UNIVERSIDADE
DE
SÃO
PAULO
I N
STITIJTO
DE
GEOCI
ÊNCIAS
GEOLOGIA DA
PORçÃO
BASAL
DO
"GREENSTONE
BELT''
DE
PIUMHI.MG
ALEXANDRE PATRíCIO
CH
IARI
NI
Orientador:
Dr.
Johann
Hans
Daniel Schorscher
DISSERTAÇÃO
DE MESTRADO
COMISSAO JULGADORA
.,.'-í;
c.xt-/:
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l*'gtgt-totEc z
,;:
-
()l
',î-Ía'2?1
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sry
Presidente:
prof.Examinadorest Prof.
Prof.
Nome
Johann Hans Daniel Schorscher
Gergely Andres Julio Szabó
Nelson Angeli
Dr.
Dr.
Dr.
UNIVERSIDADE
DE
SAO
PAULO
¡NsTrruro
DE
GEoct
Êtrlclns
cEoLocrA
DA
PORçÃO BASAL DO
GREENSTONE
BELT
DE
PIUMHI -
MG
Alexandre
Patrício Chiarini
Orientador: Prof.
Dr.
Johann
Hans
Daniel Schorscher
DEDALUS-Acervo-lGC
I llllll lllil lllll llil lllil llil llil llil llil lllil lllil llil llil
30900007277
DISSERTAçÃO
DE MESTRADOPrograma
de
Pós-Graduação em Mineralogiae
PetrologiaSAO
PAULO
2001
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3''i
1;l
- "' '- - -l-'Õ, I
(.' rt r). f
Fiumhi, "Cidade Garinho"
Piumhi, Cidade Carinho
de um povo hospitaleiro, de doce caseiro com queijo mineiro,
de påo de queijo, broa de fubá
de delÍcias de mineiro. Gente simples, com jeito brejei¡-o.
Que faz do visitante, amigo constante. Povo comun¡cativo,
que se torna amigo num instante
e deixa o desconhecido,
à vontade e conhecido.
Cidade Car¡nho e do cafezinho cidade de montanhas,
da Cruz do Monte,
da igreja Santo Antônio,
da Matriz, do Rosário e da Capelinha.
Das novenas e das santinhas,
Aconchegante, como a casa do visitante
"The most incomprehensibre thing about the universe is that it is comprehensibre.,,
AIbert Einstein
Lúcia N4aria da Cunha
u,vw. prumhimg. h pg. com. br/cidadecar¡nho. htm
Aos meus pais;
Agradeço primeiramente ao amigo schorscher, cuja orientação e apoio durante estes vários anos de trabalho tornaram possível a conclusão desta dissertação.
Aos
amigos geólogos Fernandoe
Gustavo (Bizze
Troglô), companheiros detrabalho desde Piumhi até hoje, e coautores do mapa geológico e de grande parte do
levantamento apresentado;
sem
sua
colaboraçáotambém
não seria
possível arealização deste trabalho.
Durante os trabalhos de campo e laboratório, participaram diversos colegas com
valiosa ajuda: o levantamento à trena do Ribeirão Araras foi realizado juniamente com
o Fernando e o Fabiano (Gardena). Amostragens contaram com a ajuda do peter, Lena
(Barbs), Eduardo (Kpachão), carlos (cabrito) e Artur (sarita), enquanto nas fases de
preparações
das
amostrasfoi
imprescindívela
ajudada
priscila (Xiwawa), além doArtur (Metanol), Sabrina (Cruela) e Fernando (99).
Às análises químicas por difraçäo de raios X devo agradecer ao prof. Dr. Giulio
Morteani, diretor na ocasião
do
lnstitutode
Mineralogia Aplicadae
Geoquímica dauniversidade Técnica cJe Munique (TUM);
as
anárises químicaspor
rcp-AES foramrealizadas pela química Maria lsabel Lima craveiro, sob
a
supervisãoda
prof. Dra.Elisabeth de oliveira,
do
lnstitutode
euímicada
usp;
tambéma
elaso
meu muito obrigado.A
todos os funcionárrosdo rG-usp,
cuja dedicaçáoe
paciência muiias vezesultrapassaram sua funçÕes rotineiras para poder atender nossas necessidades: ao Ze
Paulo
do
LTA;à
Aninha, Gatão e todo pessoal da laminaçäo; Brenda, Érica, Estela,cida, da Biblioteca; Angélica, da ótica; ao pessoar da gráfica, seu Dalton, claudionor,
Henrique, Edimir;
à
Ana
paura, Magarie
Tadeu;ao
Jaime, peras fotografias dasamostras.
A
todos estes
agradeço,e
eventualmentepeço
desculpaspor
algumesq uecimento.
Pelo companheirismo
e
pera ajuda nos probremas do dia-a-dia, agradeço aoscolegas
de
departamento: Rosana,lede,
Klaus, Carmem (Xitah), Rafael (Apum),Fernando (Pobrema)
e
Fernando(99),
Gustavo (Torrinha),peter, Artur
(Metanor),Lucelene
(Val),
Paulo,e
a
todos outros
que
possater
esquecido.À
Thatyana(Melanoma), devo agradecer também pelo abstract;
ao
caetano,
pelas proveitosas discussöes e pelo uso do scanner na hora do sufoco.Em Piumhi, quero agradecer
a
todos que sempretão
bemnos
receberam eapoiaram em todas necessidades: ao Tuca, Deco e todo o pessoal do stalo, do Belas
Artes e do Meninas Gerais, o meu muito obrigado.
Ao CNPq, pela concessäo da bolsa de mestrado, processo 130.7211gg_0.
Finalmente,
a
meus pais e familiares, que deram todo seu apoio, paciência, eA
porçäoda
sequência metavulcano-sedimentar (SVS)de
piumhi
enfocadaneste
trabalho
representaa
parte basal
de
um
greenstonebelt
arqueano
apaleoproterozóico,
e
foi
estudada
em
seus
aspectos estruturais,
petrográficos,geoquímrcos e meta logenéticos.
A
análise estrutural propiciou uma melhor compreensão da evolução tectônicageométrica/estratigráfica, e da cinemática interna da
svs,
e da relação com as outrasunidades precambrianas justapostas em contato direto,
A sVS
ocorre cavalgando ocorpo granitico TTG a norte, em zonas de cisalhamento com forte milonitização junto
ao contato. Este conjunto forma o embasamento do Grupo Bambuí, que o recobre com
contatos sedimentares, apresentando apenas alguns distúrbios tectônicos locais na
forma
de
falhas inversas menorese
pequenas transcorrências rúpteis. Num últimoevento tectônico regional importante, este conjunto autóctone TTG-greenstone belt e
suas
coberiuras plataformais (Grupo Bambuí),foram
recobertas pelas sequênciasquartzíticas alóctones de nappe do Grupo Canastra.
os
estudos
petrográficose
geoquímicos mostrarama
necessidadede
seredefinir
a
classificaçãoe
nomenclatura utilizadasna
literatura
sobre
a
sVS.conduziram também à revisäo da evolução magrnática da
svs
e à caracterizaçäo dosprocessos de alteração hidrotermal que modificaram sua associação litológica original.
