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1. RESUMO 2. INTRODUÇÃO 3. OBJETIVOS

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Academic year: 2022

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1. RESUMO

O presente trabalho pretende analisar o papel colonial na dinâmica das empresas transnacionais enquanto atores não-estatais no desenvolvimento do Brasil. A análise será feita pela ótica da “matriz colonial de poder”, conceito elaborado pelo sociólogo peruano Aníbal Quijano, que traz cinco mecanismos de dominação que podem ser aplicados na dinâmica dessas organizações. Por fim, será feita uma análise da conjuntura atual do sistema financeiro internacional atual em que essas transnacionais se inserem.

Será analisado o contexto histórico do surgimento dessas empresas e seu ponto de chegada ao Brasil através do programa desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek (1956-1961) em que a chegada de empresas do seguimento automobilístico, farmacêutico e petroquímico causaram impacto nas economias locais. A parir de 1980 com a liberalização do mercado, destacam-se a chegada de empresas do seguimento tecnológico no território brasileiro com base no ideário neoliberal do Consenso de Washington. O objetivo maior é refletir sobre as marcas coloniais, não com o propósito de apaga-las, mas talvez superá-las com base em nossas raízes nacionais.

2. INTRODUÇÃO

As empresas transnacionais hoje não só ocupam um grande espaço em termos geográficos, a partir de sua capacidade logística de estar em vários lugares do globo, mas também grande influência nas tomadas de decisões políticas dos territórios nos quais se instalam. Tal tema faz parte da agenda da globalização e debater a dinâmica dessas organizações, seu caráter mercadológico e seu impacto nas regiões em que decidem fragmentar-se é crucial para trazermos à tona algumas problematizações que passam muitas vezes despercebidas no debate público. Com o advento da tecnologia e a internacionalização da economia, os Estados e os indivíduos perderam grande parte de sua autonomia no sistema internacional no que tange ao comércio internacional, dando vez a essas corporações que, por sua vez, não são subordinadas aos Estados que as recebem e possuem uma lógica voltada a vantagens comerciais e obtenções de lucros.

3. OBJETIVOS

A pesquisa pretende analisar com base na chegada dessas empresas ao Brasil, suas práticas corporativas, assim como subsídios dados pelo governo e como

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tais práticas tornaram não só nossa economia dependente dos países do centro capitalista mas também dificultando nosso próprio desenvolvimento enquanto nação.

Não obstante, de menosprezar as partes positivas dessas organizações, o propósito aqui é de refletir se o caminho de desenvolvimento do Brasil poderia ter sido mais independente.

Aplicando o conceito desenvolvido por Quijano (2005) de matriz colonial de poder em que há uma estrutura de (1) o controle da economia; (2) o controle da autoridade; (3) o controle do ambiente e dos recursos naturais; (4) o controle de gênero e da sexualidade; e (5) o controle da subjetividade e do conhecimento, pretende-se identificar tais padrões na dinâmica das empresas transnacionais no Brasil.

4. METODOLOGIA

Para o embasamento teórico dessa pesquisa, iremos contar com intelectuais e acadêmicos que dissertam sobre temas da administração pública, dos estudos críticos das organizações, dos aspectos sociológicos do pós-colonialismo e da relação colonial enfrentada por países periféricos frente aos países do centro capitalista, no que lhe concerne, antigas administrações coloniais.

Livros, artigos acadêmicos e reportagens compõem grande parte da bibliografia dessa pesquisa.

5. DESENVOLVIMENTO

A relação Estado e empresa começou a partir do século XVI no período conhecido como mercantilismo, prática que se baseava no comércio de metais preciosos (metalismo) entre os Estados e servia como fonte de riqueza, baseando-se na lógica da balança comercial que para estar favorável ao Estado, deveria ter o número de exportações maior que o de importações. Já na década de 1970, período pós-Segunda Guerra Mundial, as empresas multinacionais passaram a ser vistas como atores nas relações internacionais assim como os Estados, devido à sua alta capacidade de acumulação de capital, de aprimoramento tecnológico das empresas e do processo de internacionalização do mercado.

Bresser-Pereira (1978) nos dá uma luz sobre os quatro estágios de inserção internacional das empresas multinacionais. O primeiro estágio está relacionado com as práticas extrativistas, de agricultura e serviços públicos conhecidas como

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plantation, sendo tais práticas partindo de uma lógica imperialista via comércio internacional baseado na divisão internacional do trabalho.

O segundo estágio situa-se já no século XX terminando seu ciclo até a Grande Crise de 1929, com a queda da Bolsa de Nova Iorque que colocou o capitalismo e o liberalismo em questão. Nesse estágio, os países da periferia do capitalismo já não mais colônias, tornam-se porta de entrada para montadoras de grandes empresas que tinham suas sedes em países centrais do sistema, baseando-se no estilo de produção em massa conhecido como taylorismo.

O terceiro estágio refere-se ao período que se deu pouco depois da Grande Crise dos anos de 1929 e pouco antes da Segunda Guerra Mundial, em que com a crise do imperialismo no sistema internacional, muitos países que se encontravam à margem do sistema capitalista, começaram a desenvolver projetos nacionais desenvolvimentistas como Getúlio Vargas no Brasil.

