UNIVERSIDADE
DE
SÃO
PAULO
INSTITUTO
DE
GEOCIÊNCIAS
ESTUDO
DA ALTERAçAO
INTEMPÉRICA
DAS
ROCHAS RICAS
EM
APATITA
DA
MINA
GONZAGA
DE
CAMPOS,
ASSOCTADAS
AO
MAC|çO
ALCALINO.CARBONATíTICO
DE
IPANEMA,
SP
Raquel Valério
de
Sousa
Florêncio
Orientadora:
Profa. Dra, Maria
CristinaMotta
de
ToledoDISSERTAÇAO
DE
MESTRADOCOMISSÃO
JULGADORAnome
Presidente:
Ptrcträ.fra. MariaCristina
M. de ToledoE r ami na do r es: Prof .
Dr.
Erorn-ldo Bonfim RochaSão Paulo
199õ
ESTUDo DA
ALTERAçÃo tNTEMpÉntcA
DAS
ROCHAS
RICAS
EM
APATITA
DA
MINA
GONZAGA
DE
CAMPOS,
ASSOCTADAS
AO MAC|çO
ALcALTNo-cARBonnrínco DE
TpANEMA,
sp
Raquel Valério
de
Sousa Florêncio
Orientadora: Profa.
Dra.
Maria CristinaMotta de
ToledoUNIVERSIDADE
INSTITUTO
DE
DrssERTnÇÃo
oE
Programa
de
Pós-Graduação emDE
SÃO PAULO
GEOCIÊNCIAS
DEDALUS-Acervo-lGC
I illil iltil ililt flil iltil ilil iltil ilil ]til ilil iltil ilil flil
3090000491 1
MESTRADO
Geoquímica
e
Geotectônica1)
4
tnü
São Paulo
A
Terra, nós
não
a
herdamos
de nossos
antepassados
e
sr1n,
a
emprestamos
de
nossos
filhos.
(De um
filósofo
holandês)
SUMÁRþ
fruolce oe FtcuRAs
lrr¡olce oe
rABEus
fruorce oe
Foros
AGRADECIMENTOS RESUMO
ABSTRACT
cnpfrulo
r
-
TNTRoDUçÃor.1. oBJETtvos, MATERIAIS E MÉToDo
1.2. ASPECTOS GERATS DOS MACIçOS ALCALINO-CARBONATÍÏCOS
t.3. MAcrços ALcALTNo-cAReoNRrír¡cos No BRASIL
I.4. BENS MINERAIS ASSOCIADOS AOS COMPLEXOS ALCALINO-CRRgOÌ.¡RT|T|COS
1.4.1. Mantos de alteraçåo estudados recentemente no Brasil
1.4.2. D¡nåmica
do
fósforonas
jazidas lateríticas sobreos
Complexos Alcâlino-Carbonatíticoscapfrulo
il -
o
coMPLExoAlcAL|No-cnneoNnrír¡co
DE IPANEMAil.1. SITUAÇAO GERAL
ll 1 .1. Localização
ll 1 .2. Acessos
ll 1.3. Relevo
ll 1.4. Vegetação
ll 1.5. Clima
11.1.6. ldade
II.2. HISTÓRICO DA ÁREA
ll.2.l. Histórico das pesquisas geológicas e at¡vidades mineiras.
II.3. GEOLOGIA REGIONAL
1 2
4
5
I
10
12
16
16
16
16
16
17
17
17
17
l8
II 4. GEOLOGIA LOCAL, PETROGRAFIA E MINERALOGIA
11.4.1. As rochas da intrusåo
11.4.2. A apatita de lpanema
il s. REV|SÃO BTBLTOGRÁF|CA SOBRE A ALTERAçÃO INTEMPÉRICA NO MACIçO E A JAZIDA FOSFÁT|CA SUPÉRGENA
CAPíTULO III
CAMPOS
CARACTERIZAçÃO DOS MATERIAIS DA MINA GONZAGA DE
III.1. AS ROCHAS SÃS
lll.1.1 A rocha apatítica bandada
lll.1.2 A rocha glimerítica
lll. 1.3. Caracterizaçäo dos minerais primários
a. Apat¡ta
b. Biotita
c. Anfibólio
d. Feldspato potássico
e. Magnetita
f. Outros minerais primários
ilt.2. ALTERAç¡O OOS TIPOS LITOLÓGICOS: ASPECTOS MORFOLÓGICOS
lll.2.'1 A rocha apatítica bandada alterada
lll.2.2 A rocha glimerÍtica alterada
ilr.3.
ALTERAÇÃO OOS MINERAIS PRIMÁRIOS: ASPECTOS MORFOLÓGICOS, MINERALOGICOS E GEOQUÍMICOS111.3.1. Apatita
111.3.2. B¡otita
111.3.3. Anfibólio
111.3.4. Outros minerais
20
20
21
24
29
29
29
31
31
31
33
33
36
36
36
40
40
42
44
44
45
52
ilr.4.
os
PLASMAS SECUNDÁRIOS E AS FEIçÖES lLUVlAlsCAPÍTULO
IV
-
CONCLUSOES FOTOMICROGRAFIASREFERÊNCIAS BIBLIOGR.ÁFICAS
ANEXO
I
ANEXO 2
56
61
64
a7
76
íruo¡ce DE
FtcuRAs
Figura 1
-
Principais complexos Alcalino-Carbonatíticos do Brasil (Fonte: Berbert 1984 complementado de Ulbrich & Gomes 1981 ).Figura
2
-
Localizaçäoe
mapa geológico regionaldo
MaciçoAlcalino-Carbonatítico
de
lpanema,e
localizaçãoda
Mina Gonzaga de Campos (Fonte: Serrana 19764 e b ).Figura 3
-
Desenho esquemático do perfil de alteração exposto na MinaGonzaga de CamPos.
Figura 4 - Espectro de absorção no infravermelho para a amostra GC.A.3'
de apatita primária, da Mina Gonzaga de Campos.
Figura
5
-
Esquema morfológicoe
mineralógico da evoluçãoda
rochaapatít¡ca bandada, tal como verificado no perfil de intemperismo da Mina Gonzaga de CamPos.
Figura
6
-
Esquema morfológicoe
mineralógico da evoluçäoda
rochaglimerítica, tal como verificado no perfil de intemperismo da Mina
Gonzaga de CamPos.
Figura 7 - Espectros EDS da apatita sã, apatita em alteração (com traços
de Al)
e
wavelita, obtidosao
MEV,sobre
amostrasda
MinaGonzaga de Campos.
Figura
8
-
EspectrosEDS
da
biotita
e
seus
produtosde
alteração pseudomórfica, obtidos ao MEV sobre amostras da Mina Gonzagade Campos.
Figura
9
-
Diagramas triangulares mostrandoa
evoluçäo química naalteração das biotitas, segundo os dados da tabela 6.
Figura 10
-
Espectros EDS dos anfibólios e seus produtos de alteração,obtidos ao MEV sobre amostras da Mina Gonzaga de Campos.
Figura
11
-
Diagramatriangular
(CalMg/Fe) mostrandoa
evolução química na alteraçáo dos anfibólios, conforme os dados da tabela7
página
22
30
32
43
46
49
51
53
fHO¡CE DE TABELAS
Tabela
1
-
Tipos
petrográficos ex¡stentesno
Maciço Alcalino-Carbonatíticode
lpanemae
sua
composiçäomineral'
emporcentagem, segundo Leinz (1 940).
Tabela
2 -
Composição quÍmica média, em porcentagem, dos tiposde
minério definidos
pela
Serrana
S'
A''
em
lpanema(Serrana, 1976b).
Tabela
3
-
Composição mineralógica média, em porcentagem, dostipos de'minério definidos pela Serrana
S'
A',
em
lpanema(Serrana, 1976b).
Tabela
4
-
Reservasdo
minério fosfáticode
lpanema, segundo Serrana (1975).Tabela
5
-
Composição química das apatitas das rochasda
MinaGonzaga
de
Campos, obtida por análises pontuais ao MEVcom
E-DS,sobre
låminas delgadasde
amostrasda
MinaGonzaga de CamPos.