Por fim, foi estudada a relação destes processos com a metalogênese, na geração de
hidrotermalitos
e
rochas
sedimentaresexalativas, portadoras
de
indícios
demineralizações de ouro e metais-base.
A
unidade basal mapeadaé
constituída por rochas vulcânicas de composiçãointermediária
a
ácida (andesitos basálticos, dacitose
riolitos),de
caráter toleiítico atransicional para cálcio-alcalino. Cálculos e modelamentos litogeoquímicos sustentam a
evolução cogenética
destes
litotiposatravés
de
diferenciaçãopor
fracionamentomagmático.
A
maior parte destas rochas foi alterada hidrotermalmente por processosde espilitização, epidotização, keratofirização e silicificação.
A
unidade
sobreposta
é
constituída
por
rochas
vulcânicas
basálticasmagnesianas,
com
texturas spinifexbem
desenvolvidas, embora estejam semprepseudomorfisadas por paragêneses secundárias metamórficas, de fácies xisto verde
komatiítos, entretanto, näo
o
são
nem mineralogicamentee
nem geoquimicamente.Apresentam majoritariamente texturas spinifex aciculares, segundo clinopiroxênios, e
muito raramente spinifex em placas, segundo olivinas. Além disso, seus teores de sílica
sâo muito elevados, alcançando até teores intermediários.
Por
fracionamento,que
ocorre
em
derrames diferenciados,estes
basaltosmagnesianos dão origem a andesitos basálticos. Admite-se aqui, com base em dados
geoquímicos,
que estas
rochaspossam
representar equivalentes extrusivos dosmagmas mais primitivos,
a
partirdos
quaisas
rochas vulcânicas intermediárias daunidade basal teriam
se
diferenciadoem
profundidade.os
basaltos magnesianos,pouco alterados, mostram características toleiíticas, de evoluçäo em ambiente de retro_
arco, numa crosta continental pouco espessa.
lntercaladas
nesta
unidade, encontram-seainda
a
maioria
das
formaçoesferríferas bandadas (BlF), às quais constituem importantes alvos metalogenéticos. A
composiçåo
química destas
formaçõesferríferas
foi
comparadaaos
elementosmobilizados
das
rochas vulcânicasnos
processosde
alteraçâo, identificados equantificados através de cálculos de balanço de massa.
o
quimismo dos BIF mostrouforte
correlaçåo principalmentecom
os
elementos lixiviadosna
espilitização dosandesrtos basálticos. Verificou-se assim, com
a
aplicação dos modelos numérícos àsocorrências naturais
de
Piumhi,a
possível ligaçåo destes processosde
alteraçãohidrotermal de fundo oceânico com a gênese dos fluidos exalativos que deram origem,
e eventualmente, mineralizaram, as formaçÕes ferríferas_
ouro
ocorre
nestas formaçÕes ferríferas, conforme mostradopor
anárisesgeoquÍmicas realizados por
lcp-AES
em extrações seletivas, por vezes, com fortesanomalias (efeitos-pepita). cárcuros indicam correraçáo positiva do Au, com co, As, Zn,
The metavulcano-sed imentary sequence (VSS) portion of piumhi, focused in this
work, represents the basal pari of an Archean to paleoproterozoic greenstone belt, and
has been
studiedin
its
structural, petrographical, geochemicaland
metalogenetic aspects.The
structural
analysis
provided
a
better
understanding
of
thegeometric/stratigraphic tectonic evolution
and
internal kineticsof
the VSS, andof
itsrelationship with
the
other juxtaposed precambriam unitsin
direct contact. The VSSoccurs thrusting
a
TTG
gran¡t¡cbody
to
the
north,
in
shear zones
with
strongmilonitization near the contact. This set corresponds
to the
basementof
the BambuíGroup, that covers
it
with sedimentary contacts, presenting only some tectonic localdisturbances, represented by some small reverse and transcurrent ruptile faults. ln the
last important regional tectonic event, this autoctonous TTG-greenstone belt set, and its
plataformal
cover
(Bambuí Group),
were
covered
by
the
quartzitic
aloctonoussequences of the Canastra Group nappe.
The
petrographicaland
geochemicalstudies showed
the
necessityof
aredefinition on the classification and nomenclature used in
the
literature for the VSS,They
also
leadto the
revisionon
the
magmatic evolutionof the
VSS, andto
thecharacterization
of
the
hydrothermal alterationthat
modifiedthe
original
litologicassociation.
still,
the relation among these processes withthe
metalogenetic aspectshas
been studied,in the
generationof
hyd rothermalitesand
exalative sedimentaryrocks, conta¡ning traces of gold and base metals mineralizations.
The mapped basal unit is constituted by volcanic rocks
of
acidto
intermediatecomposition (basaltic andesites, dacites and rhyolites),
of
toleiiticto
transitionalcalc-alkaline feature. Litogeochemical calculations
and
modeling supportthe
cogeneticevolution of these litotypes through differentiation by magmatic fractionating. Most of
these
rocks
were
altered
hydrothermally
by
espilitization,
epidotization,keratophyrization and silicification processes.
ïhe
uppermost unit is composed by magnesian basaltic volcanic rocks, with welldeveloped spinifex textures, although they are always
in
pseudomorphs replaced bymetamorphic secondary paragenesis of medium to high greenschist facies. ln literature,
these rocks
are
referred notoriouslyas
komatiites, however,their
mineralogical andgeochemical aspects indicate that they are not these litotypes, They present acicular spinifex textures, as clinopyroxene shapes, and rarely blade spinifex, as olivine shaped
crystals. Besides, their silica rates are high, reaching intermediate rock values.
Through
fractionat¡ng,that
occurs
in
differentìatedbasaltic flows,
ihesemagnesian
basalts
originated basaltic andesites.lt
ls
assumed
here,
based
ongeochemical data, that these basaltic rocks may represent extrusive equivalents of the
most pr¡mitive magmas, which originated the intermediate volcanic rocks of the basal
unit,
differentiatedin
depth.
The
magnesianbasalts,
tess
altered, show
toleiiticcharacterist¡cs, evolving in a back-arc environment, in a thin continental crust.
lntercalated in this unit is the majority of the banded iron formations (BlF)
in
the
VSS, which
constitutes important
metalogenetictargets.
The
chemicalcomposition
of
the
iron formations was comparedto the
mobilized elementsof
thevolcanic rocks
in
the
alteration processes, identifiedand
quaniified through massbalance calculations. The chemical characteristics of the BIF showed strong correlation
mainly with the leached elements in the espilitization processes suffered by the basaltic
andesites. Therefore,
with
the
applicationof
numerical models
to
the
naturaloccurrences in Piumhi, is suggested the possible link of these processes of deep-sea
hydrothermal alterations,
with
the
exalative fluiclsthat
originatedand
eventuallymineralized the iron formations.
