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Um grupo de discussão: análise da postura do coordenador do grupo

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Academic year: 2018

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U M G R U P O D E D ISC U SSÃ O :

an álise d a p ostu ra d o coord en ad or d o gru p o

V e r ô n ic a M o r a is X im e n e s *

RESUMO

WVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

E s s e t r a b a l h o t e m c o m o o b j e t i v o g e r a l a n a l i s a rzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAad i n â m i c a d e u m g r u p o d e d i s c u s s ã o , d e t e n d o - s e e s p e c l i i -c s m e n t e n a p o s t u r a d o c o o r d e n a d o r / m o n i t o r . E n t é . o s e a p r o v e i t a r á ao p o r t u n i d a d e p a r a a p r e s e n t a r a l g u n s s s p e c

-t o s m e -t o d o l ô g i c o s q u e a j u d a r a m n a a n á l i s e d o g r u p o . P r i m e i r a m e n t e s e d i s c u t i r á om a r c o t e ó r i c o r e l a c i o n a d o c o mQPONMLKJIHGFEDCBAo a s s u n t o . E m s e g u i d a s e d e fi n i r á a m e t o d o l o g i a u t i l i z a d a , o n d e s e a b o r d a r á a c o m p o s i ç ã o d o g r u p o e o t e m a q u e g e r a r á ad i s c u s s ã . o . P o s t e r i o r m e n t e s e fa r á at a b u l a ç ã o d o s d a d o s es u a i n t e r p r e t a ç ã o . A o fi n a l s e t r a ç a r á u m p e r fi l d o m o n i t o r d e s t e g r u p o es e l e v a n t a r á a l g u m a s h i p ó t e s e s s o b r e ad i n â m i c a g r u p e l .

ABSTRACT

T h i s w o r k h s s asg e n e r a l o b j e c t í v e t o a n a l y z e t h e d y n a m i c s o f a g r o u p o f ' d i s o u s s i o n . r e t e i n i n g s p e c í fi c a l / y i n t h e r o l e o ft h e c o - o r d i n s t o r / m o n i t o r o ft h e g r o u p . M e a n w h í l e i tw i l l b e t e k e n a d v a n t a g e t h e o p p o r t u n i t y t o t e e c b s o m e e s p e c t s o f m e t h o d o l o g y , t h a t h e l p e d e n e l y s i s o f g r o u p s . F í r s d y , i t w i l l b e d i s c u s s e d t h e t h e o r e t i c e l fi - a m e w o r k r e l e i e d t o t h e m e i t e r : Immedieiely. i t w í l l b e e x p o s e d t h e u s e d m e t h o d o l o g y . w h e r e w i l l b e e p p r o e c h e d t h e c o m p o s i t i o n o ft h e g r o u p a n d t h e t o p i c t h e t w í l l g e n e r a t e t h e d i s c u s s i o n . A fi e I ; i t w i l l b e m e d e t h e t s b u l e t i o n o ft h e d a t a a n d t h e i r i n t e r p r e t e t i o n s . F í n a l / y l t w í l l b e t r e c e d ap r o fi l e o f t h e m o n i t o r o f t h i s g r o u p a n d c e r r y o u t s o m e h y p o t h e s i s o n t h e o p e r s t i o n o ft h i s g r o u p .

~sicóloga, doutoranda em Recursos Humanos e Organizações na Universidade de Barcelona e bolsista. da CAPES.

(2)

1.Introdução

o

problema da preservação da natureza e do

desenvolvimento sustentável é um dos tema mais

dis-cutidos e que geram muitas hipóteses sobre como o

homem deve sobreviver nessa realidade. Não é

possí-vel ignorar as causas e os efeitos que a ação do homem provoca no meio ambiente, no entanto surge sempre a polêmica sobre a necessidade de um equilíbrio entre o desenvolvimento das cidades e a preservação da natu-reza.QPONMLKJIHGFEDCBAA busca de formas alternativas de convívio do homem com a natureza faz parte da lista de proble-mas que afligem todos os países do mundo.

