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GESTÃO DO DISCURSO CORPORATIVO, NA MODALIDADE ESCRITA

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PONTIFÍCA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

ELIZABETH CIERI

GESTÃO DO DISCURSO CORPORATIVO, NA MODALIDADE ESCRITA

MESTRADO EM LÍNGUA PORTUGUESA

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PONTIFÍCA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

ELIZABETH CIERI

GESTÃO DO DISCURSO CORPORATIVO, NA MODALIDADE ESCRITA

MESTRADO EM LÍNGUA PORTUGUESA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE em Língua

Portuguesa, sob a orientação do Prof. Doutor João Hilton S. Siqueira

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BANCA EXAMINADORA

__________________________________

__________________________________

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D E D I C A T Ó R I A

Dedico, não somente este trabalho, mas toda a minha vida aos meus dois anjos da guarda: meus pais Leonor e Waldemar.

À minha mãe – luz que não se apaga – por assumir a graça da maternidade em sua totalidade. Obrigada por me alimentar, por compreender meus silêncios, por me oferecer eternamente seu colo, seus abraços, sua ternura. Como disse alguém: Deus não pode estar em todos os lugares, por isso criou as mães.

Ao meu pai – forte, seguro, culto e simples, sábio e humilde – por cultivar em mim a importância do saber, por acreditar em mim, por me ensinar a viver, a lutar, a caminhar com honra e determinação.

Meus pais me elegeram uma de suas prioridades. A jornada pareceu árdua, mas tenho certeza de que Deus sempre os guiou e continua guiando, invadindo-os de sabedoria.

Muito, muito obrigada por tudo!

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A G R A D E C I M E N T O S

A DEUS e à Nossa Senhora por me darem saúde e conduzirem-me na realização de mais este sonho.

Ao meu marido Marcos, por me ajudar a construir a minha família, que tanto amo, e por todos os momentos felizes que vivemos juntos.

Às minhas filhas queridas Alessandra e Andressa.

Obrigada, Alessandra, pela sua amizade, delicadeza e por compreender, com uma sabedoria iluminada e única, toda a nossa história. E fazer dela um motivo a mais para nossa cumplicidade e união.

Obrigada, Andressa, pela sua alegria, força, carinho, pelo seu amadurecimento em nossas conversas e por confiar em meus conselhos. Você preencheu o lugarzinho vazio no meu coração.

Ao meu genro, Guilherme, que completou a minha família, enchendo-a de felicidade.

À minha irmã Carla, por, ainda tão jovem, segurar a minha mão e ajudar – me a levantar e seguir em frente.

Ao meu mestre, com carinho... Agradeço ao meu mestre e orientador Prof. Dr. João Hilton S. Siqueira, por repartir tantos momentos de sabedoria e ensinar-me o que é ser competente, conhecedor e, ao mesmo tempo, generoso e dócil. A ele dedico minha mais profunda admiração.

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Ao Prof. Dr. Laan Mendes de Barros pelas valiosas contribuições para o enriquecimento e finalização desta dissertação.

A todos os professores que me acompanharam nesta jornada. Eles estão presentes em cada frase, em cada palavra, em cada conceito aqui pesquisado.

À Lourdes, secretária do Programa de Pós-Graduação em Língua Portugesa, pela sua atenção, dedicação e carinho.

A CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -, pela concessão da bolsa, para que eu pudesse finalizar o meu curso de mestrado.

A todos os colegas com os quais eu convivi e compartilhei conhecimentos de mundo.

A todos os profissionais que, durante anos, sem saber que estavam sendo observados, colaboraram para que este trabalho se realizasse.

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Uma palavra que não representa uma ideia é uma coisa morta, da mesma forma que uma ideia

não incorporada em palavras não passa de uma sombra.

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CIERI, E. Gestão do Discurso Corporativo, na Modalidade Escrita. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 2011.

RESUMO

Esta dissertação investiga a importância da boa escrita na esfera corporativa. Com a extinsão da secretária e a vinda da internet, os profissionais de diversos níveis passaram a escrever e-mails, memorandos, relatórios, entre outros impressos. Pretende-se, a partir daí, situar a Gestão do Discurso Corporativo como uma competência essencial na construção de uma carreira sólida. A comunicação organizacional truncada e mal conduzida afeta, de fato, as relações de sucesso.

Para a aquisição desta competência, foram pesquisados elementos sócio-históricos e levantados alguns recursos léxicos, gramaticais, textuais da língua portuguesa, sem a intenção de esgotá-los. Afinal, a língua portuguesa é muito rica para ser concentrada em apenas algumas centenas de folhas. Ao final, os anexos apresentam exemplos reais coletados durante alguns anos.

Palavras-chave:

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CIERI, E. Management of the Corporate Speech, in the Written Form. Master Thesis in Portuguese Language. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 2011.

ABSTRACT

This study inquires the importance of good writing in the corporate sphere. With the extinction of the secretary and the coming of the internet, the professionals in several levels had started to write e-mails, memorandum reports, and others printed matters. It is intended, from there, to point out the

Management of the Corporative Speech as an essential ability

in the

construction of a solid career. The truncated and badly transmited

entrepreneurial communication affects, indeed, the success relations.

To acquire this ability, sociohistorical elements were searched and

some Portuguese language´s lexical, grammatical, textual principies were

got up, with no intention of exhausting them. After all, the Portuguese

language is very rich to be concentrated in only some hundreds of sheets. In

the end, the attachments show real examples collected during several

years.

Keywords:

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SUMÁRIO

Glossário...012

Introdução...015

1-Fundamentação Teórica...022

1.1 Informação, Comunicação, Discurso...022

1.2 Comunicação Empresarial...025

1.2.1 Comunicação Descendente...026

1.2.2 Comunicação Ascendente...027

1.2.3 Comunicação Horizontal ou Lateral...027

1.3 A Comunicação Intermediada pelo Discurso...028

1.3.1 Código Fechado e Aberto...031

1.3.1.1 Código Aberto...031

1.3.1.2 Código Fechado...031

1.4 A Língua e seus Aspectos Léxico-gramaticais...034

1.4.1 Tópico Frasal...034

1.4.2 Coesão e Coerência...036

1.4.2.1 Coesão...036

1.4.2.2 Coerência...036

2-A Arte de Redigir...039

2.1 Escolha Lexical...043

2.2 Os Segredos da Pontuação...051

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2.4 Coesão e Coerência no Texto...055

2.4.1 Linguística Textual...061

2.4.2 Relação Léxico-gramatical...062

2.4.3 O Universo do Texto e suas Implicações para se Alcançar Coesão e Coerência...063

3-O Universo Corporativo e seus Gêneros...070

3.1 Construções Retóricas...084

3.1.1 Argumentação...088

3.2 Gêneros Corporativos...090

3.2.1 Gênero Memorando...094

3.2.2 Gênero Relatório...096

3.2.3 Gênero e-mail...097

4. Discurso Corporativo...102

4.1 O Gestor Pedagogo do Discurso...102

4.2 Gestão do Discurso Corporativo...103

Considerações Finais...107

Referências...109

Anexo I...120

Anexo II...121

Anexo III...122

Anexo IV...123

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GLOSSÁRIO

e-mail = (eletronic mail) correio eletrônico.

Benchmarking = parâmetros de excelência, comparação de produtos/serviços entre os melhores.

Blog = diário virtual onde pessoas escrevem sobre suas experiências e passatempos.

CEO = (chief executive officer) presidente.

Chão de fábrica = nível hierárquico mais baixo em uma empresa.

Chat = bate-papo via web.

Check list = lista de verificação.

Core business = negócio principal da empresa.

Database = banco de dados.

Design = imagem.

Endomarketing = comunicação interna: com funcionários.

