EXMO(A). SR(A) DR(A) JUIZ(A) PRESIDENTE DA 67ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO - CAPITAL
PROCESSO N.° 00003120220145020067
SYDNEY ALLAN DAVIDSON , Graduado em Engenharia Civil, Pós Graduado em Administração de Empresas e em Engenharia de Segurança e Higiene do Trabalho e especializado em Meio Ambiente, nomeado por alta deferência de V.Excia., para proceder aos exames periciais, nos autos do processo supra mencionado, entre as partes:MIGUEL ALVES FERREIRA , reclamante e TEKLA INDUSTRIAL TEXTIL LTDA , reclamada(s), vem apresentar o resultado de seu trabalho, na conformidade do Laudo Técnico em anexo, desincumbindo-se, assim, do honroso encargo para o qual foi designado, e na oportunidade, estimar os seus honorários profissionais em R$ 4.055,00 (quatro mil e cinquenta e cinco reais), atualizados à época do depósito, considerando além da correção monetária, também o cálculo dos juros de mora, aos moldes do que prevê a lei 8.177/91.
Itens X Horas Técnicas : compromisso e carga:1,0; diligência 2,0 ; levantamento/pla. de dados 3,0; análise dos autos /docs/relatórios 4,0; redaçao 4,0; conferência reservada 1,0 = Sub-Total 15,0; despesas com deslocamentos 1,0; Total de Horas Trabalhadas = 16,0
Para definirmos o valor final, temos a equação: HP= Vht x Hs x Iu x Ic x Ir x Ep Onde: Vht = R$ 160,00(valor da hora técnica tomando como base a APEJESP e o ABAPE)
Hs = Horas efetivamente trabalhadas Iu = Índice de utilização de equipamentos especiais
Iu = 1,20 - com utilização de equipamentos Iu = 1,00 - sem utilização de equipamentos Ic = Índice de complexidade do trabalho executado
Ic simples = 1,00 Ic complexidade média = 1,10 Ic maior complexidade = 1,20 Ir = Índice proporcional ao número de reclamantes Ep = Especialização profissional (>10 anos) = 1,20 Portanto: HP = 160,0 x 16,0 x 1,20 x 1,10 x 1,0 x 1,2
NESTES TERMOS P.DEFERIMENTO São Paulo, 19/06/2014 (assinatura digital)
SYDNEY ALLAN DAVIDSON Perito do Juízo
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LAUDO TÉCNICO PERICIAL
PROCESSO N.° 00003120220145020067 AUTOR : MIGUEL ALVES FERREIRA RÉU : TEKLA INDUSTRIAL TEXTIL LTDA
OBJETIVO: CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE INSALUBRIDADE O presente laudo trata de avaliação pericial conclusiva sobre as condições de exposição a agentes insalubres com a finalidade de definir o enquadramento da atividade analisada, no termo do Artigo 189 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), das Normas Regulamentadoras (NR) nº 15 da Portaria nº 3.214/78.
1) INTRÓITO
A perícia foi realizada no dia 23/05/2014, das 14:00:00 às 16:00:00, nas instalações situadas na Rua Tocantinia, 356, Vila Liviero, CEP 04186-200, São Paulo, SP.
Trata-se a reclamada de uma empresa de tecelagem. Grau de Risco 3.
Para a realização deste trabalho prestaram informações as seguintes pessoas: José Carlos - Advogado da Reclamada; Mario D´Amore Junior - Assistente Técnico da Reclamada;
Antonio R. F. Oliveira - Encarregado Setor Malharia; Anerindo Alves de Souza - Passador de Fios. O autor presente na vistoria técnica.
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2) DO AMBIENTE DE TRABALHO
O local de trabalho era dentro das instalações da reclamada no Setor Malharia Raschelinas com as seguintes características a saber:
ARRANJO FÍSICO
* Pé direito: 3,0 metros
* Cobertura: Com proteção a intempéries
* Paredes: Alvenaria
* Piso: Cimentado plano
* Iluminação: Natural
* Ventilação: Natural
3) DA FUNÇÃO E ATIVIDADE DO RECLAMANTE FUNÇÃO
Segundo os autos do processo o autor trabalhou na função de OPERADOR DE MÁQUINAS ,no período laboral de 08/02/2011até 15/03/2012.
ATIVIDADE
Operar e supervisionar 12 máquinas de tear (Marca Comez - Fab. Italia, RC Muller - Fab.
Suíça e RD Muller - Fab. Suíça) instaladas no setor da produção de malhas; Controlar o produto e o componente gerado nas mesmas; Colocar e retirar peças recebidas; Realizar a inspeção visual e em caso de quebra fazer a emenda dos fios; Fazer a limpeza da máquina com ar comprimido e com pano para a retirada de poeira de fios; Manter o local de trabalho limpo e organizado.
4) EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC) E INDIVIDUAL (EPI) EPC: Foi identificado a existência dos seguintes dispositivos de proteção coletiva:*
Sinalização de segurança* Rede de hidrantes* Extintores manuais de incêndio * * * EPI:
Atende* Luva de Proteção* Calçado de Segurança* Protetor Auricular (Plug)
5) DOS POSSÍVEIS RISCOS OCUPACIONAIS / TÉCNICA EMPREGADA
NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES ANEXO N.º 1 LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE NÍVEL DE RUÍDO dB (A) 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 98 100 102 104 105 106 108 110 112 114 115 MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL 8 horas 7 horas 6 horas 5 horas 4 horas
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e 30 minutos 4 horas 3 horas e 30 minutos 3 horas 2 horas e 40 minutos 2 horas e 15 minutos 2 horas 1 hora e 45 minutos 1 hora e 15 minutos 1 hora 45 minutos 35 minutos 30 minutos 25 minutos 20 minutos 15 minutos 10 minutos 8 minutos 7 minutos. 1. Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação de Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. 2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. 3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância fixados no Quadro deste anexo. 4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado. 5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. 6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações: C1 + C2 + C3 ____________________ + Cn T1 T2 T3 Tn exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância. Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o Quadro deste Anexo. 7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente.
Agente Físico Ruído de Impacto não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 2.
Agente Físico Calor não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 3.
Agente Físico Radiações Ionizantes por Atividade não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 5.
Trabalho sob Condições Hiperbáricas não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 6.
Agente Físico Radiações Não Ionizantes não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 7.
Agente Físico Vibrações não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 8.
Agente Físico Frio não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 9.
Agente Físico Umidade não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 10.
Agentes Químicos com Limites de Tolerância não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 11.
Agentes Físicos Poeiras Minerais não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 12.
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Agentes Químicos através de inspeção do local de trabalho não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 13.
Agentes Biológicos não foi identificado com base na NR 15 Anexo Nº 14.
ANÁLISE DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO
O tempo de exposição aos agentes identificados era de natureza habitual e contínua.
DESCRIÇÃO DA APARELHAGEM UTILIZADA
Neste trabalho não foi necessário utilizar equipamentos de precisão.
Audio Dosímetro - Modelo MK3 - Marca AMETEK
6) MEDIÇÕES DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS/ RESULTADOS OBTIDOS
A avaliação foi qualitativa por inspeção do local de trabalho.
Nível de Ruído = Lav = 81,00 dB(A
7) INTERPRETAÇÃO /ANÁLISE DOS RESULTADOS
RUÍDO: O nível de pressão sonora mensurado foi igual a valor 81 dB(A), e com base no Anexo 1 da NR 15, não ultrapassou o limite de tolerância ade 85 dB(A) para jornada de 8 horas de trabalho. CALOR: Não foi identificado fontes de calor no ambiente de trabalho do reclamante. AGENTES QUÍMICOS: As atividades do reclamante não promovem a manipulação de produtos químicos como graxa e solventes derivados de petróleo, sendo que apenas a poeira da linha acumulado no tera era removido com uso de ar comprimido. A limpeza técnica da máquina de tear era realizada pelo “Passador” de fios, ou de modo eventual pelo Operador fazendo o uso de pano e ar comprimido. QUANTO A EPI: Atende.
A reclamada disponibilizou protetor auricular a nível de controle do risco.
8) FUNDAMENTO LEGAL
Neste caso estudado não há enquadramento legal com base na legislação oficial vigente.
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9) QUESITOS MM JUÍZO
a) se a parte reclamante trabalhava em condições de insalubridade/periculosidade, conforme previsto nas Normas Regulamentadoras do MTE; R. Negativo. b) qual agente causador da insalubridade/periculosidade; R. Neste caso não há insalubridade pois o ruído ambiental identificado permaneceu abaixo do limite de tolerância. c) qual o enquadramento legal ou normativo (indicar NR e/ou legislação específica); R. Não há enquadramento legal neste estudo. d) se o critério para aferição do agente for qualitativo, quais os parâmetros do perito para considerar se há ou não agente insalubre/perigoso; R. Inspeção técnica e análise de documentos. e) se além destas prescrições, eram fornecidos EPI ao trabalhador; R.
Afirmativo. f) se as medidas coletivas e individuais eram suficientes à neutralização ou redução da suposta condição insalubre e em que proporção; R. Afirmativo. g) se a utilização dos EPI era eficazmente fiscalizada pela reclamada; R. Afirmativo. h) se, a despeito de todas essas medidas, remanescia condição insalubre/perigosa de trabalho e no caso da primeira, em que grau. R. Não há insalubridade objeto deste estudo.
