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DINÂMICA URBANA DO BAIRRO JABUTIANA: UM OLHAR GEOGRÁFICO 1. GT8 Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas)

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Academic year: 2021

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DINÂMICA URBANA DO BAIRRO JABUTIANA:

UM OLHAR GEOGRÁFICO1

Lucas Silva Leite2 Murilo Mateus Soares de Matos3 Letícia Menezes Santos 4

GT8 – Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas) RESUMO

Este trabalho apresenta uma das práticas pedagógicas que foi desenvolvida pelos estagiários, bolsistas do PIBID e a professora regente, numa turma do 1º ano do Ensino Médio, no Colégio Estadual Joaquim Vieira Sobral, situado na área de estudo. Tendo por objetivo analisar o processo de urbanização no bairro Jabutiana, em Aracaju/SE e seus impactos socioambientais. Para isso, foram utilizados os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica; reconhecimento do local, confecção do roteiro e do mapa de localização; trabalho de campo; e apresentação dos resultados obtidos pelos alunos. Essa prática pedagógica proporcionou uma aprendizagem significativa que despertou no estudante a curiosidade pelo conhecimento, como também a interação com o espaço a sua volta, os possibilitando a serem protagonistas na construção do seu conhecimento.

Palavras-chave: Geografia. Trabalho de campo. Urbanização. Jabutiana ABSTRACT

This work presents one of the pedagogical practices that was developed by the trainees, PIBID scholarship holders and the regent teacher, In a class of the 1st year of high school, in the Joaquim Vieira Sobral State College, located in the study area. Aiming to analyze the process of urbanization in the Jabutiana neighborhood in Aracaju /SE and their social and environmental impacts. For this, the following methodological procedures were used: bibliographic research; recognition of the site, preparation of the script and the location map; fieldwork; and presentation of the results obtained by the students. This pedagogical practice provided a meaningful learning that aroused in the student the curiosity for knowledge, as well as the interaction with the space around him, Enabling them to be protagonists in the construction of their knowledge.

Keywords: Geography. Fieldwork. Urbanization. Jabutiana.

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Trabalho orientado pela Prof.ª Dr.ª Sônia de Souza Mendonça Menezes- coordenadora do PIBID.

2 Graduando em Geografia Licenciatura, pela Universidade Federal de Sergipe. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC. E-mail: <silwa_lukas@hotmail.com>.

3 Graduando em Geografia Licenciatura pela Universidade Federal de Sergipe. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID GEOGRAFIA / CAPES. Bolsista Voluntário do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica - PIBIC. É membro integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Alimentos e Manifestações Tradicionais/UFS. E-mail: <murilo.1460@gmail.com>.

4 Graduanda em Geografia Licenciatura pela Universidade Federal de Sergipe. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID GEOGRAFIA / CAPES. Bolsista Voluntária do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica - PIBIC. É membro integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Alimentos e Manifestações Tradicionais/UFS. E-mail: <let.turismo@gmail.com>.

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INTRODUÇÃO

Entre o final do século XX e os anos iniciais do século XXI, a cidade de Aracaju passou por uma expansão sem acompanhamento de um planejamento socioambiental. Atualmente, tem ocorrido a valorização de setores da cidade, intensificando a especulação imobiliária, provocando o aumento no número de condomínios residenciais e elevando o padrão de vida. Dessa forma, inviabilizou a permanência de famílias de menor poder aquisitivo nessas áreas. No bairro Jabutiana, a realidade se processa de maneira semelhante.

Anteriormente grafado com Jabotiana, teve em 2012 a aprovação na Câmara Municipal de Aracaju (CMA), para modificação da sua nomenclatura, além dele outras quatro áreas da capital também passaram por mudanças. A partir do ano acima referido, o nome passou a ser escrito Jabutiana, por derivar da palavra Jabuti. Este bairro é considerado a última área verde de Aracaju, mas esse status vem sendo ameaçado pelo constante crescimento imobiliário no bairro, o qual tem sufocado os elementos naturais da paisagem.

