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Volume 3, Número 1, 2017

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Academic year: 2022

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Volume 3, Número 1, 2017

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v. 2, n. 2 - (jul./dez. 2016) Ourinhos, SP - Brasil - 2016 - semestral

1. Medicina Veterinária - 2. Zootecnia - 3. Saúde Animal - 4. Periódico/Científico

Faculdades Integradas de Ourinhos - Curso de Medicina Veterinária Rodovia BR-153, Km 338+420m - Água do Cateto, CEP: 19909-100

Ourinhos - São Paulo

Telefone (14) 3302-6400 / E-mail: revistaamvz@fio.edu.br

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Prof. Dr. Caio José Xavier Abimussi Prof. Me. Felipe Gazza Romão

EDITORES ASSOCIADOS M.V. Allison Maldonado Prof.ª Dr.ª Beatriz Perez Floriano Prof. Dr. Breno Fernando Martins de Almeida Prof.ª Dr.ª Cláudia Yumi Matsubara Rodrigues Ferreira

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Prof.ª Dr.ª Isabela Bazzo da Costa Prof. Dr. Izidoro Francisco Sarto

Prof. Dr. Luiz Daniel de Barros Prof.ª Dr.ª Márcia Regina Coalho Prof. Me. Marco Aurélio Torrecillas Sturion

Prof. Me. Mariana Tiai Kihara Prof. Me. Nazilton dos Reis Filho Prof.ª Dr.ª Raquel de Queiroz Fagundes

Prof.ª Me. Renata Bello Rossetti Prof. Me. Tiago Torrecillas Sturion.

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PIOMETRA EM GATA - REVISÃO DE LITERATURA

PYOMETRA IN YOUNG CAT - LITERATURE REVIEW

Isabela Ribeiro de Carvalho Oliveira* Nazilton de Paula Reis Filho Beatriz Perez Floriano Fernanda Saules Ignácio Guilherme Coutinho Vieira Freddi Bardela de Souza Sandra Lúcia

Simão Bordolini§

RESUMO

A piometra é uma enfermidade grave do útero, que ocorre principalmente na fase de diestro do ciclo estral e apresenta maior ocorrência em animais de meia-idade à idosos, sendo a incidência de 66% em fêmeas com idade acima de nove anos. Esta enfermidade é comum em cadelas, porém incomum em gatas, pois estas necessitam do coito para que ocorra o desenvolvimento do tecido lúteo e subsequente secreção de progesterona, cuja ação sobre o útero favorece a ocorrência de piometra. Portanto, nesta espécie o desenvolvimento desta enfermidade está relacionado principalmente com terapias exógenas de estrógeno e progesterona. O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura sobre o ciclo reprodutivo das gatas, e enfatizar a ocorrência de piometra nesta espécie, bem como os sinais clínicos, diagnóstico e tratamentos para esta enfermidade.

Palavras-chave: infecção, útero, hormônios, felino

ABSTRACT

Pyometra is a serious disease of the uterus, which occurs mainly in the diestrus phase of the estrous cycle and presents a higher occurrence in middle-aged animals in the elderly, with a 66% incidence in females aged over nine years. This disease is common in bitches, but unusual in cats, because they require intercourse to occur the development of the luteal tissue and subsequent secretion of progesterone, whose action on the uterus favors the occurrence of pyometra. Therefore, in this species the development of this disease is mainly related to exogenous therapies of estrogen and progesterone. The objective of this work is to perform a literature review on the reproductive cycle of cats, and to emphasize the occurrence of pyometra in this species, as well as clinical signs, diagnosis and treatments for this disease.

Keywords: infection, uterine, hormones, feline

INTRODUÇÃO

Com o aumento do interesse relacionado à superlotação e controle de natalidade dos animais de companhia a partir da conscientização sobre a posse responsável de animais, os métodos de prevenção da gestação têm sido muito utilizados visando o controle populacional de cães e gatos. Essas medidas incluem principalmente ovariohisterectomia e a terapia hormonal. Como o procedimento cirúrgico é um método de maior custo, a terapia hormonal tem se tornado uma opção de custo reduzido bastante utilizada, porém, apresenta riscos de efeitos colaterais, especialmente com relação às afecções uterinas, como a piometra (1).

* Aluna do curso de Medicina Veterinária - Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO/FEMM, Ourinhos, SP, Brasil. E-mail: isabelarcoliveira@hotmail.com

Docente do curso de Medicina Veterinária - Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO/FEMM, Ourinhos, SP, Brasil.

Aprimorando em Clínica Cirúrgica - Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO/FEMM, Ourinhos, SP, Brasil.

§ Médica Veterinária. Serviço de Clínica Cirúrgica - Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO/FEMM, Ourinhos, SP, Brasil.

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A piometra é uma enfermidade grave do útero, que pode ocorrer em qualquer estágio do ciclo estral, sendo mais frequentemente observada na fase de diestro (2,3). Acomete pincipalmente animais de meia-idade à idosos, sendo a incidência de 66% em fêmeas com idade acima de nove anos, porém, animais jovens também podem apresentar essa doença, principalmente em decorrência de tratamentos hormonais (4,5,6,7). O risco do desenvolvimento dessa afecção se eleva em nulíparas quando comparado a primíparas ou pluríparas e em fêmeas que apresentam pseudogestação e irregularidade de ciclo estral (5).

