do que se pretende restabelecer no local após o fechamento da mineração. Os termos recuperação e reabilitação são os mais empregados e os que melhor definem as práticas atualmente empregadas.

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11

em vista as práticas empregadas pelo setor mineral, Taveira (2003) sugere que o termo recuperação ambiental é o que melhor traduz aquilo que se tem feito em áreas degradadas.

Remediação é o termo utilizado para designar a recuperação ambiental de um tipo particular de área degradada, ou seja, a área contaminada. Remediação é definida como “aplicação de técnica ou conjunto de técnicas em uma área contaminada, visando à remoção ou contenção dos contaminantes presentes, de modo a assegurar uma utilização para a área, dentro de limites aceitáveis de riscos aos bens a proteger” (CETESB, 2001).

A inexistência de ações de recuperação ambiental configura o abandono da área. Caso o grau de perturbação e de resiliência do ambiente afetado não for alto, pode ocorrer um processo espontâneo de regeneração.

As atividades de reabilitação progressiva de áreas desativadas constituem etapas iniciais de um processo de fechamento de mina. Entretanto é comum considerar que o fechamento de mina propriamente dito inicia-se com a desativação das instalações antes necessárias ao pleno funcionamento da mina.

2.3 Fechamento de mina

De acordo com Oliveira Júnior (2001), o fechamento de uma mina é a paralisação da atividade mineira em decorrência de fatores econômicos, tecnológicos ou ambientais, de caráter parcial ou total, permanente ou temporário. Ainda, de acordo com o autor o fechamento de mina tem como finalidade principal a redução ou eliminação do passivo ambiental por meio de ações de recuperação, desenvolvidas ao longo da vida da mina e após a sua paralisação. Segundo Lima (2002), o fechamento de mina caracteriza o encerramento permanente das operações da mina ou das instalações de beneficiamento pela empresa de mineração, após a conclusão do processo de desativação e reabilitação, do monitoramento e da manutenção.

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impactada. O fechamento de mina deve ser planejado desde a concepção do empreendimento, tendo como objetivos primordiais:

 Garantir que, após o fechamento da mina, os impactos ambientais,

socioeconômicos e culturais sejam reduzidos.

 Manter a área, após o fechamento da mina, em condições seguras e estáveis, com a aplicação das melhores técnicas de controle e de monitoramento.

 Proporcionar à área impactada pela atividade minerária um uso futuro que respeite os aspectos socioambientais e econômicos da área de influência do empreendimento.

2.4 Plano de fechamento de mina

O objetivo de um plano de fechamento de mina deve ser o de reabilitar a área afetada pela mineração, de tal forma que ela possa ser novamente disponibilizada, em bom estado, à sociedade e à comunidade circunvizinha. O quadro 2.2 mostra os objetivos gerais de um plano de fechamento de mina. Alguns dos padrões de desempenho de um plano de fechamento de mina incluem: reabilitação do contorno da área degradada; estabilização das áreas superficiais para controle da poluição do ar e da água; regularização do balanço hidrológico na qualidade e quantidade da água superficial e nos sistemas subterrâneos; proteção das áreas circunvizinhas de deslizamentos ou danos. Além disso, segundo IIED (2002), o plano de fechamento de mina deve ser parte do projeto integral de ciclo da vida útil da mina e deve prever métodos e medidas que visem a assegurar que:

 A segurança e saúde pública não sejam comprometidas em curto, médio e longo prazo.

 Os recursos ambientais não estejam submetidos à deterioração física e química.

 A área, ao final da mineração, tenha uso benéfico e sustentável por longo período de tempo.

 Impactos socioeconômicos e culturais adversos sejam minimizados.

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Critérios Objetivos do Fechamento

Estabilidade física •Todas as estruturas antropogênicas remanescentes são fisicamente estáveis, sustentáveis e seguras com relação à erosão, e não impõe riscos para a saúde pública por longo período.

•As estruturas estão desempenhando as funções para as quais foram projetadas. Estabilidade química •Todas as estruturas antropogênicas remanescentes são quimicamente estáveis

e não impõem riscos para a saúde pública ou ambiental em todas as fases do seu ciclo de vida.

•O fechamento é adequado às exigências específicas do local em termos da qualidade das águas superficiais, das águas subterrâneas e dos solos.