Os dados relacionados com este problema

po-dem ser coletados de diversas formas e entre elas se encontra o grupo de discussão, definido por Krueger

( 1 9 8 8 )como "uma conversa cuidadosamente planeja-da, desenvolvida para obter informação de uma área

definida de interesse, num ambiente propicio,

não-diretivo."

Este trabalho aborda alguns aspectos da

postu-ra de um coordenador de um grupo de discussão,

suas características, as interações dos grupo, o desen-volvimento da discussão e do clima que estava

pre-sente. Em síntese, se pretende fazer uma análise da

postura do coordenador de grupo dentro da dinâmi-ca de um grupo de discussão.

2. Marco Teórico

Segundo Tous ( 1 9 9 3 ) o grupo é considerado

um sistema aberto, isto é, um todo unificado

ccnsti-tuído por elementos interdependentes (pessoas) que

estão interagindo de forma regular para realizar uma

missão definida implícita ou explicitamente. Cada

membro de um grupo possui uma função determina-da (papel), as interações entre os distintos papeis e o

meio (externo) determinam a dinâmica do grupo.

Muitas questões surgiram a partir dos estudos sobre os grupos. O grupo pode ser considerado uma

reali-dade? Sim, desde uma concepção sociológica que

considera que a atividade do grupo é distinta da soma das atividades particulares de cada um dos membros.

Desta forma o grupo adquire propriedades próprias

que o distingue dos seus membros. O grupo não é considerado uma realidade, quando se faz uma análi-se a partir de cada participante análi-sem preocupar-análi-se com o processo de interação que ele gerou.

Para reforçar a concepção que o grupo possui

uma realidade, alguns autores definiram que o grupo é composto por:

• Partes do grupo [rnembros/participantes]:

• Elementos do grupo (subgrupcs, canais de co-municação);

• Grupo (estrutura própria).

Então a partir desse pensamento é impossível

ana-lisar o grupo só pelos participantes isoladamente, én e

-cessário os outros componentes.

Segundo Shaw ( 1 9 7 9 ) , "o grupo se define

quan-do duas ou mais pessoas interagem mutuamente de

modo que cada pessoa influi em todas as demais e é influída por elas." Esta definição está relacionada com a interação dos membros, onde todos são influencia-dos e considerainfluencia-dos ativos no processo desenvolvido pelo grupo.

Para Moreno ( 1 9 7 9 ) , o grupo é caracterizado

pela interação entre os membros, os interesses ou as

atividades comuns, mas para que isso ocorra é

neces-sário um mínimo de coesão e de desigualdade no status. Então ao mesmo tempo que o grupo possui hemo-geneidade (coesão) para que se alcance os objetivos definidos pelos participantes, ele necessita também de

uma heterogeneidade (desigualdade no status) a fim

de que diferentes idéias contribuíam para o crescirnen-to e o desenvolvimencrescirnen-to do grupo. O grupo é uma área de relações entre as pessoas, onde interações surgem e

propiciam um comportamento distinto do indivíduo

dentro do grupo em relação a sua postura na sua vida pessoal, isto é, nos momentos em que não está no grupo. A sua teoria está relacionada com a psicoterapia de grupo, que consiste na ajuda recíproca, terapêutica de todos os membros; onde o grupo é mais que a soma de indivíduos e tem uma estrutura própria. Segundo

Gonzaléz ( 1 9 8 7 ) na teoria de Moreno, o grupo

esta-belece um complexo padrão de relações composto por atrações e repulsas, causadas por um choque entre as emoções dos indivíduos que afloram com o processo de interação.