Sua ocorrência é relativamente comum em cadelas, porém incomum em gatas, pois estas são classificadas como animais ovuladores induzidos, ou seja, necessitam do estímulo vaginal para que ocorra o desenvolvimento do tecido lúteo e a subsequente secreção de progesterona (5,8). No entanto, a subestimação da incidência da doença é provável porque as gatas muitas vezes não expressam sinais clínicos evidentes da doença como as cadelas. (9).

Na espécie felina, a ocorrência de piometra está relacionada principalmente a terapias exógenas de estrógeno e progesterona (10,11). Porém, apesar de serem ovuladoras induzidas, a ovulação espontânea não é incomum em gatas. Há relatos de ovulação espontânea em gatas com incidência média de 35%. Apesar de muitas hipóteses, as causas de ovulação espontânea nas gatas ainda são desconhecidas, mas podem ser influenciadas pela raça, o aumento da idade e número de partos (12).

O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura sobre o ciclo reprodutivo das gatas, e enfatizar a ocorrência de piometra nesta espécie, bem como os sinais clínicos, diagnóstico e tratamentos para esta enfermidade.

REVISÃO DE LITERATURA

CICLO ESTRAL E PRINCIPAIS HORMÔNIOS EM GATAS

A gata é poliéstrica estacional e apresenta seu ciclo reprodutivo estimulado nos períodos de maior incidência de luz natural. Desse modo, os ciclos estrais geralmente são concentrados de setembro a janeiro, sendo o anestro percebido a partir do fim de janeiro até inicio de setembro (13, 14).

Gatos machos parecem ter pelo menos dois ferormônios sexuais, que são substâncias secretadas por um animal e modificam o comportamento de outro. O odor destes ferormônios estimula o cio nas gatas. As fêmeas, por sua vez, possuem um ferormônio que também auxilia na indução do cio de outras fêmeas, além da função de atrair machos. Desta forma, em ambientes como gatis, várias gatas podem manifestar cio ao mesmo tempo (8).

É possível então dividir o ciclo estral felino em cinco fases distintas: proestro, estro, diestro, interestro e anestro (1).

Proestro

O proestro caracteriza-se pelo desenvolvimento dos folículos ovarianos sob a influência do FSH (Hormônio folículo estimulante) produzido pela hipófise, e produção de estrógeno pelas células foliculares. Esta fase pode durar de 1 a 2 dias e clinicamente a fêmea exibe pouco ou nenhum edema vulvar, além de mínima descarga vaginal fluida e transparente.

As gatas podem apresentar comportamento de estro, aceitando o acasalamento e dessa forma, ao contrário da cadela, é difícil distinguir o proestro do estro (8).

Estro

Durante o estro, que dura em média 6 a 10 dias, o comportamento da gata se altera e ela passa a ser receptiva ao macho (1). O estrógeno nesta fase encontra-se em evidência e está envolvido no aumento da vascularização, crescimento e edema do endométrio, útero e cérvix.

Promove ainda relaxamento e dilatação da cérvix, aumento da intensidade de contração do

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miométrio, promovendo drenagem do conteúdo uterino. O estrógeno também possui um efeito bactericida sobre o útero uma vez que aumenta a taxa de migração de neutrófilos para dentro do lúmen uterino (15, 16).

Nessa fase, a gata não apresenta sangramento, nem corrimento, mas pode apresentar mínimas alterações na genitália externa como pequena vermelhidão, amolecimento ou edema de vulva. No estro, independente de ocorrer ou não acasalamento, poderão ser observadas mudanças de comportamento como: flexão lateral da cauda, ato de esfregar o corpo contra objetos, posição de lordose e rolamento sobre si mesma. Além disso, a fêmea se torna mais afetuosa, urina com maior frequência para atração dos machos, podendo haver perda de apetite, vocalização e aceita da cópula (8). Uma particularidade da fêmea felina é o fato de a ovulação ser induzida pelo coito (5). Durante a cópula, a estimulação vaginal desencadeia sinais nervosos na zona médio ventral do hipotálamo com consequente liberação de GnRH (Hormônio gonadotrófico) que induz a liberação de LH (Hormônio luteinizante) pela hipófise, culminando na ovulação de 24 a 30 horas depois (17).

Em 35% dos casos, pode ocorrer ovulação espontânea, principalmente nos locais em que as fêmeas convivem em um mesmo ambiente que os machos, mesmo não havendo contato físico e visual (8, 13, 17).

Interestro

Na ausência da ovulação, inicia-se a fase chamada de interestro, que corresponde a uma aparente quiescência ovariana e uterina. Essa etapa sucede o estro e pode preceder um novo estro ou o anestro. Sua duração varia de 8 a 10 dias, em que a fêmea não exibe sinais físicos ou comportamentais de atividade sexual. Apesar disso, o ovário está se preparando para um novo crescimento folicular e, subsequentemente, novo ciclo estral (17).

Em algumas gatas, ondas sequenciais de crescimento folicular podem sobrepor-se e as concentrações de estrógeno podem não declinar fazendo com que a gata permaneça em cio constante, denominado de “ninfomania” ou estro prolongado (1).