Estabilidade biológica •O ambiente biológico

a) é restaurado em um ecossistema equilibrado e natural, típico da região, ou b) é deixado em um estado tal que incentiva e possibilita a reabilitação natural

da diversidade biológica, ambientalmente estável. Influências climáticas

e geográficas •termos de clima (por exemplo, chuvas, tempestades, extremos sazonais) e O fechamento é adequado à demanda e especificações locais da região em fatores geográficos (por exemplo, proximidade da comunidade, topografia, acessibilidade da mina)

Estética e uso do solo •A reabilitação é tal que o uso final do solo é otimizado.

•As oportunidades de fechamento são otimizadas em termos de recuperação do solo e as atualizações do uso do solo são consideradas sempre adequadas e/ou economicamente viáveis.

•O fechamento permite o uso produtivo e econômico do solo pós-lavra, seguindo os princípios do desenvolvimento sustentável.

Recursos Naturais •O fechamento visa a garantir a quantidade e a qualidade dos recursos naturais da região.

Considerações

financeiras •fechamento. Os fundos disponíveis são adequados e apropriados para garantir o Questões

socioeconômicas ••Os impactos negativos socioeconômicos são minimizados. Os desejos da comunidade local são levados em consideração na medida do possível.

Quadro 2.2 –Exemplos de objetivos gerais para as atividades de fechamento de mina. Fonte: (BRODIE et al., 1992; MMSD, 2002a; EC, 2004; ROBERTSON; SHAW, 2004)

Planos de fechamento, especialmente aqueles elaborados na fase de licenciamento de um projeto de mineração, devem ser revistos periodicamente, de modo a atender a evolução e as modificações de um projeto. Esses planos devem ser suficientemente flexíveis para levar em conta as mudanças nas características do minério, as novas tecnologias e as alterações nos padrões estabelecidos pela legislação ambiental (BITAR, 1997).

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de operações mineiras, estabelecendo, inclusive que tais hipóteses dependem de prévia comunicação e autorização ao DNPM, devendo o titular da concessão de lavra (minerador) apresentar requerimento justificativo, devidamente acompanhado dos diversos documentos que formam o plano de fechamento ou de suspensão da mina”.

De acordo com Brasil (2001), o Plano de Fechamento de Mina deve estar contemplado no Plano de Aproveitamento Econômico da Jazida – PAE, sendo que o DNPM poderá exigir sua apresentação, na hipótese de a mina não possuir o plano de fechamento. Esse deverá ser atualizado periodicamente e deverá estar disponível na mina para fiscalização.

O plano de fechamento exigido pelo DNPM prevê que as etapas de desativação e de fechamento de mina devem ser consideradas desde o início do projeto de implantação, permitindo uma constante atualização e flexibilidade, desde que não se modifique a solução previamente aprovada pelo órgão ambiental competente para a recuperação da área degradada pela mineração, fato previsto no EIA/RIMA.

De acordo com ICMM (2008), existem três etapas básicas para se desenvolver um plano de fechamento de mina efetivo. Se o planejamento para o fechamento fizer parte da filosofia de operação de uma mina, as etapas podem combinar umas com as outras, ao longo do tempo, em vez de se tornarem estágios distintos. A primeira etapa é a concepção de um resultado alvo de fechamento e objetivos, onde tais objetivos são explicados em um plano de fechamento conceitual. Esse plano é desenvolvido e usado durante a exploração, a pré-viabilidade, a viabilidade/projeto e a implantação, visando-se a guiar a direção das atividades. A sua vida útil pode ser de três a cinco anos.

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vida da operação, mas é provável que o plano de fechamento detalhado evolua de acordo com as variações das circunstâncias. Cabe salientar que o plano de fechamento detalhado é, efetivamente, um plano de fechamento conceitual amplamente detalhado com as informações operacionais servindo para atualizá-lo de modo contínuo. Alguns elementos do plano de fechamento precisarão progredir mais rapidamente do que outros, de maneira a se reduzirem efetivamente os riscos.

A última etapa é a transição efetiva para o fechamento, que pode se manifestar como um plano de desativação e pós-fechamento. Sua vida útil pode ser curta, com um ou dois anos. Porém, dependendo das responsabilidades do pós-fechamento, pode-se estender vários anos além desse tempo. O sucesso de um fechamento de mina depende da definição, da revisão e da validação contínua do plano de fechamento e, finalmente, da conquista dos objetivos alinhados com os requisitos da empresa e dos interessados diretos. Recomenda-se que o risco residual para a empresa seja mínimo e que a comunidade perceba os benefícios os quais continuarão a existir, mesmo sem novas contribuições da empresa (ICMM, 2008).