A ciência geográfica permite aos discentes por meio de trabalho de campo a compreensão dos diferentes processos resultantes da interação homem e natureza existentes na paisagem do bairro. Essa ferramenta funciona como uma interligação da imaginação com a realidade, ela é um instrumento didático que auxilia os professores de geografia, dos diferentes níveis de ensino, na relação da teoria com a prática.

O ensino de geografia e o trabalho de campo devem valorizar as experiências vividas pelo aluno, e buscar a aproximação dos conteúdos ministrados em sala com sua realidade. Com isso, o aluno se enxergará protagonista da própria história e perceberá que suas interações podem ter proporções globais.

Tendo em vista os aspectos mencionados, neste trabalho serão apresentados os resultados obtidos da aplicação do Projeto Pedagógico “Um olhar panorâmico do meu bairro” desenvolvido e aplicado em parceria entre a professora regente, graduandas bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e graduandos em período de estágio supervisionado, ambos os graduandos vinculados ao Departamento de Geografia (DGE) da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

O referido projeto foi uma das práticas pedagógicas desenvolvida junto aos discentes do 1º ano “A” do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor Joaquim Vieira Sobral, situado no Bairro Jabutiana. A aplicação ocorreu numa turma de 33 alunos, no período entre os meses dezembro de 2016 e Janeiro de 2017. O projeto teve como objetivo analisar o

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processo de urbanização no bairro Jabutiana, em Aracaju/SE, e seus impactos socioambientais.

A perspectiva do projeto intitulado – “Um olhar panorâmico do meu bairro” –, foi a de propor novas estratégias pedagógicas que motivassem o desenvolvimento de competências e habilidades dos discentes, integrando os alunos à leitura do espaço geográfico. Para com isso, eles de maneira autônoma, possam se reconhecer como sujeitos capazes de refletir de forma crítica o mundo a sua volta, despertando para o olhar geográfico acerca da análise das paisagens, identificando os problemas no bairro, por exemplo, os impactos ambientais no rio Poxim, a urbanização e a verticalização do entorno da escola, buscando discutir sobre as possibilidades de mudanças.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O trabalho de campo foi uma ação previamente planejada, para que fosse realizada sem possíveis imprevistos. Para proceder a execução do estudo proposto, foram utilizados os seguintes procedimentos metodológicos: no primeiro momento realizou-se a pesquisa bibliográfica, na sequência fez-se o reconhecimento do local e a confecção do roteiro e o mapa de localização. Na terceira etapa foi realizada a aula de campo e, por fim, apresentação dos resultados obtidos pelos alunos.

A pesquisa bibliográfica foi realizada junto aos acervos virtuais de instituições, bibliotecas de universidades e órgãos públicos, em busca de conteúdo referente à temática do projeto. O roteiro foi elaborado com o auxílio do software Google Earth Pro, delimitando o percurso a ser seguido durante a aula de campo, e com marcação dos pontos de parada.

Para a confecção do mapa de localização do bairro Jabutiana, foram utilizados os shapes e informações obtidas nos bancos de dados (GEOBANK; IBGE DOAWLOAD) disponibilizados no site da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os quais foram organizados a partir do software QGIS 2.18.

A execução do roteiro com a turma ocorreu no dia 21 de dezembro de 2016, porém em semanas anteriores os organizadores do projeto, fizeram uma ação de reconhecimento do local, selecionando os pontos de parada, bem como os conteúdos concernentes a cada estação. Portanto, ficaram estabelecidos cinco pontos de parada (ver figura 1) – 1º Praça Chico Mendes; 2º Espaço preservado em frente ao Colégio Educação

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Infantil Interativo; 3º Margem esquerda do rio Poxim, nas proximidades do Colégio Manoel Franco Freire; 4º Ponte sobre o Rio Poxim que interliga os conjuntos Sol Nascente e JK ao conjunto Santa Lúcia; e 5º Cruzamento da Av. Rio Poxim com a Av. H –, o roteiro teve o colégio como ponto de saída e de retorno.