Gold occurs in these iron formations, as verified in geochemical analysis made
by lCP-AES in selective extractions, sometimes, with strong anomalies (nugget effects).
1
-
lntroduçåo2
-
Objetivos3
-
Localização da Área e Acessos4
-
Aspectos Fìsiográficos5-MatenaiseMétodos
5. '1
-
Trabalhos Preliminares5.2
-
Levantamentos Sistemáticos e Tratamento dos Dados 5.3-
Trabalhos Finais6
-
Contexto Geológico e Tectônico da Regiäo de piumhi6.1
-
Evolução dos Conhecimentos6.2
-
Div¡são Geológica Regional Adotada6.2.1
-
Corpos Graníticos6.2.2
-
Sequência Vulcano-Sedimentar (SVS)6.2.3
-
Rochas Ultramáficas de Tipo Alpino e Cromititos Associados6.2.4
-
Diques Básicos e Dioritos Porfiríticos lntrusivos 6.2.5-
Grupo Bambuí6.2,6
-
Grupo Canastra7
-
Geologia da Área 7.1-
Introduçäo7.2
-
Geologia Estrutural7.2.1
-
Primeiro Evento Deformacional7 .2.1.1
-
Primeiro Estágio-
Cavalgamentos7 .2.1 .2
-
Segundo Estágio-
Transcorrências Norte-Sul7 .2.1 .3
-
Terce¡ro Estágio-
Transcorrências NW_SE 7.2.2-
Segundo Evento Deformacional7.2.2.1
-
Domínio NW 7.2.2.2-
Domínio NE7.2.3
-
Tercelro Evento Deformacional7 .2.4
-
Evoluç¿to Tectônica Regional7.3
-
Descrição das Unidades do Grupo lnferior da SVS 7.3.1-
Unidade Vulcânica Andesítica7 .3.1.1
-
Rochas Vulcânicas lntermediárias 7 .3.1 .2-
Rochas Vulcân¡cas Ácidas7 .3.1.3
-
Rochas Metassedimentares7.3.2
-
Unidade Vulcânica Basáltica Magnesiana7 .3.2.1
,
Rochas Vulcânrcas Básicas e Derrames Diferenciados7.3.2.2
-
Variolitos7 .3.2.3
-
Rochas Metassedimentares7.3.3
-
Unidade Vulcânica Basált¡caI -
Geoquímica8.'1
-
Unidade Vulcânica Andesítica8.2
-
Unidade Vulcântca Basáltica Magnesiana8.3
-
Considerações sobre as Alterações Hidrotermais 8.3.'1-
Andesitos Basálticos8.3.2
-
Keratófiros8.3.3
-
Basaltos Magnesianos8.4
-
Considerações sobre a Evolução Magmática do Greenstone Belt8.5
-
considerações sobre o Ambiente Tectônico da sequência vulcano-sedimentarI
-
Cons¡derações sobre a Metalogênese10
-
Discussöes e Considerações Finars10.1
-
Comparações com Sequências Similares'1 0.2
-
Consideraçöes Finais11
-
Bibliografia1 2
-
Anexos12.1
-
Mapa de Afloramentos Descritos 12.2-
Pranchas Fotográficas12,3
-
Resumo dos Afloramentos e Dados Coletados1 2.4
-
Dados Geoquimicos12.4-A
-
Análises de Rocha Total por D¡fração de Raios X 12,4-B-
Análises por lCp_AES por Extração Seletiva 12.5-
Mapas1
*
lntroduçãoO Maciço de Piumhi situa-se na parte interna da borda SW do Cráton do São
Francisco, aflorando numa janela do embasamento, descoberto dos sedimentos dos
Grupos Bambuí
e
Canastra por erosão (figura 1-1). Constitui-sede
uma sequênciametavulcano-sedimentar (SVS) de baixo grau metamórfico, reconhecida como do tipo
greenstone
belf
arqueanoou
proterozóico inferiorpor
Fritzsonset
al.
(1g80), emcontato
com
rochas
graníticas diversas.É,
como
tal,
de
grande
potencialidadeeconomica quanto
a
jazimentosde
minerais metálicos, associados geralmente àssequências supracrustais de baixo grau desses ambientes.
, ,
.Em
Piumhi existem indícios
de
mineralizaçöesde
ouro,
encontrado emocorrências aluvionares nos córregos
que
drenama
áreada sVS,
e
anomalias decobre detectadas por prospecção geoquímica (Alecrim
&
pinto, 1gB0); oconem aindacorpos de cromititos em rochas metaultramáficas (Guimarães & oliveira, 1g3g; Alvim,
1 939; Barbosa & Lacourt, 1940; sidrim, 1976) constituindo associaçöes tectoníticas de zonas de cisalhamento (silva & schorscher, 1gg1; Vilela & schorscher, 1gg4; Fenari,
'1996
a,
b;
Schorscheret
al.,
1998a,
b).
Entretanto,as
diversas campanhasde
pesquisa
mineral
na
área
por
empresas prospectoras,com base
em
métodosconvencionais, incluindo levantamentos de campo, estudos de sedimentos de corrente,
amostragem de solos, sondagens e outros, não levaram até o momento a detecção de
corpos mineralizados prospectivos.
Ainda
que um
número significativode
estudos específicos tenhamjá
sidoefetuados
na
área,
trabalhos
anteriores
se
mostram
divergentes
quanto
àcaracterização ígnea das rochas da parte basal do maciço.
o
trabalho de Fritzsons etal.
(1980) coloca
sua
unidade Basal como
constituídapor
rochas ultrabásicas,metamorfizadas, ainda que não seja positivo na identificação destas como komatiítos;
acima desta unidade, passa-se para lavas básicas e intermediárias. Já schrank (1982)
identifìca
na
base
da
sVS
metassedimentos, passandomais
acima
para
lavasbasálticas intercaladas; estes metassedimentos, em trabalhos posteriores (schorscher
et al.' 1998a) sâo reconhecidos como porçöes ultramiloníticas de granitóides no contato
com
a
sVS;
ainda segundoeste
autor, acima destas lavas basálticas ocorrenamkomatiítos, gradando novamente para basaltos e metassedimentos em direçäo ao topo.