Diestro

O diestro é marcado pelo fim do estro, em que ocorre a ovulação e se inicia o desenvolvimento luteal. Compreende um período médio de 60 dias na fêmea prenhe (2). Se houver ovulação sem fecundação, resultará em uma pseudoprenhez de aproximadamente 40 dias (18).

Durante essa fase, observa-se alta secreção de progesterona pelo corpo lúteo (3). A progesterona possui vários efeitos sobre o útero. Uma das ações fisiológicas desse hormônio é preparar o ambiente uterino para receber uma possível gestação, reduzir a resposta imunológica, inibir a atividade contrátil do miométrio e realizar o fechamento da cérvix. Esse hormônio ainda aumenta a atividade secretória das glândulas endometriais, resultando na produção e no acúmulo de grandes quantidades de fluidos no interior do útero (3,6). Além disso, sua ação sobre o fechamento da cérvix e a inibição da atividade contrátil do miométrio, impede a drenagem do fluido intrauterino acumulado, o que torna o útero mais susceptível à infecção bacteriana, favorecendo a ocorrência da piometra (8, 11, 19).

Anestro

O anestro é considerado a fase de inatividade reprodutiva em relação ao comportamento e aos sinais clínicos. Essa fase ocorre quando há diminuição das horas de luz, que também se caracteriza pela elevação dos níveis de melatonina e de prolactina e pela presença de níveis basais de estrógeno e de progesterona (1, 17, 20).

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FISIOPATOGENIA DA PIOMETRA

A piometra é um acúmulo de secreção purulenta no interior do útero resultante da interação entre o estrógeno e a progesterona, complicada pela infecção bacteriana ascendente (5, 21, 22).

Tendo em vista que as gatas necessitam do coito antes que ocorra o desenvolvimento do tecido lúteo e a subsequente secreção de progesterona, os contraceptivos a base de progestágenos, bem como medicações que tem como base esse grupo de hormônios são considerados os principais responsáveis pela alta incidência de piometra em gatas não- fecundadas (23, 24). Sob influência estrogênica, a cérvix se abre, o que permite a entrada de bactérias da flora normal da vagina para dentro da luz uterina, além de um estímulo ao aumento do número de receptores de progesterona no endométrio. A progesterona, por sua vez, estimula a atividade secretória das glândulas endometriais, o que resulta no desenvolvimento de uma hiperplasia endometrial cística com consequente acúmulo de líquidos nas glândulas endometriais e na luz uterina (3, 6). A interação das ações desses hormônios favorece a infecção bacteriana secundária do útero, onde as bactérias colonizam o útero anormal por via ascendente. Aliado a isso, a resposta inflamatória é reduzida e o produto da secreção das glândulas endometriais contém nutrientes e pH favoráveis ao crescimento bacteriano, o que facilita a instalação de um processo infeccioso resultando em piometra (8, 11, 19).

APRESENTAÇÃO CLÍNICA

As manifestações clínicas tornam-se evidentes após a administração hormonal exógena. As gatas podem demonstrar discreta anorexia e depressão, até que a doença esteja bem avançada (25). Outros sinais menos comumente observados são descarga vaginal, letargia, apatia, depressão, inapetência ou anorexia, poliúria, polidipsia, diarreia e vômito (3, 8). A temperatura corporal é variável, encontrando-se normal, mas podendo apresentar um aumento devido à infecção bacteriana (26).

A severidade dos sinais clínicos é dependente da condição da cérvix, do tempo desde a observação dos sinais clínicos até o diagnóstico da enfermidade, da severidade das lesões uterinas e do comprometimento de outros órgãos (3, 5).

Quando a cérvix está aberta, há secreção vaginal, com quantidade variável dependendo do grau de abertura, podendo ser intensa, moderada ou ausente. A coloração dessa secreção também é distinta, variando desde amarela-acinzentada até amarronzada com odor fétido (3, 8, 26).

Se a cérvix estiver totalmente ou parcialmente oclusa, ocorre um acúmulo mais acentuado de secreção no lúmen uterino, conduzindo a um quadro clínico geralmente mais grave, com depressão e toxemia (22). Os principais sinais decorrentes da endotoxemia incluem desorientação, taquicardia, preenchimento capilar prolongado, pulso femoral fraco;

hipotermia e choque (19, 24).

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de paciente com piometra baseia-se nos sinais clínicos, entretanto, a cultura vaginal e antibiograma, exames laboratoriais, exames de imagem e a histopatologia são fundamentais para se concluir o diagnóstico e estabelecer um prognóstico (22, 27).

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Citologia e cultura vaginal

A citologia do útero ou corrimento vaginal revela um grande número de neutrófilos degenerados e bactérias fagocitadas. A partir da amostra coletada, é recomendada a realização da cultura bacteriana e antibiograma (12, 28).

A cultura bacteriológica é realizada para identificação dos micro-organismos causadores dessa infecção. Escherichia coli constitui o microorganismo mais comumente identificado na piometra felina (2, 28), mas outros microorganismos aeróbicos podem ser isolados e descritos, em ordem decrescente de ocorrência: Streptococcus sp, Streptococcus canis, Staphylococcus sp, aureus e intermedius, Klebisiella sp, Proteus sp, Pseudomonas sp, Corynebacterium sp, Enterococcus sp, Pasteurella sp, Serratia sp, Haemophilus sp e Bacillus sp (16, 19, 28, 29).

