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TEMPO PORTA-ELETROCARDIOGRAMA (ECG): um indicador de eficácia no tratamento do infarto agudo do miocárdio

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Academic year: 2022

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TEMPO PORTA-ELETROCARDIOGRAMA (ECG):

um indicador de eficácia no tratamento do infarto agudo do miocárdio

Tatiana SOARESa

Emiliane Nogueira de SOUZAb Maria Antonieta MORAESc Karina AZZOLINd

RESUMO

Esta investigação objetivou mensurar o tempo porta-eletrocardiograma (ECG) nos pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM) atendidos na emergência de um hospital geral. Estudo de coorte que avaliou os tempos de chega- da, de realização do ECG, de atendimento de enfermagem e de trombolítico. Os dados foram extraídos de prontuá- rios, entre março a julho de 2006. A amostra foi composta por 53 pacientes com idade média de 61,1 + 12,2 anos, 64%

do sexo masculino. O atendimento inicial foi realizado pela enfermagem, sendo que 50% dos pacientes foram atendi- dos em oito minutos e o tempo porta-ECG foi de 20 minutos. Não houve diferença entre o tempo porta-ECG e o tipo de transporte até o hospital (P=0,39). O turno e a especialidade médica não influenciaram no tempo do ECG, P=0,23 e P=0,14. Os resultados do estudo demonstram um tempo porta-ECG elevados, porém não foi possível identificar com este estudo os fatores que retardaram a realização do ECG.

Descritores: Infarto do miocárdio. Eletrocardiografia. Indicadores.

RESUMEN

Esta investigación tuvo como objetivo mensurar el tiempo puerta-electrocardiograma (ECG) en pacientes con diagnóstico de infarto agudo del miocardio atendidos en la emergencia de un hospital general. Estudio de cohorte que evaluó los tiempos de llegada, de realización de ECG, de atención en la enfermería y tiempo de instalación de trombosis en el paciente. Los datos fueron extraídos de prontuarios, entre marzo y julio de 2006. Fueron incluidos 53 pacientes con edad media de 61,1 ± 12,2 años, 64% masculino. La atención inicial fue realizada por la enfermería, y el 50% de los pacientes fueron tratados en ocho minutos y tiempo puerta-ECG de 20 minutos. No hubo diferencia entre el tiempo puerta-ECG y el tipo de transporte hasta el hospital (P=0,39). El turno y el tipo de atención médica no influenciaron en el tiempo del primer ECG, P=0,23 y P=0,14, respectivamente. Los resultados mostraron un tiempo puerta-ECG alto, sin embargo no fue posible identificar los factores que retardaron la realización del ECG.

Descriptores: Infarto del miocardio. Electrocardiografía. Indicadores.

Titulo: Tiempo puerta-electrocardiograma (ECG): un indicador de eficacia en el tratamiento de infarto agudo de miocardio.

ABSTRACT

This investigation aimed to measure door-to-electrocardiogram (EKG) time in patients with acute myocardial infarction who were attended at the emergency room of a General Hospital. This is a cohort study which evaluated the time of arrival, EKG, nursing and thrombolytic care. Data were obtained from records from March to July of 2006. The sample was composed of 53 patients with an average age of 61.1 ± 12.2 years, 64% male. The first attendance was performed by the nurse staff; 50% of the patients were treated in eight minutes and the door-to-EKG time was within 20 minutes. There was no difference between the door-to-EKG time and the mean of transportation used to get to the hospital (P=0.39). The shift and the medical specialty did not influence the EKG time (P=0.23) and (P=0.14). The study results show an increase in time for EKG performance. However, it was not possible to identify the factors that delayed the EKG.

Descriptors: Myocardial infarction. Electrocardiography. Indicators.

