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Implementação de planos e programas de SST na construção civil: análise dos FCS em canteiros de obra de PME

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Implementação de planos e programas de SST na construção civil: análise dos FCS em canteiros de obra de PME

François José dos Anjos Silva (Universidade Federal de Alagoas – UFAL) francois.tkd96@gmail.com

Adriana de O. Santos Weber (Universidade Federal de Alagoas – UFAL) os.adriana@gmail.com

Luiz Philippsen Jr. (Universidade Federal de Alagoas – UFAL) luiz.philippsen@fau.ufal.br

Ismael Weber (Universidade Federal de Alagoas – UFAL) isma.weber@gmail.com

Luiz Gustavo Alonso Kozikoski (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – IFSP, Campus Registro) luizkozy@gmail.com Há um esforço das empresas e entidades governamentais para um melhor desempenho em segurança e saúdo do trabalho – SST na indústria da construção civil. O objetivo desta pesquisa é conhecer os fatores críticos de sucesso – FCS na implementação de planos e programas de SST em canteiros de obras e se estes FCS são também verificados no contexto de obras locais. A pesquisa foi dividida em duas etapas consecutivas. A primeira, com a condução de um mapeamento sistemático de literatura – MS para estabelecer o referencial teórico para a pesquisa. De posse dos FCS extraídos por meio do MS, procedeu-se vistorias técnicas em canteiros de obra de quatro pequenas e médias empresas – PME de construção civil com atuação em Maceió/AL. Foram identificados 23 principais FCS pela literatura, dentre eles: suporte e comprometimento em gestão de segurança, sistema de comunicação (ambos fatores de gestão e gerenciamento), participação dos trabalhadores nas questões de segurança, atitudes pessoais do trabalhador (ambos fatores pessoais), equipamentos de segurança adequados e inspeções no canteiro de obra (ambos fatores de recursos). Na etapa de vistorias técnicas foram identificados diversos dos FCS da literatura também implementados pelas PME no contexto local. Entretanto, os FCS mais observados na etapa de campo foram aqueles relacionados aos aspectos normativos e prescritivos, fundamentalmente oriundos do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT.

Não foi observada implementação de planos e programas de SST pelas PME que não identificados na etapa de MS. Os resultados apontam para a existência de lacunas passíveis de atendimento em canteiros de obra para além dos aspectos normativos e prescritivos decorrentes da legislação do país.

Palavras-chave: Segurança e Saúde do Trabalho, Construção Civil, Fatores Críticos de Sucesso, Mapeamento Sistemático de Literatura.

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1 1. Introdução

De forma concorrente às especificidades da indústria construção civil (FERNÁNDEZ-SOLÍS, 2008) e importância observada para a economia dos países (AKSORN; HADIKUSUMO, 2008; HAADIR; PANUWATWANICH, 2011), a construção civil busca redução dos acidentes ocorridos em seus diversos ambientes de trabalho (LOZANO-DÍEZ et al., 2019;

HAMID et al., 2015; YAN et al., 2012; WU; GIBB; LI, 2010).

Observa-se, portanto, um esforço das empresas e entidades governamentais para um melhor desempenho em segurança e saúdo do trabalho – SST, em especial, nos canteiros de obras.

Esses avanços são incentivados por um maior rigor nas exigências legais por parte de ações governamentais e pela busca das empresas por melhores índices de qualidade e produtividade (AWWAD; SOUKI; JABBOUR, 2015; ENSHASSI; CHOUDHRY; ABUALQUMBOZ, 2009; ULUBEYLI; KAZAZ; ER, 2014).

Mitropoulos, Abdelhamid e Howell (2005) apontam como principal limitação das abordagens para prevenção de acidentes em canteiros de obras o fato de que são fundamentadas no cumprimento à legislação, cuja ênfase é reativa, sem a construção de um conhecimento sobre as causas e instrumentos de mitigação dos incidentes e acidentes na construção civil.

Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa é discutir os fatores críticos de sucesso – FCS na implementação de planos e programas de SST em canteiros de obras. A partir do objetivo geral foram formuladas as seguintes questões de análise:

a. Quais são os principais FCS apontados pela literatura (estado da arte) sobre o tema?

b. Dentre os FCS há aspectos também verificados no contexto local de canteiros de obra?

c. É possível identificar FCS ou práticas de gestão de SST, no contexto local, não apresentadas ou discutidas ou pela literatura sobre o tema?