Figura 1 – Roteiro da aula de campo bairro Jabutiana - Aracaju/Sergipe

Fonte: Google Earth Pro (2016).

A avaliação dos alunos procedeu a partir da percepção ambiental, e foi dividida em duas etapas: na primeira, posterior ao trabalho de campo, foi solicitado um relatório individual da atividade de campo; e na segunda, os alunos tiveram que se organizar em grupos para produzir um vídeo utilizando as imagens registradas por eles durante o roteiro.

CAMINHOS DO BAIRRO JABUTIANA: UMA PESPECTIVA SOBRE O ESPAÇO URBANO

O espaço construído da capital de Sergipe, Aracaju, passou por um crescimento vertiginoso, principalmente nos últimos 15 anos. No intervalo entre 1988 e 2002, houve uma expansão desordenada, em todas as direções da cidade, ocupando áreas periféricas. A partir deste período, Aracaju estava assumindo uma característica de verticalização de suas

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residências, passando dos aspectos de expansão urbana relacionada à implantação de conjuntos habitacionais, para um crescimento por meio de condomínios verticais em lotes particulares. (ARACAJU, 2015)

Santos (2015) ressalta que embora a delimitação do bairro Jabutiana tenha sido criada em 1982, através da lei municipal nº 873/1982, ele “originou-se, em 1978, a partir da construção dos conjuntos habitacionais J.K. e Sol Nascente”, e que o conjunto Santa Lúcia foi construído em 1993. A autora ressalta que a criação dos primeiros conjuntos habitacionais deve ser analisada com base num viés sociopolítico ao qual o Brasil passou em um determinado período de sua história, no sentido da implantação de políticas públicas voltadas para a construção de habitações de interesse social, cujo objetivo era a aquisição da casa própria pelas famílias de menor renda.

A área onde se situa o bairro Jabutiana, é marcada pela presença dos manguezais, ao longo da planície fluviomarinha e ocorrência de lagoas. Porém, a partir da edificação dos conjuntos habitacionais supracitados, houve transformações na paisagem, descaracterizando-a. A partir do início do século presente, teve início no bairro um processo de reestruturação urbana, que se intensificaram devido às medidas adotadas pelo governo no âmbito da construção civil com construções de novas habitações na região (ARACAJU, 2015).

Em sua análise acerca das transformações socioespaciais ocorridas no bairro Jabutiana, Santos (2015) afirma que no período precedente a implantação do PAR (Programa de Arrendamento Residencial) a morfologia urbana do bairro se caracterizava pelo predomínio de construções horizontais, contendo até dois pavimentos. No entanto, foi a partir das obras desse programa habitacional, que o processo de verticalização, com a construção de inúmeros condomínios residenciais, foi iniciado, ressaltando que, a potencialização desse processo se deu com o as obras do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV).

Devido ao acelerado processo de urbanização e desordenada ocupação do solo, o Jabutiana tem apresentado problemas relacionados a impactos ambientais causados pelo despejo de efluentes e resíduos sólidos diretamente no rio Poxim. A baixa permeabilidade do solo da região, associada ao asfaltamento das ruas, provoca alagamentos nos períodos de maior índice pluviométrico. No entanto, o fato da população ocupar a planície de várzea do rio referido, potencializa, durante os períodos chuvosos, os riscos à inundação.

A falta de planejamento de uso do solo causa degradação ao meio ambiente, sobrecarregando principalmente os recursos hídricos e resultando na diminuição da sua qualidade. No bairro o rio Poxim, que por meio de processos naturais intensificados pela ação

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antrópica, tornou-se a partir do século XX afluente do rio Sergipe (WANDERLLEY, 2006), tem sido diretamente impactado perdendo a qualidade de suas águas.