O antibiograma é realizado para detectar a sensibilidade da bactéria ao agente antimicrobiano, facilitando assim o tratamento. Os medicamentos mais utilizados no combate a esta infecção incluem principalmente amoxicilina, cefalosporinas, amicacina, enrofloxacina, sulfametoxazolassociado ao trimetropim, metronidazol, clindamicina e penicilinas (30).

Exames laboratoriais

No hemograma completo em 70 a 90% dos casos, pode ser observada leucocitose por neutrofilia com desvio à esquerda (>35 x 109/L) (19, 28, 31).

É encontrada uma anemia normocítica normocrômica não regenerativa que se dá pela perda de eritrócitos por diapedese para o lúmen uterino ou por, depressão toxica da eritropoiese. (2, 19, 25).

As alterações bioquímicas mais frequentes incluem hiperproteinemia, hiperglobulinemia e azotemia que resultam da desidratação e/ou estimulação antigênica crônica do sistema imune (2, 19, 24, 31). As taxas de uréia e de creatinina podem estar aumentadas devido à desidratação e à uremia pré-renal presentes (19, 24).

A diminuição das atividades da alamina-aminotransferase- ALT e da fosfatase alcalina (FA) são anormalidades menos comuns, secundárias ao dano hepatocelular induzido pela septicemia e/ou circulação hepática reduzida (24).

Na urinálise, são muitas as variáveis que podem afetar os resultados (24). Geralmente são reveladas isostenúria ou hipostenúria, proteinúria, e bilirrubinúria (2,19).

Segundo Feldman e Nelson (24) no início do curso da doença, a densidade urinária pode ser aumentada em decorrência da desidratação e da resposta fisiológica para conservar os líquidos mas, com uma infecção bacteriana secundária, há a interferência na reabsorção de sódio e cloro na alça de Henle, reduzindo assim a hipertonicidade medular renal, o que dificulta a capacidade dos túbulos renais de absorverem água livre.

Ultrassonografia

O ultrassom é o exame diagnóstico de escolha no caso de uma suspeita de piometra, pois, com ele, pode-se avaliar o tamanho e a espessura do útero e muitas vezes também é possível diagnosticar o tipo de secreção acumulada no lúmen uterino (5, 25, 32, 33).

Ademais, esse exame permite ainda diferenciar um aumento de volume uterino decorrente de uma gestação em fase inicial e neoplasias que são consideradas os principais diagnósticos diferenciais dessa enfermidade (8). O útero dilatado apresenta uma imagem ultrassonográfica de uma estrutura tubular com tamanho aumentado, preenchido com fluido anecoico ou hipoecoico. A ecogenecidade do fluido intrauterino é variável dependendo da celularidade local, o que permite a diferenciação de mucometra da piometra propriamente dita (3, 24, 34).

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Radiografia

A visualização do útero no exame radiográfico restringe-se ao tamanho, às formas uterinas e às mineralizações (35).

Nas radiografias, estruturas tubulares homólogas com densidade de material fluido podem ser vistas na região abdominal caudal (25).

A maior limitação desse exame é a sua incapacidade de distinguir aumentos patológicos como piometra de gestação inicial e involução uterina pós-parto (24, 28, 35).

Dessa forma, considerando os exames complementares de imagem, a ultrassonografia apresenta vantagens quando comparada à radiografia. Portanto, para confirmação dessa enfermidade, o exame de imagem de escolha seria a ultrassonografia (5).

Histopatologia

Na histopatologia é comum observar um espessamento da parede uterina, causado pela proliferação e dilatação de glândulas endometriais, que ocorre ao longo do endométrio. Essas glândulas contêm exsudato mucopurulento com grande número de leucócitos polimorfonucleares. Essa infiltração densa de neutrófilos também pode ser vista no estroma superficial sob a superfície do endométrio. Em alguns casos, há evidência de inflamação crônica com infiltrações predominantemente de células plasmáticas e histiócitos no estroma em torno das glândulas. Os ovários geralmente são encontrados na fase progesterônica, ou seja, contém corpos lúteos ativos (4, 12).

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

As principais causas de aumento do útero e / ou descarga vulvar incluem uma gestação em fase inicial (excluída com ultra-sonografia 25 dias após o pico de LH ou por radiografia 40 dias após o pico de LH), e processos neoplásicos. Além de metrite e vaginite devido à massa vaginal corpo estranho ou anomalias anatômicas (28). Outras doenças como mucometra, hemometra e hidrometra também devem ser consideradas, porém podem ser diferenciadas da piometra por não estarem associadas com sinais clínicos sistêmicos e neutrofilia (8, 12, 28).

TRATAMENTO

A piometra pode ser tratada clínica ou cirurgicamente. A escolha é feita com base na gravidade do quadro clínico do animal, da condição da cérvix (aberta ou fechada), do grau de distensão do útero e do interesse do proprietário no uso do animal da reprodução (8, 5, 22).

Entretanto, o tratamento deve ser imediato e eficaz, pois o agravamento do quadro pode resultar em septicemia e endotoxemia, podendo levar o animal à morte (19, 31).

A ovariohisterectomia é considerada como tratamento de escolha, por ser potencialmente curativa, enquanto que o tratamento conservativo só deve ser considerado para animais com interesse reprodutivo e sem quadro clínico grave (22, 26, 27, 33).