Lewin ( 1 9 7 8 ) concebe o grupo como um

cam-po de forças ocam-postas que mantém entre si um equilí-brio quase estacionário e a mudança que surge nele é

considerada uma modificação (aumento o

diminui-ção de forças opostas) desse equilíbrio. O processo de mudança se estrutura em três fases:

descongela-mento da situação presente, mudança em si (novo

nível) e congelamento dessa mudança. Um dos

irn-portantes conceitos abordados por Lewin é o de carn-po, que teve como origem duas fontes distintas:

* Psicologia da Forma ~ onde o campo é definido

como o âmbito que se dá a conduta e * Física ~ o

campo permite expressar e representar as forças que

(3)

se desenvolvem no mesmo, como vectores. O carn-po está formado carn-por uma totalidade de fatos que em um momento dado determinam o comportamento de

um indivíduo.QPONMLKJIHGFEDCBA

o

grupo de discussão

O grupo de discussão é uma técnica que está inserida dentro da dinâmica de grupo e que utiliza a discussão como instrumento básico. Um dos objetivos é a tomada de consciência dos membros no processo, que foi gerado no grupo e não só a preocupação com a discussão e/ou com a coleta de dados. Os objetivos, referidos por Maier (1980), em relação a discussão, podem ser aplicados ao grupo de discussão, sendo os seguintes:

I .Perrnitirque os participantes se influenciam re-ciprocamente.

2. Promover insight,como processo ativoe como forma de aprendizagem.

3. Fornecer, mediante a prática da discussão, re-cursos as pessoas, não só para sua conduta, si não também para o seu pensamento.

O grupo de discussão está aberto a aplicação de outras técnicas grupaisque facilitamo desenvolvimento

processode interaçãoentre osmembros, como:Philips 66, dramatizações,brainstorming,estudo de

casos,con-ução e outras mais. Existe uma infinidade de âmbitos e aplicação do grupo de discussão, compreendendo entre eles: a escola, a universidade, a área social(asseei-ações de moradores, sindicatos), a universidade e etc.

Para Ibánez (1979) o grupo de discussão está re-lacionado como uma técnica de pesquisa social, onde é possível coletar dados sobre uma determinada situa,

çâo (um tema de discussão) e que se diferencia dos

demais grupos devido a duas características: simulado e manipulável. O caráter simulado está relacionado com o objetivo da sua criação, quer dizer, tem um inícioe um fim determinado e só existe durante o mo, mento que os membros falam sobre o assunto

específi-co, definido a priori pelo coordenador/monitor.

É

manipulável porque o coordenador tem o poder para conduzir o grupo, definindo os membros, o tema da iscussão,a duração do grupo e a dinâmica em que se esenvolverá a discussão.

A estrutura do grupo de discussão leva em con-:a os seguintes aspectos:

• Tamanho do grupo: este número pode variar de acordo com os distintos autores, porém em

geral pode ser composto por quatro até doze pessoas. O tamanho do grupo é algo muito importante devido a dois fatores : ser suficien-temente pequeno para que existam possibilida-des de todos falarem e ser suficientemente gran-de para existir diversidagran-de gran-de opiniões.

• Duração da reunião: está vinculada com o tempo que se desenvolve a discussão, só tem vida durante o tempo do discurso.

• Composição do grupo: são os participantes

que farão a discussão (a interação verbal e não-verbal). Para que este discurso se produza é necessário que se articulem duas variáveis: a homogeneidade ' com o objetivo de dar signi-ficado ao discurso e a heterogeneidade ' para gerar informações distintas.Deverá ter um equi-líbrio entre a homogeneidade e a heteroge-neidade para que o grupo de discussão seja produtivo.

• Relação entre o coordenador (monitor) e

membros (participantes): para que um grupo

de discussão funcione adequadamente é

ne-cessário que tenha um coordenador (modera, dor), que seja o responsável pelo planejamento do tema e pela condução da discussão. Arela-ção entre o coordenador e os membros deve ser criada num espaço de liberdade para que as idéias e opiniões sejam expressadas. Porém cabe ao coordenador ter habilidade para co-ordenar o grupo sem ser autoritário, já que esta postura inibe os membros e outorga a verdade a ele e nem ser laiser-faire, onde não há o compromisso de nenhuma parte (coor-denador e membros) para gerar um discurso baseado no tema.

A discussão neste tipo de grupo se desenvolve através da relação entre o monitor e os membros, é a vida do grupo. O conhecimento mais detalhado des-tes componendes-tes irá facilitar a compreensão de um grupo de discussão.

