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Repositório Institucional UFC: Leis de potência no regime estacionário do escoamento bifásico em meios porosos

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Academic year: 2018

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DEPARTAMENTO DE F´ISICA

PROGRAMA DE P ´OS-GRADUAC¸ ˜AO EM F´ISICA

JONATHAN M ´ARCIO AM ˆANCIO SALES

LEIS DE POT ˆENCIA NO REGIME ESTACION ´ARIO DO ESCOAMENTO BIF ´ASICO EM MEIO POROSOS

(2)

LEIS DE POT ˆENCIA NO REGIME ESTACION ´ARIO DO ESCOAMENTO BIF ´ASICO EM MEIO POROSOS

Dissertac¸˜ao de Mestrado apresentada ao Pro-grama de P´os-Graduac¸˜ao em F´ısica da Univer-sidade Federal do Cear´a, como requisito parcial para a obtenc¸˜ao do T´ıtulo de Mestre em F´ısica.

´

Area de Concentrac¸˜ao: F´ısica da Mat´eria Con-densada.

Orientador: Prof. Dr. Claudio Lucas Nunes de Oliveira.

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LEIS DE POT ˆENCIA NO REGIME ESTACION ´ARIO DO ESCOAMENTO BIF ´ASICO EM MEIO POROSOS

Dissertac¸˜ao de Mestrado apresentada ao Pro-grama de P´os-Graduac¸˜ao em F´ısica da Univer-sidade Federal do Cear´a, como requisito parcial para a obtenc¸˜ao do T´ıtulo de Mestre em F´ısica.

´

Area de Concentrac¸˜ao: F´ısica da Mat´eria Con-densada.

Aprovada em 14/09/2017.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Claudio Lucas Nunes de Oliveira (Orientador) Universidade Federal do Cear´a (UFC)

Prof. Dr. Jos´e Soares de Andrade J´unior Universidade Federal do Cear´a (UFC)

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S155l Sales, Jonathan Márcio Amâncio.

Leis de potência no regime estacionário do escoamento bifásico em meio porosos / Jonathan Márcio Amâncio Sales. – 2017.

58 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências, Programa de Pós-Graduação em Física, Fortaleza, 2017.

Orientação: Prof. Dr. Claudio Lucas Nunes de Oliveira.

1. Escoamento Bifásico. 2. Meios Porosos. 3. Leis de Potência. 4. Fluidos. I. Título.

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Agradec¸o, acima de tudo, a Cristo, meu Senhor, a quem devo toda a minha vida. Agradec¸o a minha esposa e melhor amiga Juliana Monteiro da Costa Sales por todo seu amor, sua dedicac¸˜ao, sua compreens˜ao e por sempre estar ao meu lado.

Agradec¸o aos meus pais M´arcio Moreira Sales e Vˆania Amˆancio Sales por todo apoio que me deram, pelos incentivos e por todos os seus conselhos; e tamb´em `as minhas irm˜as Mylena Amˆancio Sales Silva e Amanda Caroline Amˆancio Sales.

Agradec¸o ao meu orientador, Professor Dr. Claudio Lucas Nunes de Oliveira, por todo apoio e pela excelente orientac¸˜ao neste trabalho.

Agradec¸o tamb´em aos meus amigos e colegas do Grupo de Sistemas Complexos, a saber, Wagner Sena, Aur´elio Wildson, Emanuel Fontelles, Samuel Morais, Jo˜ao Paulo Nou-gueira, William Mesquita, C´esar Menezes e Rilder Pires.

Agradec¸o tamb´em aos professores, amigos e colegas do Departamento de F´ısica da Universidade Federal do Cear´a.

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O escoamento de dois fluidos imisc´ıveis em meios porosos ocorre espontaneamente na natureza mas tamb´em pode ser induzido por ac¸˜oes humanas. O exemplo mais ´obvio deste ´ultimo caso ´e a injec¸˜ao de um fluido (normalmente ´agua ou g´as) em um reservat´orio de petr´oleo. De fato, devido `a sua aplicac¸˜ao tecnol´ogica, tal tema tem sido objeto de pesquisa h´a d´ecadas. Entretanto, a maioria destes estudos se concentra no deslocamento de uma fase por outra, onde a interface entre elas se move em um regime transiente at´e atingir uma dada regi˜ao (usualmente, o poc¸o produtor). Essa perspectiva ´e importante em uma abordagem macrosc´opica onde o interesse ´e retardar o tempo debreakthrough, ou seja, o tempo que o fluido injetado leva at´e alcanc¸ar o poc¸o produtor. Por outro lado, em uma abordagem mesosc´opica, na escala do tamanho dos poros, a interface n˜ao ´e abrupta e os canais porosos s˜ao alimentados por ambos os fluidos. Isto produz uma competic¸˜ao desorganizada no escoamento, mas que durante um curto intervalo de tempo pode levar a um escoamento estacion´ario onde a velocidade de cada fluido, e portanto, a permeabilidade relativa de cada fase, n˜ao muda com o tempo. Esse tipo de escoamento es-tacion´ario e sua influˆencia na propagac¸˜ao macrosc´opica da frente de invas˜ao ainda s˜ao pouco conhecidos. Neste trabalho, n´os estamos interessados em investigar o deslocamento de dois fluidos no regime estacion´ario de escoamento bif´asico em meios porosos. Para obter o regime estacion´ario n´os consideramos um meio poroso bidimensional com condic¸˜oes peri´odicas de contorno em ambas as direc¸˜oes. Por isso, nosso sistema pode ser compreendido como duas fa-ses se movendo na superf´ıcie de um toro poroso. O regime estacion´ario ´e ent˜ao definido quando a velocidade (que est´a relacionada com a permeabilidade relativa) de ambas as fases oscila em torno de um valor m´edio, que n˜ao muda com o tempo. N´os, ent˜ao, mostramos que, neste regime, as oscilac¸˜oes na s´erie temporal da velocidade apresentam leis de potˆencia caracter´ısticas cujos expoentes dependem da quantidade (saturac¸˜ao) e das propriedades dos fluidos. Por exemplo, a distribuic¸˜ao de avalanches das velocidades, que ocorrem devido a formac¸˜ao de bolhas de fluido, de diferentes tamanhos, que ficam presas nos canais porosos durante um tempo e s˜ao libera-das repentinamente no fluxo alterando assim a velocidade e a permeabilidade relativa da fase, depende da saturac¸˜ao das fases fluidas envolvidas e, tamb´em, do valor da tens˜ao interfacial.

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be induced by human actions. The most obvious example of this latter case is the injection of a fluid (usually water or gas) into an oil reservoir. In fact, due to its technological application, this theme has been the object of research for decades. However, most of those studies focus on the displacement of a phase due to another, where the interface between them moves in a transient regime until it reaches a given region (usually the producing well). This perspective is important in a macroscopic approach where the interest is delaying the breakthrough time, that is, the time that the injected fluid takes until reaching the producing well. On the other hand, in a mesoscopic approach, in the pore size scale, the interface is not abrupt and the porous channels are fed by both fluids. This produces a disorganized competition in the flow, but which for a short time can lead to a steady flow where the velocity of each fluid, and hence the relative permeability of each phase, does not change with time. This type of steady flow and its influence on the macroscopic spread of the invasion front is still not well known. In this paper, we are interested in investigating the displacement of two fluids in the steady state biphasic flow regime in porous media. To obtain the steady state we consider a two dimensional porous medium with periodic boundary conditions in both directions. Therefore, our system can be understood as two phases moving on the surface of a porous torus. The steady state is then defined when the velocity (which is related to the relative permeability) of both phases oscillates around an average value, which does not change with time. We then show that in this regime the oscillations in the time series of velocity have characteristic power laws whose exponent depends on the quantity (saturation) and properties of the fluids. For example, the avalanche distribution of velocities occurring due to the formation of fluid bubbles of different sizes that become trapped in the porous channels for a time and are suddenly released into the stream thereby altering the velocity and the relative permeability of the phase, depends on the saturation of the fluid phases involved and also on the value of the interfacial tension.

(9)

Figura 1 – Experiˆencia cl´assica das duas placas. . . 17

Figura 2 – Molhabilidade e ˆangulo de contato. . . 25

Figura 3 – O meio poroso. . . 34

Figura 4 – A malha de discretizac¸˜ao do meio poroso. . . 34

Figura 5 – Configurac¸˜ao inicial do escoamento de duas fases newtonianas. . . 35

Figura 6 – Escoamento bif´asico ap´os 50.000 iterac¸˜oes. . . 38

Figura 7 – Mapa da magnitude da velocidade ap´os50.000iterac¸˜oes. . . 39

Figura 8 – Avalanches (bursts) em uma s´erie temporal. . . 42

(10)

Gr´afico 1 – Tens˜ao de cisalhamento em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao. . . 21

Gr´afico 2 – Comparac¸˜ao da ´area da interface entre os fluidos. . . 36

Gr´afico 3 – Velocidade m´edia (componente na direc¸˜aox),hVxi, em func¸˜ao do n´umero de iterac¸˜oes. . . 37

Gr´afico 4 – An´alise das s´eries temporais da velocidade atrav´es do m´etodo DFA. . . 41

Gr´afico 5 – An´alise da distribuic¸˜ao dos tamanhos das avalanches nas s´eries temporais da velocidade. . . 43

Gr´afico 6 – Saltos de velocidade (∆v) em func¸˜ao do n´umero de iterac¸˜oes. . . 44

Gr´afico 7 – An´alise das distribuic¸˜oes dos valores absolutos dos saltos de velocidade,|∆v(t)|, nas s´eries temporais da velocidade m´ediahVx(t)i, paraγ = 0.0001N/m. . . 45

Gr´afico 8 – An´alise das distribuic¸˜oes dos valores absolutos dos saltos de velocidade,|∆v(t)|, nas s´eries temporais da velocidade m´ediahVx(t)i, paraγ = 0.010e0.030N/m. 46 Gr´afico 9 – Viscosidade aparente em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao de um fluido n˜ao-newtoniano com duas viscosidades. . . 47

Gr´afico 10 –Saturac¸˜ao em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao cr´ıtica. . . 48

Gr´afico 11 –Velocidade m´edia (na direc¸˜aox) em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao cr´ıtica. .ˆ 49 Gr´afico 12 –Permeabilidade efetiva em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao cr´ıtica. . . 49

Gr´afico 13 –Primeiro passo do m´etodo DFA. . . 52

Gr´afico 14 –Segundo passo do m´etodo DFA. . . 53

(11)