Tratamento clínico

Os objetivos do tratamento clínico visam recuperar a capacidade reprodutiva dos animais, abertura da cérvix, drenagem, limpeza e eliminação da infecção bacteriana secundária do útero, bem como eliminar a fonte produtora de progesterona que desencadeia essa enfermidade (25).

As opções terapêuticas são dadas através da administração de estrógeno, prostaglandina, andrógenos, quinino, ocitocina e alcalóides derivados do ergot (24).

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A administração de hormônios tem como objetivos alterar as condições do útero, na tentativa de retorná-lo à sua forma original (24). O estrógeno promove o relaxamento da cérvix e aumenta o tônus muscular, favorecendo assim a drenagem do fluido intrauterino. Do mesmo modo age a testosterona, que faz a atrofia ovariana. A ocitocina e os alcaloides do Ergot promovem o aumento da contratilidade uterina e consequente expulsão do conteúdo uterino (5).

A prostaglandina F2α (PGF2α) é o fármaco preferido para o tratamento da piometra, porém seu uso é controverso pelo riso de ocasionar sepse, ruptura uterina ou extravasamento intrauterino (5, 16, 25).

A PGF2α promove lise do corpo lúteo, aumenta a contratilidade do miométrio, contribuir para a liberação do conteúdo séptico uterino e pode contribuir para o relaxamento cervical (5, 8, 29). Sendo assim, ao promover a lise do corpo lúteo, a PGF2α diminui as concentrações séricas de progesterona, minimizando gradativamente as alterações hipertróficas causadas por esse hormônio no endométrio e nas glândulas endometriais (5).

Há duas formas de PGF2α, a sua forma natural (Dinoprost-trometamina) ou derivados sintéticos (por exemplo, Cloprostenol). O Cloprostenol apresenta menores efeitos colaterais e meia-vida mais longa. Contudo, PGF2 α naturais induzem maiores contrações do miométrio e, portanto, mais rápida eliminação de material purulento do útero comparadas à PGF2α sintética. Por essa razão, é recomendado o tratamento utilizando PGF2α natural na piometra felina (12, 28).

É importante ressaltar que o corpo lúteo da gata é mais resistente ao efeito luteolítico de PGF2α do que o da cadela. Além disso, se o tratamento for iniciado logo depois da ovulação, o corpo lúteo pode ser refratário aos efeitos de PGF2α. Desta forma, doses mais elevadas de PGF2α com durações mais longas são necessárias para obter a resolução da piometra, especialmente se o diagnóstico for realizado no início diestro. Durante este tempo, baixas doses de PGF2α são ineficazes na indução completa e definitiva da luteólise (9, 12).

A duração do tratamento pode variar de cinco a sete dias, mas a melhora clinica começa a ser observada somente após dois dias do inicio do tratamento

(5).

O protocolo de tratamento com aplicações de PGF2α deve ser realizado por cinco a sete dias, por via subcutânea, com dose de 0,1 mg/kg no primeiro dia, no segundo dia 0,2 mg/kg, e, do terceiro ao sétimo dia, a dose é de 0,25 mg/kg. A antibioticoterapia deve ser realizada durante e após 14 dias do tratamento com a PGF2α. É necessária a reavaliação do paciente após sete e 14 dias do final do tratamento com esse hormônio (24).

Na atualidade, antiprogestágenos vêm sendo utilizados para indução do parto, interrupção da gestação e para o tratamento de piometra aberta ou fechada. Esses medicamentos promovem supressão da ação da progesterona sobre o endométrio. Esse anti- hormônio fixa-se sobre os receptores de progesterona com uma intensidade três vezes maior do que a própria progesterona. O principal exemplo desta classe é o aglepristone. Sua dose é de 15 mg/kg em gatas, e ele deve ser aplicado por via subcutânea nos dias 1, 2, 8 e 15 do tratamento. Sua eliminação é por via fecal, e não há relatos de efeitos adversos associados à sua administração, sendo que o estro subseqüente ao tratamento pode ser fértil (16). O aglepristone apresenta efeitos colaterais mínimos e é considerado uma boa escolha para o tratamento de piometra fechada de gatas, pois resulta na abertura cervical com o mínimo de contrações uterinas, reduzindo o risco de ruptura. Esse fármaco também induz a luteólise (1, 2). No entanto, gatas que apresentam hepatopatias e comprometimento da função renal não devem ser tratadas com aglepristone. Quando utilizado em combinação com PGF2α natural durante 5 a 10 dias, o aglepristone potencializa e aumenta a luteólise. Isso é particularmente importante em gatas por serem notoriamente resistentes à luteólise e à remoção dos efeitos da progesterona no útero (12).

(10)

Oliveira e colaboradores (22) indicam outra opção de tratamento para piometra, o uso da cabergolina que é um potente agonista dopaminérgico cuja associação com a prostaglandina pode resultar em sinergia na indução da luteólise, tornando possível a redução das doses de prostaglandina administrada, minimizando, assim, seus efeitos colaterais sem prejudicar o efeito estimulador sobre a contratilidade uterina. A dose recomendada de cabergolina é de 5 ug / kg a cada 24horas com duração de tratamento de sete dias (12). A bromocriptina também é um agonista dopaminérgico que pode ser utilizado no tratamento da piometra, no entanto, possui uma série de efeitos colaterais, incluindo vómitos, anorexia, depressão e algumas mudanças de comportamento. Além disso, requer administração de 2-3 vezes por dia, dificultando assim o seu uso (9).