2. Referencial teórico

Quais são os FCS na implementação de planos e programas de gestão e gerenciamento voltados à SST na construção civil? O desenvolvimento de um protocolo específico e condução do mapeamento sistemático de literatura – MS permitem responder ao questionamento.

O MS é um método voltado para o levantamento e interpretação de uma base de dados baseada em evidência, fornecendo uma visão geral quantitativa e qualitativa sobre determinado tema (KITCHENHAM; MENDES; TRAVASSOS, 2010; SILVEIRA NETO et al., 2010).

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2 2.1 O MS como protocolo de revisão de literatura

Fundamentado no protocolo de Kitchenham (2004) e Kitchenham, Mendes e Travassos (2007), procedeu-se o desenvolvimento de um algoritmo de busca – AB, contemplando dois grupos de termos, envolvendo questões relacionadas à SST e ao canteiro de obras (ABfinal = ABa x ABb), conforme Equação 1:

AB= [("construction safety" OR "safet*" OR "safet* factor*" OR "injur*" OR "misse*" OR

"occupational safety" OR "occupational health*") x ("construction site*")] Eq. 1

Utilizou-se a plataforma Web of Science e com critério de inclusão/exclusão apenas trabalhos do tipo artigo publicados em periódicos científicos a partir de 2009. A Figura 1 apresenta a distribuição dos 201 artigos publicados ao longo do período analisado (2009-2020).

Figura 1 –Artigos publicados com foco nos FCS em SST na construção civil (2009-2020)

Fonte: dados da pesquisa

A Figura 2 apresenta o processo de refinamento do resultado do MS conduzido para validação dos 16 artigos considerados de alta aderência.

Figura 2 –Processo de verificação e validação de artigos do MS

Fonte: dados da pesquisa

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3 2.2 Os FCS de SST na construção civil

A leitura dos artigos permitiu observar tendências relacionadas ao processo de implementação de planos e programas de SST, e, portanto, passíveis de agrupamento para melhor compreensão do tema. Foram identificados 96 FCS na literatura, sendo 23 os mais citados. A Tabela 1 apresenta esses FCS por frequência e categorias desenvolvidas no âmbito desta pesquisa.

Tabela 1 – Principais FCS apontados pela literatura

Categoria FCS Freq. unit.

(%)

Freq. acum.

(%)

Fatores de gestão e gerenciamento

Suporte e comprometimento em gestão de segurança 56,3

59,3

Sistema de comunicação 50,0

Reuniões para discutir assuntos relacionados à

segurança 43,8

Treinamento dos trabalhadores em segurança 37,5

Gerenciamento de riscos 31,3

Identificação, análise e controle das condições

perigosas no trabalho 25,0

Alocação de recursos 18,8

Liderança 18,8

Cultura de segurança 18,8

Planejamento de orçamento em segurança 12,5 Seleção estratégica de subcontratadas 12,5 Estabelecimento de objetivos em segurança 12,5

Fatores pessoais

Participação dos trabalhadores nas questões de

segurança 31,3

24,2

Atitudes pessoais do trabalhador 31,3

Competência e qualidade do gerente de segurança 25,0

Conscientização do trabalhador 25,0

Relatos e investigação de acidentes 12,5 Relatos e investigação de quase-acidentes 12,5

Fatores de recursos Equipamentos de segurança adequados 25,0

16,5

Inspeções no canteiro de obra 25,0

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4

Incentivos individuais aos trabalhadores

Melhoria e monitoramento contínuo 12,5

Mecanismos de ações coercitivas 12,5

Fonte: dados da pesquisa

Bridi et al. (2013) destacam que não existe na literatura sobre gestão de SST uma conceituação clara sobre o que é uma prática ou melhor prática de SST. O estabelecimento dos FCS e suas categorizações são parte da construção da própria pesquisa.

3. Material e método

De posse dos FCS extraídos a partir da etapa de estabelecimento do referencial teórico, a pesquisa adotou o estudo de caso como o método que pode fazer emergir lições sobre determinada situação verificada, como apresentado por Barry, Leite e O’Brien (2015) em uma pesquisa tendo como unidade de análise o canteiro de obras, e Azhar e Choudjry (2016) que apresentam a relevância de processos de observação em canteiros de obra como parte do processo de coleta de dados e tomada de decisão.