\./v ._,.2----¿
Area
210
'ù^
ffi"".:
T-l AL Depositos coluvionares, alwionares e de tenacos
CAQ
BU GRUPO BAURU - FM MARILIA: arenitos, conglomerados, arenitos calciferos e calcârios BP SUPËRGRUPO SAO FRANSISCO - GRUPO BAMBUI - SUBGRUPO PARAOPEBA
BSL SUPERGRUPO SAO FRANSISCO . GRUPO BAMzuI . SUTIGRUPO PARAOPEBA - FM SETE LAGOAS: calcarios, dolomrtos e pelitos
SA GRUPO BAMBUI - FM JEeUtTAt: diamictitos e petitos Sambura
I CR FM CARMO DO RIO CLARO: nEtadiam¡ctitos, metagEuvacas, quarÞ¡tos e rnetaælitos
ARX GRUPO ARAXA: micaxistos, arfibolitos, quarÞitos, gnaisses, formacao ferrifera
ARG2 GRUPO ARAXA: anfibolio e/ou tiotita
CAQ GRUPO CANASTRA: quarÞitos e f¡litos CAX GRUPO CANASTRA: dom¡nio de xístos e PH SEQUENCIA METAWLCANOSEDIMENTAR PIUMHI
I FM SEQUENCIA MFTAWLCANO-SEDIMENTAR
FORïALUA DE MINAS (Morro do Feno)
CG COMPLEXO GAMPOS GERAIS: gnaisses bandados, migrnatitos, granito-gna¡sses, anfibolitos.
quarÞitos, xistos, metaulfamancas
BG COMPLÐ(O BARBACENA: granitos a quarÞo-dioritos, gnaissificados ou nao
-FM ARG2
460
^N
F^igur.a 1-1^- Mapa geológico regional, modificado a partir do Mapa Geológico do Estado de Minas
G-etais, COMIG, 1994.. No^ destaque, sitaçäo tectonica da áreà (modificãdo de Schobbenhaus,
1984): 1-FaixaBrasília; 2-MaciçoMediãnodeGuaxupé;
3-fà¡xaRibeira; 4-CrátondoSåo
Francisco; 5 - cobertura Faneîozóica (Bacia do paraná).
metalogenét¡cas
do
magmatismo, este trabalhose
propoea
estudos ìntegrados daporçäo basal
da
SVS,
constituída
de
rochas
metavulcânicas principalmenteintermediárias,
a
básicas
e
ácidas
subordinadamente,com
intercalações demetassedimentos químicos, hidrotermalitos e rochas metavulcanoclásticas, através de
métodos
de
campo, análise estrutural,
amostragens
e
estudos
laboratoriaispetrográficos
e
geoquímicos multielemeniares.Visa
desta forma contribuir para ummelhor
e
mais preciso conhecimento petrológicodo
magmatismoda
parte basal daSVS,
das
alteraçÕesque
afetaram
as
rochas
magmáticas,
e
dos
padrõesmetalogenéticos primários, magmáticos e pós-magmáticos hidrotermais.
2
-
Objetivoso
objetivo principaldeste
trabalhoé
a
caracrerização integrada geológicapetrográfica-petrológica
e
metalogenéticada
porçãobasal
da
sVS
do
maciço dePiumhi. Para este objetivo ser alcançado, diversas metodologias foram adotadas com
objetivos
mais
específicos,para que
de
forma
complementar permitissem umacompreensão global da problemática da área.
Entre os objetivos específicos, coloca-se inicialmente a caracterizaçäo tectonica
regional da sVS, e o detalhamento de suas relações com as unidades adjacentes, em
comparação aos modelos controversos já existentes na liieratura.
Um segundo objetivo deste trabalho foi a caracterização petrológica, petrográfÌca
e
geoquímica dasVS.
As divergências básicas flagrantes nos estudosjá
realizadosquanto a classificaçäo e nomenclatura das rochas metaígneas da porção basal da sVS
levaram
à
necessidadedeste
melhor
entendimento.Notou-se,
durante
estacaracterizaçäo, que parte da controvérsia sobre a natureza destas rochas provinha de
alteraçÕes
e
modificaçÕes sofridas tanto por processos magmáticos de diferenciaçãoquanto
por
hidrotermalismodos
protólitos ígneos.
uma
caracterização maisaprofundada sobre o processo de diferenciação e as alteraçóes subsequentes da série
vulcânica foi então levada a cabo.
o
terceiro objetivo específico constituiu-sede
uma
avaliaçäo alternativa dopotencial
metalogenéticoda
área
tentando
investigare
corroborarcom
dadosespecificos a ligação possivelmente existente entre os processos mineralizantes e os
3
*
Localizaçåo da Área e AcessosA
áreade
aproximadamente20
Km2 localiza-seno
sudoestedo
Estado deMinas Gerais, entre os paralelos 20o 23' e 20o 26' sul e meridianos 45o 53,e 450 56,, na
região abrangida pela folha IBGE 1:50.000 Piuí
-
MG.o
acesso a cidade de piumhi apartir de são Paulo ou Belo Horizonte (figura 3-1), é feito por rodovias asfaltadas (cerca
de 550 Km de
são
Paulo, e 250 Km de Belo Horizonte). De piumhi, cidade que serviude base de campo, tem-se acesso a área de trabalho por estrada asfaltada (MG-0s0 que corta
a
área)e
de terra, além de diversas trilhas.A
partirde
piumhi, distam ospontos mais afastado
e
mais próximo da área, respectivamente, em torno de 20e
10Km em linha reta.
As condições para trabalhos de campo são boas o ano todo, exceção feita para
,PratinhãG
-\
le 'J¡,;r,¡¡t:t i¡ -'
$a<-*
s. J. h-5gsrB¡¡6 Varg€m\
Bonitå
Ribeiråo Preto
Casa Branca
S. Sebastiåo do Santo de Mi
Belo Horizonte
¡ Juiz de Fora
I
I
_l
IT,I
4
-
Aspectos FisiográficosA
região de Piumhi situa,se, segundo IBGE (1977), no planalto Sulde
Minas,representado por maciços modelados em rochas do complexo cristalino, na transiçäo
para relevos modelados
em
rochas sedimentaresda
Depressãodo são
Francisco.Está posicionada
no
divisorde
águasentre
as
bacias hidrográficasdos
rios
säoFrancisco
e
Rio Grande. Destacam-se na paisagem serras quartzíticas formadas porrestos de antigas superfícies, sustentando as áreas de maior altitude, que alcançam
cotas de 1 1 00 até 1300 metros, com topos geralmente aplainados e escarpas abruptas
e
íngremes, como observadoa
sul
da
área nas
serrasda
pimenta, Gabiroba (ouAndaime) e Lavapés. Estas serras isoladas entre si dão lugar para norte e leste, após
passagens bruscas para cotas mais baixas, a um relevo monótono, na forma de colinas
amplas tabuliformes, de topos também aplainados, representando uma supefície mais
nova, com cotas variando entre 750 e 850 metros. Na área estudada, o ribeirão Araras
é a principal drenagem, pertencente à bacia do
sâo
Francisco, e representa o nível debase local, cortando,
com
direçäo geralde sul
para
norte, praticamente todas asunidades litológicas, expondo afloramentos bem preservados e contínuos.
o
clima
classificado como Tropicar subquente semiúmido, apresenta duasestações bem marcadas: uma seca, com duraçäo
de
quatro meses, entre maio eagosto, e uma estação úmida, com precipitações máximas entre dezembro e fevereiro.