Aliada à terapia com os fármacos supracitados, é necessária a reposição hidroeletrolítica e o tratamento antimicrobiano com antibióticos de amplo espectro como amoxicilina associado ao ácido clavulânico, sulfonamidas, quinolonas ou cefalosporinas é imprescindível (3, 12, 22).

Tratamento cirúrgico

O tratamento de escolha para cadelas com piometra é a ovário-histerectomia (OHE). A técnica cirúgica é a mesma da OHE eletiva, porém, nesse procedimento, o útero deve ser manuseado com cuidado, uma vez que ele pode estar distendido e friável, rompendo-se com facilidade (25). Em todos os casos, a terapia corretiva para os distúrbios hidroeletrolíticos existentes deve ser iniciada antes da cirurgia e mantida durante e após o procedimento, conforme a necessidade do paciente (24, 25). A antibioticoterapia adjuvante com fármacos de amplo espectro deve ser instituída antes, durante e também de sete a 10 dias após o procedimento cirúrgico (24, 25).

Vale ressaltar que o débito urinário deve ser monitorado durante a cirurgia através da observação do tamanho da bexiga. Não é recomendada a utilização de cateter urinário, a fim de prevenir a contaminação bacteriana da bexiga (25).

Nos casos de ruptura do útero com consequente peritonite, a cavidade abdominal deve ser lavada rigorosamente, com solução de cloreto de sódio a 0,9% (50mL/kg) previamente aquecida. Para o tratamento antimicrobiano torna-se necessária a associação de mais de um fármaco (5, 25).

O sucesso da OHE como tratamento da piometra é alto e as complicações pós- operatórias são semelhantes às de OHE eletiva, salvos os casos que apresentem septicemia pré ou pós-cirúrgica (25).

COMPLICAÇÕES

Quando não tratada, a piometra passa a ter uma evolução local crônica ocasionando o comprometimento progressivo do estado geral da paciente. O quadro pode evoluir para uma insuficiência renal, como consequência do desenvolvimento de glomerulonefrite de origem imunológica, por depósito de complexos imunes (antígeno-anticorpo) ou células endometriais modificadas pela inflamação, que não são reconhecidas pelo sistema imune. A doença é agravada ainda pela azotemia pré-renal devido à desidratação associada ao choque séptico (22).

Quando tratada cirurgicamente, a paciente pode apresentar complicações, como peritonite (13% dos casos), infecção do trato urinário (5%), infecção da ferida (2%), uveíte (2%), arritmia cardíaca (1%), poliúria / polidipsia persistente (0,3%), doença hepática associada a ascite (0,3%) e mau funcionamento renal (0,3%) (36). Fatores como febre, hipotermia, depressão e palidez de mucosas e/ou hospitalização prolongada, podem agravar o risco de complicações da piometra, principalmente a ocorrência de peritonite (36, 37).

(11)

PROGNÓSTICO

O prognóstico da piometra é dado através do tempo decorrido entre o diagnóstico e o início do tratamento. Dependerá do estado geral do animal e, principalmente, do comprometimento da função renal (12). Em animais sem evidência de insuficiência renal e/ou endotoxemia, o prognóstico pode ser reservado a bom. Porém, o prognóstico é considerado desfavorável nos casos com acentuado comprometimento da função renal, presença de leucócitos degenerados e/ou outras afecções concomitantes (12, 16).

No geral, a taxa de mortalidade de gatas com piometra varia entre 6-8%. Se houver ruptura uterina, a taxa de mortalidade se eleva, alcançando taxas entre 30-50% (7, 28 ). Essa taxa relativamente alta pode estar relacionada ao fato de que as gatas com piometra geralmente demonstram sinais clínicos inespecíficos, dificultando o diagnóstico precoce da doença, o que pode acarretar em um prognóstico desfavorável (12).

Após o tratamento médico, o prognóstico para a fertilidade futura e o risco de recidiva da piometra dependerá de alguns fatores, incluindo idade, número de partos e tempo de resposta ao tratamento e resolução da piometra. Fêmeas com idade superior a seis anos, nulíparas e que respondem à terapia lentamente, necessitando de tratamento prolongado (> 2 semanas), geralmente têm um mau prognóstico (12).

CONCLUSÃO

O ciclo reprodutivo das gatas tem suas peculiaridades e não deve ser assemelhado ao das cadelas.

A ocorrência de piometra nesta espécie é incomum, e está associada principalmente à terapias hormonais. Uma anamnese e exame físico minucioso, aliado à exames laboratoriais e ultrassonografia, facilitam o diagnóstico desta infecção.

O tratamento recomendado para esta enfermidade é a ovariohisterectomia, por ser potencialmente curativa, já que o tratamento clínico apresenta controvérsias e risco elevado de recidivas.

REFERÊNCIAS

1. Gobello C, Castex G, Klima L, Rodríguez R, Corrada Y. Study of two protocol combining aglepristone and cloprostenol to treat open cervix pyometra in the bitch. Theriogenology.