Daltro Filho et al. (2014), em um estudo que buscou traçar um perfil das condições – qualidade ambiental e sanitária – do rio Poxim no trecho urbano do bairro Jabutiana, concluíram que a degradação ambiental nas regiões no entorno do rio Poxim, é consequência dos do crescimento urbano desordenado, da precária infraestrutura de rede pública de esgoto e de galerias, do desmatamento das matas ciliares, do despejo de resíduos sólidos, e do lançamento de efluentes domésticos.

A degradação ambiental acaba influenciando, negativamente, na qualidade das águas do rio Poxim no trecho urbano do bairro Jabutiana. “Mesmo que as águas do rio na área de estudo não sejam utilizadas para abastecimento humano, a qualidade ambiental é essencial para a manutenção das características naturais do estuário presente na região (DALTRO FILHO et al., 2014, p.7)”.

A área de estudo desse projeto, foi o bairro Jabutiana, o qual faz parte do espaço urbano da cidade de Aracaju, é preciso entender que o espaço urbano é resultado de uma série de fatores, que vão desde os contextos históricos e sociais aos de construção imobiliária, como afirma Santos (2015; p. 4) que o espaço urbano é um “[...] produto histórico e social da atuação cotidiana de agentes sociais como o Estado, os promotores imobiliários, os proprietários de terra, os movimentos sociais e os trabalhadores urbanos”. Ou seja, trata-se de um ambiente resultante de múltiplas interações.

O trabalho de campo na disciplina de Geografia é fundamental para que o discente possa conhecer na prática o conteúdo estudado em sala de aula, com isso contribuí no despertar do aluno em sua análise das relações sociais existentes entre o homem e o meio. Para Figueiredo e Silva (2009, p. 2):

[...] a aula de campo em Geografia tem sido um instrumento metodológico que envolve e motiva, agregando teoria e prática e ainda é possível avaliar se as atividades desenvolvidas em sala proporcionaram mudanças nos que participam desse processo, pois é através desse contato real no campo, que se estabelecem relações no que é observado.

De maneira crescente, a aula de campo tem sido adotada pelos professores como uma metodologia que consegue envolver o alunado, permitindo a reflexão por meio da sua inserção na paisagem, visto que o campo motiva-os a participar da atividade, inserindo-os no contexto da realidade estudada.

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Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009) ressaltam que um projeto de ensino voltado com a utilização dessa metodologia – trabalho de campo no ensino de geografia –, possibilita aos discentes vários olhares do espaço geográfico, no âmbito do social, físico e do biológico, para que dessa forma entendendo as interações consigam compreender a complexidade das relações existentes na realidade do cotidiano.

Dessa forma, a aula de campo possibilita ao aluno desenvolver sua visão crítica, buscar entender o que origina os problemas ambientais diagnosticados por meio da paisagem, assim como as desigualdades sociais presentes na sociedade capitalista. Para Resende (1989, p. 84) “se o espaço não é encarado como algo em que o homem (o aluno) está inserido, natureza que ele próprio ajuda a moldar, a verdade geográfica do indivíduo se perde, e a geografia torna-se alheia a ele”. É de extrema importância o discente analisar o espaço ao qual está inserido, no sentido que o mesmo compreenderá a função da ciência geográfica em sua vida.

O fato de o discente sair do ambiente escolar já o proporciona perceber uma nova visão da paisagem, com seus mais diversos elementos. Com a orientação do professor, oaluno pode construir uma compreensão daquele espaço, lhe permitindo uma visão analítica do que está visível e também do que está abstrato, ou seja, das relações socioespaciais existentes.

Para Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009; p. 174), “[a] saída da escola já permite outro modo de olhar. O aluno pode, se bem orientado, utilizar todos os seus sentidos para conhecer melhor certo meio, usar todos os recursos de observação e registros e cotejar as falas de pessoas de diferentes idades e profissões”. Dessa forma, o trabalho de campo se faz de forma imprescindível para a construção do saber por parte do alunado.

Tendo em vista os aspectos mencionados, o Projeto Pedagógico denominado – “Um olhar panorâmico do meu bairro” – que foi planejado no âmbito acadêmico e executado no ambiente escolar, buscou analisar o processo de urbanização no bairro Jabutiana, em Aracaju/SE e seus impactos socioambientais, permitindo ao discente (re)conhecer o bairro onde mora e/ou estuda.