Tabela
6
-
Composiçäo químicadas
biotitasdas
rochasda
Mina Gonzagade
Campos, obtida por análises pontuais ao MEVcom
E-DS,sobre
låminas delgadasde
amostrasda
MinaGonzaga de CamPos.
Tabela
7
-
Composiçáo química dos anfibólios das rochas da MinaGonzaga
de
Campos, obtida por análises pontuais ao MEVcom
E-DS,sobre
lâminas delgadasde
amostrasda
MinaGonzaga de CamPos.
Tabela
I -
Composiçáo químicados
feldspatos potáss¡cos dasrochas
da
Mina Gonzagade
Campos' obtidapor
análisespontuais
ao
MEV
com
EDS, sobre
låminas delgadas deamostras da Mina Gonzaga de Campos.
Tabela 9
-
Composição química das magnetitas das rochas da Mina Gonzagade
Campos, obtida por análises pontuaisao
MEVcom
E-DS,sobre
lâminas delgadasde
amostrasda
MinaGonzaga de CamPos.
Tabela 10 - Composição química média da apatita primária (tabela 5)
e
análises pontuais ao MEV com EDS de seus produtos dealteração (wavelita), na Mina Gonzaga de Campos'
página
20
27
27
28
34
35
37
38
39
Tabela
11
-
Composiçáo química médiada
biotita
(tabela6)
eanálises pontuais ao MEV com EDS sobre seus produtos de
alteraçäo
em
pseudomorfoses,em
mater¡ais
da
Mina
50Gonzaga de Campos.
Tabela 12
-
Composiçåo química médiado
anfibólio (tabela7)
eanálises pontuais ao MEV com EDS sobre seus produtos de
alteração
em
pseudomorfoses,em
materiais
da
Mina
54
Gonzaga de Campos.
Tabela
13
-
Composiçãoquímica
dos
plasmas
secundários
59 eocorrentes no perfil da Mina Gonzaga de Campos (a, b' c e
d:
60 vide texto).Tabela 14
-
Composição química das apatitas das rochasda
MinaGonzaga
de
Campos, obtida por análises pontuais ao MEVcom EDS, sobre
låminas delgadasde
amostrasda
Mina
a.) Gonzaga de Campos (dados da tabela 5 não corrigidos)Tabela
15
-
Composição química das biot¡tas das rochasda
MinaGonzaga
de
Campos, obtida por análises pontuaisao
MEVcom
EDS,sobre
låminas delgadasde
amostrasda
Mina
aãGonzaga de Campos (dados da tabela 6 náo corrigidos)
Tabela 16
-
Composição química dos anfibólios das rochas da MinaGonzaga
de
Campos, obtida por análises pontuaisao
MEVcom
EDS,sobre
låminas delgadasde
amostrasda
Mina
A^Gonzaga de Campos (dados da tabela 7 não corrigidos)
Tabela 17
-
Composiçâo químicados
feldspatos potássicos dasrochas
da
Mina Gonzagade
Campos, obtidapor
análisespontuais
ao
MEV
com
EDS, sobre
lâminas delgadasde
aÃamostras
da
Mina Gonzaga de Campos (dados da tabelaI
ew' não corrigidos).Tabela
l8
- Composiçäo química das magnetitas das rochas da MinaGonzaga
de
Campos, obtida por análises pontuaisao
MEVcom
EDS,sobre
låminas delgadasde
amostrasda
Mina
n^Gonzaga de Campos (dados da tabela 9 não corrigidos) Tabela 19 - Composiçåo química média da apatita primár¡a (tabela 5)
e
análises pontuais ao MEV com EDS de seus produtos dealteraçáo (wavelita), na Mina Gonzaga de Campos (dados
da
g7tabela 10 não corrigidos).
Tabela
20
-
Composição química médiada
biotita
(tabela6)
eanálises pontuais ao MEV com EDS sobre seus produtos de
alteraçáo
em
pseudomorfoses,em
materiais
da
Mina
aeTabela
2l
-
Composição química médiado
anfibólio (tabela7)
eanálises pontuais ao MEV com EDS sobre seus produtos de
alteração
em
pseudomorfoses,em
materiais
da
Mina
aoGonzaga de Campos (dados da labela 12 não corrigidos)
Tabela
22
-
Composiçäo
química
dos
plasmas
secundáriosocorrentes no perfil da Mina Gonzaga de Campos (a' b' c e
d:
90it¡olce
DEForoulcRoGRAFlAs
Página
Foto 1 - Apatita primária em alteração, com formação de wavelita
(MO)
65Foto 2 - Apatita primária em alteraçáo, com desenvolvimento de poros
de
dissolução(MEV).
Os
espectrosEDS
dos
locais
maisatingidos pela dissolução
já
apresentam algum Al, além de P e Ca, mostrando o aporte necessário à neoformação de wavelita,produto da alteração da apatita na Mina Gonzaga de
Campos'
65Foto 3
-
Wavelita, produto da alteração da apat¡ta' Note-sea
películaferruginosa em rede, sublinhando os contatos originais entre
os
65 grãos apatíticos (MO).Foto 4 - Wavelita neoformada, em geodo
(MEV).
65Foto
5
-
Biotita
alteradaem
interestratificados biotita-vermiculita evermiculita
(MEV).
66Foto
6
-
Alteraçãodo
anfibólioem
padrão finamente denticulado("pênte")
e
resÍduo
ferruginoso,
formando
paredes
66pseudomórficas (MEV).
Foto
7
-
Fissurana
rocha apatítica bandada alterada com materiaisfenuginosos iluviais responsáveis
pelo
deslocamentorelativo
66AGRADECIMENTOS
É com muita alegria e satisfação que chego ao final deste árduo trabalho.
Árduo
por todã
ordem
de
dificuldades encontradasno
decorrer
de
seupercurso,
que em um
momentomuito sério
em
minha
vida, achei que
dêveriainterrompê-ío por nåo ter mais condiçöes de prosseguir' Entretanto, continuei lutando,
e
nem
sei
mesmo comoaqui
cheguei,nåo fosse
o
carinhoa
colaboraçãoe
aprestatividade
de
diversas pêssoas,
entre
professores, func¡onários,amigos
eiamiliares,
às
quais
gostaria
de
deixar
registrado
os
meus
mais
sincerosagradecimentos:
Em
primeirolugar,
à
profa' Dra
Maria Cristina Motta
de
Toledo,
minhaorientadora, que acompanhou-me em todas as fases desta dissertaÉo, dando apoio
técnico,
cieniíficoe
bibliográfico, direcionando-mède
forma
altamentêcrítica
e profissional, fazendo-me tomar gosto pela pesqu¡sa científica e, em especial, agradeço þelo seu companheirismo e amitade que tomou a realizaçáo deste trabalho muito maisprazeirosa.
Ao
professorHelmut
Born pelas
crÍticas
e
sugestöesque
mê
fiaercmcompreende; ainda ma¡s algumas questöês específic€ls de minha årea
de
pesquisa,além do fomecimento de material bibliográf¡co.
Ao
professorJosé
Vicente Vallareli
pela
obtençåoda
análise
ao
¡nfra-vermelho,
nä
lnstitutode
Química/USP, bem como pelo auxíliona
interpretação do resultado obtido.Aos
professoresJoel sígolo
e
sÔnia Maria Barrosde
oliveira,
quando daleitura
de
meu
exame
de
qualificação,pelas críticas
e
sugestõesque
tantoenriqueceram
'
este trabalho.À
Sara
Lenhâropela
atenciosidade dispensadaem
ajudar-mea
dissipar dúvidas com relação aos cálculos de paråmetros de cela unitáfia da apatita.Ao profeisor Armand Boujo, quando do início deste trabalho, auxiliou-me na
¡nterpretaçäo de artigos pesquisados.
Aó
Laboratóriode
Microscopia Eletrônicada
Orstom (Bondy, França), pela possibilidade'
de uso de seus equipamentos.À
Universidade de Aix-íVlarsellelll
pela anál¡se de difração de raiosX
sobrelâminas delgadas, feita pelo Dr. René Flicoteaux, À Fazenda lpanema pelo apoio logístico.