2.5 Uso futuro da área

No planejamento do fechamento de mina, insere-se a necessidade de definição do uso futuro da área afetada pelo empreendimento. Nesse tipo de definição deverão ser apresentadas propostas de estratégias de usos “viáveis” sob os pontos de vista de engenharia, econômico, ambiental e social, considerados a vocação natural da terra, o aproveitamento sustentável dos recursos, a proteção da qualidade do meio ambiente e as tendências socioeconômicas locais e regionais(BITAR; ORTEGA, 1998).

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atividade de mineração, e esta deverá ser aprovada pelo órgão ambiental competente que contemple o uso futuro da área de influência da mina após o seu fechamento.

A discussão das alternativas de uso futuro pressupõe a compreensão das características e do arranjo sistêmico dos atributos ambientais que compõem a área. Devem ser diagnosticadas as partes integrantes desse sistema por intermédio de procedimentos analíticos, que possibilitem reconhecer e identificar as conexões existentes entre os diversos elementos do conjunto. Na caracterização do território em que se insere a unidade, as potencialidades e as limitações naturais devem ser conectadas às contingências e às potencialidades sociais e econômicas. Na seleção da(s) alternativa(s) de uso futuro, os interesses concorrentes devem ser compatibilizados, na medida do possível, minimizando eventuais conflitos (VALE – GFM , 2011).

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CAPÍTULO 3 – GESTÃO DE RISCOS

3.1 Introdução

Não existe uma definição universalmente reconhecida para a palavra risco. Assim, os significados associados a essa palavra diferem, tanto semântica quanto sintaticamente, em função de suas origens.

Segundo Wharton (1992), a palavra risq, em árabe, significa algo que lhe foi dado (por DEUS) e do qual você tirará proveito, possuindo um significado de algo inesperado e favorável ao indivíduo. Em latim, riscum conota algo também inesperado, mas desfavorável ao indivíduo. Em grego, uma derivação do árabe risq, o termo significa a probabilidade de um resultado sem imposições positivas ou negativas. O francês risque tem significado negativo, mas, ocasionalmente, possui conotações positivas, enquanto que, em inglês, risk possui associações negativas bem definidas.

Conforme Bastias (1977), “risco é uma ou mais condições de uma variável que possuem o potencial suficiente para degradar um sistema, seja interrompendo e/ou ocasionando o desvio das metas, em termos de produto, de maneira total ou parcial, e/ou aumentando os esforços programados em termos de pessoal, equipamentos, instalações, materiais, recursos financeiros, etc.” Desta forma, os riscos assinalam a probabilidade de perdas dentro de um determinado período específico de atividade de um sistema, e podem ser expressos como a probabilidade de ocorrência de acidentes e/ou danos às pessoas, ao patrimônio ou de prejuízos financeiros. Bastias (1977) também salienta que todos os elementos de um sistema apresentam um potencial de riscos que podem resultar na destruição do próprio sistema.

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significado atribuído à palavra, risco “expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais” e pode ser relacionado à probabilidade de ocorrência de um acidente “multiplicado” pelo dano decorrente desse acidente, em unidades operacionais, monetárias ou humanas.

Jackson e Carter (1992) concordam com o fato de que o conceito de risco esteja associado com a falha de um sistema, constituindo-se na possibilidade de um sistema falhar em termos de probabilidades. No entanto, esses autores preferem trabalhar com a possibilidade de falha de um sistema, ao invés da probabilidade, alegando que a visão probabilística somente se preocupa com a ocorrência de um evento dentro de uma população, enquanto que, ao se analisar a possibilidade da falha, a preocupação é com um evento particular.

Em uma análise de riscos, os conceitos de perigo e risco são diferentes. Perigo é definido como uma situação ou condição que tem potencial de acarretar consequências indesejáveis. Trata-se de uma característica intrínseca a uma substância (natural ou sintética), a uma instalação ou a um artefato.

Risco, ainda, é conceituado como a contextualização de uma situação de perigo, ou seja, constituiria na possibilidade da materialização de perigo ou de um evento indesejado ocorrer. Uma substância perigosa não identificada e armazenada em recipientes mal vedados representa um risco maior do que uma situação em que há identificação clara da substância, quando as pessoas que a manuseiam conhecem sua periculosidade e há procedimentos de segurança para o manuseio. Assim, como definido pela SRA (2011), risco é o potencial de realização de consequências adversas indesejadas para a saúde ou para a vida humana, para o ambiente ou para bens materiais. Simbolicamente, risco (R) pode ser representado como sendo o produto da probabilidade (P) de ocorrência de um determinado evento vezes a magnitude das consequências (C), ou seja, R = P x C.