CONCRETIZANDO O TRABALHO DE CAMPO: (RE)CONHECENDO O BAIRRO JABUTIANA NA CIDADE ARACAJU/SERGIPE

O local escolhido para a realização do trabalho de campo foi alguns trechos do bairro Jabutiana, o qual se situa na zona oeste de Aracaju, limitando-se ao norte com o bairro

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Capucho, a nordeste com o bairro América, ao leste com o bairro Ponto Novo, a sudeste com o bairro Inácio Barbosa, ao sul com os bairros São Conrado e o Santa Maria, e a oeste e noroeste com o município de São Cristóvão. Buscou-se aplicar o projeto nesse bairro, por se tratar da área onde está inserida a instituição de ensino – Colégio Estadual Professor Joaquim Vieira Sobral – onde os alunos estudam (ver figura 2).

Figura 2 – Mapa de localização do bairro Jabutiana – Aracaju/SeRGIPE

Fonte: Leite (2017).

O trabalho de campo surge no ensino de geografia como uma ferramenta de grande importância na construção da aprendizagem do conhecimento geográfico. Buscou-se com essa atividade auxiliar os alunos na compreensão dos conceitos apreendidos durante a ministração dos conteúdos.

Posteriormente à ação de reconhecimento do local, ficou estabelecido cinco pontos de parada, os quais foram usados para que os organizadores do projeto – a professora regente, bolsistas do PIBID/GEOGRAFIA/DGE/UFS e estagiários supervisionados de GEOGRAFIA/DGE/UFS – fazerem a análise do seu entorno com a associação dos conteúdos já estudados pelos alunos e para os alunos realizarem os registros fotográficos, que foram

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usados na elaboração da atividade avaliativa. O roteiro teve o próprio colégio como ponto de saída e retorno.

Os pontos de parada para análise do entorno foram os seguintes:

 1º Praça Chico Mendes (ver figura 3)

A primeira parada ocorreu na Praça Chico Mendes, localizada ao lado do colégio, inicialmente, foi abordado acerca da história do ambientalista Chico Mendes. Posterirormente discutiu-se sobre a história do bairro e seu crescimento urbano, abordando o ano de implantação dos conjuntos habitacionais J.K e Sol Nascente, os quais apresentam o padrão de urbanização horizontal, do local de parada foi possível diferenciar o padrão de urbanização horizontal (casas) do vertical (prédios).

Ainda na análise do entorno do primeiro ponto, elencou-se problemas relacionados ao crescimento urbano desordenado – descarte de lixo em áreas impróprias e impermeabilização dos solos pelo asfalto.

Figura 3 – Praça Chico Mendes, Jabutiana – Aracaju/Sergipe

Fonte: Arquivo pessoal (2016).

 2º Espaço preservado em frente ao Colégio Educação Infantil Interativo (ver figura 4). Na segunda parada, em frente ao espaço preservado pelo Colégio Interativo, foi frisado sobre a importância da sociedade se unir e desenvolver medidas de preservação

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ambiental dos mananciais, buscar a conservação dos mangues e recuperação das áreas degradadas, por meio do desenvolvimento de programas de educação ambiental junto à comunidade do bairro Jabutiana.

Durante a atividade de campo buscou-se sensibilizar os discentes sobre a preservação ambiental, mostrando que a responsabilidade é de toda a sociedade, pois, a redução dos impactos ambientais com a preservação dos elementos naturais da paisagem, possibilitará a qualidade de vida para todos.

Figura 4 – Espaço preservado, Jabutiana – Aracaju/Sergipe

Fonte: Arquivo pessoal (2016).

 3º Margem esquerda do rio Poxim, nas proximidades do Colégio Manoel Franco Freire (ver figura 5).