Tabela 1 – Comparac¸˜ao dos expoentes obtidos a partir do m´etodo DFA. . . 40 Tabela 2 – Comparac¸˜ao dos expoentes das distribuic¸˜oes dos tamanhos das avalanches. . 42 Tabela 3 – Comparac¸˜ao dos expoentes obtidos das distribuic¸˜oes dos valores absolutos

(12)

m Massa

ρ Massa espec´ıfica ou densidade ~g Acelerac¸˜ao local da gravidade

~

P Momento linear

~

V ou~u Velocidade

Vx Componente da velocidade na direc¸˜aoxˆ VT Velocidade terminal ou limite

hVx(t)i M´edia volum´etrica deVx no instante de tempot

Q Vaz˜ao

p Press˜ao

pcap Press˜ao capilar

T Temperatura

µ Coeficiente de viscosidade dinˆamica ou absoluta η Coeficiente de viscosidade aparente ou efetiva

φ Porosidade

k Coeficiente de permeabilidade absoluta kef Coeficiente de permeabilidade efetiva

S Saturac¸˜ao

S1 Saturac¸˜ao do fluido de viscosidadeµ= 0.1 M Raz˜ao da viscosidade

~

F Forc¸a

γ Tens˜ao superficial

σ Tens˜ao normal

τ Tens˜ao de cisalhamento ˙

γ Taxa de deformac¸˜ao ˙

(13)

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . 13

1.1 Descric¸˜ao do problema f´ısico e objetivo . . . 13

1.2 Organizac¸˜ao da dissertac¸˜ao . . . 14

2 ESCOAMENTO MULTIF ´ASICO EM MEIOS POROSOS . . . 15

2.1 Fluidos . . . 15

2.1.1 Viscosidade . . . 17

2.2 Meios Porosos . . . 21

2.2.1 Porosidade e Permeabilidade . . . 22

2.3 Escoamento multif´asico . . . 22

2.3.1 Tens˜ao superficial e Molhabilidade . . . 23

2.3.2 Press˜ao Capilar . . . 25

2.3.3 Lei de Darcy . . . 26

2.3.4 Escoamento em um Tubo Capilar . . . 26

2.4 Equac¸˜oes b´asicas da dinˆamica de fluidos . . . 27

2.4.1 Conservac¸˜ao da massa . . . 27

2.4.2 Equac¸˜ao do momento linear . . . 28

2.4.3 Equac¸˜oes de Navier-Stokes . . . 29

3 FORMULAC¸ ˜AO DO PROBLEMA, RESULTADOS E DISCUSS ˜OES . . . 33

3.1 Formulac¸˜ao do Problema e da Soluc¸˜ao . . . 33

3.2 Resultados e Discuss˜oes . . . 35

3.2.1 An´alise das s´eries temporais da velocidade . . . 40

3.2.1.1 M´etodo de an´alise de flutuac¸˜oes sem tendˆencias . . . 40

3.2.1.2 Avalanches . . . 41

3.2.1.3 Saltos . . . 44

3.3 Fluido N˜ao-Newtoniano com duas viscosidades . . . 47

4 CONCLUS ˜AO . . . 51

AP ˆENDICE A -- M ´ETODO DFA . . . 52

(14)

1 INTRODUC¸ ˜AO

O escoamento de dois fluidos imisc´ıveis em meios porosos pode ocorrer esponta-neamente na natureza, como tamb´em pode ser induzido por ac¸˜oes humanas. Considerando este ´ultimo caso, certamente o primeiro exemplo que nos vem a mente ´e a recuperac¸˜ao de petr´oleo atrav´es da injec¸˜ao de um fluido (normalmente ´agua ou g´as) em um reservat´orio de petr´oleo. De fato, devido `a sua grande aplicac¸˜ao tecnol´ogica, o escoamento em meios porosos tem sido, h´a d´ecadas, objeto de pesquisa de diversos campos das Ciˆencias e Engenharias. Entretanto, muitos desses estudos se concentram no deslocamento de uma fase por outra, onde a interface entre elas se move em um regime transiente at´e atingir uma dada regi˜ao (usualmente, o poc¸o produtor).

Essa perspectiva ´e importante em uma abordagem macrosc´opica onde o interesse ´e retardar o tempo debreakthrough, ou seja, o tempo que o fluido injetado leva at´e alcanc¸ar o poc¸o produtor. Por outro lado, em uma abordagem mesosc´opica, na escala do tamanho dos poros, a interface n˜ao ´e abrupta e os canais porosos s˜ao alimentados por ambos os fluidos. Isto produz uma competic¸˜ao desorganizada no escoamento, mas que durante um curto intervalo de tempo pode levar a um escoamento estacion´ario onde a velocidade de cada fluido, e portanto, a permeabilidade relativa de cada fase, n˜ao muda com o tempo. Esse tipo de escoamento es-tacion´ario e sua influˆencia na propagac¸˜ao macrosc´opica da frente de invas˜ao ainda s˜ao pouco conhecidos.

1.1 Descric¸˜ao do problema f´ısico e objetivo

O comportamento dos fluidos pode ser descrito pelas equac¸˜oes de Navier-Stokes, que consistem em um conjunto de equac¸˜oes diferenciais parciais n˜ao-lineares que se baseiam em leis de conservac¸˜ao, tais como as conservac¸˜oes de massa (equac¸˜ao da continuidade), de mo-mento linear, de momo-mento angular e de energia. A partir dessas equac¸˜oes, pode-se determinar os campos de velocidade e de press˜ao em um escoamento, por´em, na pr´atica, devido a alta comple-xidade matem´atica presente nessas equac¸˜oes, apenas casos mais simples podem ser resolvidos analiticamente [1]. Al´em disso, as condic¸˜oes iniciais e as condic¸˜oes de contorno fazem com que as soluc¸˜oes, para a maioria das situac¸˜oes, sejam dif´ıceis ou at´e mesmo imposs´ıveis de se obter. No entanto, as equac¸˜oes de Navier-Stokes podem ser simplificadas de modo significativo dependendo das propriedades dos fluidos envolvidos e do tipo de escoamento, possibilitando assim uma soluc¸˜ao num´erica [2].

(15)

e isot´ermico. Para tanto, n´os consideramos um meio poroso bidimensional com condic¸˜oes peri´odicas de contorno em ambas as direc¸˜oes. Por isso, nosso sistema pode ser compreen-dido como duas fases newtonianas movendo-se na superf´ıcie de um toro poroso. O regime estacion´ario ´e definido quando a velocidade (que, como veremos no pr´oximo cap´ıtulo, est´a re-lacionada com a permeabilidade relativa por meio da lei de Darcy) de ambas as fases oscila em torno de um valor m´edio, que n˜ao muda com o tempo.

1.2 Organizac¸˜ao da dissertac¸˜ao

Essa dissertac¸˜ao est´a organizada da seguinte forma. O Cap´ıtulo 1 ´e uma introduc¸˜ao geral aos assuntos que ser˜ao abordados nesta dissertac¸˜ao. O Cap´ıtulo 2 ´e uma introduc¸˜ao `a alguns conceitos fundamentais relacionados `a Mecˆanica dos fluidos, no que diz respeito ao escoamento em meios porosos. Nessa parte falaremos sobre as definic¸˜oes de fluido e de vis-cosidade, como tamb´em, sobre a caracterizac¸˜ao dos fluidos chamados de newtonianos e n˜ao-newtonianos. Apresentaremos os conceitos de porosidade e permeabilidade que caracterizam, respectivamente, o meio poroso e como se d´a o escoamento de um fluido nesse meio. Tamb´em abordaremos quest˜oes como tens˜ao superficial, molhabilidade, press˜ao capilar, lei de Darcy, escoamentos multif´asicos, equac¸˜ao de continuidade e as equac¸˜oes de Navier-Stokes.

(16)

2 ESCOAMENTO MULTIF ´ASICO EM MEIOS POROSOS

Neste cap´ıtulo ser˜ao discutidos alguns dos conceitos fundamentais do escoamento de fluidos em meios porosos. Primeiramente, abordaremos sobre as propriedades b´asicas dos fluidos e definiremos o meio poroso, depois discutiremos sobre as equac¸˜oes que descrevem o escoamento dos fluidos atrav´es dos canais porosos.

2.1 Fluidos

Fluidos s˜ao substˆancias que se deformam continuamente quando um esforc¸o de cisalhamento ´e aplicado [3, 4]. Eles s˜ao um subconjunto das fases da mat´eria que incluem l´ıquidos, gases, plasmas e, at´e certo ponto, s´olidos pl´asticos. Em termos mais simples, um fluido ´e uma substˆancia que n˜ao consegue resistir a uma forc¸a de cisalhamento, por menor que seja a intensidade desta forc¸a. Apesar de o termo “fluido” incluir as fases l´ıquida e gasosa, no cotidiano, entretanto, fluido ´e frequentemente usado como sinˆonimo de l´ıquido. Por exemplo, o “fluido de freio” em um motor de carro ´e um ´oleo incompress´ıvel que n˜ao ir´a funcionar corretamente se houver g´as nele. Podemos diferenciar l´ıquidos e gases com base na resistˆencia que o material apresenta quando submetido `a compress˜ao: enquanto os l´ıquidos resistem `as forc¸as de compress˜ao, os gases apresentam pouca resistˆencia. Essa diferenc¸a est´a relacionada `as forc¸as de coes˜ao entre as mol´eculas dessas substˆancias.

A distinc¸˜ao entre s´olidos e fluidos, por outro lado, tende a ser mais clara. Entre-tanto, como veremos mais adiante, em alguns casos especiais, como os s´olidos pl´asticos, essa distinc¸˜ao ´e bem mais confusa. Como j´a foi dito, os fluidos s˜ao incapazes de suportar um esforc¸o de cisalhamento, e em equil´ıbrio est´atico n˜ao resistem `a deformac¸˜ao permanente, resistindo ape-nas a taxas relativas de deformac¸˜ao de forma dissipadora, mas podem responder com forc¸as de restaurac¸˜ao a tens˜oes normais. Em contraste, os s´olidos respondem `as ac¸˜oes externas, sejam elas cisalhantes ou normais, com uma forc¸a de restaurac¸˜ao semelhante a de uma mola, o que significa que pequenas deformac¸˜oes s˜ao revers´ıveis. Em um s´olido, o esforc¸o de cisalhamento ´e uma func¸˜ao da tens˜ao, mas em um fluido, o esforc¸o de cisalhamento ´e uma func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao. Uma consequˆencia desse comportamento ´e a lei de Pascal, que descreve o papel da press˜ao na caracterizac¸˜ao do estado de um fluido.

