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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Registro: 2018.0000110242

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1001351-85.2016.8.26.0242, da Comarca de Igarapava, em que é apelante/apelada FABIANA CRISTINA GOMES DE OLIVEIRA BARBOSA, é apelada/apelante CAMILA ORIVES ALVES (MENOR(ES) REPRESENTADO(S)).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento aos recursos. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores MARY GRÜN (Presidente) e RÔMOLO RUSSO.

São Paulo, 26 de fevereiro de 2018.

Luis Mario Galbetti

Relator

Assinatura Eletrônica

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Voto nº 19773

Apelação nº 1001351-85.2016.8.26.0242

Apelantes/Apelados: Fabiana Cristina Gomes de Oliveira Barbosa e Camila Orives Alves

Origem: 1ª Vara da Comarca de Igarapava Juiz: Leonardo Breda

Responsabilidade civil Indenização por danos morais Ré que proferiu comentários injuriosos a respeito da autora em rede social Indenização devida Fixação em R$ 3.000,00 Adequação.

Recursos não providos.

1. Trata-se de apelações interpostas contra sentença que julgou procedentes os pedidos formula em ação de indenização por danos morais.

Alega a apelante Fabiana Cristina Gomes de Oliveira Barbosa: a) houve cerceamento ao direito de defesa; b) não foi dada oportunidade para a produção das provas requeridas; c) a autora quer enriquecer ilicitamente; d) ficou surpresa com a situação e todos estão sujeitos a este tipo de constrangimento; e) a indenização foi fixada em valor absurdo.

Alega a apelante Camila Orives Alves: a) a

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indenização não corresponde à extensão do dano; b) as publicações em redes sociais são vistas por uma infinidade de pessoas.

2. O dispositivo da sentença recorrida:

“Ante o exposto, e tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a ação indenizatória movida por CAMILA ORIVES ALVES, representada por sua genitora Ísis Aparecida Giniz Orives, contra FABIANA CRISTINA GOMES DE OLIVEIRA BARBOSA e, por consequência:

a) Condeno a ré, ao pagamento de R$ 3.000,00 (três mil reais) a título de danos morais, corrigidos monetariamente de acordo com a Tabela Prática do TJ-SP a partir da prolação desta sentença (Súmula nº. 362, do E. STJ); e acrescidos de juros legais, à razão de 1% ao mês, a partir do dia em que ocorreram as publicações por parte da ré, na rede social Facebook, contra a autora (evento danoso), nos termos da Súmula 54 do Superior Tribunal de Justiça.

Por força do princípio da sucumbência, condeno a ré ao pagamento das despesas processuais e dos honorários advocatícios da parte adversa, os quais arbitro, com base no art. 85, § 2º do CPC, em 10%

sobre o valor atualizado da condenação (por danos morais).” (sic) (fls. 87/88)

Foi concedida às partes a oportunidade para especificação das provas, porém a ré quedou-se inerte, não ocorrendo o alegado cerceamento de defesa.

Segundo a inicial, em 1º de julho de 2015 a

autora recebeu por sua irmã a notícia de que a ré postou ofensas em

rede social que mancharam sua honra e imagem. Para não haver

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dúvida de quem se tratava, junto com a publicação foi inserida sua foto.

Vive em cidade pequena e as inverdades se espalharam rapidamente.

Quando da ofensa ainda era menor.

As postagens são do seguinte teor:

"Nossa gente eu num do conta de certas coisas essas mocinha que nem saiu da flauda fica caindo em cima de homem casado o dona Camila faz o lindo favor de olha mais um pouquinho na cara do meu marido que eu sei que VC é de menor ainda mais VC num conhece eu. e sei que sua mamãe pode resolve isso comigo" (sic).

A tal da Camila flha cuidado com seus olhar. não meche c que ta quieta" (sic).

Esta última publicação foi acompanhada de foto da autora.

A ré atuou em evidente abuso e seus comentários tiveram por finalidade macular a imagem da autora.

Decerto houve abuso, bem como, ofensa às honras objetiva e subjetiva da autora. Em hipótese semelhante, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

Ao disponibilizarem informações, opiniões e

comentários nas redes sociais na internet, os

usuários se tornam os responsáveis principais e

imediatos pelas consequências da livre manifestação

de seu pensamento, a qual, por não ser ilimitada,

sujeita-lhes à possibilidade de serem condenados

pelos abusos que venham a praticar em relação aos

direitos de terceiros, abrangidos ou não pela rede

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social. Os danos morais podem referir-se à aflição dos aspectos mais íntimos da personalidade ou à valoração social do indivíduo no meio em que vive e atua. A primeira lesão reporta-se à honra subjetiva, a segunda à honra objetiva. (REsp 1650725/MG, Rel.

Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/05/2017, DJe 26/05/2017)

Na fixação do quantum indenizatório, já se decidiu que o juiz deve ser a um só tempo razoável e severo, pois só assim atenderá a finalidade de compensar e dar satisfação ao lesado e de desestimular a reincidência. A indenização deve ser razoavelmente expressiva, sem que seja fonte de enriquecimento (Apelação Cível 253.723-1, Des. José Osório, JTJ-Lex 199/59).

Com o intuito de atingir esse equilíbrio o julgador deve recorrer ao princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade, como pondera Flávio Tartuce: “Se, por um lado, deve entender que a indenização tem função pedagógica ou educativa para futuras condutas, por outro, não pode o valor pecuniário gerar enriquecimento sem causa ou ruína do ofensor, devendo ser aplicado o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade na fixação do quantum indenizatório” (Manual de Direito Civil, Editora Método, 1ª ed., pg. 434).

Considerando as circunstâncias dos autos,

entendo que o valor de R$ 3.000,00 é suficiente para atender as

funções da indenização.

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3. Ante o exposto e tudo mais que dos autos consta, NEGO PROVIMENTO aos recursos.

Deixo de majorar os honorários advocatícios porque ambas as apelações não foram providas.

LUÍS MÁRIO GALBETTI

RELATOR

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