Exomarketing = comunicação externa: com fornecedores, colaboradores, clientes.

Feed back = retorno de informação.

Follow up = acompanhamento.

Full time = período integral.

Hardware = parte física do computador, ou seja, é o conjunto de componentes eletrônicos, circuitos integrados e placas. Dispositivos que compõem um computador, inclusive a CPU, a memória e os dispositivos de entrada e saída.

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Intranet = rede corporativa que utiliza a tecnologia e a infra-estrutura de transferência de dados da Internet na comunicação interna da própria empresa ou comunicação com outras empresas.

Jurisprudência = aplicação de estudo de casos jurídicos na tomada de decisões judiciais.

Laudo = análise jurídica.

Mailing = abreviação de Mailing List, em inglês. Banco de dados onde se armazenam dados de consumidores (nome, endereços, características do consumidor, entre outros) para serem utilizados em marketing direto, tais como: mala direta, telemarketing e correio eletrônico.

Mão de obra = força de trabalho.

Medida provisória = medida com força de lei, adotada pelo presidente da República, mediante ato unipessoal, sem a participação do Poder Legislativo, que somente será chamado a discuti-la em momento posterior.

Missão = o que a empresa faz e é atualmente.

Network = rede de relacionamento.

Newsletter = folheto informativo de uma determinada empresa com circulação interna e/ou externa.

ONG = organização não governamental.

Pager = aparelho eletrônico para envio e recebimento de mensagens curtas.

Radio peão = manifestações comunicacionais não controladas que correm pelo caminho da informalidade dentro das organizações.

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Software = parte lógica do computador, ou seja, o conjunto de instruções e dados processado pelos circuitos eletrônicos do hardware.

Stakeholder = acionista.

Start up = início.

Terceirização = contratação, feita por uma empresa, de serviços secundários relativos à atividade principal da empresa.

Twitter = rede social, hospedada na internet, que permite que os usuários enviem atualizações pessoais, contendo apenas texto em menos de 140 caracteres.

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INTRODUÇÃO

A modalidade escrita ganha as mais distintas configurações nos usos diários de que dela fazem. Dentre as esferas da atividade humana com grande circulação de documentos escritos, está a empresarial, que, por isso mesmo, sofre, muitas vezes, de acometimentos de deslizes que prejudicam, em muito, uma interação, nem diria precisa, mas, pelo menos, adequada. O estudo dessa interação empresarial, por meio da língua escrita, recebe o nome, na literatura especializada, de discurso corporativo.

A bibliografia não é muito rica, uma vez que o material, geralmente, é elaborado para cursos de treinamento em empresas, não ultrapassando material de atividades, o que nos leva, neste trabalho, a propor um estudo da Gestão do Discurso Corporativo, na modalidade escrita.

Para a exploração investigativa do tema, a pesquisa foi formulada a partir das questões:

a. O que é discurso corporativo?

b. Quais os estudos relevantes acerca do tema existentes até então que contribuem para a gestão de um discurso corporativo eficaz?

c. Quais os recursos para gerir um discurso corporativo eficaz?

d. O que é gestão do discurso corporativo?

Esta dissertação tem como objetivo geral a investigação de recursos para

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À guisa de esclarecimentos sobre o tipo de registro adotado nesta parte do trabalho, volta-se a destacar a carência de material teórico sistematizado e publicado sobre gestão do discurso corporativo. Nesse sentido, torna-se difícil adotar um discurso impessoal. A primeira pessoa na elaboração desta parte do projeto retrata bem o atual estado da arte do assunto em pauta, pois o que mais se tem são relatos de experiência decorrentes de cursos de treinamento.

Graduei-me em letras - com habilitação em tradução e interpretação - , objetivando a vida acadêmica e, após algum tempo, cursei pós-graduação em marketing, já que havia ingressado no universo corporativo. Assim, dois fatores sempre acompanharam minha vida profissional: o mundo corporativo e a comunicação por meio da linguagem escrita e falada. Aparentemente, parecem distintas, no entanto nos meus vinte anos de vida corporativa, sempre notei a dificuldade dos profissionais em se fazerem entender, tornando a comunicação profissional um enorme desafio.

Já presenciei o insucesso de profissionais tecnicamente competentes, mas que não sabiam transmitir e compartilhar seus conhecimentos. No entanto, convivo com profissionais com tal domínio de oratória e cujos discursos são tão socialmente apropriados a ponto de envolverem seus pares, convencerem superiores e motivarem subordinados, que se tornaram verdadeiros líderes por aceitação, não por imposição.

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internet, em que qualquer funcionário escreve e-mails para toda a empresa, fornecedores e clientes, e não raro escreve em nome da empresa, a exigência da comunicação eficiente em português se tornou fundamental.

O e-mail, por exemplo, não se consolidou só como uma ferramenta de comunicação corporativa, mas também um documento com amparos legais que, na maioria das empresas, fica arquivado por muito tempo. Trata-se de um registro de erros que, não só denuncia o nível linguístico do seu autor, como também pode ser usado, e muitas vezes é, como prova judicial contra ou a favor de seus interlocutores. Inclusive, algumas empresas, como a Petrobrás, mantêm um departamento jurídico só para vigiar e-mails entre seus funcionários, colaboradores, fornecedores, clientes e denunciar os que podem colocar em risco a missão, a imagem, os negócios definidos pelos altos gestores.

Decidi ingressar no mestrado em Língua Portuguesa, devido ao meu incômodo quanto ao despreparo da sociedade corporativa em se comunicar de maneira acertada. Nesse sentido, este trabalho busca as relevâncias social e científica. Social, pois compreendendo a realidade, há possibilidade de promover a melhoria da qualidade da comunicação no contexto empresarial. Científica, pois colabora e complementa estudos realizados até então.

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alguns recursos linguísticos que auxiliam na comunicação corporativa eficaz. Enfim, o trabalho busca ser um suplemento de sentido às pesquisas nessa perspectiva, além de ser um convite para o surgimento de novas contribuições.

Saber se expressar no mundo corporativo é fundamental. Hoje, não basta mais saber apenas sobre a área que domina, é essencial entender os vários termos corporativos empregados no dia-a-dia das empresas. Exercitar o discurso corporativo não significa usar jargões ou frases feitas. Conhecer e saber usar o corporativês, como já é chamado esse tipo de discurso, é primordial na busca por empregos na área corporativa. As empresas usam termos que, na maioria das vezes, definem cargos e processos próprios para cada área de atuação, além de facilitar a comunicação entre empresas e favorecer negociações entre parceiros. De acordo com o diretor administrativo financeiro Dias (2006), da Hoken International Company, cada vez mais o discurso corporativo é uma exigência do mercado.

O crescimento e a internacionalização das empresas, a troca de informações de forma ágil, a globalização da economia, a profissionalização, o aperfeiçoamento educacional e a derrubada das fronteiras na comunicação pela Internet contribuíram para a criação dessa nova linguagem. Para Dias (2006), o uso do discurso corporativo é irreversível. As expressões usadas, mesmo as vindas do inglês, são, ou deveriam ser, do entendimento de todos. Não há volta nesse processo e a empresa que não utilizar esse tipo de linguagem terá dificuldades para realizar negócios e até mesmo de se consolidar no mercado (DIAS, 2006).

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interno quanto com o externo. O ideal é usar linguagem simples, porém eficaz, que evite palavras complicadas, longos discursos e jargões que, de tanto serem repetidos, já não transmitem mais seu real significado. Isso dá mais qualidade, compreensão e segurança à comunicação. Por isso, quem busca vaga em grandes corporações deve encontrar o meio termo entre a comunicação formal e informal. Sim, porque o corporativês está incluso nesses dois tipos de linguagem. Quem busca uma boa comunicação precisa avaliar a ocasião, valorizar o conteúdo do que se pretende dizer e observar os seus interlocutor.

