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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL QUARTA COMISSÃO DISCIPLINAR

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Academic year: 2022

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL – QUARTA COMISSÃO DISCIPLINAR

Processo nº 561/2021

Denunciados: Clube Náutico Capibaribe e Vila Nova Futebol Clube Competição: Campeonato Brasileiro Série B de 2021.

Relatora: Adriene Silveira Hassen

RELATÓRIO

Trata-se de denúncia ofertada pela Procuradoria de Justiça Desportiva deste Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol a partir de notícia de infração apresentada pelo Departamento de Competições da CBF, relativa a fatos ocorridos na partida realizada entre Clube Náutico Capibaribe e Vila Nova Futebol Clube válida pela 4ª rodada do Campeonato Brasileiro Série B de 2021, às 19h do dia 15/06/2021, no estádio Eládio de Barros Carvalho.

A Procuradoria denunciou as agremiações nas iras do incisos II e III do artigo do CBJD, em virtude de a equipe pernambucana ter se aquecido dentro do campo de jogo no intervalo da partida e a equipe goiana ter se aquecido dentro do campo de jogo após o término da partida, contrariando, assim, o ofício DCO 1754/2020, o art. 7º, IX do RGC e o artigo 2º, XI da Lei 9.615/98. O Vila Nova é reincidente tendo sido multado em R$800,00 (oitocentos reais) por infração ao artigo 206 do CBJD em 30/07/2021 e o Náutico também é reincidente, com anotação de realização do tipo infracional do artigo 206 do CBJD em 04/05/2021 e aplicação de multa de R$800,00 (oitocentos reais).

Regularmente citados, os denunciados se fizeram representar na assentada por suas procuradoras.

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Prosseguiram-se as manifestações orais da Procuradoria e das defesas.

É o relatório.

ACORDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos do processo em epígrafe, ACORDAM os integrantes desta Quarta Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, à unanimidade, em julgar parcialmente procedente a denúncia, reconhecendo a infração prevista no artigo 191, II do CBJD e, quanto à dosimetria da pena, aplicando-se o artigo 132 do CBJD, condenando as agremiações ao pagamento de multa de R$1.000,00 (mil reais), cada uma.

VOTO

A Procuradoria denunciou nas iras dos artigos 191, II e III do CBJD, em virtude de a equipe pernambucana ter se aquecido dentro do campo de jogo no intervalo da partida e a equipe goiana ter se aquecido dentro do campo de jogo após o término da partida, contrariando o ofício DCO 1754/2020, art. 7º, IX do RGC que dispõe sobre o zelo pelo clube mandante da segurança das partes envolvidas na partida e ao artigo 2º XI da Lei Pele (9.615/98) que dispõe sobre o direito à segurança quanto a integridade física, mental e sensorial do praticante da modalidade desportiva.

O ofício DCO 1754/2020 de 28/08/2020 se refere à obrigações e cuidados com o gramado e traz:

Dia da partida (MD)

Pré-jogo – Durante o aquecimento deverão ser evitadas atividades que envolvam tração e arranque no mesmo local ou em pequenos espaços que possam danificar o campo de jogo.

Aos goleiros, naqueles estádios com traves móveis disponíveis, as atividades de aquecimento deverão ser realizadas nestas traves,

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fora da pequena e grande área. Contudo, as atividades de saída de gol e tiro de meta serão realizadas na trave fixa.

Os estádios que tiverem áreas desgastadas deverão sinalizá-las antes do início do aquecimento para que estas não sejam utilizadas pelas equipes antes do jogo.

Jogo – Para o aquecimento de suplentes utilizar as áreas atrás dos gols (sempre atrás das placas de publicidade) ou espaços próximos aos bancos de reservas, conforme determinado pela equipe de arbitragem.

Fica vedado o uso da área interna do campo para atividades de aquecimentos de suplentes durante o intervalo de jogo, salvo o goleiro em caso de substituição por qualquer uma das equipes.

Pós-jogo – As atividades com atletas suplentes no pós-jogo deverão ocorrer mediante orientação da administração do estádio não utilizando em hipótese alguma a área interna de campo. Para execução de tais atividades serão priorizadas áreas atrás dos gols e laterais de campo fora das quarto linhas.

Deste modo, verifica-se que o Ofício em questão impede a utilização da área interna do campo de jogo, apontando os devidos locais para o aquecimento, abrindo exceção aos goleiros apenas.

As fotos constantes da notícia de infração são claras ao demonstrar que os jogadores das equipes denunciadas trajavam coletes e estavam se aquecendo dentro do campo.

A despeito de se conseguir aferir se o aquecimento se deu antes, no intervalo ou após a partida, é claro o descumprimento da determinação da DCO da CBF.

O mesmo não se pode dizer quanto aos demais dispositivos.

O artigo 2º, XI da Lei 9.615/98, elenca como princípio fundamental do desporto:

Art. 2o O desporto, como direito individual, tem como base os princípios:

(...)

XI - da segurança, propiciado ao praticante de qualquer modalidade desportiva, quanto a sua integridade física, mental ou sensorial;

(...)

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Desta feita, não há que se falar em ofensa ao direito à segurança quanto a integridade física, mental e sensorial do praticante da modalidade desportiva, pela utilização de espaço inadequado para aquecimento pelas agremiações denunciadas.

No que concerne ao eventual descumprimento do artigo 7º, IX do RGC, inicialmente insta salientar que a norma se aplica exclusivamente ao mandante e não à ambas agremiações.

Dispõe a artigo:

Art. 7º - Compete ao Clube detentor do mando de campo:

(...)

IX – zelar pela segurança de atletas e comissões técnicas, árbitros e assistentes, profissionais da imprensa e demais pessoas que estejam atuando como prestadoras de serviços autorizados.

(...)

Assim, ao se aquecer dentro do campo de jogo no intervalo da partida, a equipe pernambucana não infringe regra que garante o zelo pelo clube da segurança das partes envolvidas na partida, não assistindo razão à Procuradoria.

De toda sorte, acolho parcialmente a denúncia por descumprimento do Ofício DCO 1754/2020, o que importa na realização do tipo infracional previsto pelo artigo 191, II do CBJD.

Passando à dosimetria da pena, observo o artigo 178 do CBJD que determina que a penalidade deve ser aplicada entre os limites mínimos e máximos, levando em conta a gravidade da infração, a sua maior ou menor extensão, os meios empregados, os motivos determinantes, os antecedentes desportivos e as circunstâncias agravantes e atenuantes.

Verificando a circunstancias de agravamento da pena, invoco a norma contida no inciso VI do artigo 179 do CBJD, por se tratarem as agremiações de infratores reincidentes.

Por todo o exposto, condeno as equipes ao pagamento de multa no importe do R$ 3.500,00 (três mil reais), cada entidade, considerando, ainda, o precedente consistente do processo nº. 133/2021, julgado em maio de 2021 em que o Grêmio, clube também reincidente,

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contudo disputando a Série A do Campeonato Brasileiro 2020, fora multado no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais) em virtude do descumprimento do mesmo ofício da DCO.

Entretanto, em virtude da aplicação do artigo 132 do CBJD, diante do empate na imposição da pena, uma vez que o presidente da sessão, José Cardoso Dutra Júnior, acompanhou integralmente o meu voto, prevalece a cominação de multa no valor de R$1.000,00 (mil reais) determinada pelos auditores Felipe Tadeu Moreira Lima do Rego Barros e Rodrigo Salomão.

De Brasília para o Rio de Janeiro, 12 de agosto de 2021

Adriene Hassen

Auditora Relatora

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