Por último, o quarto estágio refere-se ao período posterior a 1960 e foi uma continuidade do terceiro estágio, com esforços dos Estados desenvolvidos a manterem seus mercados locais operantes nos países subdesenvolvidos em desenvolvimento usando sua mãe-de-obra barata para uma produção em larga escala. Bresser ainda ressalta que “(...) os países escolhidos para esse tipo de investimento são aqueles que aliam a mão-de-obra barata a uma total dependência política” (BRESSER-PEREIRA, 1978, p. 15).

Interessante notarmos que apesar das administrações coloniais em boa parte do mundo terem chegado ao seu fim a prática colonial aparentemente se mantém forte em seu propósito. Os exercícios de poder e dominação altamente instrumentalizadas no período das Grandes Navegações, hoje se repetem em diferentes campos e de diferentes formas, conforme Blanco e Delgado (2021, p.128) analisam “(...) fica evidente que atualmente a necessidade de posse do território alheio torna-se flexível ou às vezes desnecessária”, e que tendo em vista às práticas adotadas por Estados boa parte antigos colonizadores e hoje criadores de grandes corporações transnacionais, faz-se necessário trazermos o conceito daquilo que Anibal Quijano (2005) vai chamar de “matriz colonial de poder”.

Para Quijano (2005), saudoso sociólogo peruano, a conquista do território que hoje conhecemos como América Latina é crucial para entendermos as práticas que emergem da chamada pelo mesmo de “matriz colonial de poder” e que ainda

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segundo o autor, tal conquista culminou para uma nova ordem mundial e que hoje domina o planeta.

6. RESULTADOS PRELIMINARES

Do período desenvolvimentista brasileiro a partir de 1930, percebemos que como boa parte da América Latina, o Brasil servia como uma espécie de

“laboratório” das grandes potências, em especial dos EUA, e que no imaginário do grande capitalista, nossa classe trabalhadora apenas servia e ainda serve como mão-de-obra barata, e nossos recursos naturais como um convite à exploração pelo

chamado por Grosfoguel (2008):

“sistema-mundo/euro-norte-americano-moderno/capitalista/colonial/racial/sexual/patri arcal” cuja base de sustentação conforme (ALCADIPANI; ROSA, 2013, p. 196) é a premissa de uma "ego-política do conhecimento”.

As empresas transnacionais se inserem na conjuntura do sistema financeiro internacional. Sendo as transnacionais atores muito ativos na dinâmica capitalista, os Estados criam essas empresas, de maioria norte-americana, europeia, e em alguma medida japonesa com o intuito de levar determinados produtos e serviços onde há um potencial mercado consumidor. Além do objetivo de diversificar a economia de determinada região, essas organizações procuram se alocar em territórios em que há uma facilidade em obter-se mão-de-obra barata e de instalarem suas subsidiárias mais voltadas à dinâmica da produção do produto, como montadoras, por exemplo.

Foi verificado que 737 grupos controlam 80% das empresas transnacionais.

Ainda dentro desse número, o estudo nos mostra um núcleo ainda mais poderoso de 147 corporações que controlam 40% do Sistema Corporativo Mundial, onde ¾ (75%) são bancos (ETH, Switzerland, 2011). Nota-se que na atual conjuntura desse sistema, temos sobre cada uma dessas empresas um sistema de dependência financeira que desloca radicalmente a estrutura do poder no planeta.

Aparentemente quando JK optou por manter a entrada do capital externo por meio de investimento estrangeiro direto e subsídios como a Instrução 113 da SUMOC que dava aos países mais desenvolvidos e suas multinacionais uma gama de facilidades para adentrar à nossa economia e torná-la internacional (ou dependente), o então presidente brasileiro aparentemente optou por manter a prática de exploração colonial do nosso território aparentemente encarando como

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uma boa estratégia. Apesar de algumas melhorias apresentada no país, melhorias estas apenas sentida por algumas camadas da sociedade brasileira, o resultado que a história nos mostrou foi um endividamento externo junto ao Fundo Monetário Internacional e a perpetuação de uma prática de dominação por parte do “sistema mundo” descrito por Grosfoguel (2008).

7.FONTES CONSULTADAS

ALCADIPANI, Rafael; ROSA, Alexandre Reis. A Terceira Margem do Rio dos Estudos Críticos sobre Administração.RAM, REV. ADM. MACKENZIE, V. 14, N.

6, Edição Especial. SÃO PAULO, SP.NOV./DEZ. 2013

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Empresas Multinacionais e Interesse de Classe.Encontros com a Civilização Brasileira. Outubro, 1978

BLANCO, Ramon; DELGADO, Ana Carolina. Problematizando o outro absoluto da modernidade: a cristalização da colonialidade na política internacional.

Perspectivas Pós-Coloniais e Decoloniais em Relações Internacionais.1ed. Edufba.

Bahia. 2021

CULPI, Ludmila Andrzejewski. Empresas Transnacionais- uma visão internacionalista. 1ed, editora InterSaberes, Curitiba. 2016

GILPIN, Robert. The Political Economy of Internacional Relations. Princeton University Press. New Jesey. 1987

GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais. Centro de Estudos da Universidade de Coimbra. Coimbra 2008

MIGNOLO, Walter.Desobediencia Epistémica : Retórica de la Modernidade, Lógica de la Colonialidad, y Gramática de la Descolonialidad. Buenos Aires: Ediciones del Signo, 2010.

QUIJANO, Anibal. Colonialidad y Modernidad/Racionalidad.In: BONILLA,

H. (ed.). Los Conquistados : 1492 y la Población Indígena de las Américas. Quito:

Tercer Mundo: Libri Mundi,1992.

Referências

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