A
precipitaçáo total anual situa-se em torno cfe .1500 mm. Atemperatura média anual
situa-se entre 21 e 22oC.
A
vegetação natural original
predominanteé
constituídapor
cerrados erepresentada
por
espécies típicas, geralmente gramínease
arbustosde
pequenaestatura. Matas
de
maior porte ocorremde
modo esparso, abaixo das escarpas deserras e acompanhando drenagens, na forma de matas ciliares.
Esta
vegetação naturar aparecede
forma
restrita,dando
rugarà
áreas jáalteradas pela ocupaçäo antróprca. As maiores extensôes são destinadas às atividades
agrícolas, principalmente ao cultivo de café,
e
secundariamente às culturas de milho,feijão, arroz, cana,
abacaxi, tomatee
raranja,arém
da
pecuária. pontuarmente,atividades de mineraçäo também são observadas, como extração de m¡nério de cromo
Na
cidade,sede
municipalde
Piumhi, comércioe
serviços representam asprincipais atividades econômicas, concentrando
a
maior
parte
da
população domunicípio, de um total aproximado de 29000 habitantes.
5-MateriaiseMétodos
5.1
-
Trabalhos PreliminaresO
trabalhona
áreateve
início duranteo
cursode
graduação,na
forma depesquisa de iniciação científica, com o mapeamento do maciço de piumhi. No período,
foram realizadas diversas etapas
de
campo, possibilitandoa
familiarização com asprincipais litologias
e
estruturas exrstentes. Foram executados, durante estas etapas,diversos perfis
e
caminhamentos, englobando descriçöes de afloramentos, coleta deamostras e de dados estrutura¡s. Pode-se destacar aí os caminhamentos, controlados
por trena e bússola, executados no Ribeirão Araras e na rodovia MG-0s0, descrevendo
com detalhe toda a porção basal da sVS. Estes levantamentos resultaram num mapa
geológico preliminar do maciço, ainda em fase de detalhamento e finalização.
os
trabalhosdo
mestrado propriamente dito se iniciaram como
levantamentobibliográfico específico
sobre
a
geologiada
região,e
sobre
aspectos temáticosrelacionados
com
os
objetivosda
pesquisa. Dados
preexistentesobtidos
peloorientador
e
sua
equipe,
como
descriçöesde
afloramentos,dados
estruturais,amostras, lâminas
e
análises químicas, foram reunidose
integrados para posteriorutilização como consulta e comparação com os dados obtidos neste trabalho.
Ainda nesta fase foi realizada a preparação para os levaniamentos de campo, a
partir
da
análisedos
mapas topográficose
fotografias aéreas, formulando-se destemodo a estratégia de campo. Foram definidos os principais acessos
e
perfis a serempercorridos
e
amostrados,e
executada uma fotointerpretação preliminar,a
partir dosdados
já
existentese
do
exame
estereoscópicodos
diversos fotopares. Foramutilizados o mapa topográfico do IBGE em escala 1:50.000, Folha piuí-MG
(sF-23-c-l-3), de 1 970, a base topográfica de semidetalhe (escala 1 :25.000) de passareli (1991
),
ampliada
para
1:25.000,as
fotografias aéreasdo
lnstituto Brasileirodo
café
área säo as de número: 158574, 158575, 158576, 158577,1SB57B, 158579, 1SB2B9,
158290, 158291 ,158292, 158293, 158254.
5.2
-
Levantamentos Sistemáticos e Tratamento dos Dadosos
levantamentos sistemáticos se iniciaram com os trabalhos de campo. Forampercorridos
a
pé,
sistematicamente descritose
amostradosos
principais perfis,principalmente nos leitos do Ribeiråo Araras
e
córrego do Meio, cada qual com suasnascentes
e
tributários,que
drenama
áreae
onde afloramos
diversos intervalosestratigráficos
da
porção basalda
sVS.
utilizaram-se, como base topográfica paralocalizaçáo e orientaçäo, as fotografias aéreas e o levantamento
já
realizado a trena ebússola.
os
afloramentosforam
descritos,
e
levantadas
suas
caracterÍsticasestruturais,
com
medidasde
acamamento, foliaçÕes, lineações,falhas,
estrias efraturas, em notaçäo
clar.
um total de 1b4 afloramentos foram levantados e descritos,e 1 75 amostras coletadas (Anexos 12.1
e
12.3).Após cada fase
de
campo, as amostras foram selecionaclase
encaminhadaspara roteiros especifìcos de preparação e tratamenio, segundo sua representatividade,
grau de alteraçåo, e características particulares observadas.
As
amostras serecionaclas para raminação foram cortadasem
pracas com deserra diamantada, possibilitando melhor observação
de
estruturase
texturas,e
oscortes escolhidos encaminhados para confecção
de
seçÕes delgadas. Amostras deformaçöes ferríferas foram preparadas
em
seçÕes delgadas polidas. No total foramconfeccionadas
g4
seçÕes delgadase
17
seçöes delgadas polidas, estudadas edescritas petrograficamente.
As
amostras selecionadaspara
esiudos geoquímicosforam
individualmenteserradas, para retirada de porçoes alteradas, venulaçöes e outras heterogeneidades e
anomalias indesejadas. Processou-se entâo sua fragmentação, em prensa hidráulica,
novamente retirando-se porçöes alteradas
por
catação, passando-sea
seguir paramoagem, em moinho de anéis de ágata. As amostras foram então homogeneizadas e
quarteadas, separando-se
as
aliquotas destinadasàs
análises, contra-amostras emateriais de referência.
As análises litogeoquímrcas de rocha total foram executadas por fluorescência
Mineralogia Aplicada
e
Geoquímicada
Universidade Técnicade
Munique (TUM),Alemanha,
em
Convênio USP-TUM, analisando-seos
constituintes maiores SiO2,T¡O2, Al2O3, Fe2O3, MnO, MgO, CaO, Na2O, K2O, P2O5, S
e
F,e
perda ao fogo(LOl), apresentados na forma de porcentagem de peso, e os elementos traço As, Ba,
Ce, Cl, Co, Cr, Cs, Cu, Ga, La, Nb, Nd, Ni, Pb, Rb, Sn, Sr, Ta, Th, U, V,
W,Y,ZneZ¡,
em ppm. Um total
de 91
análisesfoi
obtido, dentreos
vários litotipos selecionados(Anexo 12.4-A). Foram utilizadas
também
14
análises obtidas anteriormente peloorientador (análises SPF 1 a 13), feitas para o detalhamento de metro em metro de um
mesmo derrame diferenciado, também amostrado e anal¡sado pelas amostras BTx-207
E,FeG.