- Postura do coordenador

(monitor)

o objeto de trabalho do coordenador é o

discur-so do grupo, sem a participação do coordenador como membro. Este trabalho é dividido em dois mornen-tos : durante a discussão, quando o monitor coordena o tema e depois da discussão quando o grupo não exis-te mais, o monitor vai analisar em profundidade o dis-curso e a dinâmica produzida no grupo.

63

(4)

JzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA0.WVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM o m e n t o , D u r a n t e ad i s c u s s ã oQPONMLKJIHGFEDCBA

o monitor deve fazer previamente uma análise

e um estudo do problema em discussão para que possa

coordenar o grupo. Ele introduzirá o tema para que

o grupo comece a discutir. A proposta do tema pode

ser de forma direta (objetiva), expondo o tema de

forma lógica para que o discurso entre o mais rápido

na realidade estudada, ou indireta (subjetiva),

expon-do o tema de forma semântica por via de metáfora

ou de metonímia, fazendo com que o grupo

descu-bra o tema da discussão. A presença do coordenador

e o aspecto emocional de como se põe o tema da

discussão podem estimular ou inibir o processo de

discussão do grupo.

Cabe ao coordenador está sempre atento ao que

passa no grupo e favorecer o desenvolvimento de me,

canismos que facilitem os processos humanos e não

dirigir a discussão com o objetivo de alcançar um

consenso. Como também, fazer com que o grupo

mantenha a discussão dentro do tema. As atuações

do coordenador podem ser de reformulações,

quan-do clarifica alguns pontos de vista que estão confusos

no discurso do grupo; de interpretação, quando de,

volve ao grupo dados com mais informações

(inter-pretação do rncnitcr) para que o discurso siga seu

caminho, ou para acrescentar mais dados, sem a

in-terpretação do monitor.

O monitor também pode atuar de forma indireta

através de: um observador, uma pessoa responsável

por observar o que acontece no grupo e depois passar

estas informações para o coordenador, mas não parti,

cipa como membro do grupo; e de recursos técnicos

como : gravador, câmara de vídeo, que reproduzem

fielmente a dinâmica do grupo e que ajudará bastante

na análise dos dados. É possível que um grupo de

dis-cussão tenha dois coordenadores, que podem ter

pos-turas diferentes, como por exemplo: um autoritário e

outro democrático, ou complementários onde um

aiu-da ao outro na coordenação da discussão.

20.

M o m e n t o , D e p o i s d a d i s c u s s ã o

O coordenador fará a interpretação, a análise e

a síntese do discurso dos participantes do grupo. Os

dados podem ser divididos em verbais (palavras) e não

-verbais (expressões, gestos) e todos são importantes

nessa etapa de conclusão de um trabalho feito a partir

de um grupo de discussão. Os dados poderão ser

coletados de distintas fontes: vivência do coordenador,

fita gravada da sessão, anotações do observador,

opi-niões surgidas no momento do feedback, questionários

preenchidos pelos membros.

A tarefa de sin etizar os dados é de

responsabi-lidade do coordenador. Este deverá tabular os dados

e interpretâ-los de acordo com a realidade observa,

da. O relatório/informe deverá ser objetivo e

sintéti-co, já que estes dados podem ser utilizados com

dis-tintos objetivos e por distintas pessoas. Os processos

de feedback devem ser facili ados pelo coordenador.

(Vendrell, 1987).

Para Vea Campos (I 987), as qualidades de um

monitor de um grupo de discussão podem ser resumi,

das em: sensibilidade, educação, não usar palavras

téc-nicas, oferecer autonomia ao grupo, não ser crítico,

não interromper a fala do outro, ter informações sobre

o tema, escutar mais que falar, não interferir no

confli-to e tentar construir "um sentimenconfli-to de nós" no grupo.

Segundo este autor, alguns pontos importantes na

pos-tura do coordenador deve-se ter em conta, como:

I . Tratará de proporcionar ao grupo a informa,

ção adequada a sua capacidade de assimilação

em cada momento e situação.

2. Nunca se antecipará aos acontecimentos.

3. Utilizará conceitos e imagens que os

partici-pantes conheçam.

4. Recordará acontecimentos ocorridos no grupo

relacionados com a situação presente.