À Mineração serrana s/A pela cessão de amostras e relatórios, em especial ao geólogo Richard Margutti e ao seu funcionário "Chiquinho"'
A
todosos
funcionáriosdos
laboratóriosdo
lnstitutode
Geociências comosamuel
e
Mário,do
laboratóriode
preparaçåode
amostras,cleide
e
suely'
dolaboratório
de
Geoquímica,walter,
sr.
Gouveia,João
Antunesdo
laboratório daGeocron, Sr. Jaime pela confecçãO de fotos e slides, ao
sr.
Dalto pela encâdernação,ao
Cláudioe
Luíz pela preparãçáode
Låminas delgadas,e
em especial,a
amiga Verônicado
laboraióriode
análises mineralógicas sempretão
prestativa, pontual esolícita, que nem dá para enumerar todo auxílio que me tem prestado'
Aos amigos Joåo
e
Flávio, do laboratór¡o de raios-x, pela apoio na obtençãode difratogramaJde raios-x, e ainda ao Flávio, pelo apoio na obtenção e compreensão
dos paråmetros para o cálculo de cela unitária da apatita'
Aos
desenhistas: Francisco(pelo
mapa geológico), aluno ldevalde
sousa(pelos desenhos das figuras 5 e 6) e Eduardo (pelos desenhos das demais figuras).
Aos amigos Amaldo e Délcio pelo carinho, prestatividade e solicitude com que leram este trabãtho, dando-me sugestões
tão
preciosas,e
aindaao
amigo Arnaldopelo
'
fomecimento de material bibliográfico.Às
amigasRosely
e
Cleide
por toda força que
sempretêm me
dado,auxiliando-me sempre em momentos difíceis.
À
amigaMaria
Luizapelo
auxíliona
impressãofinal,
especialmente pelamelhoria na estética do quadro 1 e figura 3'
Ao colega Eronaldo pelo apoio na impressão final, auxiliando-me na montagem de figuras quando do
-
uso da máquina xérox.Ao tolega Vitor paulo Pereira, pelo apoio prestado na primeira campanha de
campo.
'
À
lvonepelo seu
coleguismoe
quem,de
um
relance, depositouêm
mim,grande amizade.
A
todosos
funcionáriosda
biblioteca, em especialà
Estela peloãuxílio na uniformização de minhas referências bibliográficas'
À cApES peio auxílio à bolsa e FAPESP e CNPQ pelo auxílio à pesquisa.
AoJefferson,meuesposo'pormeterfornecidocondiçöesdetrabalho.
E finalmente, agradeço com carinho muito especial à minha mãe e ao meu pai, por tudo que têm feito, pois-sem
o
seu apoio, a finalizaçâo deste trabalho teria sido mesmo impossÍvel.RESUMO
Este
trabalhotrata dos
materiais intemperizados expostosna
MinaGonzaga
de
Campos, formadosa
partirde
rochas ricas em apatita associadas aoComplexo Alcalino Carbonatítico
de
lpanema (SP),e
visouao
reconhecimento dasmodificações morfológicas, filiações minerais e evolução química geral causadas pelo
proc€sso intempérico. Esta
área
correspondea
um dos
locais
pesquisados pelaSerrana S.A.
de
Mineraçåo, visandoà
lavra experimentaldo
depósito fosfát¡co delpanema, associado ao Complexo.
Os
estudos
realizados (morfológicos, mineralógicose
geoquímicospontuais)
evidenciarama
presençade
dois tipos
litológicosbásicos
no
local,interrelacionados espacialmente de maneira complexa, sendo que um deles apresenta características de dique, cortando o outro, anterior. São eles, respectivamente, rocha apatítica bandada (biotita. hastinqsita. apatita, magnetita)
e
rocha glimerítica (biotita.apatita, hast¡ngsita).
Os minerais primários apresêntaram uma evoluçáo química e mineral em
direção a materiais secundários típicos do intemperismo em clima tropical, sendo que
as
fases
filossilicáticas apresentaram estágio intermediário importante.Assim,
osanfibólios (hastingsita) mostraram alteração para oxihidróxidos de ferro (goethita) em
pseudomorfoses.
As
biotitas, passando por estágio importantede
interestratificados biotita-vermiculita e vermiculita, mostraram evoluçáo para caulinita somente nas partesmais evoluídas
do
perfil.A
magnetita mostrou dissoluçáo parciale,
finalmente, aapatita evoluiu para wavel¡ta. Apatita secundária teve formação muito restrita e ligada à mobilização de fósforo e cálcio fora dos pontos com apatita primária.
A
maior
parte
do
perfil
é
de
isalterita, sustentadapelos
produtosferruginosos
e
apatita,
mais
resistente.
A
aloterização
ocorre
tanto
peladesestabilizaçáo progressiva
das
pseudomorfoses, comopela
invasåode
produtos iluviais (com presença de Fe, Si, Al, P e Ti, formando goethita, caulinita e wavelita) aolongo de fissuras em sucessivas gerações de cutás que ajudaram a destruir o caráter isalterítico.
Enquanto que na isalterita ainda há elementos potenc¡almente lixiviáveis
nestas condições
de
intemperismo laterítico,tanto
pelamais tardia
alteraçäo dasapatitas (no caso do Ca) como pela lenta evolução das biotitas (no caso do K e Mg e,
em menor escala, do Si), na aloterita ocorrem somente os elementos residuais (Fe, Al
lixiviação após a formaçåo dos fosfatos secundários, embora nåo tenha sido verificada diretamente a desestab¡l¡zação da wavelita.
Dois
pontos
a
serem
ressaltadosneste estudo
com
respeito
apeculiaridades deste setor do manto de alteraçåo sobre o Complexo
de
lpanema sãoos seguintes:
a)
a
alteraçáoda
apatita forma diretamente um fosfatode
alumínio (wavelita) sem estágios intermediários existentes em outros locais (fosfatos da famíliada crandalita), promovendo, portanto, uma lixiv¡açáo imediata
do
cálcio mesmo emmicromeios aparentemente mal drenados (espaços ¡nter e intracr¡stalinos fechados) e
b) o papel do intemperismo na gênese do depósito mineral fosfático de lpanema foi no
sentido de friabilizar a rocha e näo de promover um enr¡quecimento relativo em fósforo apatítico, já que a grande quantidade de micas primárias sofreram lenta evoluçåo com
pouca perda de matéria na maior parte do perfil, ao contrário do que ocorre em outros maciços com menor abundåncia de minerais micáceos em suas rochas primárias, onde
a
alteraçäo com perda importantede
massa aumênta relativamenteos
teores emABSTRACT
This work treats on the weathered material from the Gonzaga de Campos Mine,
originated from apatitê rich rocks associated to lpanema Alkaline Complex. lts aim was
recognizing
morphological,mineral
and
chemical changes
through
weathering processes.This area
correspondsto an
experimental localfor
explotationof
thelpanema phosphatic depos¡t, associated to the Complex.
Two litholog¡cal types was shown by the materials in that mine: one, an apatitic banded rock
lbiotite.
hastingsite. eps!!!g, magnetite), with dyke character¡stics, andother, a glimêrite (biotite, apatite, hastingsite).
Primary minerals
present
a
chemicaland
mineralogicalevolution
towardsecondary materials typic of tropical weathering, although phyllosilicates had shown an
¡mportant intermediate
stage.
So,
amphibole (hastingsite)has
weatheredto
ironoxyhidroxydes (goethite),
forming
pseudomorphs. Biot¡te,that has
passed
by
animportant
earlier stage
of
interstratified biotite-vermiculiteand
vermiculite, finallyevolved
to
kaolinite,in
the
upper partsof
the
profile. Magnetite has shown partialdissolution,
and
apatite, more
resistent, evolvedto
wavelite,without
intermediateminerals.