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por´em, ambos tentar˜ao minimizar sua energia superficial: os l´ıquidos tendem a formar gotas arredondadas, enquanto que os s´olidos puros tendem a formar cristais. Os gases, por outro lado, n˜ao possuem superf´ıcies livres e difundem-se livremente. Como veremos nos pr´oximos cap´ıtulos, a tens˜ao superficial ´e uma propriedade de grande relevˆancia no escoamento dos flui-dos.

A estrutura molecular de um fluido ´e importante para caracteriz´a-lo, por´em n˜ao ´e poss´ıvel descrever seu comportamento, seja em equil´ıbrio ou em movimento, a partir da dinˆamica individual das mol´eculas que o constituem [3]. Em outras palavras, ´e praticamente imposs´ıvel, seja analitica ou numericamente, estudar os fluidos pela abordagem Lagrangiana. Ao inv´es disso, o comportamento dos fluidos ´e descrito com base na hip´otese do cont´ınuo, isto ´e, considerando um fluido como um meio cont´ınuo. Tal abordagem ´e chamada de Euleriana, onde as propriedades, como massa espec´ıfica, temperatura e velocidade dos fluidos s˜ao consi-deradas como tendo um valor definido em cada ponto do espac¸o e por isso s˜ao consiconsi-deradas func¸˜oes cont´ınuas da posic¸˜ao e do tempo [4].

A hip´otese do cont´ınuo ´e v´alida quando, para um dado volume de uma substˆancia, este pode ser dividido em elementos de volume, considerados muito pequenos do ponto de vista macrosc´opico, que contenham um n´umero suficiente de mol´eculas para que os efeitos m´edios de suas propriedades dentro de cada elemento de volume sejam constantes ou variem continuamente com o tempo e com a posic¸˜ao [2, 5]. Por exemplo, embora a distribuic¸˜ao das velocidades das mol´eculas em um fluido seja extremamente n˜ao-uniforme [6], a distribuic¸˜ao das velocidades m´edias dos elementos de fluido n˜ao o ´e. Entretanto, essa hip´otese falha sempre que a trajet´oria m´edia livre das mol´eculas torna-se da mesma ordem de grandeza que a menor dimens˜ao caracter´ıstica significativa do problema [2, 4]. A esses elementos de volume m´ınimo para os quais a hip´otese do cont´ınuo ´e v´alida chamaremos de part´ıculas fluidas. Vale destacar que o conceito de um meio cont´ınuo constitui a base da mecˆanica dos fluidos cl´assica [4].

Os tipos de forc¸as que agem sobre as part´ıculas fluidas s˜ao asforc¸as de superf´ıcie ouforc¸as de contato (e.g., forc¸as de atrito e normal), que s˜ao geradas pelo contato com outras part´ıculas ou com superf´ıcies s´olidas, e asforc¸as de campo(e.g., forc¸as gravitacional e eletro-magn´etica), que agem atrav´es das part´ıculas [4]. O m´odulo da forc¸a gravitacional, por exemplo, atuando sobre um elemento de fluido de volume dV ´e dado por ρgdV, onde ρ ´e a densidade (massa espec´ıfica) do fluido eg ´e o m´odulo da acelerac¸˜ao local da gravidade. J´a, as forc¸as de superf´ıcie agindo sobre part´ıculas fluidas geram o que chamamos de tens˜oes [4], e podem ser descritas da seguinte forma.

(18)

normalσe uma tens˜ao de cisalhamentoτ s˜ao, ent˜ao, definidas como [4]:

σ = lim δAn→0

δFn δAn =

dFn

dAn, (2.1)

τ = lim δAn→0

δFt δAn =

dFt

dAn. (2.2)

Como veremos mais adiante, dependendo da relac¸˜ao entre a tens˜ao de cisalhamento e a taxa de deformac¸˜ao por cisalhamento e seus derivados, os fluidos podem ser caracterizados como “fluidos newtonianos” ou “fluidos n˜ao-newtonianos”. No primeiro, a tens˜ao de cisalha-mento ´e diretamente proporcional `a taxa de deformac¸˜ao, mas no segundo isso n˜ao ´e verdade.

2.1.1 Viscosidade

Considere a experiˆencia cl´assica das duas placas, que consiste em duas placas s´olidas paralelas separadas por uma distˆanciahcom uma porc¸˜ao de fluido incompress´ıvel entre elas, como mostra a Figura 1a. Suponha que o sistema est´a inicialmente em repouso. Fixando o referencial, em coordenadas cartesianas, na placa inferior e aplicando uma forc¸a constante para a direita,δ ~F =δFxx, na placa superior, a experiˆencia mostra que esta ´ultima move-se com umaˆ acelerac¸˜ao n˜ao nula durante um certo intervalo de tempo, e depois, se move com velocidade constante~u =VTx, chamada velocidade limite ou velocidade terminal [7].ˆ

Figura 1 – Experiˆencia cl´assica das duas placas.

x y

h

(a) Duas placas s´olidas paralelas separadas por uma distˆanciahcom uma porc¸˜ao de fluido entre elas, inicialmente em repouso.

δF

VT

x y

δα

(b) Uma forc¸a constante,δ ~F, atuando na placa superior faz com que esta se mova a uma velocidade constanteV~T.

A experiˆencia das duas placas ´e utilizada para calcular a deformac¸˜ao angularδα. Fonte: Elaborado pelo autor.

(19)

cisalhamento,γ, ´e dada por [4]:˙

˙

γ = lim δt→0

δα δt =

dt. (2.3)

Pela Figura 1b, temos que o ˆanguloδα´e dado por:

tanδα= δx

h , (2.4)

mas, para ˆangulos pequenos,tanδα≈δα. Assim a Equac¸˜ao 2.4 pode ser escrita como:

δα= δx

h . (2.5)

Como a velocidade ´e constante podemos escrever:

VT = δx

δt ⇒δx=VTδt. (2.6)

Combinando as Equac¸˜oes 2.5 e 2.6, teremos que a taxa de deformac¸˜ao ser´a:

dα dt =

VT

h . (2.7)

Devido `a ac¸˜ao cisalhante da placa sobre o fluido, este separa-se em lˆaminas ou camadas paralelas entre si e tamb´em paralelas em relac¸˜ao `as placas, e que movem-se com velocidades de m´odulos diferentes [7]. Esse tipo de escoamento em que as part´ıculas fluidas se movem em camadas lisas ou lˆaminas ´e chamado deescoamento laminar [4]. Sabe-se, no entanto, que um fluido em contato com uma superf´ıcie s´olida n˜ao desliza sobre a mesma, pois, o fluido adquire a mesma velocidade da superf´ıcie devido `a condic¸˜ao de n˜ao deslizamento, que ´e um fato experimental [4]. Portanto, a lˆamina de fluido adjacente `a placa m´ovel se move com a mesma velocidade da placa,VT; e a lˆamina de fluido adjacente `a placa im´ovel permanece com velocidade nula. Os m´odulos das velocidades das demais lˆaminas variam linearmente entre os dois extremos, zero e VT [7]. Esse fato experimental pode ser expresso atrav´es da seguinte equac¸˜ao:

u(y) =yVT

h . (2.8)

em quey ´e uma distˆancia gen´erica em relac¸˜ao `a placa inferior. Observe que no escoamento entre as placas existe um gradiente de velocidade dado por [3]:

du dy =

VT

h . (2.9)

Das equac¸˜oes 2.7 e 2.9 teremos que a taxa de deformac¸˜ao ser´a:

dα dt =

du

(20)

cisalhamento,τ, aplicada ao fluido que ´e dada pela Equac¸˜ao 2.2. Uma tens˜ao de cisalhamento aplicada em um fluido gera, por sua vez, uma taxa de deformac¸˜ao dada pela Equac¸˜ao 2.10. Assim, podemos escrever a tens˜ao de cisalhamento como uma func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao:

τ =τ

du dy

=τ( ˙γ). (2.11)

Os fluidos para os quais a tens˜ao de cisalhamento segue uma relac¸˜ao linear, ou diretamente proporcional, com a taxa de deformac¸˜ao s˜ao chamados defluidos newtonianos. J´a, os fluidos em que a tens˜ao de cisalhamento n˜ao ´e diretamente proporcional `a taxa de cisalhamento s˜ao denominadosfluidos n˜ao-newtonianos.

Para o escoamento unidimensional de fluidos newtonianos, a relac¸˜ao entre a tens˜ao de cisalhamento e a taxa de deformac¸˜ao ´e do tipo:

τ ∝ du

dy. (2.12)

Inserindo uma constante de proporcionalidade na Equac¸˜ao 2.12 obtemos a famosa lei de Newton da viscosidade [3, 4, 8]:

τ =µdu

dy, (2.13)

ondeµ´e o coeficiente de viscosidade dinˆamica ou absoluta. A Equac¸˜ao 2.13 ´e conhecida como lei de Newton da viscosidade (como j´a foi citado) pelo fato de expressar matematicamente as ideias b´asicas apontadas na Sec¸˜ao IX “The circular motion of fluids” da obra seminal Philo-sophiae Naturalis Principia Mathematicade Isaac Newton [8, 9, 10].

A viscosidade ´e definida como a propriedade f´ısica que mede a resistˆencia de um fluido ao escoamento. Assim, quanto maior for a viscosidade de um fluido, maior ser´a sua resistˆencia ao escoamento. A viscosidade dos fluidos se origina do atrito interno [7, 9, 11]. Nos l´ıquidos, esse atrito interno est´a associado `as forc¸as de coes˜ao entre as mol´eculas; j´a nos gases, est´a relacionado `a transferˆencia de momento [3, 7]. Da definic¸˜ao de viscosidade como resistˆencia ao escoamento, percebe-se que a taxa de deformac¸˜ao de um fluido depende de sua viscosidade; em comparac¸˜ao com um s´olido, a deformac¸˜ao sofrida por este, devido a uma tens˜ao de cisalhamento, depende do seu m´odulo de rigidez. Assim, os s´olidos s˜ao ditos el´asticos e os fluidos, viscosos [4].