Title: Door-to-electrocardiogram (EKG) time: an indicator of efficacy in the treatment of acute myocardial infarction.

a Especialista em Enfermagem em Cardiologia, Enfermagem em Terapia Intensiva e Gestão Hospitalar, Coordenadora do Serviço de Terapia Intensiva e Hemodinâmica do Hospital Geral de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.

b Mestre em Ciências da Saúde: Cardiologia, Docente do Programa de Pós-Graduação Latu Sensu Enfermagem em Cardiologia da Fundação Universitária de Cardiologia (FUC), Docente da Faculdade Fátima de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.

c Mestre em Ciências da Saúde: Cardiologia, Coordenadora do Programa de Residência Integrada em Saúde: Enfermagem em Cardiologia da FUC, Professora do Programa de Pós-Graduação Latu Sensu: Enfermagem em Cardiologia da FUC, Enfermeira de Pesquisa Clínica do Instituto de Cardiologia/FUC, Rio Grande do Sul, Brasil.

d Mestre em Ciências da Saúde: Cardiologia, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Metodista IPA, Professora do Programa de Pós- Graduação Latu Sensu: Enfermagem em Cardiologia da FUC, Rio Grande do Sul, Brasil.

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INTRODUÇÃO

As doenças do aparelho circulatório consti- tuem a principal causa de mortalidade no Brasil desde a década de 60. Estima-se que cinco a oito milhões de indivíduos com dor no peito ou outros sintomas sugestivos de isquemia miocárdica agu- da sejam vistos anualmente nas salas de emergên- cias nos Estados Unidos. Baseado neste número de atendimentos anuais por dor torácica e na pro- porção populacional entre esse país e o Brasil, e as- sumindo a mesma prevalência de doença corona- riana, poderíamos estimar um quantitativo de qua- tro milhões de atendimentos anuais por dor torácica no Brasil(1).

Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e do Minis- tério da Saúde indicam a ocorrência de 84.945 óbi- tos por doença isquêmica do coração em 2005, no Brasil. Em 2008, o sistema de informações regis- trou 518 internações por infarto agudo do miocár- dio no Rio Grande do Sul. Nos Estados Unidos, aproximadamente 1,5 milhão de pacientes desen- volvem um infarto agudo do miocárdio a cada ano, dos quais 40% a 50% são acompanhados por eleva- ção do segmento ST. Entre 25 a 30% dos infartos agudos do miocárdio (IAM) não-fatais não são reconhecidos pelo paciente e são descobertos pe- la eletrocardiografia de rotina ou no exame post mortem. A taxa de mortalidade global varia de 5 a 30%, sendo que a metade das mortes ocorre an- tes dos pacientes receberem atendimento médico.

Dentre aqueles que chegam ao hospital, aproxima- damente 25 % dos óbitos ocorrem nas primeiras 48 horas(2).

Até recentemente, o IAM era diagnosticado na presença de pelo menos dois dos três critérios:

a) história clínica de desconforto precordial suges- tivo de isquemia; b) alterações em traçados seria- dos de eletrocardiograma; e c) aumento e queda das enzimas cardíacas. A principal modificação foi a incorporação das troponinas como marcadores de necrose tecidual. Embora a apresentação clíni- ca de pacientes com isquemia miocárdica aguda possa ser muito diversa, cerca de 75% a 85% dos pacientes apresentam dor torácica como sintoma predominante. O eletrocardiograma (ECG) quan- do associado a uma boa história clínica e exame físico, tem importância fundamental no diagnósti- co do paciente com dor torácica. Adicionalmente, tem a vantagem de ser um recurso de rápida ob-

tenção e de baixo custo. Dentro deste contexto, a realização do ECG tem sido um elemento definidor no diagnóstico do IAM e deve ser realizado o mais breve possível, em até dez minutos após a chegada do paciente no hospital(3).

