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O PRAZO PARA O ASSISTENTE RECORRER NO RECURSO DE APELAÇÃO

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Academic year: 2021

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O PRAZO PARA O ASSISTENTE RECORRER NO RECURSO DE APELAÇÃO

ROGÉRIO TADEU ROMANO Procurador Regional da República

Fala-se na posição do assistente.

Dir-se-á que ele tem caráter supletivo. Já se entendeu que não pode ele recorrer se o Ministério Público interpõe apelação plena e ainda se o recurso de apelação tem o mesmo conteúdo daquele que foi proposto pelo órgão de acusação.

Colho decisões do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal que têm sido favoráveis à corrente que reconhece no instituto do assistente de acusação mais que um simples interesse de ser indenizado no campo civil, senão vejamos:

a) Recurso Especial 605.302/RS, julgado em 20.09.2005, onde se

diz que havendo absolvição, ainda que parcial, ou sendo possível o agravamento da pena imposta ao acusado, o assistente de acusação possui efetivo interesse recursal, em busca da verdade substancial, com reflexos na amplitude da condenação ou no quantum da pena;

b) Recurso Especial 468.157/RS, julgado em 17.06.2003, onde se

afirma que o assistente de acusação tem legitimidade para, no silêncio do Ministério Público, recorrer, objetivando a majoração da resposta penal;

c) Recurso Especial 135.549/RJ, DJU de 26.10.98, e ,no mesmo

sentido, o Recurso Especial 31.881/DF, DJU de 08.11.93, onde o Superior Tribunal de Justiça entendeu que o assistente é interessado na apuração da verdade substancial;

d) HC 83.582/RJ, julgado em 10.04.2007, onde o Supremo Tribunal

Federal entendeu pela legitimidade do assistente da acusação para recorrer independente de recurso do órgão ministerial.;

e) HC 107.714, onde o Supremo Tribunal Federal entendeu que o

assistente da acusação na ação penal pode recorrer de sentença

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que considera injusta mesmo quando o Parquet, titular da ação penal, não recorra por considerar adequada a decisão judicial.

Na súmula 210 do Supremo Tribunal Federal, tem-se que o assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos artigos 584, § 1º, e 598 do código de Processo Penal. Porém, a teor do artigo 598 do Código de Processo Penal, na ausência do recurso da acusação, pode apelar o assistente, não só pedindo a reforma da decisão absolutória, como ainda para agravar a pena da sentença condenatória, não se dando a petição proposta uma interpretação meramente restritiva.

O prazo para o ajuizamento do recurso de apelação é de 5(cinco) dias(artigo 593 caput). Lembre-se que devem ser intimados o réu, seu defensor ou curador. Considerando-se para termo inicial do prazo a última intimação.

Se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público, no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no artigo 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, artigo 598 do Código de Processo Penal, estando literalmente estabelecido o prazo de ajuizamento do recurso de 15(quinze) dias.

A Súmula 448 do Supremo Tribunal Federal é clara no sentido de que o prazo para o assistente recorrer supletivamente começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público. Mas a regra não se aplica se o assistente é intimado antes do Ministério Público ou quando corre o prazo para este. Se entretanto, for ele intimado depois do trânsito em julgado para o Ministério Público, o prazo só pode correr a partir da intimação.

O entendimento sumular foi feito a partir do que se lê em RTJ 56/629.

No entanto, quando o Plenário do Excelso Pretório apreciou o HC 50.147, de 29 de novembro de 1972, deferiu questão de ordem, visando à revisão da citada Súmula.

Em face daquela decisão, considerou-se que o prazo para o assistente habilitado não correria enquanto não fosse feita a sua intimação.

Posteriormente, apreciando o Recurso Extraordinário 90.579-RS, em que foi Relator o Ministro Rafael Mayer, decidiu considerar que a lei não faz nenhuma distinção entre o assistente habilitado e o não habilitado.

Não se deve esquecer que o Supremo Tribunal Federal já entendeu que, se o ofendido estiver habilitado como assistente, deverá ser intimado da sentença, consoante o que dispõe o artigo 391 do Código de Processo Penal. Não o estando, aplicar-se-ia o parágrafo único do artigo 598 do CPP.

Entende-se que se a intimação for feita antes do trânsito em julgado para o Ministério Público, o prazo de cinco dias passará a fluir da data em que terminar o

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prazo do Parquet. Feita após o prazo o trânsito em julgado para o Ministério Público, a partir da intimação.

O prazo, se habilitado o assistente, não é de 15(quinze), mas de 5(cinco) dias, como se vê em maciça jurisprudência, já no passado.

A matéria realmente já passou por intensa discórdia. Digo isso, a partir da leitura do Recurso Especial 22.809/RJ, quando o eminente Relator Assis Toledo, um dos maiores penalistas brasileiros, entendeu que, não obstante, a partir do HC 59.668- RJ, que distingue entre assistente habilitado, ou não, na concessão de prazos diferenciados de quinze dias ou de cinco dias para a apelação, deve-se modificar esse entendimento, concedendo-se ao assistente, em qualquer hipótese, o prazo único do artigo 598, uma vez que a lei não distingue, podendo-se haver dificuldades de constatação imediata da omissão do Parquet ensejadora do recurso substitutivo.

