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Rev. Bras. Hematol. Hemoter. vol.30 número6

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Academic year: 2018

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REVISTA BRASILEIRA D E H E M ATO L O G I A E H E M O T E R A P I A REVISTA BRASILEIRA D E H E M ATO L O G I A E H E M O T E R A P I A

Editoriais / Editorials

Mieloma múltiplo: Qual o grau de

conhecimento sobre a doença em

médicos que atuam no Sistema de

Atenção Primária à Saúde?

Multiple myeloma: What degree of knowledge

about the disease to doctors who serve in the

System of Primary Health ?

Ângelo Maiolino

O mieloma múltiplo (MM) é uma doença de distribui-ção mundial. Representa 1% de todos os tipos de câncer, sendo o segundo mais comum entre os hematológicos, fi-cando atrás apenas dos linfomas não-Hodgkin. Tem uma prevalência de 17 casos a cada 100 mil indivíduos e estima-se que 15 mil novos casos/ano serão diagnosticados nos Esta-dos UniEsta-dos.1

Infelizmente, dados epidemiológicos brasileiros não estão disponíveis. Nos últimos anos tem sido feito um gran-de esforço para melhor se conhecerem as características clí-nicas e demográficas do MM em nosso país, assim como tentar estabelecer protocolos clínicos para o tratamento des-ta condição. Hungria e cols efetuaram um levandes-tamento en-volvendo 15 centros de Hematologia dedicados ao tratamen-to do MM no Brasil. O objetivo deste estudo era o de melhor conhecer as características dos pacientes acompanhados nestas instituições e tentar validar o International Staging System (ISS) nesta população. No período de 1998 a 2004, um total de 1.017 pacientes com MM foi acompanhado nes-ses centros. A mediana de idade ao diagnóstico foi de 61 anos (28-94). Nesse estudo, ficou comprovado que a maior parte dos pacientes com MM no Brasil é diagnosticada em estádios avançados de doença. Considerando o estadiamento de Durie e Salmon, 77% dos pacientes eram DS III, e, pelo ISS, 86% eram estádio 2 ou 3. É urgente, portanto, um esforço para melhor divulgar o MM em nosso meio, já que o diagnós-tico precoce tem impacto em termos de sobrevida.2

Neste fascículo da Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Paula e Silva e colaboradores3 verificaram, atra-vés de um inquérito epidemiológico, utilizando testes de múl-tipla escolha, o conhecimento sobre aspectos diagnósticos relacionados ao MM em um grupo de médicos que atuam na atenção básica à saúde na cidade de Belo Horizonte.

Cento e trinta e cinco médicos que atuam nesta rede responderam a um questionário que tinha como objetivo ava-liar o profissional perante cinco questões fundamentais: (1) a conduta frente a um paciente com anemia, (2) a capacidade de realizar o diagnóstico diferencial em um paciente idoso com lesões líticas, (3) a capacidade de suspeitar de

hiper-calcemia diante de manifestações clínicas sugestivas, (4) a interpretação da eletroforese de proteínas séricas e (5) a ca-pacidade de diagnosticar MM diante de um quadro clínico característico.

A única questão que foi adequadamente respondida pelo grupo de médicos estudados foi a de número 1, onde a maioria (94%) soube correlacionar o quadro de anemia nor-mocrômica e normocítica com as doenças crônicas e neo-plásicas prevalentes nesta faixa etária. Para todas as outras questões, menos da metade dos médicos soube formular uma resposta adequada, sendo que as duas últimas (interpreta-ção da eletroforese e quadro clínico do MM), que estão dire-tamente relacionadas ao diagnóstico da condição, foram res-pondidas por apenas 30% e 36% dos médicos, respectiva-mente.

Fica claro que, apesar de não se tratar de uma patologia rara, existe um profundo desconhecimento acerca do MM exatamente no grupo de profissionais de saúde que são, na maioria das vezes, os responsáveis diretos pelo atendimento aos pacientes quando das suas primeiras manifestações clí-nicas. A nosso ver, é imprescindível adotarmos uma estraté-gia de melhor divulgação da patoloestraté-gia não somente com os profissionais que atuam na área básica, mas também com os especialistas (ortopedistas, reumatologistas, nefrologistas, neurologistas) que frequentemente recebem pacientes com manifestações clínicas que podem sugerir um diagnóstico de mieloma múltiplo.

Referências Bibliográficas

1. Criteria for the classification of monoclonal gammopathies, multiple myeloma and related disorders: a report of the International Myeloma Working Group. Br J Haematol 2003;121(5):749-57. 2. Hungria V, Maiolino A, Martinez G, Colleoni GW, Pasquini R, de

Souza C et al; International Myeloma Working Group Latin America. Confirmation of the utility of the International Staging System and identification of a unique pattern of disease in Brazilian patients with multiple myeloma. Haematologica 2008;93:791-2. 3. Paula e Silva RO, de Faria RMD, Côrtes MCJW, Clementino NCD, Faria JR, Moraes TEC et al. Mieloma múltiplo: Verificação do co-nhecimento da doença em médicos que atuam na atenção primária à saúde. Rev Bras Hematol Hemoter. 2008;30(6):437-44.

Avaliação: O tema abordado foi sugerido e avaliado pelo editor.

Recebido: 01/12/2008 Aceito: 03/12/2008

Professor adjunto de Hematologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Correspondência: Angelo Maiolino

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

Av. Brigadeiro Trompowsky, s/nº – Cidade Universitária 21941 -590 – Ilha do Fundão – Rio de Janeiro-RJ Tel: (+55 21) 2562-2462

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