Estudos mostram uma variação significati- va no tempo porta-ECG e no tempo porta-agulha, 22 a 80 e 140 a 270 minutos, respectivamente. Um estudo, realizado na Inglaterra em 2002, relatou o tempo porta-agulha entre 5 e 300 minutos, com redução para 5 a 70 minutos, após introdução de medidas para otimizar o atendimento com inter- venções das enfermeiras no reconhecimento do infarto e do início da trombólise(4,5). Devido à gran- de demanda de pacientes acometidos por dor torá- cica que procuram os nossos serviços de emergên- cia e, buscando agilizar o processo diagnóstico terapêutico, através da implantação de protocolos assistenciais, este estudo teve por objetivo mensurar um dos indicadores fundamentais neste processo:

o tempo porta-ECG, em pacientes infartados, pre- sentes no serviço de emergência. Além disso, pro- curamos mensurar o tempo porta-agulha e identi- ficar fatores responsáveis pelo prolongamento des- tes tempos.

MÉTODOS

Estudo de Coorte, realizado de março a julho de 2006 em um hospital geral universitário da Serra Gaúcha, que atente exclusivamente a população do Sistema Único de Saúde (SUS) e que é referência regional em atendimento a emergências clínicas.

Foram incluídos no estudo 53 pacientes com diagnóstico de IAM com supradesnivelamento do segmento ST (IAM c/ST) e IAM sem supra- desnivelamento do segmento ST (IAM s/ST), que receberam ou não trombólise química. Foram ex- cluídos dez pacientes devido a registros duvido- sos quanto ao horário de chegada na emergência, quando comparado ao horário impresso na fita do ECG e horário de administração do trombolítico.

Os critérios diagnósticos de IAM c/ST e IAM s/ST, foram os preconizados pelas diretrizes na- cionais e internacionais, sendo este dado coletado da evolução médica. Os pacientes que já chegavam ao hospital com diagnóstico de IAM tinham seus eletrocardiogramas realizados novamente na uni- dade de emergência, conforme protocolo já exis- tente na instituição e implantado há um ano antes da coleta de dados.

(3)

Todos os pacientes foram acompanhados des- de a chegada no serviço de emergência até o enca- minhamento para unidade de terapia intensiva, tendo os seus tempos individuais medidos por meio de conferência em prontuário médico. As informa- ções eram registradas, da folha de admissão hospi- talar, evolução médica e de enfermagem, impres- so de sinais vitais e prescrição médica. O tempo de chegada do paciente na unidade de emergência foi baseado no horário do impresso da admissão hospitalar, utilizado para calcular o tempo porta- ECG (tempo desde a chegada ao serviço até a rea- lização do exame), tempo de espera para atendi- mento da enfermagem e tempo porta-agulha (tem- po desde a chegada ao serviço até a administra- ção do trombolítico). O tempo da realização do 1°

eletrocardiograma (tempo porta-ECG) foi extraí- do do próprio exame, impresso por meio de um software existente no aparelho. O tempo de início de dor precordial, meio de transporte até hospital e tipo de atendimento inicial (cardiológico ou clí- nico), foi coletado do histórico médico realizado na chegada do paciente, de acordo com a rotina do serviço.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição em estudo.

Os dados foram analisados com auxílio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 12.0. As variáveis categóricas foram des- critas com freqüências absolutas e relativas. As variáveis contínuas foram apresentadas com mé- dia e desvio padrão ou com mediana e percentis 25% e 75%, conforme seguissem ou não distribui- ção normal. Foi utilizado o teste do Qui-quadrado para comparações entre variáveis categóricas e os testes Kruskal Wallis e Mann Whitney para com- parações entre variáveis contínuas. O coeficiente de correlação de Spearman foi utilizado para ava- liar correlações entre as variáveis contínuas. Foi considerado significativo P<0,05. O tamanho amostral foi calculado para um nível de confian- ça de 95%, com desvio padrão estimado em 35 e diferença máxima aceitável de 5, seriam neces- sários 48 pacientes para estimar essa média de tempo.