Durante a terceira parada, na margem esquerda do rio Poxim, analisou-se a atual situação do ecossistema manguezal, berçário da vida marinha, e a pressão urbana exercida sobre ele. A fauna desse ambiente também foi abordada, ressaltando a desterritorialização sofrida pelos animais, os quais têm seu habitat invadido pelas ações antrópicas. Aos alunos foi explicado que os setores do bairro localizado às margens do rio Poxim ocupam a planície de inundação ou área de várzea do mesmo, estando suscetíveis nos períodos de maior índice pluviométrico a sofrerem com as inundações sazonais, decorrente do transbordamento das

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águas dos canais fluviais e a enchentes ocasionadas pela impermeabilização dos solos devido o asfaltamento das ruas.

Usando como referência as análises das águas do rio Poxim realizadas por Deltra Filho et al (2014, p.6), “[...] de acordo com o artigo 2º da Resolução nº 274 de 2000, as águas do rio” no trecho que englobam o terceiro e quarto ponto de parada “são consideradas impróprias no quesito balneabilidade (recreação de contato direto) e através da nº 357 de 2005 como de classe 3”. Durante a aula de campo, foi possível visualizar a presença de resíduos sólidos tanto nas margens do rio, quanto no próprio canal fluvial.

A poluição das águas do rio Poxim impossibilita o seu uso de forma recreativa, interferindo também, por exemplo, na quantidade e qualidade dos peixes e outros animais que tem a sua existência ligada ao rio, impossibilitando até o uso desses animais para o consumo humano.

Figura 5 – Margem esquerda do rio Poxim, Jabutiana – Aracaju/Sergipe

Fonte: Arquivo pessoal (2016).

 4º Ponte sobre o Rio Poxim que interliga os conjuntos Sol Nascente e JK ao conjunto Santa Lúcia.

Neste ponto, foi possível demonstrar aos alunos o contraste dos padrões de urbanização existente no bairro, abordando sobre a especulação imobiliária. Ao analisar a construção da ponte que liga os conjuntos J.K. e Sol Nascente ao conjunto Santa Lucia, os

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alunos entenderam a importância dela como sendo um vetor que auxiliou a ampliação do processo de urbanização para a margem direita do rio. Sob a ponte, os alunos presenciaram o despejo no Poxim, de efluentes domésticos sem nenhum tratamento, bem como a presença de resíduos sólidos.

 5º Cruzamento da Av. Rio Poxim com a Av. H. (ver figura 6).

Nesse último ponto, ficou evidente a expansão urbana e especulação imobiliária ocorrente no bairro. Para os alunos foi explicado sobre o processo de descaracterização da paisagem imprimida pela construção dos prédios. Evidenciando a velocidade com que os novos prédios são construídos.

A experiência vivenciada pelos discentes no campo o “ver, tocar e sentir” o espaço geográfico proporcionou aos mesmos uma melhor assimilação entre os conceitos que já vinham sendo trabalhados em sala de aula, sendo visível no momento da culminância do projeto que os mesmos conseguiram associa-los com a realidade encontrada no bairro Jabutiana.

Com essa atividade foi possível perceber que a curiosidade dos discentes foi despertada a eles buscarem de forma autônoma pesquisar sobre a região por meio tecnológico, utilizando sites de pesquisas e por meio de conversas informais com parentes e vizinhos sobre a história e mudanças ocorridas no espaço.

Figura 6 – Especulação imobiliária, Jabutiana – Aracaju/Sergipe

Fonte: Arquivo pessoal (2016).

O processo avaliativo do conhecimento adquirido pelos alunos se procedeu a partir da percepção socioambiental, e foi dividido em duas etapas: na primeira, posterior ao

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trabalho de campo, foi solicitado um relatório individual, onde eles teriam que abordar o que foi analisado pela professora regente e pelos graduandos, estagiários ou bolsistas do PIBID durante atividade de campo; e na segunda etapa, os alunos tiveram que se organizar em grupos para produzir um vídeo utilizando as imagens tiradas por eles durante o roteiro.