É comum, no mundo corporativo, o uso e a prática de gestões: gestão de suprimento, gestão de pessoas, gestão logística, e muitas outras. E, por que não, Gestão do Discurso Corporativo? Na verdade, todas as gestões dependem diretamente e, até hierarquicamente, da Gestão do Discurso Corporativo. É por meio dela que tudo se inicia, desenrola e finaliza em uma corporação; é preciso se comunicar adequadamente para concretizar as intenções, buscar os objetivos, alcançar as metas (BERLO,1999).

São vários os discursos utilizados em corporações: discurso persuasivo, motivacional, informativo, receptivo, imperativo, corretivo e outros. Tudo se adapta à situação social na qual um determinado sujeito discursa. Porém, para o domínio dessa gestão, é preciso absorver três conhecimentos:

comunicação eficaz;

corporação e seus contextos;

gestão e competência

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basta somente a competência técnica – ser um bom engenheiro, um bom contador – é preciso adquirir a competência da Gestão do Discurso Corporativo, uma vez que a interação social é cada vez mais exigida.

A necessidade de escrever com clareza e objetividade ocorre em quase todas as situações enfrentadas pelos profissionais. Escrever bem é, de fato, uma das habilidades mais valorizadas na esfera corporativa. Seja um e-mail, um memorando, uma carta ou um relatório final. Cada texto apresenta suas características, mas os princípios fundamentais valem para todos os gêneros: planejar antes de escrever, respeitar os princípios da textualidade, usar a gramática corretamente, conhecer o público alvo, traçar o fio condutor, encontrar o tom certo, revisar e editar.

Todavia, para subir os degraus da ascensão profissional, é preciso eliminar duas barreiras do sucesso na comunicação. A primeira é a barreira comportamental: tem-se que deixar de lado a postura egoísta que registramos na infância, quando se transfere ao leitor a incapacidade de entender a mensagem. A limitação pode estar na maneira de como o escritor se expressa. A segunda é a mais importante: o bom domínio do português.

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uma retórica eficaz. Fairclough (2001) ratifica tal afirmação quando defende que é fundamental que o sujeito entenda sua comunicação como um ato performativo, gerando no outro a reação intencionada.

O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigente. Cabem aos profissionais se atualizarem, a fim de interagirem de maneira eficaz dentro de cada contexto específico.

Para o estudo do objeto estabelecido para investigação, este trabalho se organiza, além da introdução e da conclusão, nas seguintes partes:

1. Fundamentação Teórica – em que são apresentados os subsídios que dão sustentação para a elaboração do modelo de análise.

2. A Arte de Redigir – onde se concentram os recursos léxico-gramaticais e textuais da Língua Portuguesa para a criação de um texto claro, coeso e coerente.

3. O Universo Corporativo – que trata dos ambientes coporativos, identidades organizacionais, enfatizando-se a importância da retórica como ferramenta de construção de uma comunicação eficaz e como blindagem de algumas armadilhas. Aqui também são expostos alguns gêneros corporativos.

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1 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta parte procura discitur aspectos referentes à Teoria da Informação no seu significado abrangente, de modo a compreender também a comunicação, uma vez que “não há informação fora de um sistema qualquer de sinais e fora de um veículo ou meio apto a transmitir esses sinais”. (PIGNATARI, 2008, p. 15). Discute, ainda, aspectos referentes à constituição do discurso corporativo em busca de seu perfil gestor, discutindo a comunicação em seus movimentos interativos na empresa, como agente integrador dos setores e revelador dos níveis correspondentes, além de suas peculiaridades na dependência direta do estilo léxico gramatical usado.

1.1 Informação, Comunicação, Discurso

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pessoas em diferentes continentes, salas e andares de um mesmo edifício. Foi, então, que surgiram os designers da mensagem: escritores, jornalistas, publicitários, cineastas e outros ganham consciência de designers, de forjadores das novas línguagens.

Pignatari (2008) destaca que o designer da linguagem percebe e cria novas relações e estruturas de signos. Vale ratificar que, ao se falar de relação, fala-se de linguagem, pois uma relação só pode ser explicitada sob alguma forma sígnica, estabelecendo um vínculo expresso em termos de linguagem, uma linguagem precisa, organizada, na busca da transmissão eficaz das mensagens.

É aqui que informação e comunicação se entrelaçam. “O que se comunica? Informação, simples ou complexa, ao nível das relações humanas ou sociais...” (PIGNATARI, 2008, p. 21). A medida do conteúdo da informação, ou melhor, o teor ou taxa de informação é o que importa para a teoria da informação e da comunicação. A comunicação de concretiza, na medida em que a mensagem é entendida, sintonizada, estabelecida pela transmissão de estímulos e pela provocação de respostas. E a vida humana se manifesta nesse processo contínuo de comunicação, afinal, viver é estar no mundo com outros.

Com isso, a comunicação pode ser considerada o processo global básico e primário, o que torna possível a vida em sociedade. O aprimoramento da capacidade comunicativa, portanto, é uma forma de ampliação do relacionamento com o mundo. Para tanto, é preciso exteriorizar ideias de forma organizada, ideias estas fruto das informações a que se tem acesso, por meio de experiências, conversas e leituras.

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essência, mas como ela aparece para cada indivíduo. São os signos os elementos capazes de representar a realidade. Estes elementos só podem ser estabelecidos por um contrato social, uma convenção previamente aceita. A reapresentação da realidade – o signo – pode se dar por meio de cores, objetos, cheiros, palavras. Piognatari (2008) defende que a palavra escrita seria um símbolo, por se tratar do signo do signo, entretanto, cabe a esta pesquisa reter o conceito de designer da informação, capaz de organizar os signos verbais – a palavra escrita – segundo as regras que os regem nas relações com seus usuários. Tais regras, abordadas mais adiante, reduzem os chamados ruídos ou distúrbios da comunicação. Como nenhum sistema de comunicação está isento de erros, a possibilidade da boa informação está garantida se a taxa de ruído for baixa.

No caso desta pesquisa, intenciona-se aprofundar a interação humana, o intercâmbio social por meio das palavras – signos verbais – na modalidade escrita, ou melhor, no texto e no contexto. Texto, aqui, é o conjunto verbal, a movimentação de estruturas sintáticas, ou, forma. Contexto é o processo coerente, coeso, semântico, ou, conteúdo.

Para defender o título adotado, vale diferenciar linguagem, língua e discurso. Enquanto a primeira se refere a toda e qualquer forma de comunicação, pois representa a capacidade inata de interação entre as pessoas, a língua se utiliza apenas de signos verbais, convencionais, usados por membros de uma mesma comunidade. Entretanto, é no discurso – escrito, materializado -, resultado do texto e do contexto, que esta dissertação se concentra.

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ordenada do texto, na construção do contexto, na adequação da mensagem. E comunicação, intermediada pelo discurso, é a interação social, interlocução, transmissão e compartilhamento de ideias.

1.2 Comunicação Empresarial

A Comunicação Empresarial (Organizacional, Corporativa ou Institucional) compreende um conjunto complexo de atividades, ações, estratégias, produtos e processos desenvolvidos para reforçar a imagem de uma empresa ou entidade (sindicato, órgãos governamentais, ONGs, associações, universidades, etc) junto aos seus públicos de interesse (consumidores, empregados, formadores de opinião, classe política ou empresarial, acionistas, comunidade acadêmica ou financeira, jornalistas, etc) ou junto à opinião pública (BAHIA, 1995).

Persona (2007) afirma que a Comunicação Empresarial tem assumido, nos últimos anos, maior complexidade, tendo em vista a necessidade de trabalhar com diferentes auditórios (portanto, diferentes conteúdos, discursos e línguagens), o acirramento da concorrência, a segmentação da mídia e a introdução acelerada das novas tecnologias.