RESULTADOS

Foram incluídos neste estudo 53 pacientes com diagnóstico de IAM, com média de idade de

61,1 ± 12,2 anos, 33 (64,2%) do sexo masculino e 39 (73,6%) provenientes locais. A hipertensão ar- terial sistêmica foi o fator de risco mais prevalen- te, em 40 (75%) pacientes da amostra. As caracte- rísticas clínicas estão expressas na Tabela 1.

Sexo masculino Idade*

Procedência: Serra Gaúcha Tabagismo

Hipertensão Arterial Sistêmica Diabete Mellitus

Infarto Agudo do Miocárdio prévio Insuficiência Cardíaca Congestiva Dislipidemia

Sedentarismo

*Dados apresentados como média ± desvio padrão.

34 (64,2) 61,1 ± 12,2 39 (73,6) 39 (73,6) 40 (75,5) 19 (35,8) 19 (35,8) 8 (15,1) 4 (7,5) 3 (5,7) Tabela 1 – Características clínicas da amostra es-

tudada (N=53). Caxias do Sul, RS, 2006.

Características clínicas n (%)

Os achados demonstraram que do total de pacientes atendidos 23 (43,4%) já chegaram à sa- la de emergência com diagnóstico de IAM, po- rém repetiram o ECG de rotina na admissão ao serviço de emergência. Os demais pacientes pro- curaram o serviço por queixa de dor torácica, sen- do que 22 (41,5%) referiam início da dor há me- nos de seis horas, e dez (18,9%) há mais de 48 ho- ras, 5,7% já não apresentavam mais dor ao atendi- mento inicial.

Quanto ao diagnóstico final de IAM, 20 (37,7%) apresentavam elevação do segmento ST, destes apenas 10 (18,9%) receberam trombólise química; e 33 (62,3%) apresentavam diagnósti- co de IAM s/ST. O tempo médio de início da dor, conforme relato dos pacientes, até a procura do serviço de atendimento médico de urgência foi em torno de sete horas, dado demonstrado na Ta- bela 2.

O atendimento inicial dos pacientes foi reali- zado pela equipe de enfermagem, com tempo mé- dio inicial de oito minutos, e somente após a con- sulta médica é que foi realizado o ECG. O tempo porta-ECG encontrado foi de 20 minutos, não sen- do inferior nos pacientes que já chegaram ao ser- viço com diagnóstico de IAM (P=0,84). As carac- terísticas do atendimento estão descritas na Tabe- la 2 a seguir.

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Início da dor (horas)*

Transporte Ambulância Próprio

Tempo de Espera Enfermagem (minutos)*

Tempo porta-ECG (minutos)*

Turno de chegada na emergência Manhã (07h às 13h)

Tarde (13h às 19h) Noite (19h às 00h) Noite (01h às 07h) Responsável 1º atendimento

Não-Cardiologista Cardiologista

Residente (medicina interna/

cardiologia)

Acadêmico de medicina

Tabela 2 – Características do atendimento reali- zado no serviço de Emergência (N=53).

Caxias do Sul, RS, 2006.

*Dados apresentados com mediana e percentis 25 e 75%.

7,0 (2,0-14,5) 62,3

37,7

8,0 (1,5-19,5) 20,0 (9,0-55,5) 20,8

37,7 26,4 15,1 67,9 13,2 15,1 3,8 Características %

O tempo porta-ECG dos pacientes com IAM com supra de ST, que realizaram trombólise não diferiu dos demais pacientes, P=0,36. Quanto ao

tipo de atendimento médico apenas sete (13,2%) foram avaliados inicialmente por cardiologistas.

Não houve diferença estatisticamente significa- tiva entre os tempos, início da dor (P=0,36), tem- po de atendimento de enfermagem (P=0,42) e o tempo porta-ECG (P=0,39) em relação ao tipo de transporte até o hospital.

O tempo porta-agulha foi verificado nos dez pacientes que foram submetidos a trombólise quí- mica, porém pode ser avaliado com confiabilida- de em apenas seis, variando de 21 a 163 minutos, com mediana de 84 minutos, sendo que oito (15%) pacientes receberam o trombolítico ainda no ser- viço de emergência.