Secondaryapatite
was formed
in
very
restrict
points, linked
to
the remobilization of Ca and P out of the apatite domaines.Most
of the
profile
is
isalteritic,kept
by
ferruginous productsand
apatite.Alloteritization occurs either by progressive desestabilization of pseudomorphs, or by
invasion of illuvial products (with Fe, (T¡), S¡, Al, and P, forming goethite, kaolinite, and
wavelite, respectively) along fissures in successive generations of cutans, which allows destroying isalteritic characteristics.
ln the
isalterite, mobile elementscen
be
still
found, both becausethe
late weatheringof
apatite(in
the
caseof
calcium),and
becausethe
slow evolution of phylossilicates (in the case of K and Mg and, in minor scale, Si). Phosphour is almost absentin
the alloterite, which showsits
lixiviation after later evolutionof
secondary phosphates, although this fact had not been directly observed.Two points about the particularities of the Gonzaga de Campos M¡ne stand out:
a)
apatite
weatheringforms
directly
a
secondary aluminous phosphate without intermed¡atestages
of
calcium-aluminous phosphates,like
crandallitefamily,
for instance, whichis
common over other complexes,and
b)
weatheringrole
in
the generation of the apatitic ore seemsto
have been making the rocks friables without promotinga
relative enrichmentin
apatitic phosphate, becausethe
most important mineral, biotite, has undergone slow evolution without important loss of mass throughmost
part
of
the
profile,
the
oppos¡teof
which
normallyoccurs
over
the
other complexes, where other silicate mineralsare also
important, but whose weatheringevolution promotes more important loss
of
mass, causinga
relative enrichment ofI. rNTRODUçÃO
O
intemperismo
sobre
complexos
alcalino-carbonatlticos
primariamenteenriquecidos
em
apat¡ta
gera jazidas
importantesde
fosfatos,
essencialmente porenriquecimento res¡dual.
Outros
elementos químicos concentradosnestes
complexostambém podem, por mecanismos variados, sofrer enriquecimento durante
o
intemperismo' Assim, existe grande número de ocorrências e jazidas de Nb, Ti, ETR' U'Th'
Fe' e outros,além de
fqsfatos, associadosaos
mantosde
alteraçåo destes complexos,com
vários exemplos no Brasil.o
casodo
complexode
lpanema, no estadode
são
Paulo, tem sido estudadodesde há muito tempo, já que lá situa-se uma das primeiras ocorrências de minério de ferro descobertas
no
Brasil, tendo sido instalados neste localos
primeiros fornos parao
seu beneficiamento, por volta de 1560. Posteriormente, foram verificadas na área a presença demicas expansivas
e
fosfatos. Contudo, os processosde
intemperismo aindanão
haviam sido abordados como nesta pesquisa, que faz parte de um trabalho bem mais amplo que pretende caracterizar,sob
o
pontode
vistada
geoquímicade
superffcie,os
materiaisproduzidos
pelo
intemperismosobre
as
rochas
associadasaos
complexosalcalino-carbonatíticos próximos à borda da bacia do Paraná.
Neste
contexto,podem
ser
citados
algumas referênciasmais
significativas: Flicoteaux et al (1990), Alcover Neto (1991), Walter (1991), Alcover Neto e Toledo (1993) e Almeida et al (1994) para o complexo de Juquiá; lmbernon (1993) para o de Cataläo l; Melfi etal
(1991 ), Soubiés ef a/ (1991a) e Soubiés et al (1992) para o de Tapira; Soubiésef
a/I.1. OBJETIVOS, MATERIAIS E MÉTODO
Este trabalho visou à investigação dos mecanismos de evolução intempérica pelos quais passaram as rochas na á¡ea da Mina Gonzaga de Campos, associadas ao
Maciço Alcalino Carbonatítico de lpanema, procurando explicar as suas modificaçöes morfológicas, textura¡s, mineralógicas e geoquímicas.
Para tal,
foi
realizadaa
caracterização dos materiaislá
expostos, em suas diferentesfases
evolutivas, atravésde
trabalhosde
campoe
de
laboratório, comanálises morfológicas, físicas, mineralógicas, petrográficas e geoquÍmicas.
O
método
empregadoaqui seguiu
a
tendência
atual
nesta área
doconhecimento,
na
medidada
disponibilidade das técnicas analíticas adequadas, eprivilegiando as análises sobre amostras indeformadas, visando
a
uma compreensão das relações espaciais entre as diversas fases primárias e secundárias que constituemcada fácies e que informam sobre a cronologia relativa dos eventos que as originaram. Assim, foram feitas três campanhas de campo, onde, em primeira instância,
procedeu-se
à
visita
a
diversas minas (frentês experimentaisde
lavra) visando aescolha de um ou mais perfis de alteraçáo.
A
mina escolhida (Gonzaga de Campos)é,
na verdade, uma das diversas frentes experimentais de lavra abertas pela Serrana S.4.,
estando fora dos limites daintrusåo principal segundo o mapa geológico daquela companhia. Contudo, algumas
razöes se apresentaram para esta escolha: a mina Gonzaga de Campos é constituída pelo material de interesse para este trabalho, ou seja, material que permitia o estudo da evoluçåo dos fosfatos apatíticos primários predominantemente em meio a minerais filossilicáticos (glimerito), o que possibilitaria uma comparação com outros locais; além
disto, a heterogeneidade das rochas (glimerítica e bandada, descritas nos próximos s),
as dimensões da exposiçáo, a possibilidade de acesso seguro, a presença de fosfatos primários
e
secundários aluminosos bem como de argilominerais, caracterizando umbom exemplo de materiais bem evoluídos do ponto de vista do intemperismo químico também contribuíram para esta escolha.
A
exposiçáofoi
subdivididaem três
partes segundoa
variaçåode
suascaracterísticas macroscópicas, como coloração, estrutura, textura, granulometria e
concentração dos minerais presentes.
A
partir dessa caracterizaçäo procedeu-se àamostragem dos diferentes setores para as etapas analíticas posteriores.
Outros
materiaisforam ainda
observadose
amostradosnos
primeiros trabalhos de campo, em outras minas, sondagense
afloramentos diversos, mas nãoforam incluídos neste trabalho, que teve unicamente na Mina Gonzaga de Campos o
de características das alteritas sobre diversas partes do Maciço, as quais deveräo ser estudadas no futuro.
Em síntese, os trabalhos de campo constaram de:
¡
reconhecimento dos materiais,e
escolha e descrição detalhada dos perfis,.
definição dos locais para amostragem,.
coleta de amostras indeformadas e orientadas e amostras deformadas.As etapas dos trabalhos de laboratório foram:
a. Fase de Preparação com:
.
nova
descriçãodas
amostrase
reconhecimentode
fases
separáveis manualmente ou com broca (preenchimento de poros e fissuras, nódulos,etc.) - IG-USP
o
separação de alíquotas de amostra total e/ou das fases separadas paraanálises ou outras separações (granulométrica, densimétrica, magnética)
-IG-USP
.
moagem das amostras totais e/ou frações para Difraçáo de raiosX
(DRX)-
IG-USP.
impregnação de fragmentos indeformados e orientados para confecçáo delåminas delgadas
e
polidas para utilizaçåo em Microscopia Óptica (MO),Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) - IG-USP
b. Fase de análises propriamente ditas:
o
Análises sobre amostras com estrutura destruída:DRX
(identificação mineralógica e cálculo dos parâmetros de cela unitária da apatita) - lG e NUPEGEL - USO e ORSTOM (Bondy)espectrofotometria no infra-vermelho (caracterização da apatita)- IQUSP.
.
Análises sobre fragmentos naturais indeformados:descriçáo morfológica à lupa binocular
microscopia eletrônica de varredura com EDS
(análise
micromorfológicae
análises quÍmicas pontuais qualitativas) NUPEGEL-
USPe
ORSTOM(Bondy)
o
Análises
sobre
amostras
indeformadasendurecidas
com
resina
e laminadas:Com relação
às
análises químicas, cabeaqui
ressaltarque
as
análises pontuais realizadas ao MEV com EDS apresentaram sempre um fechamento ruim paraos
materiais alterados,o
que
é
explicadopela
naturezados
minerais,com
graus variadose
altosde
hidratação, muitas vezes com baixa cristalinidadee
ainda altaporosidade.