´

E interessante destacar que a viscosidade dos fluidos newtonianos ´e func¸˜ao da tem-peratura e da press˜ao [9, 12], isto ´e:

µ=µ(T, p). (2.14)

(21)

gases a viscosidade aumenta com o aumento da temperatura [3, 7, 9]. Essa dependˆencia da viscosidade em relac¸˜ao `a temperatura pode ser percebida a partir de duas equac¸˜oes emp´ıricas [3]. A primeira equac¸˜ao ´e a equac¸˜ao de Andrade [13, 14], que mostra que a viscosidade dos l´ıquidos decai exponencialmente com a temperatura:

µ(T) = AeB/T. (2.15)

onde A e B s˜ao constantes emp´ıricas positivas e T ´e a temperatura absoluta [3, 9, 15]. A equac¸˜ao 2.15 foi originalmente proposta por Guzman [15], mas ficou popularmente conhe-cida como equac¸˜ao de Andrade, sendo tamb´em referida por alguns autores como equac¸˜ao de Guzman-Andrade. A segunda equac¸˜ao emp´ırica ´e a equac¸˜ao de Sutherland [16], que mostra que a viscosidade dos gases cresce com a temperatura:

µ(T) = C T 3/2

T +S. (2.16)

ondeC e S s˜ao constantes e T ´e a temperatura absoluta [3]. Com relac¸˜ao `a dependˆencia da press˜ao, a viscosidade de um fluido, em muitos casos, aumenta com o aumento da press˜ao [17]. Segundo Partal [9], a express˜ao mais usada para avaliar os efeitos da press˜ao na viscosidade de um l´ıquido ´e a equac¸˜ao de Barus [18, 19]:

µ(p) = µ0 eα

∆p. (2.17)

ondeµ0 ´e a viscosidade nas condic¸˜oes atmosf´ericas,α´e o coeficiente de piezoviscosidade e∆p ´e a diferenc¸a de press˜ao em relac¸˜ao `a press˜ao atmosf´erica.

Como j´a foi dito, os fluidos n˜ao-newtonianos s˜ao aqueles em que a tens˜ao de ci-salhamento n˜ao segue uma relac¸˜ao linear com a taxa de deformac¸˜ao. Um modelo bastante utilizado para modelar a relac¸˜ao entre a tens˜ao e a taxa de cisalhamento de muitos fluidos n˜ao-newtonianos cujo comportamento ´e independente do tempo ´e o modelo exponencial, tamb´em conhecido como relac¸˜ao de Ostwald-Waele [20], que, para o escoamento unidimensional, ´e dado por [4]:

τ =k

du dy

n

=k( ˙γ)n, (2.18)

(22)

Gr´afico 1 – Tens˜ao de cisalhamento em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao.

.

Fluido ne

wtoniano

Fluido pseudoplás

tico (n < 1)

Fluido dilatante (n > 1)

τ

γ

Gr´afico da tens˜ao de cisalhamento em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao para fluidos newtonianos (Equac¸˜ao 2.13) e n˜ao-newtonianos (Equac¸˜ao 2.18). Fonte: Elaborado pelo autor.

A Equac¸˜ao 2.18 ´e comumente reescrita na forma

τ =k

du dy

n−1 du dy =η

du

dy =ηγ,˙ (2.19)

de formato idˆentico ao da equac¸˜ao de Newton (Equac¸˜ao 2.13), onde η = k|du/dy|n−1 = k|γ˙|n−1

´e chamado deviscosidade aparenteouefetiva. Em alguns fluidos n˜ao-newtonianos, a viscosidade aparente ´e tamb´em dependente do tempo,η=η( ˙γ, t). Esse ´e o caso dos fluidos ti-xotr´opicos, cuja viscosidade aparente diminui com o passar do tempo, e dos fluidosreop´eticos, cuja viscosidade aparente aumenta com o tempo. H´a ainda substˆancias que, dependendo da tens˜ao de cisalhamento aplicada, comportam-se ora como fluidos, ora como s´olidos. Esse ´e o caso dos pl´asticos de Binghamou pl´asticos ideais, que para tens˜oes de cisalhamento abaixo de um determinado valor,τ0, comportam-se como s´olidos, resistindo `a tens˜ao aplicada; entre-tanto, para tens˜oes maiores que esse valor limite, essas substˆancias comportam-se como fluidos, apresentando uma relac¸˜ao linear entre a tens˜ao de cisalhamento e a taxa de deformac¸˜ao [3]:

τ =τ0+η du

dy. (2.20)

Mais informac¸˜oes quanto as propriedades de fluidos n˜ao-newtonianos podem ser encontradas nas referˆencias [3, 4, 21].

2.2 Meios Porosos

(23)

Quando os poros est˜ao conectados, formam-se canais por onde os fluidos podem escoar. Os meios porosos podem ser classificados de diversas maneiras de acordo com v´arios crit´erios. Trˆes desses crit´erios s˜ao a conectividade do poros, a estabilidade da estrutura porosa e a distribuic¸˜ao espacial dos poros. Quanto `a conectividade do poros, o meio poroso pode ser classificado como perme´avel, quando permite o escoamento de um fluido, ou imperme´avel, em caso contr´ario. Com relac¸˜ao `a estabilidade da estrutura porosa, o meio poroso ´e dito consolidado, quando a estrutura ´e rigida o suficiente para manter a configurac¸˜ao dos poros (como em ossos e pedra-pomes, por exemplo) ou n˜ao-consolidado, quando a estrutura n˜ao mant´em a configurac¸˜ao dos poros (como em esponjas e areia, por exemplo) [2]. Finalmente, quanto `a distribuic¸˜ao espacial dos poros, o meio poroso pode ser classificado como ordenados ou desordenados, dependendo da forma como os poros est˜ao distribu´ıdos ao longo do meio poroso.

A simulac¸˜ao de escoamentos em meios porosos ´e, em geral, bastante dif´ıcil devido a complexa natureza da geometria do meio poroso e tamb´em devido a heterogeneidade presente na composic¸˜ao qu´ımica de suas paredes internas [2]. Duas propriedades fundamentais com respeito aos meios porosos s˜ao a porosidade,φ, e a permeabilidade absoluta,k, que veremos a seguir.

2.2.1 Porosidade e Permeabilidade

A porosidade, φ, ´e o parˆametro f´ısico que mede a frac¸˜ao de poros em um meio poroso e ´e definida como a raz˜ao entre o volume dos poros (espac¸os vazios) e o volume total do meio poroso:

φ= volume total dos poros

volume total do meio poroso. (2.21) Assim, como fica claro da Equac¸˜ao 2.21, a porosidade varia entre0e1. Em queφ = 0significa que n˜ao h´a espac¸os vazios, isto ´e, o material ´e totalmente macic¸o, e φ = 1 significa que o material ´e oco. Dependendo da conectividade dos poros, pode-se ter dois tipos de porosidades, a saber, a porosidade absoluta ou total, definida na Equac¸˜ao 2.21, que considera todos os poros, e a porosidade efetiva que considera apenas os poros interconectados [23].

J´a a permeabilidade, k, ´e o parˆametro f´ısico que mostra como os poros est˜ao co-nectados. Essa quantidade descreve a habilidade de uma determinada fase escoar pelos canais entre os poros e depende somente da geometria do meio poroso, sendo, por isso, chamada frequentemente de permeabilidade absoluta [22, 24].

2.3 Escoamento multif´asico

(24)

temos ent˜ao o escoamento bif´asico, que ´e simplesmente um caso particular do escoamento mul-tif´asico. Cabe aqui definir o conceito de saturac¸˜ao. Em um escoamento multif´asico em meios porosos, a saturac¸˜ao, S, de uma determinada fase ´e a frac¸˜ao do volume do meio poroso que ´e ocupada por essa fase. ´E interessante destacar que diferentes valores de algumas proprie-dades, como tens˜ao superficial e viscosidade, por exemplo, formam diferentes estruturas de escoamento [5, 22].

2.3.1 Tens˜ao superficial e Molhabilidade

Na interface entre dois fluidos (l´ıquido e g´as ou dois l´ıquidos imisc´ıveis) ´e poss´ıvel observar a existˆencia de forc¸as superficiais que fazem com que a superf´ıcie do l´ıquido se com-porte como uma esp´ecie de membrana fict´ıcia [3]. Essas forc¸as superficiais atuam tangencial-mente na superf´ıcie fazendo com que a interface entre os fluidos esteja em um estado de tens˜ao [25]. Essa tens˜ao surge ent˜ao nos l´ıquidos como resultado do desequil´ıbrio entre as forc¸as co-esivas que atuam nas mol´eculas pr´oximas `a superf´ıcie do fluido [3, 26]. Tal desequil´ıbrio se deve ao fato de que as mol´eculas, que est˜ao no interior do fluido, interagem com as mol´eculas vizinhas atraindo-se igualmente, de modo que a forc¸a resultante que age sobre elas ´e nula, enquanto que as mol´eculas situadas pr´oximas `a superf´ıcie est˜ao sujeitas a forc¸as l´ıquidas que apontam para o interior do fluido [3]. A intensidade da forc¸a de atrac¸˜ao molecular por uni-dade de comprimento ao longo de qualquer linha na superf´ıcie do fluido ´e chamada de tens˜ao superficial [3, 25], sendo frequentemente representada porγ.

A tens˜ao superficial ´e a respons´avel por fazer com que os sistemas f´ısicos tendam a minimizar as ´areas das interfaces entre os fluidos [25, 27], raz˜ao pela qual ´e poss´ıvel observar pequenas quantidades de l´ıquido formarem gotas esf´ericas e, tamb´em, a formac¸˜ao de bolhas de g´as em um l´ıquido. Por esta raz˜ao, uma interpretac¸˜ao f´ısica alternativa de tens˜ao superficial est´a relacionada ao trabalho (energia) necess´ario para alterar a ´area superficial de um fluido [25, 26, 27]. Assim, podemos escrever que o trabalho, dW, necess´ario para aumentar a superf´ıcie de um fluido por uma ´area infinitesimal,dA, ´e:

dW =γdA. (2.22)

Por esse motivo, a tens˜ao superficial ´e tamb´em chamada deenergia de superf´ıcie.

Vale destacar que a tens˜ao superficial ´e uma propriedade do l´ıquido e que tamb´em depende da temperatura e do outro fluido que est´a em contato com o l´ıquido [3]. Quanto `a dependˆencia da temperatura, em geral, o valor da tens˜ao superficial decresce com o aumento da temperatura [3, 27].