S. Abrirá interrogações.

- Atuação dos membros/participantes

Os membros do grupo são os agentes que

pro-duzirão o discurso (produto da fala). O grupo só

exis-tirá durante o tempo em que está produzindo o

dis-curso, tem um início e um fim, definido pelo monitor, Não faz parte da técnica e nem da metodologia de um

grupo de discussão que o grupo preexista (relações

grupais prévias) e nem que subsista (manter-se depois

da discussão).

O grupo pode decidir se é necessário ou não

conhecer os nomes dos participantes. O coordenador

pode solicitar a apresentação dos membros como via

que facilitará a interação entre eles e consequentemente

o desenvolvimento da discussão.

Durante a atuação do grupo, os membros

pas-sam por dois rnornent os: s e r g r u p o ' quando começa a

discussão en ã o s e rgrupo- do a discussão é

con-c1uída. Em algumas situações é díficil o grupo conviver com estas realidades, porém o monitor deve ter

sufici-ente conhecimento para facilitar este processo de cria'

ção e de fusão de um grupo.

(5)

Existem diferentes níveis de atuação dos partici-pantes, pois alguns são mais extrovertidos e outros mais introvertidos. Uns estão acostumados a falar em grupo

e outros não. Alguns tem conhecimentos do tema e

outro estão tendo contato pela primeira vez com o tema. Algumas destas variáveis podem ser controladas na etapa da seleção dos participantes feita pelo monitor, porém outras variáveis não são controladas e isso gera

aheterogeneidade do grupo.

3. Um exemplo de um grupo de discussão

o

problema abordado foi a discussão sobre o

desenvolvimento das cidades e a relação com a pre-servação da natureza. Este tema foi escolhido porque faz referência a situações do cotidiano das pessoas, o que facilita o processo de discussão.

EsteWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAfo i o tema que gerou a discussão, no entanto objetivo geral é analisar a postura do coordenador de grupo para definir se o seu desempenho facilitou ou cultou a coordenação do grupo de discussão.

Os objetivos específicos foram os seguintes:

• Gerar uma discussão sobre o tema para que seja possível analisar as interações entre os par-ticipantes e o coordenador/monitor.

• Diagnosticar a sessão e o clima do grupo para relacionâ-los com a postura do monitor.

• Criar um espaço para que o monitor exerça a

seu papel de coordenador.

3.1. Metodologia

O grupo de discussão foi formado por cinco par-.cipantes de uma disciplina, onde um dos alunos foi responsável pela coordenação do grupo (monitor).

A sessão se realizou em uma sala de audiovisual, onde se encontrava uma câmara de vídeo que foi utili-zada para gravar todo o processo de discussão do

gru-o, posteriormente esta fita foi analisada pelo grupo.

tempo de duração foi de 45 minutos.

O monitor comunicou ao grupo o tema de

dis-::ussão "Desenvolvimento das cidades x Preservação

ca natureza". Depois solicitou que se formassem dos bgrupos com duas pessoas, onde um defenderia "o _esenvolvimento das cidades" e o outro "a preserva-?o da natureza". Em seguida, foram distribuídos

gra-. ras aos participantes que abordavam situações reais re os tópicos de discussão, servindo de instrumento ::ara o processo de interação.

Durante o desenvolvimento do processo do gru-po, o coordenador interveio através da exposição de alguns assuntos, que ajudaram a enriquecer a discus-são, mas sem expressar sua idéias pessoais. Estas ques-tões foram elaboradas a partir de situações relevantes abordadas nos meios de comunicação, devido ao fato de que os participantes não eram especialistas no tema. Imediatamente depois da discussão, o professor da disciplina solicitou que todos os participantes, in-clusive o rnonitor, dessem suas opiniões sobre a expe-riência e a coordenação da sessão (feedback), também preencheram um breve questionário em que se anali-sava as contribuições dos membros, a sessão e o clima do grupo.