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As atividades humanas, principalmente as industriais, são sistemas potenciais de geração de acidentes e que podem causar danos ao meio ambiente, à saúde e à segurança pública. Logo, esses sistemas devem ser submetidos a uma criteriosa análise de riscos, na qual as possibilidades de acidentes sejam avaliadas em relação à sua probabilidade de ocorrência e à magnitude dos danos que podem causar (FELICIANO, 2008).

Do ponto de vista legal, a Resolução Conama Nº 1, de 23/01/1986, que institui a necessidade de realização da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) para fins de licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, incorporou os estudos de análise de riscos nesse processo, para determinados tipos de empreendimentos, de forma a considerar, além dos aspectos relacionados com a poluição crônica, também a prevenção de acidentes maiores.

A gestão de riscos consiste na formulação de diferentes medidas preventivas, para se evitar a ocorrência de acidentes ou para se reduzirem suas consequências. Inclui-se, também, em um plano de gerenciamento de riscos (PGR), a descrição das medidas a serem tomadas em caso de ocorrência de acidentes, também conhecidas como Plano de Atendimento a Emergências (PAE). O PGR deve descrever todos os procedimentos propostos e os recursos necessários, concentrando-se nos aspectos críticos identificados anteriormente e dando prioridade aos cenários acidentais mais importantes (CETESB, 2003).

Sell (1995) afirma que o gerenciamento de riscos consiste no levantamento, na avaliação e no domínio sistemático dos riscos da empresa, sendo que tal gerenciamento está fundamentado em princípios econômicos. Também salienta que o domínio dos riscos é tarefa essencial da direção da empresa, sendo que o objetivo primário do gerenciamento de riscos é o de garantir a realização das metas almejadas pela empresa, minimizando a possibilidade de ocorrência de eventos perturbadores que prejudiquem o funcionamento normal da mesma.

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20

riscos busca a diminuição de erros e falhas e o estabelecimento de planos de ação de emergência para a mitigação de acidentes, não se restringindo apenas à administração dos gastos com seguros, como muitas vezes é entendido.

Um estudo de riscos, além de buscar identificar os perigos e estimar o risco (ou seja, estimar, valores para as probabilidades de ocorrência de um evento e a magnitude das consequências), deve propor medidas de gerenciamento. Essas se dividem em medidas preventivas (visando a reduzir as probabilidades de ocorrência e, por conseguinte, reduzir os riscos) e ações de emergência (medidas a serem tomadas, no caso de ocorrência de acidentes). Souza (1995) propõe um diagrama esquemático do processo de gestão de riscos (figura 3.1).

A gestão de riscos deve sempre envolver as seguintes etapas (EPA, 2000):

1. Identificação de riscos – determinação de fontes de riscos e de eventos que possam ter um impacto na consecução dos objetivos.

2. Análise de riscos – atividade voltada para o desenvolvimento da estimativa qualitativa ou quantitativa do risco, baseando-se na engenharia de avaliação e nas técnicas estruturadas para promover a combinação das frequências e das consequências de um acidente.

3. Avaliação de riscos – processo que utiliza os resultados da análise de riscos para a tomada de decisão quanto ao gerenciamento de riscos através da comparação com critérios de tolerância de riscos previamente estabelecidos.

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Gestão de riscos

Financiamento de riscos

Figura 3.1: Diagrama esquemático do processo de gerência de riscos. Fonte: Souza, (1995).

A análise de riscos consiste no exame sistemático de uma instalação industrial (projeto existente), de sorte a identificar os riscos presentes no sistema e formar opinião sobre ocorrências potencialmente perigosas e suas possíveis consequências. Seu principal objetivo é promover métodos capazes de fornecer elementos concretos que fundamentem um processo decisório de redução de riscos e de perdas para uma determinada instalação industrial, seja essa decisão de caráter interno ou externo à empresa (SOUZA, 1995).