A regra do prazo de 15(quinze) dias somente se aplica àquele que não estiver habilitado e que, portanto, não é intimado da decisão, justificando-se o prazo mais dilatado, assim.

Aceita-se a antecipação do recurso apresentado pelo assistente antes de vencido o prazo legal do Ministério Público, cuja desvantagem seria apenas a perda de sua eficácia se o Ministério Público vem a apelar.

Como qualquer recurso a apelação deverá ser interposta por termo ou petição, admitindo-se outras formas de impetração. Interposta a apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de 8(oito) dias para a apresentação de razões de recurso.

É obrigatória a intimação do apelante para que passe a correr o prazo para o oferecimento de razões de recurso, sob pena de nulidade.

A parte apelada é intimada para oferecer as contrarrazões respectivas.

Se houver assistente, este irá apresentar razões em 3(três) dias, após o Ministério Público como prescreve o artigo 600, § 1º, do Código de Processo Penal.

Aponto a lúcida posição de Fernando da Costa Tourinho Filho para quem é mister distinguir: se o ofendido ou qualquer daquelas pessoas referidas no artigo 268 do Código de Processo Penal já havia se habilitado no processo como assistente, o prazo para apelar é de cinco dias, uma vez que não haveria qualquer razão para que seu apelo pudesse ser interposto em prazo mais dilatado do que aquele fixado para as demais partes. Se não estava habilitado o prazo é aquele referido no parágrafo único do artigo 598: quinze dias. Foi o que o Supremo Tribunal Federal, no passado, entendeu nos acórdãos conhecidos na matéria.

Nessa linha temos o que se colhe de Guilherme de Souza Nucci quando disse:

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¨se estiver habilitado nos autos, uma vez intimado deve respeitar o prazo regular de cinco dias. Inexiste razão para o prazo de quinze dias previsto no parágrafo único no artigo em contento.¨

Ressalte-se que o entendimento atual do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o prazo corre, quando o assistente está habilitado nos autos, da data da intimação e tem ele o prazo de cinco dias para interpor o recurso. Esse o entendimento a considerar que é sempre supletiva a atuação do assistente, mister ainda no que toca ao recurso que ajuíza no que se refere ao Parquet.

Aponto ainda, nessa linha, a posição de Vicente Greco Filho.

Anoto que o mesmo Supremo Tribunal Federal, no Recurso Criminal 90.579, salientou que o artigo 598 do Código de Processo Penal não estabelece distinção entre ofendido habilitado e não-habilitado, sendo, por conseguinte, o prazo de 15 dias, num e noutro caso.

No entanto, o Supremo Tribunal Federal consolidou entendimento na matéria, do que se lê do HC 59.668 – 1 – RJ, Relator Ministro Moreira Alves, firmando jurisprudência já alicerçada no julgamento do HC 50.417, fixando o entendimento de que, se o ofendido já estiver habilitado no processo, deverá ser intimado da sentença, para só então fluir o prazo da apelação. Assim o prazo para apelar, repito, é de cinco dias, não se aplicando a hipótese do parágrafo único do artigo 598 do CPP, isso porque não há razão para o assistente ter o triplo do prazo do Parquet.

Essa a posição que foi aceita pelo Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do Recurso Especial 90.991 – RS, em que foi Relator o Ministro Anselmo Santiago.

Recentemente, no julgamento do HC 237.574, Relatora Ministra Laurita Vaz, DJe de 23 de novembro de 2012, o Superior Tribunal de Justiça, concedendo o writ, entendeu que o prazo para o assistente de acusação habilitado nos autos apelar é de cinco dias, após a intimação da sentença, e terminado o prazo para o Ministério Público apelar, reiterando o enunciado da Súmula 448 do Supremo Tribunal Federal.

RT 566/342.  

RT 563/358. 

RTJ 68/604. Contra pela aplicação da regra geral: RT 573/351.  

RTJ 68/604. 

RTJ 86/78. 

RTJ 93/421. 

RTJ 68/604 e 73/321. 

RTJ 68/604 e 73/321. 

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RTJ 68/604, 73/321, 105/90, 125/1, dentre outros.  

DJ de 28 de setembro de 1992, pág.. 16.436. 

TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal, volume IV, São Paulo, ed. Saraiva, 12ª edição,  pág. 291.  

RTJ 68/604, 73/321, 86/78.  

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado, São Paulo, Saraiva, 10ª edição, pág. 

1034. 

GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal,  São Paulo, Saraiva, pág. 226.  

DJU de 19 de novembro de 1979, pág. 8619.  

DJU de 4 de junho de 1982, pág. 5460.  

Referências

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