Por outro
lado,
havendo
nas
låminas delgadas
de
materiais intemperizados, sempre uma dificuldade adicionalao
polimentopela
presença deresina de impregnaçåo e pelo caráter altamente poroso das amostras, a utilizaçåo do EDS
é
preferívelà
do WDSjá
que para este últimoa
imperfeição doWDS
é
mais crítica.Já que o programa utilizado no EDS já considerava todas as características e
fenômenos
físicos
envolvidosnas
análises,de
modoa
fornêceras
relações dequantidade entre os óxidos considerados, mesmo com fechamento ruim (devido aos
fatores
já
mencionados, intrínsecosao
material intemperizado)as
análises foramencaradas
como
resultadosrelativos
e
utilizadas
para definir
as
tendências geoquímicas evolutivas nas filiações minerais consideradas, atravésde
diagramastriangulares,
em cuja
confecção, atravésdo
programa "Minfile",os
dados
foramcorrigidos a 1OO% apenas para tornar possível as comparaçóes. Desta forma, ao longo
do trabalho encontram-se as tabelas corrigidas, sendo que as originais encontram-se
no anexo corrqspondente.
r.2. ASPECTOS GERAIS DOS MACIçOS ALCALINO-CARBONAT¡T¡COS
Todas as acumulações endógenas de calcita, dolomita
e
outros carbonatosem estreita relaçäo espacial
ê
genética com rochas ultrabásicas alcalinas diversaspodem ter a denominação genérica de maciços alcalino-carbonatíticos (Smirnov 1976).
Os complexos alcalino-carbonatíticos situam-se em todos os continentes, com vários exemplos conhecidos.
De um modo geral, os complexos alcalino-carbonatíticos estáo associados às
zonas
anorogênicase
às
bordas cratônicas intraplacas (Heinrich 1966;
Kapustin 1971), relacionando-sea
feições como ntls, falhas profundas, lineamentose
bacias intracratônicas sendo que 90% dos complexos alcalino-carbonatíticos conhecidos nomundo
encaixam-seem
granitos
e
gnaisses, rochas
típicas
de
plataformas continentais evoluídas (Biondi 1986). No Brasil meridional, podem ser lembrados osexemplos dos maciços de Barra do ltapirapuá, Jacupiranga e lpanema, encaixados em
Os carbonatitos em geral ¡ntegram complexos intrusivos do tipo ovalados ou
circulares decorrentes
de
uma evolução magmáticaque
seguea
partir
de
rochas ultrabásicasaté
félsicas alcalinas. Ocorrem como pequenos p/ugs ou sfocks, cones-sheets, ring4¡ke,s, sfockworkse
vêios que cortamas
rochas encaixantes (Heinrich 1966). Todavia, såo ainda conhêcidos carbonatitos vulcånicos corno algunsdo
lesteafricano (Kerimasi, Oldoinyo Lengai, Kizingiri, Kalyango), configurando um caso raro (Kapustin 1971).
As
rochas alcalino-carbonatíticas distribuem-seao
longode
toda
históriageológica,
desde
o
Mesoprotêrozóicoaté
o
recente.O
carbonatitoma¡s
antigoconhecido é o de Palabora na Áfr¡ca do Sul, com 2060 Ma (Palabora Mining Company
1976),
idade
determinadapelo
método U/Pb.
Entretanto,såo
bem
conhecidas atividades recentes de vulcões carbonatíticos africanos comoo
Ondoinyo Lengai, naTanzânia, que entrou em erupçåo em 1966 (Le Bas 1977).
Um outro fator comum entre praticamente todos os complexos conhecidos é a
grande variedade petrográfica
e
mineralógica, devido aos processos de cristalização fracionada e imiscibilidade dos líquidos magmáticos, além de inúmeras transformações químicas posteriores (fenitização) que normalmente afetam as rochas encaixantes nasproximidades das intrusões (Eckerman 1948
apud
Biondi 1986).1.3. MACIçOS ALCALINO-CARBONAT¡ÏCOS NO BRASIL
No Brasil, a maioria dos complexos alcalino-carbonatíticos conhecidos
situa-se na Região Sudeste. Alguns estão no Brasil Central e menor número nas Regiões Norte
e
Nordeste, onde recentemente foram descobertas novos corpos: Angico dosDias, no norte da Bahia (S/va ef a/. 1988), e Maicuru, no Pará e Mutum, no Amazonas (Lemos
&
Costa 1987e
1989) (figura 1). Estas novas ocorrências,ao
contrário damaioria dos demais complexos, de idade mesozóica, sáo bem mais antigas, segundo os autores citados, representando idades pré-cambrianas de 2A11 + 6 Ma para Angico
dos
Dias (U/Pb) (Silvaef
a/. op. cit.)e
1026f
28
Ma para Mutum (l(Ar)(Ulbrich &Gomes 1981 ). Além destas, há ainda uma outra nova descoberta: o complexo de Seis
Lagos, situado
na
porçåo
noroeste
do
Estado
do
Amazonas,com
grandes potencialidades econômicas para manganês, nióbio e terras-raras (lssler ef a/.1975).A localizaçáo destes complexos em bordas cratônicas, em bordas de bacias e
em
regiões litorâneas,é
condicionadaa
regimes tectônicos regionais (ReativaçáoFlg_ura 1- Principais complexos alcalino-carbonatíticos
do
Brasil (Fonte: Berbert1.984 complementado
de
Ulbrich & Gomes 198.1 )._(1. ssls Lagos, 2. catrimanr, g. cachorra, 4. Mutum, 5. Erepecuru, 6. Maicuru, 7. Maraconaf, g. Mepari, 9. Pelxe, 1.o ltaçaré, 11. rraju da corônis, 12 porkaguá, 13. öuarapá
¡¡¡¡., r¡.
ririrìtirnli. ii"¡"iå,
roLages' 't7. Anrtápor¡s, 19. Mato preto- 19, rtapirapuã, 20. Jacupirariga, 2r, iuquia, zz. rfài
"r",-ãã. ïãprr",
24. Arexá,
-25. São Gotardo, 26. saritre (r e ti¡, 27, éena Negia, 2sl cataråo i, zs. catårao rt, io. ¡¡orio ¿o
Engenho,
3l
canamá, 32. sucundur¡, sà. poriareza, 34. flhaie Fãinan¿o dê Noronha, ss. llhä ¿; f;n¿"d", 36 Angico dos Dias, 37. catapó, BB. santo Antônio da Barra, gg. Þl"d"d", qo. ltanhaém, 4i. plratini, 42.Morro do säo Joáo, 43. Cabo Frio, 44. sobrinho, nlo eonito, f"nguá, as. öàn"ã, '+ò. i¡iöüä, qz
Mendanha, 48. Barra do piraf, 49. MorÌo Redondo, sci. rtatt"¡a, st.'prr.a euatro, 52. poços d€ cardas,
5g.
Jabotlcabal).
Ulbrich
&
Gomes (1981) propuseram uma classificaçäo comoito tipos
deassociações petrográficas distribuídas por dez províncias alcalinas para os complexos brasileiros. Posteriormente, Almeida (1983) complementou a classificação acima com
novas consideraçõês tectônic€¡s, além de incluir as ¡ntrusões näo brasileiras da borda da Bacia do Paraná a leste do Paraguai e Uruguai, bem como as da Bolívia Oriental, no interior do Cráton Amazônico, elevando para doze o número de províncias alcalinas conhecidas, onde, entre elas, destaca-se a Província lpanema.
O
mac¡ço alcalino-carbonatíticode
lpanema enquadra-seno
t¡po
lll
daclassificaçäo
de
Ulbrich&
Gomes (1981),
onde
as
rochasmais
importantes såoglimeritos,
dunitos,
peridotitos,tipos mais félsicos
(álcali-sienitos,malignitos
eshonkinitos)
e
também rochas fortementê subsaturadase
espécies
peralcal¡nas(ijolitos e melteijitos).