Os dados litogeoquímicos de rocha total foram utilizadas na cliscriminação das
características ígneas
e
das transformaçöes ocorridas nas unidades investigadas daSVS, através de diversos diagramas
já
consagrados da lìteratura, empregando-se osprogramas NEWPET (Clarke, 1993),
e
MINPET 2.02 (Richard, 1995). Antes, porém,procedeu-se
ao
recálculo de alguns parâmetros das análises químicas originais.os
valores
de
óxidode
ferro, expressosna
formade
ferro total
comoFe2o3,
foramrecalculados segundo Middlemost (1989), red istribu ind o-se
os
teoresde
ferro entreFeo
e
Fe2o3 de acordo com o tipo de rocha: para os andesitos basálticose
rochasassociadas,
foi
utilizadaa
rc7-ão Fe2O3/(FeO+Fe2O3)=03
paraos
riolitos,a
razãoFe2O3/(FeO+Fe2O3)=0
5
para
as
rochas
basálticas
foi
utilizada
a
''zão
Fe2o3/(Feo+Fe2o3)=0.2.
A
seguir, recalculou-seo
total,de
acordo comas
novasporcentagens de óxidos de ferro, e procedendo-se, então, ao recálculo da análise em
base anidra, red istribu indo-se os valores de
Lol
entre os elementos maiores para umtotal
de
'100%. Estes cálculos, assim como os cálculosde
balançode
massa foramrealizados utilizando-se a planilha eletrônica Excel g7,
Análises por lcP-AES também foram realizadas, principalmente para amostras
de formaçÕes ferríferas, no Laboratório
de
lcp
do
lnstitutode
euímicada
usp.
Foiutilizado o método de abertura por solubilização parcial seletiva, através de água-régia,
visando principalmente
a
extraçãoe
dosagemde
elementos metálicosde
interessemetalogenético (Anexo 12 4-B).
os
dados estruturais, coletados em notaçäo clar, foram agrupados por litologias,e
segundo dominios estruturais representativosda
geometriae
dos
eventos que&
Gool,
1990), utilizando-sea
projeçåode
igual
área
do
diagramade
Schmidt (hemisfério inferior),5.3
-
Trabalhos Finaisconcluídas todas
a
fasesde
obtençáode
dadose
realizados os tratamentostemáticos específicos,
os
conjuntosde
informaçÕes petrográficas, geoquímicas eestruturais foram integrados, analisados e explorados sob aspectos dos objetivos petro,
metalogenét¡cos
centrais
da
pesquisa. seguiram-se
ainda
etapas
fìnais
defotointerpretação integrada e de revisåo de campo, necessárias à elaboraçåo do mapa
geológico deste trabalho.
Por último, foi elaborado o texto final da dissertaçäo, apresentando o conjunto de
dados, resultados, discussões
e
conclusões alcançadas. Neste, apesarda
quasetotalidade
das
rochas estudadas apresentarem-se metamorfizadas,para
efeito desimplifìcaçäo,
o
prefixo "meta-" nãofoi
utilizado, estando subentendido,a
não serquando, claramente destacado, foram aborda<Jos assuntos sobre rochas metamórfìcas.
Tal procedimento é justificado também pelo interesse principal da pesquisa, centrado
nas
características ígneas pré-metarnórficasdestas
rochas,que,
apesarde
suasparagêneses já transformadas, quase sempre apresentam estruturas e texturas ígneas
6
-
Contexto Geológico e Tectônico da Regiáo de Piumhi6.1
-
Evolução dos ConhecìmentosOs primeiros estudos na regiäo surgiram devido
a
descobertade
cromita em1931, sendo levados
a
cabo entreos
anos30
e
40
pela
Divisáode
Fomento daProduçäo Mineral
do
DNPM. Desta época datamos
trabalhosde
Guimarãens &Oliveira (1938),
Alvim
(1939,com
descriçÕes petrográficas executadaspor
ViktorLeinz), Barbosa & Lacourt (1940), Otiveira & Barbosa (1940) e Souza (1943), os quais
caracterizaram o minério entäo explorado.
Sidrim (1976), desenvolveu estudos
de
mapeamento geológicoe
prospecçäogeoquimica, concentrando-se
no vale
do
Ribeirãocaxambu
e
nas
ocorrências decromita. Reconheceu a presença dos Grupos canastra e Bambuí na região, e que uma
importante
falha
reversa colocouo
Grupocanastra
sobreo
Grupo Bambuí, comcontato localizado na escarpa leste
da serra
da
pimenta. Ainda segundo sidrim, oGrupo canastra
é
constituído por quartzitos, xistose
filitos, formandoas
serras daPimenta, Taquari
e
Lavapés- lncluiu ainda,como
intrusõesneste
grupo, felsitos,granitos, e eruptivas intermediárias, básicas e ultrabásicas, sem mencionar, entretanto,
em nenhum caso, rochas de características extrusivas vulcânicas.
Após
a
fase
pioneira, estudos sistemáticos começarama
ser
realizados nasdécadas de 70 e 80, principalmente pela METAMIc (a partir de 1977). Alecrim & pinto
(1980) descreveram
a
metodologiae
os
resultados obtidos atravésde
prospecçäogeoquímica por sedimento de corrente; pinheiro ('l gB0) caracterizou petrograficamente
as ocorrências de rochas vulcânicas, dando ênfase a seus aspectos texturais; Fritzsons
et al.
(1980) reconheceram, definirame
publicaramo
primeiro mapa geológico dogreenstone
belt
de
Piumhi,
e
elaboraramuma
síntese
sobre
sua
geologia eestratigrafia; Biondi & schrank (1980) apresentaram um primeiro estudo litogeoquímico
evidenciando uma evoluçäo cálcio-alcalina da sequência vulcânica.
No contexto regional, é o trabalho de Fritzsons et al, ( 1980) que despertou maior
interesse,
ao
reconhecera
natureza vulcano-sedimentare
definiras
unidades dogreenstone belt, além de apresentar o primeiro mapeamento mais detalhado da regiäo.
Resumidamente,
a
estratigrafia
descrita
neste trabalho
se
inicia
peloem
quatro
unidades:
uma
unidade Basal,
de
rochas
ultrabásicas;
unidadelntermediária, constituída
por
lavas básicas, intermediárias, metatufose
brechas, eunidade superior, novamenie com lavas básicas, brechas e sedimentos. para a quarta
unidade proposta, dos Tufos
e
Lavas Ácidas, Fritzsonset al.