Hoje, exige-se do profissional da área não apenas conhecimentos e habilidades nas práticas profissionais, mas também uma visão abrangente do mercado e do universo dos negócios. Mais do que um simples executor de tarefas, o profissional deve ser um executivo, um gestor, capaz de planejar, estrategicamente, o esforço de comunicação da empresa ou entidade.

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(PIMENTA, 1999). Um conjunto de informações importantes e exatas ajudam a melhorar a tomada de decisões e outros tipos de desempenho para os indivíduos e para os grupos. Um sistema de comunicação eficiente tem, como objetivo, manter as pessoas e os departamentos com informação e compreensão que lhes permitirá, e estimulará, a realização de suas tarefas com eficiência (ARGYRIS e BARTOLOMÉ, 1999).

Ser um comunicador habilidoso é essencial para ser um bom administrador e líder de equipe. E para isso, Argyris e Bartolomé (1999) classificam e explicam três fluxos da comunicação interna: a descendente - de cima para baixo; a ascendente - de baixo para cima; e a horizontal ou lateral.

1.2.1 Comunicação Descendente

A comunicação de cima para baixo se refere ao fluxo de informação que parte dos níveis mais altos da hierarquia da organização, chegando aos mais baixos. Entre os exemplos estão um gerente passando atribuições à sua assistente, um supervisor fazendo um anúncio a seus subordinados e o presidente de uma empresa dando uma palestra para sua equipe administrativa. Os funcionários devem receber a informação de que precisam para desempenhar suas funções e se tornar (e permanecer) membros leais da organização.

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dos quais as comunicações devem passar, tanto menor será a perda ou distorção da informação.

Os administradores, complementam Argyris e Bartolomé (1999), podem fazer muitas coisas para melhorar a comunicação descendente. Em primeiro lugar, a administração deve desenvolver procedimentos e políticas de comunicação. Em segundo lugar, a informação deve estar disponível àqueles que dela necessitam. Em terceiro lugar, a informação deve ser comunicada de forma adequada e eficiente. As linhas de comunicação devem ser tão diretas e breves quanto possível. A informação deve ser clara, consistente e pontual - nem muito precoce, nem (o que é um problema mais comum) muito atrasada.

1.2.2 Comunicação Ascendente

A comunicação de baixo para cima vai dos níveis mais baixos da hierarquia para os mais altos.

Os administradores devem facilitar a comunicação de baixo para cima, motivando as pessoas a fornecer informações valiosas.

1.2.3 Comunicação Horizontal ou Lateral

Muita informação é partilhada entre pessoas do mesmo nível hierárquico. A comunicação horizontal ou lateral pode ocorrer entre pessoas da mesma equipe de trabalho ou entre pessoas de departamentos diferentes. Por exemplo, um gerente de compras encaminha um relatório a um gerente de produção. Especialmente em ambientes complexos, nos quais as decisões de uma unidade afetam a outra, a informação deve ser partilhada horizontalmente.

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como instrumento de intermediação e de constituição sígnica de representação dos sujeitos no discurso.

1.3 A Comunicação Intermediada pelo Discurso

Kunsch (2009) destaca a circulação de três discursos nas organizações: discursos bem-ditos, mal-ditos e não-ditos.

Os discursos mal-ditos são os produzidos à margem dos canais convencionais de comunicação, os não autorizados. Sua cladestinidade aparece em expressões como “falar pelas costas”, “falar po baixo do pano”, rádio-peão”.

Os discurso não-ditos são os mal-ditos empedidos de serem expressados, ou porque não podem, ou porque não devem ser ditos por determinados sujeitos em situações específicas. O não-dito é o mal-dito silenciado.

Os discursos bem-ditos são “mensagens instutucionais e oficiais, autorizadas e planejadas, divulgadas pelos canais de comunicação formais ou informais, como intranet, e-mail, notas, comunicados internos, memorandos, ...” (KUNSCH, 2009 p.130). Esses enunciados são produzidos dentro da norma padrão da língua portuguesa, cuja uniformidade de sua apresentação é garantida com manuais de redação. É no discurso bem-dito que se foca toda essa dissertação.

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para exercer influência sobre as outras: discursos políticos, sermão de igreja, aulas, etc...

As produções linguísticas têm regras apropriadas dos atos de linguagem, levando em conta as relações sociais entre o escritor/falante e o leitor/ouvinte. As regras são: a) a hora certa de falar; b) que tipo de conteúdo é permitido falar; c) que tipo de variedade linguística é oportuna. As regras são válidas tanto para o escritor/falante quanto para o leitor/ouvinte, pois, em uma sociedade, é fato que nem todos os integrantes têm o mesmo poder de acesso a produções linguísticas, culta ou padrão, considerada língua, estas associadas tipicamente a conteúdos de prestígio (BERLO, 1999).

É preciso ficar atento quanto ao discurso utilizado, porque, de acordo com Therezo (1999), ele (o discurso) revela:

região de origem do emissor;

canal de comunicação escolhido;

posicionamento subjetivo ou objetivo do emissor;

camada social do emissor;

relação formal ou informal com o receptor.

O discurso é carregado de marcas históricas e sociais trazidos pelo indivíduo, porém, dentro das corporações, esse discruso deve ser retrabalhado e adaptado: o discurso define o sucesso ou o fracasso, a aceitação ou a rejeição, a harmonia ou o conflito de uma carreira (NASSAR e FIGUEIREDO, 2000).

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A formação do indivíduo é construída em sua infância por meio das influências recebidas do meio em que vive e por seus familiares. Essas influências são enraizadas em sua cultura, fazendo-o carregá-las por toda a vida. Esse processo dificulta a assimilação de novos aprendizados e, em nível corporativo, compromete seu sucesso profissional. Contudo, a habilidade da boa comunicação linguística pode ser adquirida e aprimorada (MIRANDA, 1999).

Nassar (2000) escreve que a comunicação é a habilidade humana que ajuda a superar a condição animal e a tornar o ser humano um ente social distanciado intelectualmente dos demais seres vivos do planeta.

E, falando em seres vivos, Matos (2009) afirma que é a comunicação que proporciona o holismo e a sinergia dos sistemas vivos. Segundo ele, corporações são entendidas como organismos – entidades vivas - estreitamente dependentes do comportamento sinérgico de suas partes.

Comunicar é, portanto, provocar uma resposta, uma reação do receptor. Se um relatório é muito bem escrito, mas não é compreendido pelo receptor, ele não estabelece uma comunicação. Um departamento não expede relatórios para exibir conhecimentos, mas para realizar negócios (TEIXEIRA, 2007).

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Na correspondência comercial e jornalística, deve-se sempre responder: que, quem, quando, como, onde e por quê. Correspondência comercial não é laboratório de experiências linguísticas, por isso deve ser sucinta e coesa, para transmitir ideias aos outros (BAHIA, 1995).

Comunicar é tornar comum nossos desejos e nossas necessidades, provocando uma resposta. A gentileza, o “por favor”, o “muito obrigado”, funcionam como lubrificantes da comunicação (MATOS, 2009).

1.3.1 Código Fechado e Aberto

O sucesso empresarial depende muito de um sistema de comunicação eficaz, quer internamente, quer externamente. A comunicação imprecisa, ambígua e insuficiente tem causado a ruína de muitas empresas. Comunicação é participação, transmissão, troca de conhecimentos e experiências (MAXIMIANO, 2006). A falta de precisão na comunicação acarreta problemas para o desempenho de tarefas, e, às vezes, prejudica até mesmo as relações humanas, gerando desentendimentos, discussões e redução da produtividade.