Devido
à
complexidade petrográfica desse tipo de associaçäo,os
mesmosautores (Ulbrich & Gomes 1981) fizeram uma subdivisão no tipo
lll,
na qual lpanema enquadra-se no grupo dos maciços com glimeritos como rochas silicatadas principais,e carbonatitos na forma
de
diques e p/ugs.A fenitização varia em grau de intensidade de lugar para lugar, chegando as
auréolas fenitizadas a atingir 2,5km de extensão ao redor de alguns maciços (Araxá,
Catalão I e Tapira, segundo Gomes ef a/. 1990). Nos estágios iniciais do processo de
fenitização,
há
formaçãode
zonas
fissuradase/ou
fraturadas preenchidas porminerais alcalinos
de
cristalizaçãotardia
(álcali-feldspatos,Na-piroxênios
e
Na-anfibólios) como ocorreu em Barreiro, Araxá, Catalão
I
e ll,
Salitre, Serra Negra eTapira, e haveria também um decréscimo em quartzo, característica esta presente na
maioria dos complexos (Biondi 1986).
Alguns casos particulares
de
fenitizaçåo encontradossão
anfibolitização,feldspatização e aegirinização. O melhor exemplo conhecido de fenitização no Brasil
ainda
é o
complexo de Jacupiranga (anfibolitizaçãoe
flogopitizaçåo) devido ao seugrau
de
extensãoe
intensidade.Os
maciçosde
Anitápolis, Araxá, Catalãole
ll,lpanema, Salitre e Tapira apresentam ainda nítida flogopitização, ocorrida quando da
I.4. BENS MINERAIS ASSOCIADOS AOS COMPLEXOS ALCALINO. CARBONATíTICOS
-
A INFLUÊNCN DO INTEMPER¡SMOOs
complexos alcalino-carbonatíticos concentramcertos
elementos quenormalmente possuem clarke muito baixo. O enriquecimento está diretamente ligado å
atividade
magmática,sendo
representado principalmentepor
óxidos,
silicatos, fosfatos, sulfatos e outros compostos de elementos como Nb, ETR, Ni, Ti, Zr, Al, Be,Na, Ba, Sr
e
ainda outros.A
alteraçáo supérgena aumentaa
importåncia econômica destas rochas, uma vez que é capaz de aumentar sobremaneira os teores primários, jáelevados.
O intemperismo atuante sobre complexos alcalino-carbonatíticos resultou na
formação de várias ocorrências minerais de grande interesse científico e econômico.
Muito antes de serem reconhecidos como tal, alguns já eram explorados no passado como fonte de cal e, principalmente, de minério de ferro
.
Como exemplo, podemser
citadoso
complexode
Palaborana
Áfr¡cado
Sul,explorado desde
a
idade antigapara
minériode ferro
e,
posteriomente, cobre; ocomplexo de Fen, no sudeste da Noruega, de onde extraíram-se cerca de 1.000.000t de hematita entre 1652
e
1927, e o complexo de Alnö, na Suécia, com mina de ferro desenvolvida desde 1754até
1884 (Notholtef
a/.1990);no
Brasil,o
complexo delpanema, segundo Heinrich (1966),
já
supria, no finalde
1600,as
necessidades daAmérica do Sul em ferro fundido.
Estas operaçöes foram, entretanto, limitadas em termos de recursos, advindo
o
grande interesse por estas rochas somente apósa
descobertade
pirocloro comofonte de nióbio, no complexo de Fen, por Goldschmidt, em 1918 (Notholt et al. op. cit.).
Posteriormente,
a
descobertade
outros usos para
o
nióbio,
notadamente nasiderurgia, motivou o aumento do interesse comercial em relação aos carbonatitos do
leste e sul africanos, do Brasil e do Canadá.
A
importância econômicados
maciços alcalino-carbonatiticostem
sidodiscutida em detalhe por diversos autores como Deans (1978), Berbert (1984), Méloux
(1985), Venvoerd (1986) e Mariano (1989) apud Notholth ef a/ (1989).
Os mantos de alteração desenvolvidos sobre estes complexos têm espessura variando de dezenas
a
centenas de melros,já
tendo sido observado, no sudeste deGoiás
e
em
Minas Gerais, mantosde
alteração com maisde
200mde
espessuraA grande variedade litológica inicial, bem como a variação na intensidade do
intemperismo e a diversidade de fatores e mecanismos atuantes sobre os complexos alcalino-carbonatíticos definiram
a
grande heterogeneidade dos mantosde
alteração êxistêntes (Kapustin 1 981 ).O clima quentê
e
úmido, aliadoa
um longo tempo de atuaçãodo
processointempérico
são
os
fatores
diretamente responsáveispela
formação
dos
maisespessos mantos
de
intempêr¡smosobre
os
complexos alcalino-carbonatfticos. Atualmente,a
grande maioria desses complexos situa-se na faixa tropical, havendo entretanto, êspessos mantos de alteração em corpos situados em regióesde
clima temperado,mas
que foram desenvolvidos sob outras condiçöes climáticas (Bardossy, 1981). Assim säoo
Complexode
Sokli na Finlândia (Vartiainen&
Paarma 1979), ocomplexo de Cargill-Ontário, no Canadá (Sage & Watkinson 1991 ) e os complexos de
Khibiny & Lovozero, na península de Kola (Rússia) (Slukin ef a/ & Lapin 1989).
Mediante estudos paleoclimáticos em diversas regiöes
do
globo,
Kapustin(1973) concluiu que
os
mantosde
intemperismo tiveramo
seu melhor período deformaçäo durante
o
Fanerozóico, sendo bem expressivosnos
limites
Devoniano/Carbonífero
ou
Carbonífero/Permianoe
e)dremamente desenvolvidosno
CretáceoSuperior/Eoceno.
Zanin (1989) ressalta a dificuldade em datar os mantos de intemperismo em
geral
e
os
fosfáticos em particulare
aprêsenta algumas conclusões sobreo
tema,conforme
as
informaçöes disponíveis. Assim, apontaque
a
idade
das
principaisformações
de
acumulações intempéricasde
fosfatos (excluídosos
relacionados aguanos) é mesozóica e cenozóica e parcialmênte paleozóica e précambriana superior.
Estas idades concordam,
em
alguns aspectos, comos
períodosde
fosfatogênesemarinha mais intensa, como apontado por Cook & McElhinny (1979 apud Zanin 1989).
O fósforo liberado pela alteraçáo das rochas apatíticas nos periodos de intemperismo mais intenso contribuiria, em parte, para o aumento do teor em fósforo na água do mar,
posteriormente depositados como fosforitos marinhos.
Ainda segundo Zanin (1989), a distribuição temporal e espacial dos depósitos fosfáticos relacionados ao intemperismo mostra que aqueles
de
latitudes mais altassão
anterioresao
Eocenoe
os
perfis fosfáticosdo
Quaternárioe
Neógeno estãot.4.1.
ALTERAÇÃO
DAS
ROCHAS
ASSOCIADAS
A
COMPLEXOS ALCALINO-CARBONATÍTICOS BRASILEIROS - ESTUDOS RECENTES.No
Brasil,a
evolução supérgenadas
rochas associadasaos
complexosalcalino-carbonatíticos
tem sido
estudada
através
de
trabalhos
com
objetivos diferenciados, contemplando aspectos acadêmicos e aplicados (Born 1976, Silva et al.1979, Costa et al. 1980, Costa & Sá 1980, Lucas et al. 1980, Oliveira & Schwab 1980,
Siqueira
&
Lima 1982, Berbert 1984, Costa 1984, Costa&
Reymão 1984, Lemos &Costa 1987, Braga
&
Born 1988, Kahn 1988, Walteret
al.
1989, Schwab&
Herold1989, Alcover Neto 1991
,
Walter 1991, Soubiéset al.
1991, Pereira 1991,
AlcoverNeto
&
Toledo 1993e
lmbernon 1993, entre outros). Além destes podemos citartrabalhos semelhantes realizados em localidades fora do Brasil como os de Slansky et
al
(1964), Flicoteauxet al.