Identificaçã o dos riscos

Análise dos riscos

Avaliação dos riscos

Eliminação dos riscos

Redução dos riscos

Prevenção e controle

Financiamen to

Retenção Transferênci

a

Autoadoção

Autosseguro Através de seguro

Sem seguro

IDENTIFICAÇÃO

ANÁLISE

AVALIAÇÃO

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22 3.2 Stakeholders em uma gestão de riscos

Stakeholders ou partes interessadas são pessoas e organizações que podem afetar, serem ou se considerarem afetadas pela empresa ou pelo processo de gestão de riscos. É importante identificar as partes interessadas e compreender que a organização não escolhe as partes interessadas que quiser. Se algum grupo não for considerado inicialmente é provável que ele apareça posteriormente e que se perderão os benefícios da consulta anterior (ABNT NBR ISO 31000:2009).

A análise das partes interessadas fornece aos tomadores de decisões um perfil documentado dessas partes, a fim de melhor se compreender suas necessidades e interesses. Tal análise tem um papel importante na demonstração da integridade do processo e na garantia de que os objetivos do processo de avaliação de riscos abranjam as expectativas legítimas de todas as partes interessadas.

As partes interessadas devem ser devidamente incluídas em cada etapa ou ciclo do processo de gestão de riscos através do processo de comunicação e de consulta. O engajamento das partes interessadas promove a aceitação dos riscos e pode gerar soluções construtivas. A não identificação e a não inclusão das partes interessadas podem levar a não aceitação da proposta e de sua estratégia pela direção, pelos clientes, pelos funcionários, pelas entidades reguladoras e pela comunidade.

Os principais objetivos e interesses das partes interessadas devem ser levados em consideração de maneira explícita. Isso pode ser feito de modo bastante simples ou podem ser necessárias análises mais sofisticadas através das quais se podem prever os principais riscos sociais e comunitários (DE CICCO, 2009).

3.3 Gestão de riscos segundo a norma ABNT NBR ISO 31000:2009

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23

chave da Norma ABNT NBR ISO 31000:2009 é a inclusão do estabelecimento do contexto como uma atividade no início desse processo genérico de gestão de riscos. O estabelecimento do contexto captura os objetivos da organização, o ambiente em que ela persegue esses objetivos, suas partes interessadas e a diversidade de critérios de riscos – o que auxiliará a revelar e a avaliar a natureza e a complexidade de seus riscos.

As referências bibliográficas usadas para este item 3.3 e seus subitens, neste capítulo 3, têm como fontes principais a Norma ABNT NBR ISO 31000:2009, a Norma ABNT NBR ISO 31010:2012 “Gestão de riscos – Técnicas para o processo de avaliação de riscos”, a Norma AS/NZS 4360:2004 e o manual, Gestão de riscos – Diretrizes para a Implementação da ISO 31000:2009. Série Risk Management. Risk Tecnologia. Dezembro 2009.

Quando implementada e mantida de acordo com a Norma, a gestão de riscos em uma organização possibilita: aumentar a probabilidade de atingir os objetivos; encorajar uma gestão proativa; identificar e tratar os riscos através de toda a organização; melhorar a identificação de oportunidades e ameaças; atender às normas internacionais e aos requisitos legais e regulamentares pertinentes; melhorar o reporte das informações financeiras, a governança e a confiança das partes interessadas; estabelecer uma base confiável para a tomada de decisão e o planejamento; melhorar os controles; alocar e utilizar eficazmente os recursos para o tratamento de riscos; melhorar a eficácia e a eficiência operacional; melhorar o desempenho em saúde e em segurança, bem como a proteção do meio ambiente; melhorar a prevenção de perdas e a gestão de incidentes; minimizar perdas; melhorar a aprendizagem organizacional; aumentar a resiliência da organização (ABNT NBR ISO 31000:2009).

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25

Os princípios inerentes à gestão de riscos são genéricos em sua natureza, e são amplamente independentes de qualquer tipo de estrutura organizacional. As técnicas de gestão de riscos fornecem às pessoas, em todos os níveis, uma abordagem sistemática para o gerenciamento dos riscos.

3.3.1 Processo de gestão de riscos

Na norma ABNT NBR ISO 31000:2009, de maneira geral, como mostra a figura 3.3, pode-se estabelecer um procedimento básico para o desenvolvimento do processo de gestão de riscos, que é composto pelos seguintes elementos:

a) Estabelecimento dos contextos. b) Identificação de riscos.

c) Análise de riscos. d) Avaliação de riscos. e) Tratamento de riscos. f) Comunicação e consulta.