Berlo (1999) alega que uma comunicação se torna eficaz quando o redator, em vez de utilizar um código aberto usa um fechado. O código aberto possibilita muitas interpretações; o fechado admite apenas um entendimento.

1.3.1.1 Código Aberto: é o que possibilita mais de uma conclusão.

- Eu comprei uma resma de papel.

1.3.1.2 Código Fechado: é o que possibilita apenas uma conclusão.

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Berlo (1999) complementa aclarando que primeiramente devemos procurar saber com quem se irá falar, porque fatores como a formação profissional, o status, o nível de linguagem, os conhecimentos e os interesses do receptor influenciam o entendimento da mensagem. Antes de iniciar a comunicação, é importante que o emissor procure saber: quais são os conhecimentos do receptor em relação ao assunto a ser abordado? Qual seu nível de linguagem? Qual seu grau de interesse?

Para alcançar a comunicação eficaz é preciso reconhecer e compreender por que ocorrem os desentendimentos e, em seguida, aprender a reduzi-los ou evitá-los. Afinal, a comunicação entre dois funcionários é eficaz quando o receptor interpreta a mensagem do emissor da mesma forma que este pretendia que fosse entendida (ARGYRIS e BARTOLOMÉ, 1999).

Para aprimorar a comunicação empresarial, Miranda (1999) recomenda atenção às habilidades técnicas, aos sistemas e às atitudes.

As habilidades técnicas envolvem respostas às seguintes questões:

Como transmitir informações?

Como instruir?

Como ser breve e claro?

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importância do processo de comunicação, de maneira que seja utilizado de forma adequada aos funcionários e ao ambiente de trabalho (FREITAS, 2006).

A capacidade de se comunicar hábil e efetivamente é a parte central de tudo o que qualquer funcionário faz, todavia Argyris e Bartolomé (1999) lembram que central não quer dizer evidente, ou ainda, em destaque, pois o sistema de comunicação em uma empresa é eficaz quando não se percebe que ele existe, tal a sua naturalidade e harmonia. Uma organização se comunica de forma ideal quando os empregados utilizam os canais formais e informais, continuamente, tanto com os níveis superiores, como com os níveis inferiores e do mesmo nível. Um dos maiores problemas das organizações é que a comunicação é frequentemente unidirecional, de gerentes para subordinados, por exemplo, sem qualquer reflexão ou retorno da mensagem enviada. Sabe-se também que cada funcionário interpreta uma mensagem de forma diferente, muitas vezes permitindo o surgimento de barreiras à comunicação interpessoal. A comunicação é um meio para alcançar os objetivos da empresa. Informações exatas e rápidas são fundamentais para que se possa tomar decisões eficazes.

Entretanto, a comunicação não se faz só pela língua, mas pelas formas de seu uso, que constroem os recursos estratégicos de um discurso. Para que o escritor atinja o entendimento intencionado da maioria de seus leitores, várias considerações devem ser examinadas e cumpridas atentamente.

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minuciosamente e re-escrever. Esse exercício deve ser feito tantas vezes quantas forem necessárias.

Para garantir a significação pretendida no discurso, Cassany (1995) defende a importância da pontuação, da sintaxe, dos níveis de formalidade. Esses recursos constroem o entendimento, a organização do conteúdo, tornando o texto mais coerente e claro.

A pontuação é o termômetro da escrita. Somente observando os pontos e as vírgulas de um texto é que se pode arriscar uma ideia aproximada da qualidade geral da prosa.

Definir o Fio Condutor é outra importante consideração a ser observada por Maquesi (2004). Seja qual for o texto - um e-mail, um memorando, uma carta, um simples bilhete – o escritor deve construir a unidade temática e se manter fiel a ela. Para atrair a atenção do receptor é necessário que o próprio assunto de um texto seja restrito. É preciso estabelecer uma ideia central para um texto e procurar restringi-la o mais possível. Quanto aos parágrafos de um texto, deve-se escrever de modo que a ideia do parágrafo deve-seja identificada rapidamente. O parágrafo não se reduz a seu aspecto visual/estético, nem tem a sua extensão medida em centímetros, mas em conteúdo . Mudando de assunto, muda-se o parágrafo.

1.4 A Língua e seus Aspectos Léxico-gramaticais

1.4.1 Tópico Frasal

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parágrafo, expõe Abreu (1990). Se no desenvolvimento, surgirem ideias que não estejam na frase inicial, é melhor o redator mudar de parágrafo.

Como garantia da exposição das ideias, devem-se traçar os limites do parágrafo, pois a ideia central do que vai se expor, em uma sequência de orações, é recomendada para todos os redatores de qualquer texto corporativo.

É preciso observar os três fundamentos do tópico frasal: (anexo I)

a. – deve ser específico; b. – deve ser pormenorizado;

c. – deve ser argumentativo.

Koch (2008) e Antunes (2005) também contribuem para esse trabalho, quando se faz necessário ponderar sobre coesão e coerência na construção textual do sentido.

(36)

que permitem estabelecer, entre os elementos linguísticos do texto, relações de sentido.

1.4.2 Coesão e Coerência

Ferreira (1977) aplica abaixo as definições dos termos: coesão e coerência:

1.4.2.1 Coesão:

a. União íntima das partes de um todo. b. Harmonia, concordância, união. c. Conexão, nexo, coerência.

d. Fís. Propriedade resultante da ação das forças atrativas existentes entre as partículas (moléculas, átomos, íons) constitutivas de um corpo.

1.4.2.2 Coerência:

a. Qualidade, estado ou atitude de coerente.

b. Ligação ou harmonia entre situações, acontecimentos ou ideias; relação harmônica; conexão; nexo, lógica.

c. Fís. Propriedade apresentada por duas ou mais ondas eletromagnéticas monocromáticas que têm o mesmo comprimento de onda e o mesmo plano de vibração, apresentam diferenças de fase constantes e passam, em um mesmo intervalo de tempo, por uma mesma região do espaço.

- A partir dessa definição, é possível separar coesão e coerência?

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É preciso ressaltar:

nas definições a, b, c de COESÃO e a, b de COERÊNCIA, Ferreira (1977) se utiliza dos mesmos termos: harmonia, conexão , nexo;

na definição de COESÃO, encontramos a palavra COERÊNCIA.

nas definições dentro da física, tanto na COESÃO como na COERÊNCIA, a mensagem que se tira é de união, atração.

Ainda, com o objetivo de facilitar a produção escrita dos inúmeros veículos utilizados em corporações, são resgatados os gêneros textuais: definição e funcionalidade, e gêneros textuais emergentes, segundo Marcuschi (2004). Aqui, como exemplos, serão enquadrados como gêneros o memorando, o relatório e o e-mail, revestidos, conforme esclarecido por Bakhtin (2002), dos três aspectos que os definem:

conteúdo;

estilo verbal;

construção composicional.

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o departamento que define, integra e impõe essa cultura organizacional, cabe ao funcionário se capacitar, por meio de diversos conhecimentos, para atender às expectativas da corporação.

Por fim, é defendida a exposição de Gestão do Discurso Corporativo como a utilização dos conhecimentos linguísticos de forma estratégica. Aqui, cabe a competência de usar um discurso persuasivo, ou corretivo, ou impositivo e tantos outros de acordo com a função exercida, a meta a ser alcançada, a missão a ser cumprida.