A análise do grupo de discussão foi feito depois

de 15 dias. Os participantes receberam um

questioná-rio, em que se analisaram a quantidade de tempo e o tipo de interações da própria pessoa com os outros do grupo, tendo em conta quatro grupos de intervenções, compreendidos em seis categorias:

1. Reações positivas ~afinidade, acordo;

2. Intento de respostas - conteúdo;

3. Questões-sugestão;

4. Reações negativas ~desacordo e antagonismo.

O presente questionário foi uma adaptação feita a partir do modelo desenvolvido por Bales (I 950)

so-bre a análise do processo deinteraçâo, onde se

englo-ba 12 categorias de observação. Em síntese, quando cada participante intervia na discussão, ele classificava a sua intervenção de acordo com as categorias e po-nha o tempo da intervenção. Para realizar esta análise se utilizou a fita de vídeo da sessão.

3.2. Resultados

3.2. 1. A sessão e o clima

Para analisar a sessão foram utilizadas três carac-terísticas: divertida, estressante e proveitosa. Estas

ca-racterísticas foram classificadas em uma escala de

O

a

3 (O

=

nada, I

=

pouco, 2

=

bastante e 3

=

muito).

Depois do tratamento dos dados, realizado pela

tabulação dos mesmos numa tabela de freqüência, chegou-se as seguintes conclusões em termos de por-centagem (tabela 1):

• A sessão foi considerada muito proveitosa por 60% dos participantes.

• A sessão não foi considerada estressante por

80% dos participantes.

• Em relação ao seu proveito, 60% dos partici-pantes consideraram bastante proveitosa a sessão e 40% consideraram m u i t o p r o v e i t o s a .

65QPONMLKJIHGFEDCBA

(6)

Tabela I. A sessão

SESSÃO NADA(O) POUCO (1) BASTANTE (2) MUITO (3)

DIVElITIDA 20% 60% 20%

ESTRESSANTE 80% 20%

PROVEITOSA 60% 40%

Fede-se associar as características divertida e pro-veitosa em relação ao fator satisfação pessoal em opo-sição a característica estressante como fator de não satisfação pessoal. A sessão gerou uma satisfação pes-soal aos participantes, já que foi considerada muito divertida, muito proveitosa e nada estressante.

O clima da sessão foi classificado de acordo com três características: cooperação, competição e

indferen-ça, onde a escala de valores variava de

O

a3

(O

=

nada, IQPONMLKJIHGFEDCBA

= pouco, 2 = bastantee3 = muito). Depoisdatabulação

dos dados se tem as seguintes conclusões (tabela 11): • 80% dos participantes consideraram o clima com muita cooperação.

• Em relação a competição, 40% dos participan-tes consideraram que não houve e os outros 40% consideraram que foi pouca competitiva.

• Todos os participantes (I 00%) consideraram que não houve um clima de indiferença.

Tabela 11.O clima

CLIMA NADA (O) POUCA BASTANTE (1) MUITO (3)

( 1 )

COOPERAÇÃO 20"/0 80"10

COMPETIçÃO 40"10 40% 20"10

INDIFERENÇA 100%

Em síntese, as características cooperação e com-petição podem estar relacionadas com o fator que fa-vorece a interação e a característica indiferença com o fator que não favorece a interação. Neste grupo de discussão prevaleceu o fator que favorece a interação, já que a característica indiferença não esteve presente. Dentro do fator que favorece a interação se pode es-c1arecerduas características: cooperação ~definida atra-vés de atitudes, onde um ajuda ao outro e competição ~ onde prevalece a rivalidade entre os participantes. Houve uma grande identificação do grupo (I 00%) com a característica cooperação, o que demonstra a difi~ culdade dos participantes em incorporar a postura de competição proposta pelo monitor, quando dividiu o grupo em dois. Em geral, a competição foi considera-da muito pouca (80%, sendo representaconsidera-da por pouca (40%) e nenhuma (40%)).

3.2.2. As interações do grupo

As interações do grupo foram obtidas por dois questionários: o questionário preenchida no final da

primeira sessão (tabela IV) e o questionário de "análise das interações", preenchido a partir da observação da fita de vídeo (tabela 11I).Os instrumentos deram rnui-tas informações, mas só as relevantes foram analisadas neste trabalho.