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Estabelecimento dos contextos

• Contexto interno • Contexto externo

• Contexto da gestão de riscos • Desenvolvimento de critérios • Definição da estrutura

Tratamento de riscos

• Identificar as opções • Analisar e avaliar as opções

• Preparar e implementar os planos de tratamento

• Analisar e avaliar os riscos residuais

Identificação de riscos

• O que pode acontecer? • Quando e onde? • Como e por quê?

Análise de riscos

Identificar os controles existentes

Avaliação de riscos

C om un ic ão e c on su lt a Mo ni to ra m en to e a lise crí ti ca Determinar as

consequências probabilidade Determinar a

Determinar o nível de risco

• Comparar com critérios • Estabelecer prioridades

Tratar os riscos?

Não

Sim

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27 3.3.1.1 Estabelecimento dos contextos

O risco é a chance de acontecer algo que terá impacto nos objetivos. Sendo assim, para garantir que todos os riscos significativos sejam identificados, é necessário conhecer os objetivos da função ou da atividade da organização que está sendo examinada. Os objetivos significam a essência da definição dos contextos. Os critérios para o êxito organizacional representam a base para medir o alcance dos objetivos e, por isso, são utilizados para identificar e mensurar os impactos e as consequências dos riscos que podem dificultar o processo de se atingirem as metas.

Segundo a norma ABNT NBR ISO 31000:2009, quando se estabelecem os contextos, pode-se definir os parâmetros básicos através dos quais os riscos podem ser gerenciados, podendo-se, ainda, definir o escopo para o restante do processo de gestão de riscos. Os contextos incluem os ambientes interno e externo da organização, bem como os propósitos da atividade de gerenciamento de riscos. Também incluem a consideração das interfaces entre esses ambientes. A definição dos contextos é necessária para:

 Esclarecer os objetivos organizacionais.

 Identificar o ambiente no qual se buscam os objetivos.

 Especificar o escopo principal e os objetivos para a gestão de riscos, bem como perceber as condições limitativas de se atingirem os resultados necessários.

 Identificar um conjunto de critérios com base nos quais os riscos serão mensurados.

 Definir um conjunto de elementos principais para a estruturação do processo de avaliação de riscos.

Os critérios com base nos quais os níveis de riscos são analisados e avaliados terão um papel importante na definição dos métodos a serem utilizados para análise desses. Por essa razão, é importante que critérios apropriados sejam considerados no início do processo. Os critérios mais importantes a serem considerados incluem:

 A natureza e os tipos de causas e de consequências que podem ocorrer e como elas serão medidas.

 A definição da(s) probabilidade(s).

 A evolução no tempo da(s) probabilidade(s) e/ou consequência(s).

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28  Os pontos de vista das partes interessadas.

 Os níveis em que os riscos se tornam aceitáveis ou toleráveis.

 A conveniência de se considerarem as combinações de múltiplos riscos e, em caso afirmativo, com quais combinações a referida conveniência precisa de ser considerada.

3.3.1.2 Processo de avaliação de riscos

O processo de avaliação de riscos propriamente dito passa pela aplicação de técnicas que permitem identificar, analisar e quantificar o risco (figura 3.4). Essas metodologias são aplicadas sob a forma de workshop multidisciplinar, envolvendo representantes de todas as áreas e níveis de uma organização, que estejam ligados com o processo/atividade a ser analisado(a). Caso seja necessário, recorre-se também, à participação de fornecedores, de clientes ou das partes envolvidas, sejam essas partes internas ou externas.

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29

PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS

Processo de Gestão de Riscos

Estabelecimento do Contexto

Identificação de Riscos

Análise de Riscos

Avaliação de Riscos

Tratamento de Riscos

Co

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30

O padrão ABNT NBR ISO 31010:2012, que tem como objetivo dar suporte ao padrão ABNT NBR ISO 31000:2009. A ISO 31010:2012, apresenta 31 ferramentas de avaliação de riscos, as quais são avaliadas de acordo com a sua aplicabilidade, do ponto de vista de identificação de riscos, análise de riscos (consequência e probabilidade) e quantificação de riscos. As ferramentas mais indicadas para o processo de avaliação de riscos no fechamento de mina (BOWDEN et al. 2001; ICMM, 2008; LAURENCE, 2001b; ROBERTSON; SHAW, 2003), que podem ser usadas, individualmente ou coletivamente, incluem:

I – Brainstorming – O brainstorming envolve um processo de estimular e de incentivar o livre fluxo de conversação entre o grupo de pessoas conhecedoras, para se identificarem os modos de falhas potenciais e os perigos e riscos (ameaças/oportunidades) associados, os critérios para decisões e/ou opções para tratamento. A facilitação eficaz é muito importante nessa técnica e inclui o estímulo da discussão desde o início, provocando, periodicamente, o grupo em outras áreas pertinentes e a identificação das questões que emergem da discussão. O brainstorming é uma técnica de geração de ideias em grupo dividida em duas fases, a criativa e a crítica. Na primeira, os participantes apresentam o maior número possível de ideias. Na segunda, cada participante defende sua ideia com o objetivo de convencer os demais membros do grupo sobre suas posições e seus conceitos. Na fase crítica, são filtradas as melhores ideias, permanecendo somente aquelas aprovadas pelo grupo(ABNT NBR ISO 31010:2012). A técnica é composta de quatro regras básicas:

1. As críticas devem ser banidas – a avaliação das ideias deve ser guardada para momentos posteriores.

2. A geração livre de ideias deve ser encorajada.

3. O foco é na quantidade – quanto maior o número de ideias, maiores as chances de se ter ideias válidas.

4. Ênfase na combinação e no aperfeiçoamento de ideias geradas pelo grupo.

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31

III – Entrevistas Estruturadas ou Semiestruturadas – As entrevistas livres, semiestruturadas ou estruturadas são conduzidas individualmente ou em grupo com membros experientes do projeto envolvidos ou com especialistas (PMBOK – PMI, 2004). Em uma entrevista estruturada, os indivíduos entrevistados são convidados a responder a um conjunto de questões propostas com pontos de vistas diferentes, o que permite a identificação de riscos por diferentes perspectivas. A entrevista semiestruturada possibilita uma liberdade maior por meio de um questionamento verbal, explorar as questões à medida que forem surgindo. As entrevistas estruturadas e semiestruturadas são úteis quando é difícil reunir as pessoas para uma sessão de brainstorming, sendo mais frequentemente utilizadas para identificação de riscos e avaliação da eficácia dos controles existentes no âmbito da análise de riscos, podendo, ainda, ser aplicadas em qualquer fase de um projeto ou processo.

IV – Análise Preliminar de Perigos – A APP é um método simples, indutivo e analítico, tendo como objetivo identificar os perigos, as situações perigosas e eventos que podem causar danos para uma determinada atividade ou instalação ou, ainda, para um determinado sistema. Esse método é mais comumente utilizado no início do desenvolvimento de um projeto, quando há pouca informação sobre os detalhes de um projeto ou sobre os procedimentos operacionais. Pode ser útil, também, ao se analisarem os sistemas, isto no sentido de se priorizarem os perigos e os riscos existentes, quando as circunstâncias não permitem uma técnica mais ampla de ser usada. Como resultado, espera-se obter uma lista de perigos e riscos e, também, recomendações sob a forma de aceitação de controles recomendados, de especificação do projeto ou espera-se, ainda, conseguir formular uma avaliação mais detalhada (ABNT NBR ISO 31010:2012).

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eficácia dos controles. Esse processo pode ser executado em qualquer fase do ciclo de vida de um produto, processo ou sistema.

VI – FMEA – A técnica FMEA (Failure Mode and Effects Analysis), sigla originária do inglês, é traduzida pela ABNT como Modos de Pane e Seus Efeitos. De acordo com a NBR 5462:1994, o FMEA é um método qualitativo de análise de confiabilidade, que envolve o estudo dos modos de falhas que podem existir para cada item, podendo determinar os efeitos de cada modo de falha sobre os outros itens e sobre a função específica do conjunto. Portanto, a ferramenta cria a possibilidade de se minimizarem as falhas potenciais e de evitarem seus efeitos.

VII – Matriz de Probabilidade/Consequências – Uma matriz de

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33

Tabela 3.1 – Exemplo de matriz qualitativa de riscos.

Consequências

1 2 3 4 5

Probabi-

lidade Descritor Insigni- ficante Menor Mode- rado Maior Catas- trófico

A Quase certo A1 A2 A3 A4 A5

B Provável B1 B2 B3 B4 B5

C Possível C1 C2 C3 C4 C5

D Improvável D1 D2 D3 D4 D5

E Raro E1 E2 E3 E4 E5

Classificação de riscos Extremo

Alto Moderado Baixo

Fonte: Bowden et al. (2001).