(25)

positiva entre as partes interna e externa da superf´ıcie [4, 25]. Como um exemplo desse fato, vamos calcular a diferenc¸a de press˜ao na interface de uma gota esf´erica de um fluido incom-press´ıvel. Para isso, vamos considerar uma gota, de raioR, formada na extremidade de uma seringa devido ao deslocamento do ˆembolo. O ˆembolo, ao deslocar-se, realiza um trabalho so-bre o l´ıquido dado pordW = p dV, ondep ´e a press˜ao exercida pelo ˆembolo sobre o l´ıquido eV ´e o volume da gota. Entretanto, a gota, ao aumentar seu volume, tamb´em realiza trabalho, dW =pextdV, ao deslocar o ar a sua volta. Portanto, o trabalho total realizado sobre o fluido ´e:

dW = (p−pext)dV, (2.23)

ondepext ´e a press˜ao externa `a gota. Por outro lado, o trabalho necess´ario para formar a su-perf´ıcie de uma gota ´e dado pela Equac¸˜ao 2.22. Combinando essas duas equac¸˜oes (2.22 e 2.23), obtemos:

dW =γdA= (p−pext)dV. (2.24)

Sabendo que a ´area e o volume de uma esfera s˜ao, respectivamente,A = 4πR2

eV = 4 3πR

3 , podemos escrever a Equac¸˜ao 2.24 como:

γ d(4πR2) = (p−pext)d(4πR3/3) (2.25)

γ8πRdr = (p−pext)4πR2dr (2.26)

2γ = (p−pext)R. (2.27)

Portanto, a diferenc¸a de press˜ao,∆p= p−pext, na interface de uma gota esf´erica ´e dada pela lei de Laplace ou tamb´em chamada de lei Young-Laplace:

∆p= 2γ

R. (2.28)

(26)

(Figura 2). Assim, θ = 0o indica a completa molhabilidade da fase mais densa [28], o que

significa que essa fase ir´a espalhar-se completamente sobre a superf´ıcie. Paraθ= 90o, temos a

molhabilidade neutra, significando que ambas as fases molhar˜ao igualmente a superf´ıcie s´olida, e paraθ = 180o, temos a completa molhabilidade da fase menos densa. Dessa forma, quando

θ <90o, o fluido mais denso ser´a a fase molhante, e quandoθ >90o, ser´a a fase n˜ao-molhante.

A molhabilidade pode ser explicada levando em considerac¸˜ao os conceitos de forc¸as de coes˜ao e ades˜ao: no caso de uma fase molhante, a forc¸a de ades˜ao (atrac¸˜ao entre mol´eculas diferentes) ser´a maior do que a forc¸a de coes˜ao (atrac¸˜ao entre mol´eculas do mesmo tipo), fa-zendo com que a fase molhe a superf´ıcie; j´a para a fase n˜ao-molhante ocorre justamente o contr´ario, isto ´e, a forc¸a de coes˜ao ser´a superior a forc¸a de ades˜ao, fazendo com que a fase n˜ao se espalhe sobre a superf´ıcie.

Figura 2 – Molhabilidade e ˆangulo de contato.

θ=0° θ<90° θ=90° θ>90° θ=180°

θ θ

Ilustrac¸˜ao da quantificac¸˜ao da molhabilidade por meio do ˆangulo de contato, θ. Para θ = 0o, temos

a completa molhabilidade da fase mais densa, enquantoθ = 90o representa uma molhabilidade neutra

para ambas as fases eθ = 180o indica que a fase mais densa ´e completamente n˜ao-molhante. Fonte:

Elaborado pelo autor.

2.3.2 Press˜ao Capilar

Considere uma interface curva em equil´ıbrio entre dois fluidos imisc´ıveis, um fluido molhante e outro n˜ao-molhante, nos canais que ligam os poros do meio poroso [22]. A diferenc¸a de press˜ao na interface entre esses dois fluidos ´e chamada de press˜ao capilar,pcap, e pode ser escrita como

pcap=pnm−pm, (2.29)

ondepnm ´e a press˜ao na interface do lado do fluido n˜ao-molhante epm, ´e a press˜ao no lado do fluido molhante.

(27)

conhecida como lei de Young-Laplace [5, 22]:

pcap = 2γ cosθ

r . (2.30)

2.3.3 Lei de Darcy

Em seus estudos sobre o escoamento de fluidos em meios porosos, o engenheiro francˆes Henry Darcy, em 1856, observou que a velocidade da ´agua, ao passar por um meio poroso, seguia uma relac¸˜ao linear com gradiente de press˜ao, ao qual estava submetida a amos-tra [22, 24]. Depois de v´arios experimentos, Darcy concluiu que a velocidade de um fluido escoando em um meio poroso dependia, n˜ao apenas do gradiente de press˜ao, mas tamb´em da permeabilidade do meio e do inverso do coeficiente de viscosidade do fluido, deduzindo a se-guinte lei que carrega seu nome:

~v =−k

µ(∇p−ρ~g), (2.31)

ondeρ~g ´e a densidade de forc¸a gravitacional, o primeiro sinal negativo significa que o esco-amento segue para regi˜oes de menor press˜ao e a velocidade ´e definida em uma regi˜ao muito maior do que o tamanho dos poros. Portanto, a lei de Darcy, dada pela equac¸˜ao 2.31, ´e v´alida para meios porosos macrosc´opicos.

No escoamento simultˆaneo de v´arias fases fluidas em meios porosos, h´a uma esp´ecie de competic¸˜ao no escoamento dessas fases. Surge ent˜ao, uma nova permeabilidade, a permeabi-lidade efetiva,kef, que n˜ao depende apenas das propriedades do meio poroso, mas tamb´em das propriedades dos fluidos e de suas respectivas saturac¸˜oes. A lei de Darcy para um escoamento bif´asico, desprezando o efeito gravitacional, ´e dada por [22]

~vf =−k

f ef µf

∇p, (2.32)

ondekeff ´e a permeabilidade efetiva de cada fase eµf ´e o coeficiente de viscosidade da fase.

2.3.4 Escoamento em um Tubo Capilar

Sabe-se que em um escoamento laminar e estacion´ario, atrav´es de um tubo cil´ındrico, o fluido se divide em camadas cil´ındricas coaxiais, que se movem com velocidades de diferentes magnitudes, dadas pela seguinte equac¸˜ao [7]:

V(r) = ∆p 4µL(R

2

−r2), (2.33)

(28)

por isso, tem velocidade nula,V(R) = 0; enquanto a camada central (r = 0) tem velocidade de magnitude m´axima dada porV(0) = ∆pR2/(4µL)[7]. A equac¸˜ao 2.33 mostra, ent˜ao, que a magnitude da velocidade de uma dada camada cil´ındrica do fluido, em um referencial fixo no tubo, ´e diretamente proporcional a diferenc¸a de press˜ao e ao quadrado do raio do tubo e, tamb´em, inversamente proporcional a viscosidade do fluido e ao comprimento do tubo.

De posse da equac¸˜ao 2.33, podemos ent˜ao calcular a vaz˜ao,Q, desse escoamento, isto ´e, o volume de fluido que atravessa uma sec¸˜ao reta do tubo por unidade de tempo:

dQ(r) = V(r)·2πrdr. (2.34)

Utilizando a equac¸˜ao 2.33, obtemos

dQ(r) = ∆p 4µL(R

2

−r2

)·2πrdr. (2.35)

Integrando a equac¸˜ao 2.35, obtemos

Q=

Z R

0

dQ(r) = π∆p 2µL

Z R

0 (R2

−r2

)rdr. (2.36)

Finalmente, temos que o fluxo laminar atrav´es de um tubo cil´ındrico ´e dado pela equac¸˜ao de Hagen-Poiseuille [22, 29]:

Q= πR 4

8µL∆p. (2.37)

Portanto, a vaz˜ao em um tubo cil´ındrico ´e diretamente proporcional a diferenc¸a de press˜ao e ao raio do tubo elevado `a quarta potˆencia e, tamb´em, inversamente proporcional a viscosidade do fluido e ao comprimento do tubo.

2.4 Equac¸˜oes b´asicas da dinˆamica de fluidos

A derivac¸˜ao das equac¸˜oes que governam a dinˆamica de fluidos ´e baseada em trˆes princ´ıpios b´asicos, a saber, a conservac¸˜ao da massa, a conservac¸˜ao da energia, e a segunda lei de Newton [6]. Dois desse princ´ıpios ser˜ao discutidos a seguir e logo depois introduziremos as equac¸˜oes de Navier-Stokes.

2.4.1 Conservac¸˜ao da massa

(29)

massa,m, do sistema permanece constante, o que significa que a taxa de variac¸˜ao temporal de massa do sistema ´e nula, assim podemos escrever

dm dt = d dt Z sistema

ρ(~r, t)dτ = 0, (2.38)

ondeρ(~r, t) ´e a massa espec´ıfica em func¸˜ao da posic¸˜ao~r e do tempot, e dτ ´e um elemento infinitesimal de volume. Entretanto, a taxa de variac¸˜ao de massa do sistema pode ser escrita, em termos do volume de controle, utilizando o teorema de transporte de Reynolds [3], da seguinte forma: dm dt = ∂ ∂t Z Ω

ρ(~r, t)dτ+

Z

∂Ω

ρ(~r, t)(~u·d ~A), (2.39)

onde~u ´e velocidade de escoamento do fluido medida com relac¸˜ao ao volume de controle ed ~A ´e o elemento infinitesimal de ´area direcionado para fora da superf´ıcie, al´em disso, o primeiro termo do lado direito dessa equac¸˜ao corresponde `a taxa de variac¸˜ao da quantidade de massa dentro do volume de controle e o segundo termo corresponde `a a taxa de variac¸˜ao de massa que atravessa a superf´ıcie de controle [4]. Das equac¸˜oes 2.38 e 2.39 temos ent˜ao a lei de conservac¸˜ao de massa na forma integral:

∂ ∂t

Z

ρ dτ +

Z

∂Ω

ρ(~u·d ~A) = 0. (2.40)

Utilizando o teorema da divergˆencia no segundo termo do lado esquerdo da equac¸˜ao 2.40 e escrevendo os dois termos sob o mesmo sinal de integral, obtemos

Z

∂ρ

∂t +∇·(ρ~u)

dτ = 0, (2.41)

de onde obtemos ent˜ao a lei de conservac¸˜ao de massa na forma diferencial, que tamb´em ´e conhecida comoequac¸˜ao de continuidade:

∂ρ

∂t +∇·(ρ~u) = 0. (2.42)

2.4.2 Equac¸˜ao do momento linear

A segunda lei Newton, para sistemas movendo-se em relac¸˜ao a um referencial iner-cial, estabelece que

~

F =XFext~ = d ~P

dt , (2.43)

(30)

~ P =

Z

sistema

~u ρ(~r, t)dτ. (2.44)

Utilizando o teorema de transporte de Reynolds e a equac¸˜ao 2.44, podemos reescrever a segunda lei de Newton para um sistema, dada pela equac¸˜ao 2.43, na seguinte forma

~ F = ∂

∂t

Z

~u ρ dτ +

Z

∂Ω

~u ρ(~u·d ~A). (2.45)

Portanto, a forc¸a resultante sobre um sistema ou a taxa de variac¸˜ao do momento linear de um sistema corresponde `a taxa de variac¸˜ao do momento linear dentro do volume de controle mais o fluxo l´ıquido de momento atrav´es da superf´ıcie de controle [3].