2003 Set; (8897): 1-8.

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Recebido em 12 de janeiro de 2017 Aceito em 28 de março de 2017

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CHRONIC SALPINGITIS IN COLLARED FOREST-FALCON (MICRASTUR SEMITORQUATUS - VIEILLOT, 1817)

SALPINGITE CRÔNICA EM GAVIÃO-RELÓGIO (MICRASTUR SEMITORQUATUS - VIEILLOT, 1817)

Guilherme Augusto Marietto-Gonçalves* Ewerton Luiz de Lima, Alexandre Alberto Tonin

RESUMO

O presente artigo notifica a ocorrência de salpingite crônica em um exemplar de Micrastur semitorquatus cativo, com sete anos de idade, ocorrido no período de seis meses após a submissão de um procedimento emergencial de ovocentese. Devido a apresentação constante de apatia e dificuldade respiratória e de um aumento de volume abdominal a ave seria analisada para a realização de uma laparotomia exploratória. No início de um procedimento anestésico, durante a indução anestésica a ave veio a óbito e no exame necroscópico encontrou-se o oviduto com aumento de tamanho e com deformação anatômica e ao analisar órgão viu-se que estava repleto de conteúdo caseoso e com duas massas ovais de aspecto pútrido. O exame histopatológico revelou um quadro de metrite no terço proximal do oviduto.

Apesar de não ter sido realizado uma avaliação microbiológico o quadro observado é compatível com salpingite por colibacilose ascendente. A realização de procedimentos de ovocentese deve ser restrita devido ao risco de lesões iatrogênicas que expõem o trato reprodutivo de aves fêmeas a infecções ascendentes que ofereçam risco de vida para os animais.

Palavras chave: distúrbios reprodutivos, rapinantes, Micrastur, patologia aviária

ABSTRACT

This scientific report notifies the occurrence of chronic salpingitis in a captive Micrastur semitorquatus, ten years old. Salpingitis occured six months after an emergency procedure (ovocentesis). Due to the persistent apathy, difficulty breathing and an increase in abdominal volume, the bird was clinically evaluated in order to perform an exploratory laparotomy.

However, during the anesthesia induction the bird died. During necropsy it was observed that the oviduct had increase of size, characterizing an anatomical deformation. Additionally, it was observed the oviduct filled with caseous content and with two oval masses with putrid appearance. The histopathological evaluation revealed metritis in the proximal third of the oviduct. Despite not having been undertaken a microbiological evaluation, the clinic presentation is compatible with salpingitis by ascending colibacillosis. Therefore, it is important to emphasize that once decided by ovocentesis, it must be performed with full attention and care, due to the elevated risk of iatrogenic lesions that can exposes the reproductive tract of birds to ascending infections, offering life-threatening to the animals.

Keywords: reproductive disorders, birds of prey, Micrastur, avian pathology

* Médico Veterinário, Professor Doutor, Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, Ourinhos, SP, Brazil. Email:

gmarietto@hotmail.com

Médico Veterinário Autônomo, Foz de Iguaçu, PR, Brazil.

Médico Veterinário, Professor Doutor, Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC, Xanxerê, SC, Brasil.

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INTRODUCTION

Micrastur semitorquatus (Ciconiiformes Order: Falconidae family), commonly known as Collared forest-falcon (Gavião relógio in Brazil). It is the largest representative of Micrastur genus, inhabiting dense forest areas, priority being a predator of large birds like curassows, guan, nhambus, toucans, magpies and even owls; it may also hunts squirrels, bats, snakes and lizards, catching its preys in the branches of trees and also on the ground (1,2). It is a bird not yet classified as threatened by the Red List of Threatened Animals Extinction, because it is found in almost all of America; however, the population is declining due to the degradation of forest areas (3).

Reproductive problems are well described in domestic birds; but, they are uncommon in wild birds, without susceptibility related to the order, family or species; however, there is a correlation with senility (4). Salpingitis, or inflammation of the uterine tubes, is a common result of bacterial infection. It is usually followed by endometritis, metritis or pyometra by ascending infection. In this case, macroscopically, it is possible to observe hyperemia, mucosal thickening and small amount of luminal exudate. Microscopically it is possible to detect inflammation variating from mild to chronic. In some acute cases, there is loss of cilia and epithelial desquamation of mucosal folds; however, in chronic conditions, there are the involvement of other mucosa parts and, sometimes, even the muscle layer (5).

The main causes of salpingitis in birds are mostly by systemic ascendant infections, occurring occasionally secondary to dystocia, obstruction or impaction, causing death due to septicemia, peritonitis or rupture of the oviduct (6).

CASE REPORT

An female captive exemplary of Micrastur semitorquatus, 10 years old, 900 g, from the Centro de Recuperacion y Recreates of Güira Oga Birds (Puerto Iguazu-Argentina) was subjected to radiologic evaluation. Clinical evaluation showed breathing difficulty (hyperventilation) and crackles sounds by stressful situations and during induction of exercise. Radiographic images showed two radiodense celomic masses (Figure 1). In addition to the celomic masses, it was also observed loss of contrast with increase of radiopacity in the intra-celomic fluid, opacification of radiopacity in fluid of air sacs and fluid luminal in intestines and ventricle.

Based in these findings, it was decided to perform an exploratory laparotomy.

