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AVALIAÇÃO E MEDIAÇÃO DE TEXTOS NARRATIVOS NA SÍNDROME DE DOWN

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO E MEDIAÇÃO DE TEXTOS NARRATIVOS NA SÍNDROME DE DOWN

Gilsenira de Alcino Rangel Universidade Federal de Pelotas Eixo Temático: Avaliação pedagógica e escolar na perspectiva inclusiva Agência Financiadora:FNDE/ MEC/SESU/PET

Palavras-chaves: aprendizagem, mediação, narrativa, Síndrome de Down

1. Introdução

Na maior parte das vezes em que solicitamos produções escritas, estamos pressupondo capacidade de planejamento do discurso e de reflexão sobre a língua. Assim, como afirma Chafe (1990), as narrativas são manifestações abertas da mente em ação. A mente é guiada por esquemas, concebidos como estruturas de expectativas. O texto narrativo é aquele que responde às seguintes perguntas: Apresentação: Sobre o quê? Quem, quando, o quê, onde? Complicação: O que aconteceu? Resolução: Como terminou? Neste trabalho o interesse está voltado para a narrativa de histórias, com apoio de mediação.

Tem-se como norteadoras as idéias desenvolvidas por Vigotsky (1991) que levam em consideração as zonas de desenvolvimento. Nesse sentido, o conceito de Zona de desenvolvimento proximal (ZDP) é primordial. Esse conceito, elaborado por Vigotsky, tem a ver com a distância entre o nível de desenvolvimento atual do aprendiz, que é determinado pela resolução independente de problemas ou desafios, e o nível potencial, que é determinado pela resolução de problemas com ajuda, isto é, trata-se da região entre as atividades que o aprendiz é capaz de realizar sem ajuda e aquelas para as quais necessita de auxílio.

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O nosso objetivo foi verificar o papel da mediação, por parte do professor, no processo de construção de textos narrativos.

Material e Métodos

Os sujeitos da pesquisa são 4 jovens com síndrome de Down, participantes do projeto de Extensão Novos Caminhos. Os jovens participam atendimento pedagógico, três vezes por semana, na Faculdade de Educação onde são desenvolvidas aulas de português, matemática, ciências, história, geografia e artes.

Para a coleta de dados são aplicadas oficinas de produção textual nas quais motivamos a leitura de um texto, discutimos e a seguir solicitamos que proponham um final ou novo final para o texto, ou ainda, que recontem a história. Para esta exposição será apresentado dados de uma das participantes, Tam, com 20 anos. A narrativa apresentada aqui faz parte da oficina de Reconto. A tarefa, portanto, era recontar história ouvida. O texto utilizado para esse fim foi Uma noiva chique, chiquérrima, lindérrima; de Beatrice Masini.

Resultados e Discussão

Inicialmente o trabalho de mediação é feito a partir da primeira escrita do aprendiz, sem intervenção. Eis o resultado, na Figura 1, dessa primeira escrita.

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Nessa escrita temos um resumo incompleto da história. A reescrita, feita em aula, visou, primordialmente a estrutura narrativa, mas atentou para os erros de ortografia presentes, sinalizando-os e sugerindo a consulta ao dicionário. Após, o resultado foi passado a limpo (Figura 2).

Observe-se a seguir a interferência da pesquisadora depois de alguns dias. P

Pesq

1 1

Qual era mesmo o título da história? Você lembra? T

Tam

2 2

Uma noiva chique, chiquérrima, lindérrima. P

Pesq.

3 3

Muito bem! Então escreve aí. (Aguarda que escreva). E agora, como é que vamos começar a história?

Tam 4

4

Filomena era a noiva e Ferrucho era o noivo. P

Pesq.

5 5

Isso aí! Vamos escrever isso no papel? Não esquece que nome de pessoas se escreve com letra maiúscula! E então o que aconteceu?

T Tam

6 6

Ele pediu ela em casamento. P

Pesq.

7 7

Legal! Escreve isso. T

Tam.

8 8

Então ele falou: que casar comigo, eu quero. P

Pesq.

9 9

Vamos prestar atenção para o modo de registrar: lembra que quando um personagem fala, devemos usar novo parágrafo e travessão, letra maiúscula?

T Tam 1 10 Tinha me esquecido! P Pesq. 1 11

Está ficando bom, vamos lá... T

Tam

1 12

Os dois foram se preparar para o casamento. Chegou o dia do casamento. (escreve isso na folha). - Então ela foi ao cabeleirio para se arrumar.[...] Ela ficou trancada dentro da igreja. P

Pesq.

3 13

E o que aconteceu então? T

Tam

1 14

Todos estavam na igreja. P

Pesq.

1 15

Sim, mas quanto tempo tu achas que se passou: muito ou pouco? T

Tam

1 16

Passadas algumas horas... igreja. (escreve) P Pesq. 1 17 Então... T Tam 1 18

Se escabelou de tanto esperar por ajuda... não queria se casar mais com Filomena. P

Pesq.

1 19

Muito bem! Você conseguiu! Parabéns! Figura 2: Episódios de mediação durante a escrita

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a jovem escreva, a mediadora retoma a continuidade da narrativa em L 3, ao que Tam responde imediatamente escrevendo em L4. Novamente em L5, há o incentivo para a e escrita. Em L6, Tam, fala o que escreverá e em L11 é relembrada pela pesquisadora sobre a forma de apresentação do discurso direto ao que responde em L12 ter “esquecido”. Outra vez há, em L13, o incentivo para a reescrita e elogio ao trabalho que está sendo feito. Em L14, L15, L16 há um espaço de autonomia, sem a interferência da mediadora, que só ocorrerá novamente em L17. Na busca de melhorar a 1ª versão em L19, a aprendiz é solicitada a especificar um pouco mais o tempo decorrido e devolve com a escrita de L20.O incentivo final se dá através da interferência em L21. Em L22 tem-se a conclusão do novo final, que é festeja da pela pesquisadora em L23. Note-se que em relação à interferência da pesquisadora, o mecanismo mais utilizado para dar continuidade à narrativa foi o uso de perguntas polares (onde, com quem, quando..) objetivando que o aprendiz desse continuidade à sua narrativa.

A seguir tem-se o resultado da reescrita que ocorreu paralela à interferência.

1. Conclusões

Foi possível observar através desta pesquisa que o aperfeiçoamento do discurso narrativo escrito, mediado por interações entre professora e aluna refletiu-se qualitativamente na produção escrita através de respostas mais adequadas.

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Entre as estratégias utilizadas pela mediadora, destaca-se o encorajamento e a regulação da tarefa à ZDP – o que demonstrou ter sido uma importante ferramenta para melhoria da escrita de Tam.

Os resultados alcançados nos fazem acreditar que a mediação através do andaimento é eficaz como ferramenta de ensino, especialmente se levarmos em conta os atendimentos individuais dados aos aprendizes e, mais, aos jovens com necessidades especiais.

2. Referências

CHAFE, W. “Some things that narratives tells us about the mind”. BRITTON, B.K. & MASINI, Beatrice; CANTONE, Anna L. Uma noiva chique, chiquérrima, lindérrima. Trad. Eva Furnari. São Paulo: Ática, 2006.

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