(1977), Flicoteaux (1982)e
Flicoteaux&
Lucas (1984)' Considerando os objetivos acadêmicos do presente trabalho e sua ênfase na alteração intempérica, foi feita uma síntese dos trabalhos disponíveis na literatura sobre algunsmaciços alcalino-carbonatíticos brasileiros
da
regiäo
sudestee
da
Província AltoParanaíba de Almeida (1967), retratada através do quadro l.
Dentre estes, destaca-se
o
Maciço de Juquiá, estudado em seus aspectos geológicos, petrográficos e petrológicos por Born (1971 a e b) e Maciotta et al. (1988) e em seus aspectos de evolução supérgena por Alcover Neto (1991 ), Walter (1991) eAlcover
Neto
&
Toledo (1993).
Em
comparaçãocom outros
maciços similaresbrasileiros,
Juquiá
constituium
exemplo extremode
enriquecimentoem
fósfororesidual apatítico, devido
ao
caráter contínuoda
ocorrênciados
carbonatitos. Estasituação
diverge
dos
outros
maciços
similares
brasileiros,
onde
as
rochascarbonatíticas portadoras de apatita primária ocorrem sob a forma de diques e veios associados
às
rochas alcalinas silicáticas, havendo participação significativa, nosperfis de alteração, de outras fases minerais além dos carbonatos e fosfatos. A única exceção
é
Jacupiranga onde, no entanto,o
mantode
alteraçãojá
não existe paraestudos, tendo sido esgotado pela lavra.
Segundo os autores acima citados, os altos teores em apatita encontrados no
perfil
de
alteração sobreo
carbonatitoem
Juquiásåo
devidosà
sua
acumulação residual,a
partirda
desestabilizaçäo dos carbonatos primários. Contudo,a
apatita acaba também por desestabilizar-se, mas somentea
partir dos níveis intermediáriosdo
perfil,
promovendouma
reciclagemdo
fósforo, com
a
formaçáode
fosfatosMactco I tstaool
L¡tolog¡a e
Oconência
,erilotfiG, Proxen[c.
¡lcal¡-!¡abros,
acufir¿nEuit6, ijdilos, nelteigitG, nefelinas¡enit€,
rulaskito6 e caröonatilos. 14
fif -stocr( zonado ¡ntrud¡do )m gna¡ss€s e quarÞitos rré-cambrianos.
,JUqUta {ù}'t
lqaoe '.¡ô,ÂÃ^;ã\r/trâ
M¡nerais e
mineralizações I
(teores
-tonelagem)
27 (K-40 (Amaral €t 8l
!J67 , apud Hetz 19m
laq.pir¿nguitq,
biotita-,¡roxenito, álcal¡-s¡enito, onolito e carbonatito.3s Ín2-stock enca¡xa6 em
parÞilos e xisl6 Prê ambrian6
r¡dróxi-núor{pãtrta com st, )arbonato€patfü com Fl e
,la, barila, magnebla .
irocloro, dobmita, ankerita, menit¿, rabdofanita,
ncylitá, ãtront¡anit¿ e
,alena
r aprr¡r tMþt
Manto de
intemper¡smo
(M¡nerais e
m¡neralizaÇões)
'u 0\-Ar, (ñasu ú uoaoanr
lW apud Hetz 19Tn
Jacup¡ranEa{SP}
teddotitos, piroxenilos,
plit6, iacupiranguitos,
ärboratito6,
neþlina-¡¡enitos, fenitos e d¡ques de
ârbonato€pat/ta co Sr e
lg, goeth¡ta, barila,
|of ceixita e caulinitaP2ot i.j6 e æ%. com 3 m,T
NelerenctaS
alcrta, ddomna,nogopta, 6rita, cãÞirtih,
diopsld¡o-ugita, forsterita, melanita,
'iotita, drih, apatih, ,e.o¡rskta, pirccloro. nãtásio. vemiculita, nagnebla,Th,Ueterras
aras.T¡O2 - 16.31 % com
125.5 m.T.P2O5 - 9.04%
!ôñ qq1 m f Nh?Ôs
-! t¡ngualto.complexo oval Ðm 65lm'. encaiËdos em
dstos e granodioritG prê
Bom (1 971 ), Alcover Neto &
Toledo Groke (1989),
Alcover Ndo (199f ), Alcover
Neto & Toledo (1993),Wa[el
(1 991 ), Lênharo(í994).
I 3(l (K-Af) (Amaral of at.
I 967 apr¡d Hetz 1 97I)
QUADRO 1
-
Maciços alcalino-carbonatít¡cos da região sudeste do Brasil, recentemente estudados sob o ponto de vista daalteração intempérica.
catalão I lGOl
tfi¡efl¡G, Pefioolrrc
terpentinizadc, piroxenitG,
¡enË6 e €arbonalitos ;orllico6. domo circular com 17 kn2. efìcaiËdos em
parÈitG e mica-ridc prê
åmbriãn6.
f¡¡entta, Peß¡rslcl¿,
hatás¡o, titanita, l€ucoxên¡o,
ùtilo, b6rita, pirocloro,
patita, ggrc€ixita, f, orencit¿, noria¿la. crarÉalita, além
te kolb€chta, um fosfato de
F a^.li^ ñ' ritô Erô
lolomih, ap6tita, magn€ù'ta,
ors{erib, cl¡nohumita, logopih, pirita, pirotita,
¡alena, ¡lfli€nita, 6pinél¡o,
)iræloro, badeleita, barita e tero,rskita.
ta¿¡o ú I ores (r9r r), ;obrinho (1974), cnE & )h€ney (1976), vaz de Mdo
1943), Berbert 19E4),Ouash (19E4, ;oübiés et al (1 sl ), .enharo (1994).
ß (K-Aù (Has¡¡& Cordan¡ 1968 ap¡rd Her¿ 19m
:gÍrf l.r-5lenlros, rurc¡rsù,
acupirangqito6, arbonatitos, Faquit6, inguaft6.
t¡rE circühr con 40 hn',
ntrudido em rocñas
rclass€dimentar6.
fqud. ãpatita, badelefb.
trodoro
ì'atllfe {Mþl
logopita, calc¡ta, ftlom a, lmenih, magnetita. FÍb, ,
patita, serpøtina.
rl¡nohumia, tlanita, barita, >andinita,
perov/slita-'2o5 >f0'ß: 130m-T.
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formaçåo de fosfatos aluminosos e de ferro, comuns no ambiente laterítico. Fosfatos secundários contendo alumínio e bário (gorceixita) podem ocorrer localizadamêntê e
nas
partes superioresdo
perfil
devidoà
influênciade
minerais alumino-silicáticosexistentes em variedades de rochas alcalinas silicáticas do complexo'
I.4.2. DINAMICA DO FÓSFORO NOS MANTOS DE ALTERAçÃO SOBRE OS
COMPLEXOS ALCALI NO.CARBONATÍ TICOS
A fixação ou lixiviação do fósforo em perfis de alteração é controlada pelas
condições
locais,
que
incluem
aspectos climáticos
o
topográficos
além
das características texturais, estruturais e mineralógicas da rocha original, que determinamas
condiçöes físico-químicasdos
meiose,
conseqüentemente,o
comportamentodinâmico do fósforo.
De um modo geral, a acumulaçáo do fósforo como apatita residual se faz em
ambientes alcalinos
e
substancialmente ácidos (lateríticos), podendo haver ainda, nosegundo
caso,
fosfatos neoformadosde
Fe
e
Al,
indicando reciclagem daqueleelemento, enquanto
a
lixiviaçáodo
fósforose faz em
condições moderadamenteácidas (Zanin 1989).
Segundo The British Sulfur Corporation Limited (1980), o comportamento do
fósforo em depósitos sedimentares associados
a
calcáriose
margas,que
pode seradaptado
para
o
fósforo
associadoa
carbonatitos,seria: num estágio inicial
dealteração, soluções
levementeácidas
permitiriama
dissoluçãodos
carbonatos,originando um meio ligeiramente alcalino. A apatita, pouco solúvel neste meio, seria
mant¡da estável. Nos níveis onde os carbonatos já foram totalmente solubilizados, um
meio mais ácido favoreceria a dissoluçåo da apatita. O fósforo assim solubilizado seria em parte fixado com outros cátions em fases secundárias (fosfatos de alumínio com
Ba, Fe,
Sr,
ETRe
outros),e
em
parte migrariapara niveis
inferioresdo
perfil,evêntualmente formando apatita secundária ao atingir horizontes levemente alcalinos. Dessa forma seria explicado o ciclo do fósforo no perfil, elemento considerado residual
em
escala
de
perfil, mas com
sucessivas reciclagense
mudançasde
níveldeterminadas pelas variações das condiçöes físico-químicas dos meios.