DO RECLAMANTE
Não apresentou quesitos elucidativos até a presente data.
DA RECLAMADA
1) Queira o Sr Perito descrever detalhadamente o local com o respectivo endereço da vistoria e o setor onde o Reclamante efetivamente exercia suas atividades. R. Conforme descrito no laudo. 2) Descreva o ilustre "Expert", de maneira pormenorizada, todas funções desempenhadas pelo Reclamante, como também o seu ciclo de atividades nos setores em que trabalhou e os lapsos temporais gastos na realização de cada uma delas. E mais, se existe nexo causalidade entre a função exercida pelo mesmo e algum tipo de atividade considerada insalubre pelo Ministério do Trabalho. Operar e supervisionar 12 máquinas de tear (Marca Comez - Fab. Italia, RC Muller - Fab. Suíça e RD Muller - Fab. Suíça) instaladas no setor da produção de malhas; Controlar o produto e o componente gerado nas mesmas; Colocar e retirar peças recebidas; Realizar a inspeção visual e em caso de quebra fazer a emenda dos fios; Fazer a limpeza da máquina com ar comprimido e com pano para a retirada de poeira de fios; Manter o local de trabalho limpo e organizado. 3) Avaliando o local de trabalho do Reclamante, informe o Sr. Perito se nele se fazem presentes as condições apontadas na exordial como causadoras de insalubridade, indicando e descrevendo o agente (específico) eventualmente nocivo à saúde. R. Conforme descrito no laudo. 4) Caso seja constatada a existência de insalubridade e descrito o agente causador da mesma, indique e descreva o Sr. Perito o grau de agressividade que apresenta em relação ao homem. R. Não há insalubridade na forma da legislação vigente. 5) Informe o Sr Perito se
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de acordo com os dados obtidos é possível considerar- se a atividade do Reclamante como realmente insalubre. R. Não. 6) Em sendo positiva a resposta dada ao quesito anterior, informe o Sr. Perito a classificação do(s) grau(s) da insalubridade constatada, bem como os respectivos adicionais/percentuais relacionados com o local de trabalho e com as atividades desenvolvidas pelo Reclamante. R. Não foi o caso. 7) Informe, ainda, se a Reclamada fornece os devidos Equipamentos de Proteção e se foi constatada “in loco” a utilização dos mesmos, assim como se os mesmos são capazes de elidir o agente provocador da condição insalubre. R. A empresa fornece e fiscaliza o uso de EPI. 8) Informe igualmente, o Sr Perito, face a afirmação do Reclamante no documento n° 2 juntado à contestação “que durante todo o tempo que laborou, fez uso do EPIs, e que as trocas eram efetuadas reqularmente”, se esta medidas corretivas necessárias para eliminar ou neutralizar eventuais risco e/ou proteger os empregados contra os efeitos da insalubridade eventualmente apurada adotadas pela Reclamada era eficiente. R. Afirmativo. 9) Informe ainda o ilustre
“Expert» a técnica, os métodos e os equipamentos utilizados para verificação/aferição dos constantes do laudo. R. Conforme descrito no laudo. 10) Existem outros esclarecimentos que o Sr. Perito entende necessários trazer aos autos? R. Não necessário.
10)CONCLUSÃO
Após análise criteriosa dos autos, com base no estudo da função, da jornada de trabalho e da avaliação ambiental, concluo que no exercício da função de OPERADOR DE MÁQUINAS , a saber :
Não faz jus ao adicional de insalubridade.
Nas avaliações das atividades insalubres e perigosas com base na CLT em seus artigos 192 e 193 parágrado 2º , o empregado poderá optar pelo adicional que por ventura lhe seja devido.
O laudo pericial foi protocolado no SISDOC-TRT 2ª Região.
São Paulo, 19/06/2014 (assinatura digital)
SYDNEY ALLAN DAVIDSON Perito do Juízo
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BIBLIOGRAFIA
- FUNDACENTRO
- ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) - NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health)
- OSHA (Occupational Safety and Health Administration) - PORTARIA Nº 3.214/78 e 25/94
- ISO 2631 e ISOIDIS 5349 - ISO 9612/97
- LEI FEDERAL Nº 12.740/12
FOTOS DA ÁREA PERICIADA
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–Foto 1 –Vista do autor no ambiente de trabalho.
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–Foto 2 –Ficha de produção de fios.
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–Foto 3 –Vista geral dos fios utilizados na máquina de tear.
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–Foto 4 –Máquina inspecionada de tear operada pelo autor.
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–Foto 5 –Detalhe do fios e eventual acumulo de poeira retirada com ar comprimido.
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–Foto 6 –Identificado produto de limpeza a base de sabão no setor de trabalho.
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