De modo geral, os alunos construíram satisfatórios relatórios escritos e desenvolveram boas apresentações dos vídeos. Essa atividade proporcionou uma aprendizagem prazerosa e que despertou no aluno a curiosidade e a busca pelo seu próprio conhecimento, como também a necessidade de interagir com o ambiente que está em sua volta fazendo a relação da teoria com a prática.

O trabalho de campo proporcionou aos discentes construir na prática observando os elementos existentes na paisagem uma visão analítica acerca do cotidiano, fazendo com que possam relacionar os conteúdos teorizados em sala de aula pela professora regente com a realidade vivida por eles, percebendo assim sua importância em meio à sociedade, bem como da ciência geográfica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto possibilitou ao aluno uma interação com seu espaço vivido, no sentido de melhor compreender a interligação da sociedade com o meio, bem como suas relações políticas, econômicas e socioculturais. Estimulou a leitura da paisagem, baseado nos conteúdos já trabalhados em sala de aula e na sua experiência de vida, assim como o desenvolvimento de habilidades e competências dos discentes a partir da observação do meio.

A realização de um projeto como este foi de extrema importância, mostrando que é possível os alunos serem protagonistas dos seus conhecimentos, sendo o professor aquele o qual utiliza de métodos pedagógicos para auxiliá-los na compreensão das relações existentes e busca conhecer e valorizar os saberes dos alunos, mostrando aos discentes o quanto eles estão inseridos dentro deste tempo e espaço, construindo história através das suas relações socioespaciais.

Quando os discentes compreendem a importância da geografia para a sua formação enquanto cidadão, passam a assimilar as transformações ocorridas no seu espaço de vivência. Posteriormente, poderão faz uso das diferentes escalas de análise, partindo do seu local até o global, no sentido de que ao conhecerem diferentes ambientes de sua realidade que possuem as mesmas características analisadas neste trabalho de campo, terão a capacidade de

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fazer uma leitura analítica deste espaços.

O trabalho de campo proporcionou aos alunos melhor compreensão dos aspectos do bairro, além de permitir uma interação com o espaço, possibilitando perceber a importância da conservação da diversidade ambiental.

REFERÊNCIAS

ARACAJU (SE). Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão. Revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju: produto 01 diagnostico municipal. Aracaju, 2015.

DALTRO FILHO, J.; FONSECA, L. M.; NOU, G. C. G.; NOBRE, F. S. M. Aspectos gerais sobre a qualidade ambiental e sanitária de um rio urbano: o caso do trecho urbano do rio Poxim, situado no bairro Jabotiana, Aracaju - SE. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

GESTÃO AMBIENTAL, 5, 2014, Belo Horizonte – Minas Gerais. Anais eletrônicos... Belo Horizonte – Minas Gerais: IBEAS, 2014. Disponível em: <http://www.ibeas.org.br/

congresso/Trabalhos2014/VIII-016.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2017.

FIGUEIREDO, V. S; SILVA, G. S. C. A importância da aula de campo na prática em Geografia. Disponível em: <http://www.agb.org.br/XENPEG/artigos/GT/GT3/

tc3%20(10).pdf>. Acesso em: 06 out. 2016.

PONSTUSCKA, N. N; PAGANELLI, T. L; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender geografia. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2009.

RESENDE, M. M. S. O saber do aluno e o ensino de geografia. In: VESENTINI, J. W. (org) et al. Geografia e Ensino: textos críticos. 5. ed. Campinas: Papirus, 1989.

SANTOS, C. N. A produção do espaço urbano de Aracaju: uma análise das transformações socioespaciais no bairro Jabotiana. In: Anais... SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA URBANA: perspectivas e abordagens da geografia urbana no século XXI, 14, 2014, Fortaleza – Ceará.

WANDERLEY, L.L. Paisagem da janela: Esse nosso inconstante Rio Sergipe e a evolução de sua foz. In: Alves J.P.H. (ed.) Rio Sergipe: importância, vulnerabilidade e preservação. São Cristóvão: Editora UFS, 2006, p.: 165-194.

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