(i 980) deixaram seuposicionamento estratigráfico ainda como incerto.
o
segundo "Grupamento das Rochaslntrusivas", é subdividido em duas unidades: das intrusivas básicas e ultrabásicas, que
cortam toda
a
sequência vulcano-sedimentar,e
dos granitos, os quais consideraramcomo
provavelmenteintrusivos
na
sequência
vulcânica,
precedendoporém
asequência sedimentar de cobertura, para a qual teriam fornecido sedimentos. Esta é
colocada num terceiro grupamento, denominado de Grupo lntermediário, sobreposto ao
Grupamento das Rochas Vulcânicas por discordância erosiva. Este grupo é subdividido
em diversas unidades, constituídas essencialmente por rochas metassedimentares, de
origem clástica fina a grossa, imaturos, e com variável contribuiçåo detrítica continental
ou vulcânica, que ocorrem nas serras
da
pimenta, lavapés,
Gabiroba ou Taquari,como
exceção
às
unidades sedimentaresdeste grupo,
aparece
intercalada asequência cromífera,
de
xistos
máficos
associadosa
corpos
metaultrabásicosmineralizados a cromita. por fim, discordantemente dos grupamentos anteriores, ocorre
como cobertura regional o Grupo paraopeba, do supergrupo Barnbuí, identificando-se
os fácies Clástico Fino, Carbonatado e Clástico Grosso.
o
Grupamento Vurcânicoé
interpretado como prováver porçáo basarde
umcinturäo
de
rochas verdes, com rochas vulcânicas subaquáticas com estruturas tipopillow-lava,
por
vezes apresentando texturas spinifex, metamórficoem
fácies xistoverde É
colocado por estes autores com empirhamentoem
homocrinar,de
direçäogeral
leste-oeste mergurhandopara
sul,
baseando-sena
inexistênciade
quarquermicro-estrutura que evidenciasse algum dobramento em grande escala. sobre ele, as
rochas
do
Grupo lntermediário aparecem discordantes, dobradasde
manerra nãouniforme, a partir de uma compressåo de oeste para leste.
schrank
(1982), enfocaem
detarhea
petrografiae
geoquímicadas
rochasvulcânicas da área, arém de redefinir a subdivisão proposta por Fritzsons et ar. (1980),
apresentando um mapa modificado
a
partir daquere trabarhoe
do
mapa regionar desemidetalhe (1:25.000) inédito da METAMIG. considera
o
maciço como uma unidadeindependente,
e
mais antiga, em reraçåo aos Grupos canastrae
Bambuí, e divide o(correspondendo
ao
"Grupamentodas
Rochas Vulcânicas"de
Fritzsonset
al.),e
oGrupo Superior, correspondente
ao
"Grupo lntermediário" anteriormente definido. OGrupo
lnferioré
consideradoparte
de
uma
sequênciado
tipo
"greenstone belt",alcançando uma espessura
de
3000 metros,e
subdivididoem
duas sequências: aSequência Vulcânica, basal, com espessura de 2250 metros, e a Sequência
Vulcano-Sedimentar, superposta,
com 750
metros.
Estasduas
sequências formariam ummegassinclinal recumbente, com vergência
para
norte, diferentementeda
propostaesirutural anterior de Fritzsons et al. (1980). O núcleo do sinclinal seria constituído pela
sequência vulcano-sedimentar (equivalente à ''unidade lntermediária" de Fritzsons et
al.), enquanto que seus flancos externos fariam parte da sequência Vulcânica: a sul, o
flanco inverso (conforme apontado
por
indicadoresde
polaridade), corresponderia à"unidade Superior" de Fritzsons et al.
A
norte, o flanco normal equivaleria à "unidadelnferior", aparecendo em contato com o corpo granítico norte e sotoposta normalmente
à Sequência Vu lcano-Sed imentar.
Na sequência vulcânica,
såo
incluídos vulcanitos diversos: komatiíticos (comcomposiçöes variando entre komatiítos peridotíticos, basálticos e andesíticos), basalios variolíticos, basaltos
e
andesitos toleiíticos,e
andesitose
dacitos cálcio-alcalinos.observam-se derrames com texturas spinifex,
e
estruturas maciças, almofadadas ecompostas, cumuláticas. Também neste grupo ocorrem rochas piroclásticas (tufos,
tufitos, cinzas),
e
intercalaçÕes sedimentares (grauvacas, siltitos, cherts carbonosos epiritosos).
A
sequência
Vulcano-sedimentar constitui-se,ainda
segundo schrank(1982), predominantemente por rochas detríticas
e
epiclásticas,e
subordinadamente,derrames.
um
magmatismoácido
compreenderiaa
colocaçäodos
dois
corposgraníticos principais
da
área,
assim como diversos outros corpos menores, todosintrusivos
nas
unidades supra-crustaisacima
descritas.
Este
magmatismo seriaresponsável pelo primeiro evento de metamorfismo na região.
o
Grupo superior é considerado como uma bacia proterozóica, com espessuraestimada
em
2000 metros, composto principalmente por turbiditos, tendona
base,rochas pelíticas
e
carbonáticas cobertas por quartzitose
brechas sedimentares. Notopo seriam encontrados siltitos carbonosos, conglomerados, formaçÕes ferríferas e
manganesíferas.
Algumas
rochas ígneas aparecem raramente,como
alcalinas eprincipal evento deformacional registrado, com vergênc¡a para oeste, em d¡reçåo ao
interior do Cráton do São Francisco.
Jahn & Schrank (1983), reapresentam dados peirográficos de rochas do Grupo
lnferior, análises químicas
de
elementos maiorese
novas análises,de
elementosterras-raras.
Também
apresentamanálises
isotópicas
sm/Nd
de
duas
rochasvulcânicas básicas da SVS e calcularam uma idade de 1.84 +0.1 G.a.
Por schrank et al. (1983, 1984) são reapresentadas as características principais
do maciço de Piumhi, em roteiros de excursöes elaborados para eventos científicos.
Fairchild
&
schorscher (1985)
descreveramuma
sequênciade
quartzitosgradando para rochas carbonáticas do Grupo Bambuí, encontrada no sopé oeste da
serra
da
Pimenta,muito
deformadae
em
contato tectônicocom
milonito-xistosmáficos/ultramáficos
na sua
base,e
com xistos metapelíticos, lateralmente. Foramreconhecidos e descritos microfósseis e prováveis estromatólitos nestes carbonatos.
schrank (1986) reapresenta
as
principais conclusões, alcançadasa
partir dotrabalho
de
doutorado, sobreo
quimismoe
gênesedos
derrames komatiíticos aclinoptroxên io-spin ifex na região.
Mattos (1986),
em
tesede
doutoramento, colocaas
unidades vulcânicas dePiumhi novamente como parte
do
Grupo canastra, como antesjá
feiio por
sidrim(1977), estendendo este grupo dos quartzitos da região da Represa de Furnas até as
serras
da
Pimentae
Gabiroba. Aindaque
admitaa
possibilidadede
uma naturezavulcânica para
as
rochasde
piumhi, insere sua evoruçäo no mesmo quadro que osGrupos canastra e Araxá, isto é, de natureza alóctone, colocadas como empurrÕes de
oeste para leste na forma de "nappe de charriage". Já as rochas graniticas da área, sáo
tidas por Mattos (1986) partes do embasamento, imbricadas
às
unrdades do GrupoCanastra, e aflorando na forma de uma pseudo-janela estrutural.
coltorti
et
al.