O turno e o tipo de atendimento também não influenciaram no tempo para realização do primei- ro ECG, P=0,23 e P=0,14, respectivamente. Ape- sar da diferença entre os tempos para realização do 1º ECG não serem estatisticamente significa- tivos, parece haver um atraso na realização do mes- mo quando o paciente é atendido por acadêmicos de medicina. As demais médias de tempo porta- ECG por tipo do primeiro atendimento foi 20, 5, 30 e 80 minutos respectivamente para planto- nistas (clínica médica), cardiologistas, residentes e acadêmicos de medicina. A Figura 1 a seguir mos- tra os tempos mínimo, médio e máximo de realiza- ção do ECG, conforme atendimento.

Tempo Porta-ECG (minutos)

150

120

90

60

30

0

Responsável pelo Atendimento

Plantonista Cardiologista Residente Acadêmico

Figura 1 – Tempo porta-ECG e responsáveis pelo atendimento.

(5)

DISCUSSÃO

O infarto agudo do miocárdio (IAM) perma- nece como uma das grandes causas de mortalidade na população de nosso país. Entre os sobreviven- tes do infarto, muitos desenvolvem como seqüela a insuficiência cardíaca (IC), o que gera elevada morbidade, com piora da qualidade de vida e con- sumo excessivo de recursos do sistema de saúde. A probabilidade de evoluir com IC após um IAM é maior nos pacientes não submetidos à terapia de reperfusão nas primeiras horas após o início dos sintomas ou naqueles em que houve insucesso na tentativa de reperfusão. Assim, a necessidade de reperfusão precoce é crucial para o bom prognós- tico do infarto do miocárdio(6,7).

Os fatores descritos como responsáveis pelo prolongamento dos tempos no atendimento e tra- tamento do paciente com infarto na literatura são:

demora na avaliação médica após chegada no hos- pital, demora pela procura do serviço de emergên- cia, retardo na realização do ECG, demora da pre- paração da droga na farmácia(5,8,9). Um fator impor- tante, levantado neste estudo, foi a demora na pro- cura do serviço de emergência, uma vez que 58,5%

dos pacientes chegaram com mais de 6 horas de evolução da dor, o que pode justificar a não realiza- ção da trombólise. Diversos estudos têm demons- trado que este atraso deve-se ao desconhecimento ou negação da população acerca da doença, pois 35,8% destes pacientes já haviam sido acometidos por IAM prévio, o que poderia ter auxiliado no re- conhecimento precoce dos sintomas isquêmicos e busca do atendimento médico o mais rápido possí-

vel(5,10) Um estudo realizado no Rio Grande do Sul

com 112 pacientes infartados mostrou que a auto- medicação e a espera pelo alívio dos sintomas são as primeiras atitudes ao início da dor, o que retar- da a procura pelo serviço de emergência(11).

Diante deste fato, um estudo apresentou uma estratégia para mudança nesses retardos dos tem- pos porta-ECG e porta agulha tendo como foco principal a atuação de enfermeiros especialistas no reconhecimento do IAM após avaliação do ECG e na prescrição do trombolítico(5).

Neste estudo, o tempo porta-ECG foi de 20 minutos. Esse dado é semelhante a outro estudo realizado também no Rio Grande do Sul, com 146 admitidos em uma emergência, que mostrou um tempo porta ECG de 19,40 minutos(12). Da mesma forma, neste local, o ECG somente é solicitado após consulta médica, e o primeiro atendimento é reali-

zado pela equipe de enfermagem, por este motivo o tempo porta-ECG é tão superior ao tempo de atendimento de enfermagem (oito minutos). A va- riação do tempo porta-ECG chegou ao limite de 55 minutos, em função dos pacientes que já chega- ram ao serviço com diagnóstico de IAM, mesmo assim, realizam o ECG de rotina no serviço, po- rém isto não era considerado uma prioridade.