(39)

2 - A ARTE DE REDIGIR

Escrever é uma habilidade como outra qualquer, a ser praticada, desenvolvida e aperfeiçoada. E quanto mais aprimorada tal habilidade, menos ruído se sobrepõe à mensagem. Afinal, mesmo sendo uma atividade quase sempre individual, escrever tem por objetivo básico a comunicação – a transmissão de ideias e sentimentos de uma mente a outra. É para isso que regras de gramática e os princípios da boa escrita foram desenvolvidos: para que se possa entender um ao outro. Podem-se destacar como pontos indispensáveis: clareza, simplicidade, consistência, concisão e brevidade, pontuação, escolha lexical, nível de formalidade, correção, precisão, coesão, coerência, competência retórica e atenção para com o leitor, sendo alguns desses pontos abordados no decorrer deste trabalho. Ao escrever, menos muitas vezes significa mais. Em vez de escrever para outra empresa que a organização está interessada em alinhar o potencial da companhia com a longeva reputação de inovadora global, pode-se escrever simplesmente que a empresa tem sólida reputação como inovadora e está interessada em discutir a melhor forma de se beneficiarem mutuamente, unindo as duas forças.

Escrever a um auditório pretendido:

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“senhor” e “senhora” em e-mails para pares com quem já se tenha um certo grau de intimidade pode soar arrogante.

Nos tempos de economia global em que se vive, com empresas recorrendo cada vez mais a terceirizações para assumir algumas das funções comerciais e até mesmo no exterior, a comunicação com colegas e clientes de outros países está se tornando cada vez mais comum. Ao escrever a um auditório internacional, são precisos textos mais formais. É preciso, por exemplo, evitar se dirigir a contatos do exterior usando o primeiro nome. Tem-se que usar nome e sobrenome, às vezes, somente o sobrenome, seguidos sempre do pronome de tratamento “Sr” ou “Sra”. Manter o auditório em mente significa conhecer os interesses específicos desse segmento e saber abordá-los, completa Kranz (2009).

Por isso, ao escrever uma carta ou um relatório, é preciso ter em mente a provável reação dos leitores ao conteúdo, ao estilo e ao tom.

Quanto ao conteúdo:

Não se deve estender em explicações técnicas detalhadas se os leitores forem leigos. Porém, se todos eles forem especialistas no assunto, deve-se utilizar jargão técnico, mais conciso, evitando explanações genéricas. Caso haja leitores especialistas e leigos, é preciso alcançar um equilíbrio sutil, priorizando os leigos.

Quanto ao estilo:

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desnecessárias. O lema é adequação. Escrever de forma simples, tendo em mente que a definição de simplicidade varia de acordo com o nível de sofisticação do leitor. Medeiros (1998) estabelece que o bom estilo focaliza diretamente o conteúdo e serve à causa da comunicação clara. Quando o escritor negligencia a adequação do estilo ao conteúdo, o resultado pode ser um texto pomposo, cuja forma predomina sobre o conteúdo.

Quanto ao tom:

O tom da escrita pode ser considerado pomposo se muito elevado ou chulo e descortês, se for baixo demais. Se os leitores forem diretores-executivos de uma empresa, o tom deve ser adequadamente respeitoso e formal.

É importante ressaltar que alguém tem de se esforçar para que a comunicação ocorra com sucesso. O esforço da escrita é inversamente proporcional ao da leitura: quanto maior o trabalho do escritor, menor o do leitor. E vice-versa. Se o escritor não fizer a sua parte, será que o leitor fará a dele ou considerará o texto ilegível, deixando-o de lado?

Como síntese da abordagem em referência, Garcia (1975) destaca:

Dirigir a mensagem de acordo com o interesse do leitor;

determinar o nível de formalidade do texto com base no auditório;

manter um tom profissional, mesmo em textos menos formais;

(42)

Concisão e Brevidade (anexo II)

Concisão não é exatamente o mesmo que brevidade. O primeiro aspecto diz respeito à qualidade do material, o segundo, à quantidade. Um depende da capacidade do autor para concentrar informações em poucas palavras, o outro determina o volume do texto.

A brevidade embora desejável, às vezes não é alcançável. Uma carta ou relatório complexo nem sempre pode ser breve. Se tiver de cobrir muitos tópicos, vai necessariamente cobrir também muito papel.

O que sempre é possível é a concisão – rigor de linguagem, eficácia concentrada. Isto significa apresentar cada ponto de maneira mais breve possível, mesmo que o texto tenha pontos demais a serem expostos para que seja curto. Assim, mesmo um texto longo pode ser conciso, e até um texto breve pode ser desnecessariamente prolixo.

O excesso de explicações em uma carta de reclamação ou a redundância em um memorando serve apenas para reduzir o impacto da mensagem. Quanto mais prolixo for o texto, maior será o risco de o leitor desistir dele. Vale lembrar que os profissionais, em sua maioria, por acumularem funções, não têm tempo ocioso para leituras longas e prolixas. O tempo e o texto conciso valem ouro.

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2.1 Escolha Lexical:

“A palavra é mesmo uma entidade mágica. Fugidia, ela nos faz perseguir um sentido.

Às vezes, se esconde e não nos permite entendê-la

em plenitude, mas, ainda ssim, nos arrebata,

encanta, envolve e toma conta de nossos

corações e mentes”

FERREIRA, 2010

Ora se encontra na literatura o termo corporação, ora empresa, ora organização. E, já que o assunto é escolha lexical, faz-se necessário, aqui, esclarecer definitivamente se há ou não diferenças entre os termos.

Ferreira (1977) define:

“Corporação: associação de pessoas do mesmo credo ou profissão, sujeitas à mesma regra ou estatutos, e com os mesmos deveres ou direitos”, p.388

“Empresa: associação de pessoas para a exploração de um negócio”, p. 514

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termos, já que todos convergem para a mesma prática social de um grupo de pessoas com os mesmos objetivos.

A Língua Portuguesa tem um vocabulário muito rico. Isso significa grandes vantages e alguns perigos. As principais vantagens são variedade e precisão. Os perigos correspondentes são variação desnecessária e fraseado pedante.

A multiplicidade de sinônimos oferece a escritores uma ampla esfera de opções para que possam se expressar com eficácia, além de evitar ambiguidade e garantir precisão. Entretanto, além da escolha adequada das palavras, é preciso ordená-las corretamente. Um pequeno discuido na posição de uma única palavra pode fazer com que o sentido da frase fique comprometido. A regra é: uma palavra ou expressão deve ficar o mais próximo possível de qualquer outra palavra ou expressão que com ela mantenha relação semântica ou gramatical. A consequência do desrespeito a essa regra é a ambiguidade, completa Azeredo (2000).

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São inúmeros os processos ganhos de assédio moral, devido a palavras ofensivas, de humilhações, violência psicológica, ameaças, perseguições. Hirigoyen (2001) diz que em ambientes de pressão extrema, qualquer método é válido, incluindo a humilhação para melhores resultados.

Com medo de entrar no próximo corte, diz Hirigoyen (2001), as pessoas passaram a se submeter mais às perversidades.

Certas palavras, usadas nas organizações, trazem consigo um histórico de costume onde se escondem hierarquias, preconceitos e uma visão mecanicista das relações.. Termos como chão-de-fábrica, mão-de-obra e rádio-peão carregam em si o peso da inferioridade, da desqualificação do trabalhador e expressam um inconsciente coletivo. É necessária a consciência do que se diz, pois as palavras têm vida, têm peso. Com isso, a afirmação de Blair (1992) sobre o significado de uma palavra ser o seu uso na linguagem nos remete aos conceitos da pragmática, uma vez que se considera além das próprias palavras, suas condições de produção e consumo.

Veja, abaixo, dois anúncios:

Qual destes sites é mais eficiente para vender um produto?