Anesthetic induction procedure was carried out with isoflurane 5% (7), however, few minutes after anesthesia, the bird developed apnea, forcing us to stop immediately the anesthetic supply. The bird was kept only with oxygen supply and doxapram (IM via) was used (7).

Unfortunately, the bird did not respond to our protocol, dying by cardiac arrest.

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Figure 1. Radiological evaluation revealed the presence of two coelomic and radiodense masses (white arrow) into the abdominal area.

Immediately after death, the necropsy was conducted. The external examination revealed an abdominal bulging and, during palpation, was detected a region of rigid consistency (Figure 2A). When accessing the coelomic cavity, it was observed the presence of

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coelomic exudate, adhesion and visceral displacement due to the presence of two oval mass occupying most of the abdominal cavity of the bird. The anatomical evaluation allowed the observation of intestines dorsally displaced to right side, ventricle occupied a more dorsal position and liver and heart were cranially displaced.

There were visceral adherence, initially making difficult the dissection; however, it was possible to set that the masses found were originated in the oviduct. Despite the compression and adhesion to other viscera, macroscopically there were no changes; but, the oviduct presented its proximal third (the region corresponding to magnum) completely changed (Figure 2B). By opening the oviduct it was visualized edema, congestion and the lumen filled with mucopurulent content with fetid odor (hydrogen sulfide-like). Within each mass, there was a caseous body (oval) with approximately 4 cm long and 2.5 cm wide (Figure 2C and 2D). Ovarian was congested and flaccid, while the uterus was only congested.

Figure 2. Necropsy evaluation of Micrastur semitorquatus with salpingitis. A - Presence of an abdominal bulging (white arrow) of rigid consistency. It was recognized after palpation, during the external examination of bird body; B - Oviduct presenting two masses in the region of magnum; C - Presence of mucopurulent content of fetid odor (uterine lumen); D - At the center of caseous content, it was found a mass of caseous constitution.

Microscopically, we observed the magnum region with intense edema in endometrium, inflammatory infiltrate and area of oviduct lumen filled with an amorphous mass of cell in degeneration, as well as inflammatory infiltration of heterophilic character (Figure 3). Isthmus and uterus were congested. Macroscopically and microscopically, the findings pointed out to a clinical manifestation compatible with salpingitis.

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Figure 3. Histological evaluation revelated endometrium edema (E) with cells in degeneration on the epithelial edge and; oviduct lumen was filled with an amorphous mass (C) of degenerated cells and intense inflammatory cells in the periphery (HE, 40x).

Reviewing the bird history, it was previously reported that in the last breeding season the bird presented dystocia and, for this reason, it was performed ovocentesis (aspiration of internal content and manual removal of the shell fragments).

DISCUSSION AND CONCLUSION

Our case reports a female captive exemplary of Micrastur semitorquatus showing breathing difficulty (hyperventilation) and crackles sounds by stressful situations and during induction of exercise. Radiographic images showed two radiodense celomic masses. In addition to the celomic masses, it was also observed loss of contrast with increase of radiopacity in the intra-celomic fluid, opacification of radiopacity in fluid of air sacs and fluid luminal in intestines and ventricle.

The natural occurrence of avian salpingitis is usually associated with ectopic ovulation or peritonitis by egg, typically being an extension of the inflammatory reaction of the coelomic cavity. In cases in which the bird does not die immediately salpingitis is related to the occurrence of obstruction of the oviduct, usually associated with the presence of retained eggs (4). The oviduct obstruction combined with suppurative inflammation results in

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piossalpingitis, characterized by oviduct dilation, and the presence of purulent content (5), as seen in this case. In general, simple salpingitis cases, without obstruction, are uncommon (4).

Cases of egg retention should first be treated by mechanical removal and / or by pharmacological induction, according to the case (8); if no satisfactory response, hysterectomy is the technique of choice for egg removal (9). The ovocentese is a method that can be used when these procedures are not possible or recommended (10). However, the use of it can predisposes the occurrence of immediate complications, such as rupture of the oviduct and peritonitis by yolk, as well as late ectopic egg and metritis by eggshell break (6).

One of the biological agents frequent involved in the setting of ovarian-uterine infections in birds is Escherichia coli (11). Salpingitis by E. coli is characterized by the formation of caseous mass composed by heterophile and bacteria in the oviduct, progressively increases its size and may it persists for months. Birds presenting this clinical complication generally do not live more than six months; surviving cases are accompanied by reproductive problems due to follicular degeneration (12).

Due to the previous historic of ovocentesis and by the alterations observed during the necropsy, we assume that it was a clinical case of salpingitis. It possibly occurred due to iatrogenic lesions during the procedure. In addition, the inflammatory and caseous characteristics are compatible with chronic ascending salpingitis by E. coli, despite not having been conducted microbiological examination.

The realization of ovocentesis should be restricted to some very specific situations, such as small or micro sized birds whose use of drugs, mechanical induction or hysterotomy are anatomically impossible, at great risk of deleterious consequences for the birds.

Due to the clinical history of the bird and the changes found at post-mortem exam, we concluded that our bird patient (Micrastur semitorquatus) developed an iatrogenic chronic salpingitis, due to an ovocentesis procedure.

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Recebido em 29 de março de 2017 Aceito em 27 de abril de 2017

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