O tempo de realização do primeiro eletrocar- diograma na chegada do paciente à sala de emer- gência é um dos principais preditivos de sucesso no diagnóstico e tratamento do IAM, e a meta pa- ra este tempo, conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia é de cinco a dez minutos após a chega- da ao hospital, constituindo um indicador de qua- lidade e custo a serem perseguidos pelos centros que atendem e são referências para o paciente com dor torácica(3,8,13).

Outro estudo realizado por enfermeiras rela- tou que o tempo porta-ECG variou de 22 a 80 mi- nutos(5). A preocupação da demora para a realiza- ção do primeiro ECG está relacionada ao tempo de espera o qual os pacientes elegíveis deverão reali- zar a trombólise são submetidos, ou seja, o objeti- vo principal da rápida realização do ECG é dimi- nuir o tempo entre a chegada do paciente à emer- gência e a definição do diagnóstico de IAM que re- quer reperfusão miocárdica imediata(8,13,14). A me- diana do tempo de oito minutos para triagem do paciente pela enfermeira pode ser considerada um provável fator para retardo no tempo porta-ECG, porém, não houve correlação importante entre es- ses tempos r = -0,003.

Diversos estudos já demonstraram que quan- to mais precocemente a terapêutica trombolítica é iniciada, maiores são os benefícios em relação à taxa de reperfusão do miocárdio agudamente isquêmi- co, de redução de mortalidade hospitalar tardia, e de complicações intra-hospitalares. Pacientes tra- tados dentro da primeira hora obtêm uma redução da mortalidade hospitalar ao redor de 50%(10,15,16). Assim, um ponto importante no presente estudo é incluir o enfermeiro na triagem e na decisão da realização do primeiro ECG. As enfermeiras das unidades de emergência devem estar preparadas para solicitar com segurança a realização do eletrocardiograma, após avaliação rigorosa e cri- térios definidos, além disto, é de suma importância que o profissional enfermeiro estabeleça comuni- cação adequada, pois a falta desta implica em ina- dequação do cuidado(12).

(6)

Um dos fatores limitantes deste estudo foi a coleta de dados em prontuários, o que certamente reduziu a qualidade e quantidade das informações obtidas, como por exemplo, o tempo porta-agulha, não conclusivo nesta amostra de pacientes.

CONCLUSÕES

Concluímos que o tempo porta-ECG acima de dez minutos foi o intervalo de tempo encontra- do na maioria dos pacientes (75,5%), sendo que 52,8% apresentaram um intervalo acima de 20 mi- nutos. O tempo porta-agulha foi mensurado em uma amostra insuficiente e apresentou um inter- valo amplo, sendo necessárias novas verificações.

Não foram encontradas diferenças significa- tivas entre os fatores avaliados, como início e tipo de dor, espera pelo atendimento de enfermagem e tipo de atendimento médico, turno de atendimen- to, tipo de transporte até o hospital, e o tempo por- ta-ECG. No entanto, o estudo não tem poder ade- quado para afirmar que essas diferenças não exis- tam, sendo necessários, novos estudos para confir- mar esses resultados.

Novas estratégias necessitam ser implantadas para que melhores resultados no tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio possam ser obtidos neste serviço, como a solicitação do eletrocar- diograma pelo enfermeiro após a avaliação na che- gada ao serviço, reduzindo o tempo porta-ECG.

Sugerimos que o protocolo já implantado na emergência do hospital para atendimento de paci- entes com dor torácica, seja revisado, tornando-o eficaz e efetivo e que o tempo porta-ECG seja men- surado sistematicamente como um indicador de eficácia no tratamento.

REFERÊNCIAS

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(7)

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Endereço da autora / Dirección del autor / Author’s address:

Karina Azzolin

Unidade de Pesquisa do IC/FUC Av. Princesa Isabel, 370, Santana 90620-001, Porto Alegre, RS E-mail: karina.azzolin@ig.com.br

Recebido em: 28/08/2008 Aprovado em: 05/12/2008

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