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O texto utilizado para vender o produto ou serviço é o que faz a diferença. Desde os primórdios do comércio, negócios são feitos com palavras. Investir em tecnologia e design é importante, mas é o texto que conversa com o auditório. Seja site, blog, catálogos, boletins, newsletters ou qualquer material promocional devem levar uma mensagem clara dos benefícios que os leitores buscam. Caso contrário, a empresa vai ficar falando sozinha. A mensagem deve ser uma agradável conversa com o cliente, para atrair sua atenção, cativá-lo e criar confiança para fechar negócios. É o poder da palavra que convence o mercado. Criatividade, ritmo e nível de formalidade são os elementos que fixam a imagem na mente do público.

O jogo da língua escrita é uma combinação de palavras com intenções específicas. O que se espera é o reconhecimento dessas intenções por parte do leitor, gerando, assim, a reação pretendida. O uso da linguagem implica no domínio e uso de regras, pois a aplicação correta de um termo significa que se age de acordo com as regras estabelecidas pelo contexto de sua aplicação (WITTGENSTEIN, 1984).

Mas, onde se encontra a dificuldade para a aplicação adequada?

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quanto ao seu conteúdo, à sua verdade. O universo linguístico é o lugar onde se processam ou se formalizam a estruturação dos mundos e universos.

Diante do desafio de juntar os pares, as empresas investem cada vez mais em processos de contratação, na busca da linearidade de profissionais com semelhantes graus de instrução, experiências e conhecimentos de mundo e, para cargos de chefia, com capacidade de respeitar as diferenças individuais de subordinados, transmitindo seu legado de forma respeitosa.

Estatística da informação

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1620, precedeu a contagem de vogais e consoantes em textos brasileiros e obteve a porcentagem de 48% de vogais e 52% de consoantes. Conclui-se que metade de todo e qualquer texto, em português é composto de vogais, lembrando que as vogais são apenas cinco. Essa teoria estatística da informação, embora relativamente recente, já ganhou vários adeptos que, tentam contribuir para uma construção mais lógica da mensagem, cujo principal objetivo é reduzir os chamados ruídos da comunicação.

O Inglês é a língua dos Deuses.

Para muita gente, o inglês é a língua dos deuses corporativos enquanto que o português é a língua que qualquer funcionário de baixo escalão pode falar. Alguns profissionais usam em excesso palavras em inglês que poderiam ser muito bem usadas em português. A fronteira entre a necessidade e o ridículo está na escolha das palavras que melhor defidem ou explicam o que se está querendo dizer. Mais pessoas entendem melhor se ler notebook do que micro computador portátil. Fala-se da área de marketing e não da área de mercadologia. Eventualmente, utilizam-se palavras em inglês. Mas, isso é bem diferente de deixar o discurso corporativo excessivamente poluído. Outro dia, quando um jovem perguntou o significado de CEO, o professor respondeu: “presidente de empresa”. O jovem respondeu: “Só isso? Em inglês parece bem mais”. Esse é o limite entre o bom senso e a banalidade. Quem diz que precisa fazer um follow up do processo de benchmarking está precisando urgente de uma dose de Machado de Assis.

Termos em inglês impressionam, mas não se deve exagerar.

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Quando alguém pergunta: “O que você acha?” Ou: “Eu gostaria de ouvir o seu feed back”. No segundo caso, pensa-se bem mais ao elaborar a resposta. É a mesma diferença que existe entre trabalhar em período integral e trabalhar full time. A impressão é que quem trabalha full time não apenas trabalha mais, como ainda é mais competente. Ou quando se pede um favor profissional a alguém e a resposta é: “vou falar aí com um povo que conheço” - já se fica com a impressão de que não vai acontecer nada. Mas, se a resposta for: “vou acessar meu network” - também pode ser que nada aconteça, mas a esperança já é bem maior. Imagine, então, um chefe que, ao dizer ao seu subordinado que lhe faltam as informações de venda para iniciar o relatório do mês, diz: “dá para você cobrar?” O subordinado, com certeza, vai sair da sala sem muito entusiasmo. Mas, se o chefe disser: “preciso dar o start up no meu report, mas pelo meu check list falta o database. Voce faria o follow up?”, o subordinado inicia imediatamente, mesmo sem entender direito o que lhe foi pedido. É verdade que existem termos em inglês que já fazem parte da rotina do mundo corporativo: marketing, e-mail. Uma ou outra palavra em inglês, usada aqui e ali, pode mesmo impressionar ou até esclarecer. O problema está no exagero.

Entretanto, inglês não é mais uma diferenciação, e sim obrigação. Principalmente, porque é o idioma da internet e do mundo dos negócios. Quando um japonês e um iuguslavo fazem uma reunião, eles se entendem em inglês. Um exemplo prático de como o inglês se tornou parte da vida diária é o nome dos produtos que já chegarm ao Brasil com o nome em inglês: MTV, HBO, Nike, Nugget.

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2.2 Os Segredos da Pontuação

“Pensamos equivocadamente que para pontuar bem somente é preciso saber que sinal deve ir em cada posição. Porém, as pessoas que sabem pontuação escrevem de um modo diferente das que não sabem. Quem entende a vírgula, o ponto e vírgula, o ponto – e também os dois pontos, o hífen e a interrogação – produz estruturas sintáticas diferentes de quem não os entende.”

Edward P. Bailey Jr.

A pontuação é como um termômetro da escrita. Somente observando os pontos e as vírgulas de um texto é que se pode arriscar uma ideia aproximada da qualidade geral do texto. É um engano afirmar que a língua escrita representa ou reflete fielmente a língua falada. São duas as caracetrísticas que separam a língua falada da língua escrita:

a) a língua falada visa ao intercâmbio imediato, ao passo que a língua escrita visa à permanência;

b) a língua falada conta com inúmeros recursos (gestos, entonações, expressões faciais,...), ao ponto que a língua escrita conta somente com a materialidade do meio em que se exprime.

A pontuação não está relacionada à entonação, não está condicionada ao discurso oral. Erroneamente, ensina-se a colocar vírgula em uma pausa fraca ou em uma curva ascendente e ponto em uma pausa longa ou curva descendente.

Cassany (1995) esclarece que não faz nenhum sentido escrever

conforme o que dizemos ou o que entoamos – a não ser que pretendamos simular ou reproduzir os tiques do diálogo e esconder o estilo escrito de um texto.

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sutilezas, a tensão, a expressividade da língua escrita, nas suas funções expressiva (? / !), textual ( ( ) / [ ] / ... / - / “ “ / : / ; ) e estrutural ( . / ,).

A pontuação tem suas funções bem definidas: estruturar as diversas

unidades do texto, delimitar a frase e o parágrafo, marcar os giros sintáticos do texto, destacar ideias, eliminar ambiguidades e organizar conteúdo: tema central, subtema, ideia, detalhe.

À medida que os sinais refletem a organização do conteúdo, o texto se torna mais coerente e claro (CASSANY, 1995). Duas vírgulas colocadas no local adequado marcam uma boa subordinada; o uso frequente de pontos regula o equilíbrio dos parágrafos; em vez disso, o abuso de parênteses, a escassez de pontos de continuidade ou a presença excessiva de vírgulas soltas são maus indícios. Os sinais de pontuação se inter-relacionam intimamente com o resto da redação e criam conexão entre sinais, unidade linguística e valor comunicativo. Assim, o quadro abaixo mostra que, de fato, a pontuação estrutura as diversas unidades do texto:

SINAL UNIDADE TEXTUAL UNIDADE SIGNIFICATIVA

ponto final texto mensagem

Ponto parágrafo tema, capítulo, seção

ponto de continuidade oração ideia, pensamento

ponto e vírgula frase, sintagma nota, comentário

vírgula, exclamação, interrogação, parênteses

inciso, aposição complemento

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com o sinal de mais (+) na linha correspondente. Assim, no primeiro e mais simples somente é usado o ponto de continuidade; no terceiro, o ponto de continuidade, o ponto, a vírgula e o ponto e vírgula; e no sexto e mais complexo, todos os sinais mencionados.