O monitor solicitou a divisão em dois grupos,

que foram compostos pelos seguintes participantes:WVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAI .

D e s e n v o l v i m e n t o d a s c i d e d e s ~M eN ; e2 .P r e s e r v e -ção d a . n a t u r e z a ~

J

e C. esar de ter sido comprova-do na parte anterio e ão h uve competição entre eles e sim uma cooperação, é possível observar que o grupo 2( Je C) tiveram um nível de interação de 60.42% do total do grupo. Por outro lado, o grupo I (M e N) tiveram um nível de 25.89% do total das interações do grupo (tabela 1II).Provavelmente as idéias de preserva-ção da natureza prevaleceram na discussão.

O total de interações confirma que este grupo estava motivado para relacionar-se com os outros, enfatizando o fator que favorece a interação (coopera-ção e competi(coopera-ção).

Tabela 11I. Interações do grupo

PARTICIPANTES INTERAÇÕES INTERAÇÕES

(NO) (%)

J 48 34,53

C 36 25,89

M 26 18,70

N 10 7,19

MONITOR 19 13,66

TOTAL 139 100

A partir da tabela IV,pede-se concluir que o gru-po 2( Je C) contribuíram com as melhores idéias (60%

do total) na discussão, sendo possível comprovar que realmente as idéias de preservação da natureza preva-leceram na discussão. O grupo I (M e N) contribuí-ram com 29% das idéias. Em relação ao aspecto da contribuição do monitor na coordenação do grupo será discutido no próximo item. A questão relacionada com a polêmica teve um equilíbrio entre os grupos com 50% cada grupo.

Tabela IV. Contribuição na discussão

PARTICIPANTES CONTRIBUIÇÃO COJlo'TRIBUlÇAO CONTRIBUIÇÃO

IDÉIAS COORDENAÇÃO POLEMICA

J 300/0 12,50% 37,500/0

C 300/0JIHGFEDCBA2 5 0 /. 12,50%

M 10% 25% 12.50%

N 100/0 37,50%

MONITOR 20% 37,50"/0

TOTAL 100% 1000/0 I()()%

(7)

-3.2.3. Postura. do coordenador/monitor

No que se refere as contribuições do monitor neste grupo de discussão, pode-se ter as seguintes con-dusões (tabela IV):

• Contribuiu com 20% das melhores idéias, o que

pode estar relacionado com a pouca interação no gru-po 13.66% do total das interações.

• Não polemizou com nenhum dos

participan-zes, isso pode ser associado a postura que o monitor adotou, onde a sua opinião pessoal não deveria inter-cerir na dinâmica do grupo e nem contrapor-se aos participantes.

• Foi considerado pelo grupo como uma pessoa e mais contribuiu na coordenação do grupo, tendo 37.50% do total. Com este dado é possível concluir

e desempenho bem as suas funções.

• Nas seguintes tabelas é possível observar a quan-ade de interações entre os participantes e o monitor [rabela V) e entre o monitor e os participantes (tabela ). A partir desta análise pode-se fazer estas afirmações:

• Existe um equilíbrio entre a quantidade de teraçôes (participantes

-+

monitor) e (rncnitor

-+

participentes) .

• O monitor/coordenador teve mais interações dirigidas ao grupo (13 vezes) que em relação aos parti-cipantes individualmente, o que está relacionado com uma forma de coordenar o grupo buscando a participa-ção de todos e não só das pessoas que participam mais.

A distribuição de todas as interações do monitor com os participantes de acordo com as seis categorias definidas no questionário de "análise de interaçôes"

en-contra-se na tabela VII. A categoria sugestão, que é de-finida como "perguntas que favorecem e/ou orientam a discussão" prevaleceu em relação as outras categorias, isso demonstra que o coordenador/monitor estavarnui-to atenestavarnui-to ao seu papel, buscando sempre dá dados para que a discussão prosseguisse. A categoria sugestão foi abordada pelo rnonitor a partir das questões que foram postas para gerar a discussão.