2.4.3 Equac¸˜oes de Navier-Stokes

O comportamento dos fluidos pode ser descrito pelas equac¸˜oes de Navier-Stokes, que consistem em um conjunto de equac¸˜oes diferenciais parciais n˜ao-lineares que se baseiam em leis de conservac¸˜ao, tais como as conservac¸˜oes de massa (equac¸˜ao da continuidade), de momento linear e de energia. A partir dessas equac¸˜oes, pode-se determinar os campos de velocidade e de press˜ao em um escoamento, por´em, na pr´atica, devido a alta complexidade matem´atica presente nessas equac¸˜oes, apenas casos mais simples podem ser resolvidos analiti-camente [1]. Al´em disso, as condic¸˜oes iniciais e as condic¸˜oes de contorno fazem com que as soluc¸˜oes, para a maioria das situac¸˜oes, sejam dif´ıceis ou at´e mesmo imposs´ıveis de se obter. No entanto, as equac¸˜oes de Navier-Stokes podem ser simplificadas de modo significativo depen-dendo das propriedades dos fluidos envolvidos e do tipo de escoamento, possibilitando assim uma soluc¸˜ao num´erica [2].

As equac¸˜oes de Navier-Stokes s˜ao largamente utilizadas em diversas ´areas para resolver os mais variados problemas, inclusive, s˜ao usadas, segundo Souza [1], no estudo do clima e para modelar as correntes oceˆanicas, o fluxo de ar ao redor de aerof´olios de autom´oveis e de avi˜oes, a propagac¸˜ao de fumac¸a em incˆendios e em chamin´es industriais, al´em disso, s˜ao utilizadas nos estudos do fluxo sangu´ıneo, no projeto de usinas hidrel´etricas, na an´alise dos efeitos das poluic¸˜oes h´ıdrica e atmosf´erica, entre outros.

(31)

uma part´ıcula ser´a dada, de acordo com a regra da cadeia, por

~a= d

dt~u(~r, t) = ∂~u ∂xx˙ +

∂~u ∂yy˙+

∂~u ∂zz˙+

∂~u

∂t, (2.46)

onde~r(t) =x(t)ˆi+y(t)ˆj+z(t)ˆk ´e a posic¸˜ao no tempot, em coordenadas cartesianas, dentro do volume de controle ex˙ representa a derivada temporal da vari´avel indicada. De forma mais compacta, podemos escrever a acelerac¸˜ao de uma part´ıcula fluida como

~a = D~u

Dt = (~u· ∇)~u+ ∂~u

∂t, (2.47)

onde o operador

D

Dt = (~u· ∇) + ∂

∂t (2.48)

´e chamado dederivada material, uma vez que essa derivada ´e calculada para uma part´ıcula de mat´eria fluida [4]. Utilizando a definic¸˜ao de derivada material e a segunda lei de Newton, a forc¸a resultante que atua sobre uma part´ıcula fluida ´e dada por

~

F = D ~P Dt =

∂ ~P

∂t + (~u· ∇)P ,~ (2.49)

ou ainda, ~ F = Z Ω ρ∂~u

∂t + (~u· ∇)ρ~u

dτ. (2.50)

A forc¸a resultante sobre o fluido pode ser escrita em termos das forc¸as de superf´ıcieFS~ e de campoFB~ , como

~

F =FS~ +FB~ =

Z

∇ ·Tdτ +

Z

ρ ~f dτ, (2.51)

ondef~´e a forc¸a de campo por unidade de massa eT´e um tensor de tens˜oes dado por

T=

  

σxx τxy τxz τyx σyy τyz τzx τzy σzz

  

, (2.52)

onde σij representa as tens˜oes normais e τij, as tens˜oes de cisalhamento. Combinando as equac¸˜oes 2.50 e 2.51 obtemos

ρ∂~u

∂t + (~u· ∇)ρ~u=∇ ·T+ρ ~f . (2.53)

Para um fluido newtoniano, as tens˜oes de cisalhamento, em notac¸˜ao indicial, s˜ao dadas por [3, 4]

τij =τji =µ

(32)

σii=−p+λ(∇ · ~u) + 2µ∂ui

∂xi, (2.55)

ondexirepresentam as coordenadasx, yez;p´e a press˜ao termodinˆamica local, e o coeficienteλ ´e aviscosidade volum´etricaque est´a relacionado `a variac¸˜ao de volume devido ao efeito viscoso [30] e que, de acordo com a hip´otese de Stokes, ´e dado por λ = −2µ/3 [4, 30]. Note que a equac¸˜ao 2.54 ´e uma generalizac¸˜ao da equac¸˜ao 2.13. Utilizando as equac¸˜oes 2.54 e 2.55, podemos escrever os elementos do tensorTcomo

Tij = [−p+λ(∇ · ~u)]δij +µ

∂uj ∂i +

∂ui ∂j

, (2.56)

ondeδij ´e o delta de Kronecker, dado por

δij =

(

1, se i=j

0, se i6=j . (2.57)

Ou ainda, de forma mais compacta,

T= [−p+λ(∇ · ~u)]I+µ(∇~u+ (∇~u)t), (2.58)

onde I ´e a matriz identidade e sobrescrito t indica a transposta da matriz. Aplicando a di-vergˆencia ao tensorT, dado pela equac¸˜ao 2.58, obtemos

∇ ·T=−∇p+∇[λ(∇ · ~u)] +∇·[µ(∇~u+ (∇~u)t)], (2.59)

onde

∇[λ(∇ · ~u)] =λ∇(∇ · ~u) + (∇·~u)∇λ, (2.60)

e

∇·[µ(∇~u+ (∇~u)t)] = µ∇·(~u+ (~u)t) + (~u+ (~u)t)· ∇µ = µ∇2

~u+µ∇(∇ ·~u) + (∇~u+ (∇~u)t)· ∇µ. (2.61) Finalmente, substituindo as express˜oes 2.60, 2.61 e 2.59 na equac¸˜ao 2.53 obtemos ent˜ao as equac¸˜oes de movimento de um fluido newtoniano, as chamadas equac¸˜oes de Navier-Stokes:

ρ∂~u

∂t +ρ(~u· ∇)~u=−∇p+ (λ+µ)∇(∇·~u) +µ∇ 2

~u+ρ ~f+ (∇·~u)∇λ+ (∇~u+ (∇~u)t)· ∇µ. (2.62) Considerando a viscosidade (µeλ) constante, as equac¸˜oes de Navier-Stokes se tornam:

ρ∂~u

∂t +ρ(~u· ∇)~u =−∇p+ (λ+µ)∇(∇·~u) +µ∇ 2

~u+ρ ~f . (2.63)

(33)

constante (∂ρ/∂t= 0), a equac¸˜ao da continuidade (equac¸˜ao 2.42) se reduz a:

∇·~u = 0, (2.64)

por conseguinte, as equac¸˜oes de Navier-Stokes s˜ao simplificadas para:

ρ∂~u

∂t +ρ(~u· ∇)~u=−∇p+µ∇ 2

~u+ρ ~f . (2.65)

Para o caso de escoamento sem atrito, isto ´e, com viscosidade nula (µ= 0), e fazendof~=~g, a equac¸˜ao 2.65 se reduz a

ρ∂~u

(34)

3 FORMULAC¸ ˜AO DO PROBLEMA, RESULTADOS E DISCUSS ˜OES

3.1 Formulac¸˜ao do Problema e da Soluc¸˜ao

Neste trabalho, n´os estamos interessados em investigar o escoamento bif´asico, em meios porosos, de fluidos newtonianos imisc´ıveis e incompress´ıveis, no regime estacion´ario e isot´ermico. Para tanto, n´os simulamos o escoamento de duas fases newtonianas, com viscosida-desµ1 = 0.1P a·seµ2 = 1.0P a·s, e iguais massas espec´ıficasρ1 =ρ2 =ρ= 1.0Kg/m3, em um meio poroso bidimensional com condic¸˜oes peri´odicas de contorno em ambas as direc¸˜oes, onde um gradiente de press˜ao constante de1000P a/m, aplicado na direc¸˜aox, provoca o escoa-ˆ mento. Por isso, nosso sistema pode ser compreendido como duas fases newtonianas movendo-se na superf´ıcie de um toro poroso. Conforme est´a apremovendo-sentado na Figura 3, o meio poroso ´e do tipoModelo do Queijo Suic¸o[6, 31] e consiste em uma caixa quadrada de50mm×50mm que ´e preenchida aleatoriamente com discos de1mmde diˆametro, onde a sobreposic¸˜ao desses discos ´e permitida. Esse preenchimento aleat´orio ´e feito at´e obter-se a porosidade desejada, que no nosso caso foiφ= 0.8.

Como se sabe, a soluc¸˜ao das equac¸˜oes de Navier-Stokes mediante os m´etodos tra-dicionais de diferenc¸as finitas e elementos finitos requer a discretizac¸˜ao do meio poroso sobre uma malha regular [2]. Assim, a malha de discretizac¸˜ao (oumesh, em inglˆes) do meio poroso utilizado em nossas simulac¸˜oes est´a representado na Figura 4. Chamaremos defase 1o fluido de menor viscosidade (µ1 = 0.1P a·s), e defase 2o fluido de maior viscosidade (µ2 = 1.0P a·s), e suas respectivas saturac¸˜oes denotaremos porS1 e S2, em queS1 +S2 = 1. Os valores das saturac¸˜oes utilizados nas simulac¸˜oes como parˆametros de entrada foramS1 = 0.20eS1 = 0.40 (Figura 5, a fase 1 est´a representada na cor azul e a fase 2, na cor vermelha). J´a, os valores de tens˜ao superficial utilizados foramγ = 0.0001, γ = 0.010 e γ = 0.030 N/m. O regime es-tacion´ario ´e definido quando a velocidade (que est´a relacionada com a permeabilidade relativa por meio da lei de Darcy) de ambas as fases oscila em torno de um valor m´edio que n˜ao muda com o tempo.

(35)

Figura 3 – O meio poroso.

O meio poroso ultilizado nas simulac¸˜oes consiste em uma caixa quadrada de50mm×50mmpreenchida aleatoriamente com discos de1mmde diˆametro, e possui uma porosidade deφ = 0.8. Fonte: Obtida atrav´es do software ParaView.