Com o passar do tempo, os usos da pontuação vão mudando e se configurando conforme as convenções atuais, seguindo hábitos e modas (MILLER, 1992).

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Podemos destacar as seguintes constantes:

80% dos sinais utilizados são vírgulas e pontos;

tendêndia moderna de abreviar ou cortar as orações: ao longo dos três séculos, aumenta-se o uso do ponto em detrimento do uso da vírgula, cai o ponto e vírgula, mantém-se os dois pontos;

aumento dos diálogos ou do discurso direto: aumento significativo dos sinais marcados da modalidade (interrogação e exclamação) e reticências;

crescente desuso do ponto e vírgula;

2.3 Nível de Formalidade Adequado

“O nível de formalidade é o sal e a pimenta do texto”. CASSANY, 1995

O discurso formal se relaciona ao discurso menos popular, mais culto, aprendido na escola com instrução programada. Está nas comunicações mais controladas, naquelas nas quais os usuários vigiam mais e melhor o que dizem e como dizem. Esse é o discurso que deve ser adotado nas escritas corporativas.

Já o discurso informal costuma se associar a situações espontâneas (conversas, notas pessoais, etc), à língua corrente e comum, adquirida de forma natural, pela interação com a família, amigos. Essa informalidade não deve existir nas comunicações corporativas.

Dominar a escrita significa também perceber o valor sociolinguístico da língua. E isso determina, para cada situação, o nível específico de formalidade, adequado ao interlocutor, à função e ao texto. (anexo III)

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língua não é um valor estável, nem absoluto para todos os usuários, pois varia de acordo com a história, a geografia, a experiência linguística de cada indivíduo e principalmente do uso linguístico de cada comunidade, de cada esfera de comunicação.

2.4 Coesão e Coerência no Texto

“A vida é formada e formalizada por texto: uma imagem, um som. Tudo é texto”. (TURAZZA, 2005)

Quem nunca escreveu ou falou alguma coisa que foi entendida de maneira diferente da que gostaria que fosse entendida? Ou foi interpretado de maneira diferente da que intencionou? Seja por falta ou excesso de informação; ou ainda porque o conhecimento do conteúdo veiculado não era partilhado suficientemente com o interlocutor; ou mesmo por não possuir elementos contextualizadores suficientes. Todas essas razões nos fazem pensar que, quando chamamos um texto de incoerente, estamos nos referindo à não ativação de elementos necessários para que tanto o escritor (falante) como o leitor (ouvinte) atribuam sentido.

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interlocutores, portanto está ligada diretamente aos nossos conhecimentos sobre o assunto.

No entanto, o puro conhecimento sóciocognitivo não é suficiente se não apreendermos os aspectos estritamente linguísticos. A questão é refletirmos sobre quais escolhas lexicais fazemos e o modo como podemos construir a arquitetura do texto, as estratégias linguísticas, a fim de que o texto se torne claro e faça sentido ao nosso interlocutor - referimo-nos, agora, à coesão textual, referencial, sequencial.

Caso o leitor não compreenda o código ali colocado, a coerência não se constituirá. Isso pode ocorrer quando há alguma expressão no texto de uma língua diferente daquela usada pelo leitor, como o latim, o francês, o inglês, e outras. Ou, ainda, quando o registro é extremamente específico de uma área, como os famosos jargões técnicos: vocabulários jurídico, médico, etc. Além do conhecimento das palavras, a relação sintática também é de suma importância, ou seja, a forma como articulamos e combinamos as palavras. Dessa maneira, dizemos que as relações entre os segmentos textuais para estabelecimento da coesão podem se apresentar no interior do enunciado; entre orações e períodos; entre parágrafos.

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A seguir, encontra-se uma breve retomada histórica. Trata-se de um recorte de apenas dois momentos que ilustram a evolução na análise da comunicação textual, cujo foco passa da palavra para a frase, para o texto, para o enunciado. Independentemente do foco, precisa-se da língua oral/escrita para se fazer entender e, para tal, coerência e coesão norteiam as mensagens, o querer.

Enfim, chega-se na Linguística Textual e seus recursos léxico-gramaticais, para, por meio das considerações explanadas, alcançar a definição de Homem sócio-histórico-psíquico-ideológico-cultural.

Século XIX

A história, aqui, inicia-se no século XIX: o século dos comparativistas, da linguística comparativa. Nessa época, três gerações com três vertentes teóricas estabelecem diferentes métodos para abordagem da língua:

1ª. Geração Comparativista: Perspectiva Histórica.

Hipótese: Todas as línguas tinham sua origem no hebraico – o idioma do velho testamento. Isso porque quando Deus ditou os 10 mandamentos, Moisés escreveu em hebraico: a língua mais antiga que deu origem a todas as outras línguas. Pois bem, essa 1ª geração comparativista afirma que há uma protolíngua, uma língua da qual as outras se originam. E acabam concluindo que a origem das línguas não é o hebraico, mas o sânscrito, por ser a língua da civilização hindu. Portanto, o português é uma língua hindu-europeia, assim como o francês, o espanhol, e outras.

É segundo tal hipótese que essa geração defende sua grande tese: as línguas são produtos da história. Elas são produzidas na e pela história.

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Essa geração discute o realismo, a propagação e incentivo à ciência, o aprimoramento industrial ao substituir o motor a vapor pelo motor elétrico. Brotam as pesquisas em física, química, nas ciências exatas. Sempre comparando, os estudos se baseiam na teoria de Darwin, que é o determinismo, o positivismo, a teoria da evolução. É nessa perspectiva que a comparação entre as línguas continua.

Hipótese: As línguas são organismos vivos que nascem, crescem, desenvolvem-se e morrem. Surge, então, a concepção de Línguas Vivas e Línguas Mortas.

Concepção: A História é inimiga das Línguas.

3ª. Geração Comparativista: As Línguas são Produtos Sociais, apesar da Influência Histórica

Continua a gramática comparada, mas sob a ótica da física, da propagação do som. Começa-se a perceber a diferença entre fonema e som e que os fonemas se atualizam pelo som.

Conclui-se que as línguas se transformam, mas estas transformações não são aleatórias. Elas obedecem a leis cegas e necessárias. Isso porque as línguas são sociais, são produtos sociais, apesar da influência histórica. Saussure (2004) dizia que a linguagem vive através do tempo, sendo, portanto, suscetível de se transmitir. Saussure (1897 – 1913), que foi dessa geração, era um grande conhecedor na linguística histórica. Ele constrói os primeiros princípios com orientação metodológica para trabalhar a língua em uma perspectiva científica, sendo chamado de PAI DA LINGUÍSTICA.

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fala existe em uma relação inexoravelmente necessária com a língua. A língua se liga na linguagem, que se liga no pensamento, que se liga na fala, que se liga na língua.

Trabalhar a linguagem é trabalhar o homem (KOCH, 2008). Século XX

Estruturalismo.

Até aproximadamente 1960, deu-se a era estruturalista. Nela, o objeto de estudo é a Palavra focalizada quanto à sua estrutura e/ou a Palavra inserida nas categorias da frase (o objeto mais complexo da análise é a frase). É quando a gramática tradicional contemporânea ou gramática normativa se torna objeto de crítica e passa a ser questionada e depreciada. O estruturalismo é definido como um sistema imanentei, excluindo, portanto, o homem das investigações e aí, necessariamente, excluem-se a história, a cultura e os valores. O estruturalismo é “ahistórico”, “ahumano”. Ele projeta um falante ideal.

Pós-Estruturalismo

A partir de 1960, surge, então, uma linguística transfástica: é o momento do surgimento da Teoria da Enunciação, de Benveniste (1902 – 1976) (tal teoria

iImanente

Referências

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