De acordo com as questões abordadas na cate-goria sugestão também se pode relacionâ-las com a categoria conteúdo, já que em alguns momentos se discutiam assuntos mais informativos. Estas duas ca-tegorias podem atuar juntas em determinadas situa-ções, como no caso de uma coordenação de um gru-po de discussão.

Tabela V. Interações entre participantes em relação ao monitor.

PARTICIPANTES~JIHGFEDCBAM O N I T O R M O N I T O R

J

13

C 4QPONMLKJIHGFEDCBA

M

2

N 3

T O T A L

22

Tabela VI. Interações entre o monitor em relação aos participantes.

M O N I T O R + J

C

M

N G R U P O T O T A L

P A R T I O P ANTES

M O N I T O R 1 1 2 2 13 19

Tabela VII. Interações do monitor de acordo com as categorias.

~ATEGORIA iAFINIDADE k\CORDO CONTEÚDO SUGESTÃO DESACORDO ANTAGONISMO

TOTAL 2 2 14 1

67

(8)

4. Conclusões

A sessão teve um bom desenvolvimento e os par, ticipantes sentiram-se bem. A tabulação dos dados com, provaram o que foi dito no feedback (troca de

opini-ões), que ocorreu depois da discussão, onde os

membros demonstraram gostar de participar de um

grupo de discussão e também pela forma que o monitor coordenou o grupo. Um participante chegou a dizer que as questões de discussão sugeridas pelo monitor ajudaram ao processo de discussão e outro disse que não houve interferência da opinião do monitor no gru-po, o que deu um clima de maior liberdade para as interações entre os participantes.

Em relação a postura do monitor, este buscou

atuar como líder democrático, desempenhando as se,

guintes características:

• Facilitar a interação do grupo.

• Sugerir formas para dinamizar a discussão.

• Definir corretamente as situações em que se

deve ouvir e falar.

• Integrar-se com todo o grupo.

• Trabalhar com o grupo e não só.

De acordo com os dois momentos do grupo de

discussão, o coordenador desempenho seu papel da

seguinte forma:QPONMLKJIHGFEDCBA

10

•Momento, Durante a discussão

O monitor introduziu o tema de discussão de forma direta (objetiva) e propôs a divisão do grupo em dois subgrupos: desenvolvimento das cidades e preser-vação da natureza. Não havia uma preocupação pela busca do consenso, já que isso não é o objetivo de um grupo de discussão.O monitor fez algumas interven-ções de ordem interpretativa, quando devolveu ao gru-po dados com mais informações e principalmente de ordem informativa, dando mais informações sobre o tema discutido, sem por sua opinião.

2

0

• Momento, Depois da discussão

O coordenador fez uma análise dos dados a par, tir das observações e vivências que teve na sessão, atra-vés da fita de vídeo, das opiniões dos participantes (feedback) e dos questionários.

A partir das qualidades dornonitor, definidas por

Deutsch, Pepitone e Zander, é possível destacar algu-mas que estiveram presentes na postura do monitor deste grupo de discussão:

• Não interrompeu a fala dos participantes.

• Não emitiu uma análise crítica.

68 R e v is t a d e P s ic o lo g ia . F o r t a le z a .V.13(112) 1 1 1 .I " ~ ; , , . ~

• Escutou mais que falou.

• Ofereceu recursos (informações).

O monitor não definiu muito bem as funções que os dois grupos deveriam ter e na prática se formou um só grupo, onde as idéias de preservação da nature-za prevaleceram. Duas hipóteses podem estar relacio-nadas com esta questão:

I .Os participantes necessitavam de mais

infor-mações por parte do monitor para exercerem as suas funções.

2.

Os participantes por vontade própria não se

identificaram com a divisão dos dois grupos, já que

apoiavam mais as idéias de preservação da natureza

que as de desenvolvimento das cidades.

Uma conclusão para uma boa coordenação de

um grupo de discussão é que o coordenador/monitor

deve sempre dar informações independente dos

ní-veis de conhecimento que os participantes tenham. É

melhor que o grupo tenha mais informações do que não tenha.

5. Referências Bibliográficas

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Imagem

Tabela 11.O clima
Tabela V. Interações entre participantes em relação ao monitor.

Referências

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