Figura 4 – A malha de discretizac¸˜ao do meio poroso.

(a) Vis˜ao completa da malha de discretizac¸˜ao utili-zada nas simulac¸˜oes.

(b) Vis˜ao ampliada da regi˜ao superior `a direita da malha de discretizac¸˜ao.

(36)

(a)S1 = 0.20. (b)S1 = 0.40.

Fase 1 (µ1 = 0.1P a·s), em azul; e fase 2 (µ2 = 1.0P a·s), em vermelho. Fonte: Obtida atrav´es do software Fluent da ANSYS.

e temperaturas em uma dada regi˜ao do escoamento [2].

3.2 Resultados e Discuss˜oes

Foram realizadas v´arias simulac¸˜oes, at´e atingir o regime estacion´ario, variando-se os valores da tens˜ao superficial e das saturac¸˜oes dos fluidos. Em cada uma dessas simulac¸˜oes, o valor m´edio da componente da velocidade na direc¸˜aox, calculado sobre todo o volume,ˆ hVxi, foi registrado, a cada passo de tempo, para ambas as fases. O tempo total das simulac¸˜oes foi de250 segundos, com um intervalo de tempo,dt, de5×10−3

s, at´e que o estado estacion´ario

fosse obtido. Na Figura 6 temos os instantˆaneos do escoamento ap´os50.000 passos de tempo para cada um dos casos estudados, isto ´e, para cada parˆametro utilizado nas simulac¸˜oes, a saber, a saturac¸˜ao e a tens˜ao superficial.

(37)

Gr´afico 2 – Comparac¸˜ao da ´area da interface entre os fluidos.

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14

0 10000 20000 30000 40000 50000

Ár

ea da Int

er

face

Iterações

γ = 0.0001 γ = 0.010 γ = 0.030

(a)S1 = 0.20.

0 0.05 0.1 0.15 0.2

0 10000 20000 30000 40000 50000

Ár

ea da Int

er

face

Iterações

γ = 0.0001 γ = 0.010 γ = 0.030

(b)S1 = 0.40.

Gr´afico da ´area da interface entre os fluidos em func¸˜ao do n´umero de iterac¸˜oes. Fonte: Elaborado pelo autor.

a ´area da interface entre os fluidos vai aumentando, com o passar do tempo, at´e estabilizar-se em torno de um determinado valor. Na Figura 7 temos o contorno (ou mapa) da magnitude das velocidades, ap´os50.000 iterac¸˜oes, para cada uma dos casos estudados. E as s´eries temporais do valor m´edio da componente da velocidade na direc¸˜ao x, calculado sobre todo o volume,ˆ

(38)

Gr´afico 3 – Velocidade m´edia (componente na direc¸˜aox),hVxi, em func¸˜ao do n´umero de iterac¸˜oes. 0 1 2 3 4 5

0 10000 20000 30000 40000 50000

Vx

(10

-4 m/s)

Iterações

γ = 0.0001 γ = 0.010 γ = 0.030

(a) Fase 1;S1= 0.20.

2 3 4 5 6 7 8

0 10000 20000 30000 40000 50000 Vx

(10

-4 m/s)

Iterações

γ = 0.0001 γ = 0.010 γ = 0.030

(b) Fase 2;S1 = 0.20.

0 5 10 15 20 25

0 10000 20000 30000 40000 50000

Vx

(10

-4 m/s)

Iterações

γ = 0.0001 γ = 0.010 γ = 0.030

(c) Fase 1;S1= 0.40.

1 2 3 4 5 6 7 8

0 10000 20000 30000 40000 50000

Vx

(10

-4 m/s)

Iterações

γ = 0.0001 γ = 0.010 γ = 0.030

(d) Fase 2;S1 = 0.40.

(39)

Figura 6 – Escoamento bif´asico ap´os 50.000 iterac¸˜oes.

(a)S1= 0.20;γ = 0.0001N/m. (b)S1= 0.40;γ = 0.0001N/m.

(c)S1 = 0.20;γ= 0.010N/m. (d)S1 = 0.40;γ = 0.010N/m.

(e)S1 = 0.20;γ= 0.030N/m. (f)S1= 0.40;γ = 0.030N/m.

(40)

(a)S1= 0.20;γ = 0.0001N/m. (b)S1= 0.40;γ = 0.0001N/m.

(c)S1 = 0.20;γ= 0.010N/m. (d)S1 = 0.40;γ = 0.010N/m.

(41)

3.2.1 An´alise das s´eries temporais da velocidade

Vamos analisar as s´eries temporais da velocidade m´edia (componente na direc¸˜ao ˆ

x),hVx(t)i, utilizando trˆes m´etodos. O primeiro m´etodo utilizado ser´a om´etodo de an´alise de flutuac¸˜oes sem tendˆencias. O segundo m´etodo ser´a uma an´alise da distribuic¸˜ao dos tamanhos das avalanchespresentes na s´erie temporal das velocidades. E o terceiro, ser´a uma an´alise da distribuic¸˜ao dos saltosde velocidade.

3.2.1.1 M´etodo de an´alise de flutuac¸˜oes sem tendˆencias

O m´etodo de an´alise de flutuac¸˜oes sem tendˆencias ou m´etodo DFA (do inglˆes De-trended Fluctuations Analysis), ´e amplamente utilizado para detectar correlac¸˜oes de longo al-cance em s´eries temporais, particularmente em s´eries n˜ao-estacion´arias [33, 34]. Este m´etodo ´e descrito com mais detalhes no Apˆendice A. A ideia b´asica desse m´etodo consiste em subtrair poss´ıveis tendˆencias da s´erie original e analisar a flutuac¸˜ao dos dados destendenciados. Nessa an´alise, constr´oi-se uma func¸˜aoF(n), chamada de func¸˜ao de flutuac¸˜ao (veja a Equac¸˜ao A.3), onden ´e o tamanho dos blocos de tempo, em que a s´erie temporal ´e divida, para que seja rea-lizada a an´alise. Em seguida, um gr´afico deF(n) contran ´e esboc¸ado e o comportamento de F(n) ´e analisado. Se os dados a serem analisados, possu´ırem correlac¸˜oes de longo alcance, a

func¸˜ao de flutuac¸˜ao apresentar´a um comportamento do tipo lei de potˆencia [33]: F(n) ∝ nα (Equac¸˜ao A.4). Os Gr´aficos 4, a seguir, mostram a func¸˜ao de flutuac¸˜ao para cada uma das s´eries temporais das velocidades m´edias,hVx(t)i, das duas fases fluidas para cada caso estudado; e como ´e poss´ıvel observar, as func¸˜oes de flutuac¸˜ao das s´eries temporais analisadas apresentam um comportamento do tipo lei de potˆencia. A Tabela 1 apresenta um resumo dos expoentes obtidos a partir do m´etodo DFA para cada caso estudado.

Tabela 1 – Comparac¸˜ao dos expoentes obtidos a partir do m´etodo DFA.

Tens˜ao superficial (N/m) S1 = 0.2 S1 = 0.4

Fase 1 Fase 2 Fase 1 Fase 2

0.0001 1.744 ± 0.004 1.666 ± 0.006 1.656 ± 0.008 1.677 ± 0.010 0.010 1.610 ± 0.009 1.404 ± 0.017 1.632 ± 0.014 1.555 ± 0.011 0.030 1.394 ± 0.014 1.426 ± 0.013 1.489 ± 0.011 1.392 ± 0.011

(42)

100 101 102 103 104 105 n 10-8 10-6 10-4 10-2 100 10 F(n)

γ = 0.0001; α = 1.744 ± 0.004 γ = 0.010; α = 1.610 ± 0.009 γ = 0.030; α = 1.394 ± 0.014

(a) Fase 1;S1 = 0.20.

100 101 102 103 104 105

n 10-8 10-6 10-4 10-2 100 10 F(n)

γ = 0.0001; α = 1.666 ± 0.006 γ = 0.010; α = 1.404 ± 0.017 γ = 0.030; α = 1.426 ± 0.013

(b) Fase 2;S1= 0.20.

100 101 102 103 104 105

n 10-8 10-6 10-4 10-2 100 102 F(n)

γ = 0.0001; α = 1.656 ± 0.008 γ = 0.010; α = 1.632 ± 0.014 γ = 0.030; α = 1.489 ± 0.011

(c) Fase 1;S1 = 0.40.

100 101 102 103 104 105

n 10-8 10-6 10-4 10-2 100 102 F(n)

γ = 0.0001; α = 1.677 ± 0.010 γ = 0.010; α = 1.555 ± 0.011 γ = 0.030; α = 1.392 ± 0.011

(d) Fase 2;S1= 0.40.

M´etodo DFA: Gr´afico, em escala logar´ıtmica, da func¸˜ao de flutuac¸˜ao em func¸˜ao do tamanho dos inter-valos. Fonte: Elaborado pelo autor.

3.2.1.2 Avalanches

Asavalanches (ouburst [35], em inglˆes) podem ser calculadas em qualquer s´erie temporal, da forma como se segue. Considerando uma s´erie temporalX(t), pode-se definir o tamanho∆t de uma avalanche como um intervalo de tempo (ou n´umero de passos de tempo) deX(t)que inicia-se em um pontot = ta, de valor (ou altura) X(ta) = H e termina em um pontot =tb, de altura igual ou superior `aH, isto ´e,X(tb)≥ H, tal queta < tb eX(t) < H,

∀t∈(ta, tb). Assim, tendo em vista essas considerac¸˜oes, o tamanho da avalanche que inicia-se no pontota ´e o n´umero de passos de tempo entre ta etb, isto ´e, no intervalo aberto(ta, tb); e pode ser escrito como

∆t(ta) = 1

δt(tb −ta)−1, (3.1)

(43)

(ou valor) da s´erie temporal. A avalanche, do modo como foi definida acima, ´e chamada de avalanche ‘progressiva’ (em inglˆes, forward bursts), uma vez que a avalanche em um dado pontot ´e calculada levando em conta os pontos posteriores. Para uma melhor compreens˜ao, a Figura 8 ilustra como ´e calculado o tamanho das avalanches, onde as setas mostram onde ocorrem as avalanches e indicam seus respectivos tamanhos.