A etapa de campo consistiu em visitas técnicas a canteiros de obras de quatro empresas de construção civil, enquadradas como pequena e média empresa – PME, com sede na cidade de Maceió, capital do estado de Alagoas. A Tabela 2 apresenta o resumo dos empreendimentos, sendo todos do segmento residencial de múltiplos pavimentos.

Tabela 2 – Apresentação dos empreendimentos objeto da etapa de campo

Etapa da obra | Empresa A B C D

Torre 1 1 2 2

Pavimentos 13 13 17 11

Pico funcionários canteiro de obra 120 76 110 120

Fase quando da visita Execução 1a laje Acabamento Vedação e instalações

Acabamento Fonte: dados da pesquisa

Para as visitas técnicas utilizou-se um roteiro semiestruturado a partir dos dados apresentados na Tabela 1, permitindo apontamentos e discussão com os técnicos, engenheiros e arquitetos responsáveis pela execução das obras. Complementarmente, analisou-se o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT dos

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5 empreendimentos, em conformidade com a respectiva Norma Regulamentadora – NR vigente quando do início das obras1.

4. Apresentação e discussão dos resultados

Os resultados e a discussão são apresentados a partir de cada um fatores extraídos do referencial teórico, a saber: (4.1) fatores relacionados à gestão e gerenciamento, (4.2) fatores pessoais e (4.3) fatores de recursos.

4.1 Fatores de gestão e gerenciamento

Aspectos relacionados ao suporte e comprometimento em gestão da SST são os FCS mais frequentes na literatura (AGYEKUM et al., 2018; HAMID et al., 2015; ISMAIL et al., 2012;

MARÍN et al., 2017; MOBARAKI et al., 2017; SCHWATKA; ROSECRANCE, 2016;

SAUNDERS et al., 2017; YIU et al., 2018; ZHAO et al., 2018). Ao conduzir as visitas técnicas e analisar os PCMAT das obras pôde-se observar que existem práticas desenvolvidas pelas PME que atestam o comprometimento da alta gestão em questões relacionadas à SST.

Representantes da alta direção realizam visitas ao canteiro de obra para conhecer seu funcionamento, além de participarem de palestras e promoverem treinamentos para os funcionários, por meio de empresas contratadas.

As reuniões da gestão e funcionários para discutir assuntos relacionados à SST (AGYEKUM et al., 2018; CAMBRAIA et al., 2010; HAMID et al., 2015; ISMAIL et al., 2012;

MOBARAKI et al., 2017; SAUNDERS et al., 2017; VITHARANA et al., 2015; YIU et al., 2018) são FCS observados nas PME A e D, que realizam reuniões diárias, denominadas de diálogo diário de segurança – DDS. As PME B e C realizam reuniões semanais, denominadas diálogo semanal de segurança – DSS. Percebe-se que a periodicidade, neste caso, pode ser explicada pela ausência de um profissional específico com habilitação em SST (de nível técnico ou de nível superior) em tempo integral – ambas PME B e C recorrem à contratação de um técnico via terceirização da mão de obra. Mesmo com padrão em DDS, verificou-se que a empresa D também realiza um DSS, sendo este de forma mais detalhada e com maior tempo de duração que o DDS. Essas reuniões são conduzidas fundamentalmente por um técnico em segurança do trabalho e os gestores de obra participam esporadicamente. A PME

1Em 18 de dezembro de 2019, foi aprovada pela Secretaria de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia uma nova redação da NR-18. Um dos destaques que o novo texto traz para a construção é a introdução do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, em substituição ao Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria de Construção – PCMAT. Entrará em vigor em 2 de agosto de 2021.

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6 D promove, ainda, uma reunião semanal dos trabalhadores com um psicólogo, visando o bem estar emocional, sendo esta uma estratégia não relatada pela literatura.

Tendo como atendimento restrito a aspectos legais, conforme discutido por Mitropoulos, Abdelhamid e Howell (2005), a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT, realizada anualmente, é parte da atenção normativa sobre SST no Brasil e que todas as PME objeto da etapa de campo são obrigadas a promover, conforme as NR então vigentes.

Quanto à identificação, análise e controle das condições perigosas no ambiente de trabalho (AGYEKUM et al., 2018; MARÍN et al., 2017; SAUNDERS et al., 2017; VITHARANA et al., 2015), os técnicos de segurança do trabalho realizam inspeções de periodicidade mínima semanal aos canteiros de obra. Caso identifiquem alguma condição perigosa, desenvolvem um relatório específico com tais apontamentos e submetem ao engenheiro ou arquiteto responsável da obra, sendo dele a responsabilidade pela correção do problema.

