Violência no namoro:
conhecimentos e caraterização das relações de intimidade na adolescência
Cruzeiro, Clarinda; Veríssimo, Cristina; Figueirinha, Danusa; Neto, Márcia; Alegre, Conceição.
(1) Escola Superior de Enfermagem de Coimbra/Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem/UICISA:E
Não há conflito de interesses
INTRODUÇÃO
A violência entre jovens é um problema com repercussões sociais e humanas que pode agravar-se ao longo das suas vidas.
Esta tipo de violência pode exteriorizar-se de diversas formas, sendo uma delas a violência no namoro. A literatura existente considera plausível que alguns destes casos se prolonguem na vida dos casais convertendo-se em violência doméstica.
Objetivos: Identificar os conhecimentos que os estudantes que frequentam o 12º ano das Escolas de um Concelho da Região Centro de Portugal têm sobre a Violência no Namoro (VN); caraterizar as suas relações de intimidade e identificar a prevalência de VN
Estudo quantitativo, transversal e descritivo. Recolha de dados efetuada através de questionário composto por variáveis de caraterização sociodemográfica, académica e familiar. Foi aplicada a escala de Conhecimentos sobre Violência nas Relações de Namoro (CVRI-S)– Score Global = 47; Amostra: 75 participantes.
METODOLOGIA
RESULTADOS
Caraterização sociodemográfica, académica e familiar da amostra
Dados relativos à caraterização das relações afetivo-sexuais da amostra
• Sexo feminino (56,6%); sexo masculino (44,4%);
• Média de idades (17,77 anos);
• 45,3% vive na freguesia da sede de concelho, e 41,3% nas freguesias limítrofes;
• A maioria coabita com a mãe (90,7%) e/ou com o pai (73,3%); 18,7% também coabita com os avós e nenhum coabita com marido/esposa ou vive sozinho;
• Em média as famílias são constituídas por 3,74 pessoas (𝑠=0,972), e em relação à habitação a média de divisões é de 9,75 (𝑠=2,672).
• 84% refere ter ou ter tido um relacionamento amoroso;
16% nunca namorou;
• 92,1% refere namorar ou ter namorado com pessoas do mesmo sexo e 7,9% refere ter namorado com pessoas do sexo diferente;
• 21,7% iniciou o namoro aos 15 anos; média 14,55 anos (min:10; max:19 anos);
• Em média, namoraram com de 2,15 pessoas (𝑠=1,648);
• 55,7% refere ter iniciado a atividade sexual; em média iniciaram aos 16,29 anos (𝑠=1,031; Min 15 e Max 18);
• 64,7% teve um parceiro e 2,9% sete (média de 1,65;
𝑠=1,228). Nas relações atuais 85,7% refere ter relações só com um parceiro;
• 6,5% refere ter sido vítima de violência física e psicológica, respetivamente ( ҧ𝑥=2,00 e 𝑠=0,000);
• Nenhum elemento da amostra refere ter sido vítima de violência sexual ou ter praticado violência física e sexual;
1,6% refere ter praticado violência psicológica.
RESULTADOS
Conhecimentos sobre violência no namoro
Responderam errado às proposições:
• “O baixo rendimento escolar é uma consequência frequente da violência no namoro“ (56%);
• “O ciúme é sinal de amor” e “O álcool é a principal causa de violência no namoro (46,7%, respetivamente),
• “Só mantém uma forma de relação de namoro violento quem quer” (8,7%);
Responderam corretamente às proposições:
• “A violência no namoro não existe” e “A violência no namoro só tem consequências físicas (100%, respetivamente);
• “Uma bofetada não faz mal a ninguém”, “A violência no namoro só aparece nos estratos sociais baixos”,
“Exercer o poder sobre o/a namorado/a não é violência”, “Controlar o/a meu/minha namorado/a é uma manifestação de amor” e “Os/As namorados/as só podem sair se forem juntos”
(97,3%);
• “A violência no namoro provoca isolamento da vítima” (7%)
• A escala CVRI-S permitiu constatar uma avaliação global positiva dos conhecimentos com um SCORE total de 38,65 (𝑠=5,02) muito idêntico ao resultado (37,9) de Leitão et al. (2013).
• Caraterização das relações afetivas:84% já tinha experienciado uma relação de namoro;
• Início da atividade sexual:55,7%respondeu já ter iniciado a atividade sexual (média - 16,29 anos).
• 6,5% da amostra refere ter sido vítima de violênciafísica e violência psicológica, respetivamente.
• Nenhum elemento da amostra referiu ter sido vítima de violência sexual.
• Em relação aos comportamentos de agressor físico e agressor sexual nenhum adolescente referiu ter cometido estes tipos de violência; 1,6%mencionou ter praticado violência psicológica;
• A avaliação global dos conhecimentos obteve um SCORE positivo (total de 38,65).
• Sendo a escola um local fundamental na educação para a cidadania dos jovens, é importante desenvolver Projetos no âmbito da Saúde Escolar para sensibilização das questões ligadas à violência no namoro.