Zanin
(1989)
distinguiuduas
situaçõesde
intemperismoem
relação aocomportamento
do
fósforo
no
ambiente intempérico: intemperismo pré-laterítico eintemperismo laterítico. No primeiro caso,
a
concentraçäo em fósforono
manto deintemperismo
está
principalmente relacionadaà
apatita residual,sendo
a
apatita secundária rarâmente formada diretamente nos perfis de intemperismoe
usualmente formada fora do perfil (por exemplo, em cavidades cársticas). No segundo caso, novos minerais fosfáticos, aluminosos,e ferruginosos såo usualmente formados diretamentenos perfis.
No intemperismo pré-laterítico, algumas situaçöes distintas foram apontadas
por Zanin (1989), refletindo as peculiaridades dos controles da alteraçáo:
1
.
Lixiviaçãototal
do
fósforo,
sem
acumulação,podendo
talvez
serparcialmente adsorvido por argilominerais e oxihidróxidos de ferro; é característica de
rochas ácidas, mas também pode ocorrer com rochas básicas, como
no
gabro da Ucrânia;2.
Concentraçãodo
fósforo
nas
partes
inferioresdo
perfil,
relacionada principalmente coma
apat¡ta residual,de
concentração relativa portanto, devida àdissolução
e
lixiviaçåo dos carbonatos, com possibilidade de neoformação de apatitasecundária
a
partir
do
fósforo
provenientedas
partes
superioresdo
manto
dealteração;
3.
Enriquecimento máximodo
fósforonas
partes intermediáriasdo
perfil,decrescendo nas porçöes basais
e
superiores. Ocorre nos perfis sobre carbonatitoscom
enriquecimentorelativo
do
fósforo
na
parte inferior
pela
dissolução
doscarbonatos, processo que atinge seu máximo na parte média
do
perfil. Nas partessuperiores, a perda se dá pela dissolução da apatita até entåo resistente.
4.
Enriquecimento máximo do fósforo na parte superiordo
perfil, que maisparece representar
um perfil
truncado, ondea
parte superior originalfoi
perdida.Representaria,
então,
um
caso
part¡culardo
item
anterior, Ocorre
em
rochascarbonatadas,
maciço
carbonatíticos
e
depósitos fosforíticos
rêlativamente carbonatados. Ocorre mais raramente nas partes superioresde
perfis sobre rochasaluminossilicatadas e também por evolução com influência de guano.
5. Distribuição homogênea do fósforo em todo o perfil, em casos em que os
carbonatos
foram
completamente lixiviadose
nenhuma migraçãodo
fósforo
foiobservada.
Seguindo a distinção de Zanin (1989), o processo de intemperismo laterítico conduz à formação dos fosfatos de alumínio e em alguns casos, de fosfatos de ferro, a
partir do
fósforo liberadopela
lenta desestabilizaçãoda
apatita. Esta retençåo dofósforo
nos
perfis
lateríticostem
uma grande influênciana
dinâmicade
diversoselementos,
já
que os minerais fosfáticos, em particular os minerais da famíliaalunita-jarosita (Kato
&
Radoslovish 1968, Bottinelly 1976e
Scott 1987 apud Schwabef
a/.1990) , são estruturas favoráveis à fixação de elementos variados como
u,
Th,v,
sr, Ba, ETR, etc. Além disso, a presença dos íons POos- no perfil inibe a cristalização dagibbsita,
já
queo
alumínio tendea
participar da estrutura dos fosfatos secundários. Fosfatos de ferro såo mais raros na natureza que os fosfatos de alumínio, e isto sêfia explicado pelo fato de que as reações dos íons fosfatos com hidróxidos de ferro såomuito mais lentas
e
ocorrem somenteem
ausênciade
material arg¡losoou
emcondiçöes
muito
redutoras;assim,
o
ferro
permanece predominantemente comooxih¡dróxidos livres,
ao
contráriodo
alumínio, que forma g¡bbsita quandoestá
emexcesso
em
relaçäoao
fósforo. Nestes meios, carbonatose
silicatosvão
sendodesestabilizados
com
lixiviaçáototal
ou
parc¡alde
seus
elementos const¡tu¡ntes,resultando em enriquecimento relat¡vo do fósforo'
Ainda de acordo com zanin (1989), podem ocorrer situações diferenciadas
em têrmos
de
zonalidade da distribuiçäo do fósforo nos perfis desenvolvidos sob ointemperismo por ele class¡ficado de laterítico:
1. o teor em fósforo na zona de ocorrência dos fosfatos de alumínio
é
muito menorque
o
teor
na zona dos fosfatosde
cálcio primários(por
exemplo, osdepósitos de B6lka, na Sibéria e Christmas lsland, no Oceano índico);
2. o teor em fósforo na zona de ocorrência dos fosfatos de alumínio
é
muitomaior do que nas partes inferiores do perfil com fosfatos de cálcio (maciço de
Essey, no norte da Sibéria);
3. distribuição equilibrada do teor em fósforo ao longo do perfil, composto por fosfatos de alumínio (depósito de Thiès, no Senegal)
os
estudosde
perfisde
alteraçåo lateríticosem
materiaiscom
fosfatos(Altschuler
I973)
mostramque estes são
progressivamente desestab¡lizados ereprecipitados,
com
mudançasna
sua
composiçáoquímica,
que
responde
àscondições físico-químicas do meio em cada etapa, causando uma zonalidade vertical
no perfil, normalmente na seguinte ordem, da base para o topo:
FosflCal
+
Fosf2Callc)
Fosf3Ca,Al,Fe+
Fosf4Al,Fe4Fosf5Al+Fosf6Fe
Onde:
fosfl ç¿¡ e fosf2ç¿¡¡: apatita, respectivamente (primária e secundária) fosf3Ca, Al e
Fe
palita, crandalita e warditafosf4Al e Fe: leucofilita e barrandita
O
cálcio,que
é
um
elemento normalmente solúvel,vai
sendofixado
naestrutura de fosfatos secundários,
o
que retardaa
sua lixiviação.À
medida que vaisendo lentamente lixiviado,
são
possíveis substituições deste elementopor
outrosdisponíveis, como ETR, Pb, Sr e outros.
Condições específicas
de
intemperismoe
as
disponibilidades geoquímicas particulares podem omitir algumas fases intermediárias nesta seqüência, comoé
ocaso dos depósitos
da
região de Altay-Sayan, estudada por Zanin (1968), onde awavelita
é
encontrada
com
frequência diretamente
sobre
a
fase
rica
emf luorcarbonatoapat¡ta.
As principais tendências químicas evolutivas observadas nesta paragênese
são:
a)
na
alteraçáo
da
apatita
(modificaçöes progressivaspor
dissoluçåo incongruente):Segundo Gusev ef a/. (1976 apud Zanin 1989), fluorapatitas primárias sofrem
inicialmente perda de fluor, depois de cálcio e depois de fósforo; Flicoteaux
&
Lucas(1984)
mostraram
que,
durante
o
intemperismo,
a
carbonatoapatita
sofre descarbonataçãoe
modifica sua composiçåo para fluorapatita; McArthur (1985 apudZanin
1989) remarcouque
a
carbonatoapatita (francolita) mudapara
fluorapatitadurante
recristalização/alteraçáo
sob
condições
intempéricas;
amostrasintemperizadas de apatita contêm teores menores em Sr, Na
e
SO42- em relaçåo a PzQs'b) na neoformação dos fosfatos secundários, segundo Zan¡n (1989), Vieillard
et al. (1979), Lucas et al. (1980) e Flicoteaux & Lucas (1984):