(1987),
estudaramas
estruturas
variolíticas presentes nasequência Vulcânica,
em
termosde
petrografiae
geoquímica, concluindo matriz evariolas
constituírem-sede
magmas
distintos
em
contato,
e
separados
porimiscibilidade líquida. Mostram serem rochas com características
e
comportamentosgeoquímicos
bem
diferentes,onde
a
malriz aparece
como
komatiíto basáltico,mostrando um trend toleiít¡co, enquanto as varíolas säo basaltos, com variaçöes para
álcali-basaltos
e
andesitos, definìndo uma tendência cálcio-alcalina. propöe comotexturais
e
em
comparaçÕes com outras ocorrências, desmisturade
clois magmascomplementares
a
partirde
um
magma parental,em
estágios ainda anteriores ouiniciais à erupção.
Heilbron et al. (1987), estudando
a
região entre ltaú de Minas e carmo do Rioclaro, individu alizam a sequência carmo do Rio claro, formada por ardósias e fÌlitos,
com intercalações
de
mármores homogêneose
bandados, alémde
metadiamictjtos,metagrauvacas, conglomerados
e
quartzitos. Distinguemesta
sequênciado
GrupoAraxá-canastra (desta forma tratado
no seu
trabalho),o
qual
apareceem
contatotectônico por sobre a sequência, e do Grupo Bambuí, no qual aparecia anteriormente
inserida.
como
hipótesesde
trabalho, sugeremtrês
possibilidadespara
correlaçãodesta sequência: '1
-
uma sequência autóctone,e
cronocorrelataao
Grupo
Araxá-canastra
(alóctone);2
-
continuaçãoda
sequência metassedimentar associada aogreenstone belt
de
Piumhi;3
-
sequênciade
bordado
cráton, cronocorrelata e/outransicional ao Grupo Bambuí propriamente dito.
Pinheiro (1988), estudou
os
depósitosde
cromitade
piumhi. Reconhece asrochas portadoras da mineralização como um sill ultrabásico, intrusivo na sequência
vulcano-sedimentar das serras da Gabiroba e Lava-pés, com trend aproximado norte_
sul, e camadas de cromitito junto a sua porção basal; as características das cromitas
s¡tuar¡am estes corpos como de tipo estratiforme, ligados a ambientes de greensfone
belt.
Valeriano et ar. (1989), redefinem a sequência carmo do Rio craro, mantendo
esta definição para
as
rochas metareníticas sotopostasao
Grupo Araxá-canastra, eexcluindo os metadiamiciltos, ardósias, metassiltitos e wackes, que são reincluídos no
Grupo
Bambuí
(fácies
samburá), enquanto
rochas
carbonáticassáo por
eresposicionadas no Grupo Araxá-canastra. confírmam então
a
extensãoda
sequênciaCarmo do Rio Claro até a cidade de Piumhi, onde esta recobriria tectonicamente tanto
o greenstone belt como a fácies Samburá do Grupo Bambuí.
Machado
&
schrank (1989) (assim como schrank & Abreu, 1990), redefÌnemprelimrnarmente
a
nomenclatura estratigráficado
maciço:o
Grupo lnferior passaa
Grupo Ribeiråo Araras,
e o
Grupo superioré
subdivididonos
grupos paciência eLavapés.
o
grupo
Paciênciaé
consideradocomo
tectonicamente sobreposto ediscordante do Grupo Ribeiräo Araras, e representativo de uma sequência tipo frisch,
constituída
por
sedimentos prataformais (sirtitos
e
quartz¡tos,
com
carcáriosintercalados), sobrepostos então por uma sequência turbìdítica (brechas, grauvacas e
siltitos), com raras intrusivas (gabros, mugearitos
e
traquitos).Já
o
Grupo Lavapésestaria tectonicamente sobreposto ao Grupo Paciência, compreendendo: quartzitos e
conglomerados,
xistos
a
sericita, clorita, quartzo
e
carbonato,contendo
lentesgrafitosas, formaçÕes ferríferas
e
manganesíferas,e
corpos máfico-ultramáficos comcromititos. É visto como uma unidade alóctone do proterozóico superior, pertencente
portanto ao ciclo brasiliano. Resultados de datações são entäo apresentadas: zircÕes
obtidos
de
um
testemunhode
sondagem,segundo
os
auiores
de
um
gabroanortosítico,
intrusivo
na
sequênciade
derrames
komatiítrcosna
forma
de
sillestratificado, forneceram
a
idadeu/pb
de
2116 +10/-7M.a.
Meta-lavasdo
GrupoRibeiräo
Araras
forneceram,em
trabalho
anterior(Jahn
&
schrank,
1gB3), umaisócrona sm/Nd
de
'1 .84 G,a., mais nova portanto quea
idade desta intrusão. outroszircóes
extraído9de
um
domo
riodacíticointrusivo
no
Grupo
Ribeirão Araras,forneceram idades mínimas de 3000 M.a.,2gB9 M.a. e 2g6b M.a., e com interceptos de
3096+255/-48 M.a., e 2.4+0.33/-0.30 8.a., jndicando zircÕes de 3.1 B.a. afetados por
um evento ao redor de 2.4 B.a. Noutra datação, fragmentos de zircÕes extraídos de um
sill deformado de gabro porfirítico, intrusivo em rochas vu lcanoclásticas numa zona de
cisalhamento, forneceram idade mínima de 1.127 M.a. para o granito central, a idade
mínima de 726 M.a. é interpretada como idade de cristalização do corpo granítico. um
sill de traquito pórfiro levemente foliado, intrusivo no Grupo paciência, forneceu idade
de 635 +2 M.a.
schrank
et
al.
(1990), apresentam uma compartimentação tectônica regional,baseados em dados geocronológicos
e
na
análise cinemáticade
diversas unidadesencontradas
na
região. colocama
regiãode
piumhi entreos
terrenos autóctones,juntamente
com
outras associaçöesde tipo
granito-greenstone,e
sua
rochasde
cobertura,
como
o
Grupo
Bambuí,às
quais
serviriamde
embasamentopara
osterrenos alóctones, representados pelo complexo de Nappes de passos, que na parte
externa de seu segmento sul,
é
constituído pelo Grupo canastra.A
colocaçäo destaunidade
foi
caracterizadaa
partir
de
indicadores cinemáiicos,como
lineações deestiramento mineral, e foliaçÕes
s/c
ec/c'
A partir da lineaçåo, muito persistente comrumo N290o e caimentos suaves, juntamente com os outros indicadores, interpretaram
como indicativas de uma tectôn¡ca de empurrões dos terrenos alóctones, com sentido