Figura 8 – Avalanches (bursts) em uma s´erie temporal.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

0 5 10 15 20 25 30

Sér

ie temporal

X(t)

Passos de tempo

t

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para o c´alculo das avalanches, tomamos como a nossa s´erie temporal a m´edia da componente da velocidade na direc¸˜ao x,ˆ hVx(t)i, para cada fase fluida. As distribuic¸˜oes dos tamanhos das avalanches, nos casos estudados neste trabalho, apresentaram um comportamento do tipo lei de potˆencia,P(∆t) ∝ (∆t)α, comα < 0. Os Gr´aficos 5, a seguir, apresentam os histogramas logar´ıtmicos dos tamanhos das avalanches e seus respectivos expoentes para cada caso estudado. E a Tabela 2 apresenta um resumo dos expoentes das distribuic¸˜oes dos tamanhos das avalanches para os casos apresentados nos Gr´aficos 5.

Tabela 2 – Comparac¸˜ao dos expoentes das distribuic¸˜oes dos tamanhos das avalanches.

Tens˜ao superficial (N/m) S1 = 0.2 S1= 0.4

Fase 1 Fase 2 Fase 1 Fase 2

0.0001 −1.334±0.335 −1.257±0.037 −1.253±0.039 −1.235±0.031 0.010 −1.556±0.055 −1.654±0.029 −1.606±0.039 −1.646±0.030 0.030 −1.582±0.039 −1.613±0.032 −1.561±0.040 −1.629±0.024

Fonte: Elaborado pelo autor.

(44)

velocidade.

100 101 102 103 104

∆t 10-6 10-4 10-2 100 Frequência

γ = 0.0001; α = −1.334 ± 0.335 γ = 0.010; α = −1.556 ± 0.055 γ = 0.030; α = −1.582 ± 0.039

(a) Fase 1;S1 = 0.20.

100 101 102 103 104

∆t 10-6 10-4 10-2 100 Frequência

γ = 0.0001; α = −1.257 ± 0.037 γ = 0.010; α = −1.654 ± 0.029 γ = 0.030; α = −1.613 ± 0.032

(b) Fase 2;S1= 0.20.

100 101 102 103 104

∆t 10-6 10-4 10-2 100 Frequência

γ = 0.0001; α = −1.253 ± 0.039 γ = 0.010; α = −1.606 ± 0.039 γ = 0.030; α = −1.561 ± 0.040

(c) Fase 1;S1 = 0.40.

100 101 102 103 104

t 10-6 10-4 10-2 100 Frequência

γ = 0.0001; α = −1.235 ± 0.031 γ = 0.010; α = −1.646 ± 0.030 γ = 0.030; α = −1.629 ± 0.024

(d) Fase 2;S1= 0.40.

Histograma logar´ıtmico dos tamanhos das avalanches nas s´eries temporais da velocidade m´edia,hVx(t)i. Fonte: Elaborado pelo autor.

(45)

3.2.1.3 Saltos

Vamos definir ossaltos(oujumps, em inglˆes),∆v, da s´erie temporal da velocidade m´edia,hVx(t)i, como simplesmente:

∆v(t) = hVx(t+δt)i − hVx(t)i. (3.2)

ondeδt ´e o tamanho do passo de tempo. Dessa forma, construimos uma nova s´erie temporal, ∆v(t), a partir da s´erie da velocidade m´edia,hVx(t)i. O Gr´afico 6 apresenta as s´eries temporais dos saltos de velocidade, ∆v(t), para cada um dos casos estudados. Os saltos de velocidade, da maneira como foram definidos, nada mais s˜ao do que variac¸˜oes na velocidade; e como se pode observar, a partir do Gr´afico 6, essas variac¸˜oes s˜ao bem maiores nos casos onde a tens˜ao superficial ´e maior.

Gr´afico 6 – Saltos de velocidade (∆v) em func¸˜ao do n´umero de iterac¸˜oes.

-10 -5 0 5 10 15

0 10000 20000 30000 40000 50000

Δ

V (10

-5 m/s)

Iterações

γ = 0.030 γ = 0.010 γ = 0.0001

(a) Fase 1;S1= 0.20.

-10 -5 0 5 10 15 20

0 10000 20000 30000 40000 50000

Δ

V (10

-5 m/s)

Iterações

γ = 0.030 γ = 0.010 γ = 0.0001

(b) Fase 2;S1 = 0.20.

-20 -10 0 10 20 30

0 10000 20000 30000 40000 50000

Δ

V (10

-5 m/s)

Iterações

γ = 0.030 γ = 0.010 γ = 0.0001

(c) Fase 1;S1= 0.40.

-10 -5 0 5 10 15 20

0 10000 20000 30000 40000 50000

Δ

V (10

-5 m/s)

Iterações

γ = 0.030 γ = 0.010 γ = 0.0001

(d) Fase 2;S1 = 0.40.

Gr´afico dos saltos de velocidade (∆v) em func¸˜ao do n´umero de iterac¸˜oes, para cada fase fluida e para v´arios valores de tens˜ao superficial e saturac¸˜ao. Fonte: Elaborado pelo autor.

(46)

Tabela 3 – Comparac¸˜ao dos expoentes obtidos das distribuic¸˜oes dos valores absolutos dos saltos de velocidade|∆v|.

Tens˜ao superficial (N/m) S1 = 0.2 S1= 0.4

Fase 1 Fase 2 Fase 1 Fase 2

0.0001 −0.620±0.015 −0.541±0.009 −1.822±0.026 −0.390±0.007 0.010 −2.058±0.049 −1.467±0.035 −0.761±0.019 −0.345±0.028 0.030 −1.140±0.024 −0.933±0.026 −0.388±0.009 −0.816±0.020

Fonte: Elaborado pelo autor.

Gr´afico 7 – An´alise das distribuic¸˜oes dos valores absolutos dos saltos de velocidade,|∆v(t)|, nas s´eries temporais da velocidade m´ediahVx(t)i, paraγ = 0.0001N/m.

0 5 10 15

|∆v| ×10-7 100 101 102 103 104 Frequência

γ = 0.0001; α = −0.620 ± 0.015

(a) Fase 1;S1 = 0.20.

0 5 10 15

|∆v| ×10-7 100 101 102 103 104 Frequência

γ = 0.0001; α = −0.541 ± 0.009

(b) Fase 2;S1= 0.20.

0 1 2 3 4 5

|∆v| ×10-6 100 101 102 103 104 Frequência

γ = 0.0001; α = −1.822 ± 0.026

(c) Fase 1;S1 = 0.40.

0 5 10 15 20

|∆v| ×10-7 100 101 102 103 104 Frequência

γ = 0.0001; α = −0.390 ± 0.007

(d) Fase 2;S1= 0.40.

(47)

Gr´afico 8 – An´alise das distribuic¸˜oes dos valores absolutos dos saltos de velocidade,|∆v(t)|, nas s´eries temporais da velocidade m´ediahVx(t)i, paraγ = 0.010e0.030N/m.

0 1 2 3 4 5 6 7

|∆v| ×10-5

100

101

102

103

104

Frequência

γ = 0.010; α = −2.058 ± 0.049 γ = 0.030; α = −1.140 ± 0.024

(a) Fase 1;S1 = 0.20.

0 1 2 3 4 5 6

|∆v| ×10-5

100

101

102

103

104

Frequência

γ = 0.010; α = −1.467 ± 0.035 γ = 0.030; α = −0.933 ± 0.026

(b) Fase 2;S1= 0.20.

0 5 10 15

|∆v| ×10-5

100

101

102

103

104

Frequência

γ = 0.010; α = −0.671 ± 0.019 γ = 0.030; α = −0.388 ± 0.009

(c) Fase 1;S1 = 0.40.

0 1 2 3 4 5 6 7

|∆v| ×10-5

100

101

102

103

104

Frequência

γ = 0.010; α = −1.345 ± 0.028 γ = 0.030; α = −0.816 ± 0.020

(d) Fase 2;S1= 0.40.

(48)

Um caso `a parte, tamb´em estudado nessa dissertac¸˜ao, ´e o escoamento, em um meio poroso, de um fluido n˜ao-newtoniano incompress´ıvel, no regime estacion´ario e isot´ermico. Como vimos no cap´ıtulo anterior, a viscosidade aparente de um fluido n˜ao-newtoniano depende da sua taxa de deformac¸˜ao, isto ´e,η = η( ˙γ). Suponha, entretanto, um fluido n˜ao-newtoniano cuja dependˆencia com a taxa de deformac¸˜ao seja dada pela seguinte equac¸˜ao:

η( ˙γ,γ˙0) =

(

η1, γ˙ ≥γ˙0

η2, γ <˙ γ˙0

, (3.3)

ondeη1 eη2s˜ao valores constantes de viscosidade aparente eγ˙0 ´e a taxa de deformac¸˜ao cr´ıtica, isto ´e, o valor da taxa de deformac¸˜ao em que ocorre a transic¸˜ao da viscosidade. Assim, de acordo com a Equac¸˜ao 3.3, tal fluido n˜ao-newtoniano apresenta duas viscosidades aparentes (veja o Gr´afico 9): η( ˙γ,γ˙0) = η1, para altas tens˜oes de deformac¸˜ao, isto ´e, para γ˙ ≥ γ˙0, e η( ˙γ,γ˙0) = η2, para baixas tens˜oes de deformac¸˜ao, quandoγ <˙ γ˙0. Nesta parte do trabalho,

estamos interessados em saber como certos parˆametros, como saturac¸˜ao, velocidade m´edia e permeabilidade efetiva, variam em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao cr´ıtica.

Gr´afico 9 – Viscosidade aparente em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao de um fluido n˜ao-newtoniano com duas viscosidades.

η1 η2

γ0

.

.

η

γ

Gr´afico da viscosidade aparente em func¸˜ao da taxa de deformac¸˜ao para um fluido n˜ao-newtoniano cujo comportamento obedece a Equac¸˜ao 3.3. Para baixas tens˜oes de deformac¸˜ao, isto ´e, paraγ <˙ γ˙0, o coeficiente de viscosidade ´eη( ˙γ,γ˙0) = η2, e para altas tens˜oes,γ˙ ≥γ˙0, a viscosidade ´eη( ˙γ,γ˙0) = η1. Fonte: Elaborado pelo autor.

Um fluido n˜ao-newtoniano com essas caracter´ısticas pode ser modelado, no soft-ware Fluent, por uma lei definida pelo usu´ario, que alterna o valor da viscosidade entreη1 e η2, de acordo com a Equac¸˜ao 3.3. O modelo de meio poroso utilizado nessas simulac¸˜oes ´e o

Imagem

Tabela 1 – Comparac¸˜ao dos expoentes obtidos a partir do m´etodo DFA. . . . . . . .
Figura 1 – Experiˆencia cl´assica das duas placas.
Figura 2 – Molhabilidade e ˆangulo de contato.
Figura 3 – O meio poroso.
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Referências

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