Foram identificadas nas visitas técnicas ferramentas que fazem parte do processo de gerenciamento de riscos (MOBARAKI et al., 2017; SAUNDERS et al., 2017; VITHARANA et al., 2015; ZHAO et al., 2018), dentre elas o mapa de risco, que consiste na representação gráfica simplificada dos riscos existentes no local de trabalho, identificados pelos próprios trabalhadores, por meio de círculos de diferentes tamanhos e cores. Além disso, foi também identificada a ferramenta de análise preliminar de risco – APR, que consiste em um documento que identifica os riscos referentes às etapas de execução do trabalho e informa suas respectivas medidas preventivas. A Figura 3 apresenta o mapa de risco da empresa B.

Figura 3 – Mapa de risco em canteiro de obra

Fonte: dados da pesquisa

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7 Na análise dos PCMAT, identificou-se o método de avaliação de riscos usado pelas PME, que foi abordado de maneira bastante similar em todos os documentos analisados. Tal instrumento contempla a severidade e a probabilidade da ocorrência de acidentes e/ou doenças relacionadas ao trabalho.

É possível identificar que as PME alocam parte de seu orçamento para SST, conforme discutido por Hamid et al. (2015), Yiu et al. (2018) e Zhao et al. (2018), já que a aquisição de materiais de segurança específicos, como EPI e EPC, exigem disponibilidade de recursos específicos em planilha orçamentária com reflexos na administração central da empresa.

Entretanto, não foi possível identificar um planejamento definido de orçamento específico de segurança das PME, conforme apresentado por Yiu et al. (2018) e Vitharana et al. (2015). A PME D, por exemplo, desenvolve esse tipo de orçamento com base no histórico de obras já executadas, por meio de cálculo de médias aritméticas. A Figura 4 mostra o aviso para uso de EPI em canteiros de obra das PME A e B, respectivamente.

Figura 4 – Aviso em canteiro de obra sobre uso obrigatório do EPI

Fonte: dados da pesquisa

Referente ao FCS treinamento dos trabalhadores (AGEYKUM et al., 2018; HAMID et al., 2015; MARÍN et al., 2017; YIU et al., 2018; VITHARANA et al., 2015; ZHAO et al., 2018), todas as PME possuem programas visando instrução dos trabalhadores. No âmbito exclusivamente legal, discutido por Mitropoulos, Abdelhamid e Howell (2005), existem nas PME treinamentos admissionais, promovendo a integração dos recém admitidos. Há também

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8 treinamentos específicos para determinadas funções, voltados ao uso de ferramentas especiais, por exemplo. Não foram identificados planos específicos para a seleção estratégica de subcontratadas, discutido por Agyekum et al. (2018) e Yiu et al. (2018). Os principais critérios percebidos para contratação de terceiros referem-se ao orçamento, relacionados aos serviços que a subcontratada realizará na obra e ao histórico dessas PME.

Relacionado ao fator liderança (HAMID et al., 2015; YIU et al., 2018; ISMAIL et al., 2012), foi observado que os engenheiros e/ou arquitetos responsáveis pela obra assumem esse papel, tentando abordar temas relacionados à SST em reuniões com os trabalhadores ou conversas pontuais. Entretanto, a falta de um gerente especializado em SST na obra pode ser um problema, principalmente para a inserção de novos programas que transcendam ao simples atendimento legal e normativo.

Cambraia et al., (2010), Hamid et al., (2015) e Yiu et al., (2018) definem cultura de segurança como um conjunto de atitudes e costumes compartilhados por um grupo de pessoas e planejado para evitar determinados riscos e acidentes. Observa-se que as PME tentam desenvolver essa cultura, ainda que em estágio inicial, por meio de reuniões e palestras, podendo ser apontando como empecilho a ausência de um gerente especializado em SST no canteiro de obras.

4.2 Fatores pessoais

Referente à participação dos trabalhadores em questões relacionadas à SST (MOBARAKI et al., 2017; HAMID., et al. 2015; MARÍN et al., 2015; YIU et al., 2018; SCHWATKAA e ROSECRANCE, 2016), as PME possuem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, com representantes dos empregados e empregadores; tratando-se, porém, de atendimento exclusivamente normativo. Ainda assim, o trabalhador é incentivado a relatar toda situação indesejada ao representante dos funcionários na CIPA. Os relatos e solicitações dos trabalhadores são objeto das reuniões da CIPA e avaliadas junto aos gestores responsáveis pela obra. Apenas a PME D possui uma comissão, para além da CIPA, integrada por gestores e trabalhadores, responsável pelo desenvolvimento e implementação do programa 5S.