3.3.1.2.1 Identificação de riscos

A finalidade da identificação de riscos é a de desenvolver uma lista abrangente de fontes de riscos e de eventos que podem ter um impacto na consecução de cada um dos objetivos (ou elementos-chave) identificados nos contextos. Tal lista deve ser abrangente, pois riscos não identificados podem se tornar uma ameaça à organização ou fazer com que se percam oportunidades importantes (ABNT NBR ISO 31000:2009).

Informações de boa qualidade são importantes na identificação de riscos. O ponto de partida para isso pode ser o histórico sobre a organização ou sobre as organizações similares. Deve-se, também, abrir para uma posterior discussão com uma ampla gama de partes interessadas sobre questões passadas, atuais e futuras. Alguns exemplos são:

 Experiência local ou internacional.

 Opinião de um perito.

 Entrevistas estruturadas.

 Discussões dirigidas em grupo.

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34

 Relatórios de solicitação de pagamento de seguro.

 Relatórios pós-eventos.

 Experiência pessoal ou experiência organizacional anterior.

 Resultados e relatórios de auditorias, de inspeções e de visitas.

 Pesquisas e questionários.

 Listas de verificação.

 Registros históricos, banco de dados de incidentes e acidentes e análise de falhas e registros anteriores de riscos, se houver.

É essencial que uma equipe envolvida na identificação dos riscos tenha conhecimento dos aspectos detalhados do estudo de riscos que está sendo realizado. Identificar riscos também pode exigir pensamento criativo e experiência adequada. O envolvimento de uma equipe possibilita a criação de comprometimento e de responsabilidade em relação ao processo de gestão de riscos, bem como garante que sejam considerados riscos para diferentes partes interessadas, quando apropriado (DE CICCO, 2009).

3.3.1.2.2 Análise de riscos

A análise de riscos pode ser realizada com diversos graus de detalhes, dependendo da fonte do risco, da finalidade da análise, das informações e dos dados e recursos disponíveis. Dependendo das circunstâncias, a análise pode ser qualitativa, semiquantitativa ou quantitativa.

De acordo com De Cicco (2009), as consequências e suas probabilidades podem ser determinadas por modelagem dos resultados de um evento ou conjunto de eventos, ou por extrapolação, isso a partir de estudos experimentais ou a partir dos dados disponíveis. As consequências podem ser expressas em termos de impactos tangíveis e intangíveis. Em alguns casos, é necessário mais que um valor numérico ou descritor para especificar as consequências e suas probabilidades em diferentes períodos, locais, grupos ou situações.

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probabilidade. As escalas e métodos adequados para tal combinação devem ser compatíveis com os critérios definidos, quando os contextos forem estabelecidos.

De acordo com a norma ABNT NBR ISO 31000:2009, risco é uma função tanto da probabilidade como da medida das consequências. Em sua forma mais simples, o risco pode ser expresso da seguinte forma:

Risco = função da (Probabilidade e Consequências)

Considerando-se que o nível de risco é proporcional a cada um de seus dois componentes (probabilidade e consequências), a função risco será, essencialmente, um produto. Isso pode ser expresso, simbolicamente, como:

Risco = Probabilidade x Consequências (R = P x C)

As tabelas de consequências e de probabilidades são utilizadas a fim de se fornecerem definições para as escalas de classificação, para que haja um entendimento comum de seu significado. As tabelas devem ser compatíveis com os objetivos específicos e com o contexto da atividade de gerenciamento de riscos.

Alguns métodos qualitativos para a geração de informações, para a análise de riscos, incluem:

1. Avaliação usando grupos multidisciplinares. 2. Opinião de especialistas e peritos.

3. Entrevistas estruturadas e questionários.

Segundo De Cicco (2009), as principais perguntas que devem ser feitas ao se analisar um risco incluem:

 Quais dos sistemas atuais podem prevenir, detectar ou reduzir as consequências ou probabilidades de riscos ou eventos indesejáveis?

 Quais dos sistemas atuais podem melhorar ou aumentar as consequências ou probabilidades de oportunidades ou de eventos benéficos?

Imagem

Figura 2.1  –  Planejamento para fechamento e o ciclo de vida da mina. Fonte:  ICMM  (2008)
Figura 3.1: Diagrama esquemático do processo de gerência de riscos. Fonte: Souza,  (1995)
Figura 3.2 – Relacionamentos entre os princípios da gestão de riscos, estrutura e processo
Figura 3.3 – Processo de gestão de riscos – Detalhamento. Fonte: De Cicco, (2009).
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Referências

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