Relatos e investigação de acidentes, discutidos por Agyekum et al. (2018) e Hamid et al.

(2015), é um FCS sensível do ponto de vista organizacional, já que os trabalhadores, muitas vezes, tendem a não relatar quase acidentes e mesmo acidentes em decorrência de uma equivocada crença no ambiente da construção civil de que eles são responsáveis pela ocorrência de tais acidentes e que serão demitidos ao reportarem-nos. Entretanto, foi

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9 constatado nas visitas técnicas que os trabalhadores são incentivados nos DDS e DSS a relatar tais ocorrências. Geralmente, eles fazem os relatos de acidentes ao encarregado que, por sua vez, transmite a informação ao técnico de segurança. Não foi constatada a existência de um sistema de registro sistematizado referente à investigação dessas ocorrências, conforme FCS apresentado por Cambraia et al. (2010).

4.3 Fatores de recursos

Quanto ao FCS equipamentos de segurança (HAMID et al., 2015; ZHAO et al., 2018;

VITHARANA et al., 2015; ISMAIL et al., 2012), constata-se que os EPI fornecidos são avaliados, certificando-se da qualidade do equipamento e a existência do Certificado de Aprovação – CA. Os trabalhadores são instruídos durante as DDS e DSS a utilizarem os EPI durante toda jornada de trabalho.

Os técnicos de segurança realizam inspeções periódicas, com o auxílio de um checklist, para verificar a utilização dos EPI e EPC, especificados no PCMAT. As inspeções periódicas são FCS apontadas por Marín et al. (2017), Zhao et al. (2018), Vitharana et al. (2015) e Yiu et al.

(2018). A Figura 5 mostra exemplos de estratégias do tipo EPC executadas nos canteiros de obras das PME A e D, como guarda-corpo e proteção do elevador cremalheira, respectivamente.

Figura 5 – Estratégias do tipo EPC em canteiros de obras

Fonte: dados da pesquisa

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10 Tratando-se dos programas de incentivo, como um FCS (YIU et al., 2018; ZHAO et al., 2018;

ISMAIL et al., 2012), observou-se que nenhuma das PME possui tal estratégia implementada.

No entanto, nas PME C e D existe um programa denominado “funcionário do mês”, em que são avaliados aspectos relacionados ao desempenho e ao comprometimento deste com a segurança. Esse colaborador recebe um certificado de funcionário do mês e uma cesta básica como premiação.

A análise dos documentos e visitas técnicas apontaram a inexistência de projetos ou programas específicos de monitoramento e melhoria contínua do desempenho relacionado à SST, sendo um FCS destacado por Hamid et al. (2015) e Mobaraki et al. (2017). O único aspecto que pode ser exemplificado para este FCS refere-se aos relatórios realizados pelas CIPA em cada canteiro de obra, tratando-se, no entanto, de um atendimento essencialmente legal e normativo – aspecto limitante conforme discutido por Mitropoulos, Abdelhamid e Howell (2005).

As PME efetuam, contudo, sanções disciplinares pelo não cumprimento de procedimentos básicos de segurança pelos trabalhadores, como mecanismos de ações coercitivas descritas por Vitharana et al. (2015) e Zhao et al. (2018). Advertências verbais e escritas são as penalidades mais leves observadas. Nos casos mais graves, pode haver redução salarial do funcionário resultando, inclusive, em demissão por justa causa em caso de reincidência.

5. Considerações finais

Como a etapa de MS foi realizada durante o primeiro trimestre de 2020, a pandemia do SARS-coV-2 (COVID-19) ainda não era objeto de estudo dos pesquisadores, razão pela qual não há dentre os FCS aspectos relacionados à segurança contra agentes biológicos e o impacto da pandemia nos canteiros de obra. As visitas técnicas da pesquisa ocorreram durante os meses de novembro e dezembro de 2020 e janeiro e fevereiro de 2021; portanto, já com protocolos de trabalho específicos para controle da contaminação ao COVID-19. Desta forma, aspectos relacionados ao controle higiênico e de proteção respiratória foram observados em todas os canteiros de obra das PME.

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