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2 - Um nascimento diferente

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MOREIRA, MEL., and BOMFIM, OL. Um nascimento diferente. In: MOREIRA, MEL., BRAGA, NA., and MORSCH, DS., orgs. Quando a vida começa diferente: o bebê e sua família na UTI neonatal [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003. Criança, Mulher e Saúde collection, pp.

23-27. ISBN 978-85-7541-357-9. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.

All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license.

Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0.

2 - Um nascimento diferente

Maria Elisabeth Lopes Moreira

Olga Luiza Bomfim

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Um Nascimento Diferente

Maria Elisabeth Lopes Moreira Olga Luiza Bomfim

Nascer nem sempre é fácil. Muitas mudanças estarão acontecendo. Dentro do útero, por exemplo, quem faz as trocas gasosas e propicia o oxigênio para o bebê é a placenta, enquanto que, aqui fora, são os pulmões que executam essa função. Estes, por sua vez, estavam cheios de líquido dentro do útero; fora do ambiente uterino, enchem-se de ar para poder levar o oxigênio até o sangue.

Outro órgão que sofrerá muitas mudanças é o coração do bebê. Dentro do útero, são as cavidades direitas do coração (átrio e ventrículo) que trabalham mais; aqui fora, são as cavidades esquerdas que assumem um trabalho maior. Isso tudo mostra que, algumas vezes, é necessário um tempo para que as mudanças possam acontecer. Para isso, é importante não sobrecarregar o bebê com trabalhos adicionais, como sugar, manter o equilíbrio metabólico, a temperatura etc.

Tais adaptações irão ocorrer em todos os recém-nascidos. Em alguns bebês, ocorrerão mais facilmente e em menos tempo. Em outros, o tempo poderá ser maior, mesmo em gestações completamente normais. Os bebês que necessitam deste tempo adicional às vezes precisam de ajuda para fazer a transição para a vida fora do útero sem desconforto.

O parto pode se dar através da via vaginal – parto normal – ou através da cesariana. Em geral, o parto normal é o melhor para o bebê. O trabalho de parto ajuda-o a se adaptar à vida extra-uterina mais facilmente.

Quando algum problema é identificado, tornando o nascimento premente, a cesariana é a via mais indicada.

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Em ambos os casos, o pediatra deverá estar preparado para receber um bebê normal e também para atender a qualquer eventualidade. Todo um aparato é colocado à disposição durante o nascimento dos bebês, mesmo que não seja necessário utilizá-lo. Antecipar problemas é evitar que eles aconteçam, e por isso a sala de parto está sempre preparada para qualquer eventualidade. O aparato vai ficando mais sofisticado quanto maior for o risco que a gravidez apresentar.

Um problema identificado ainda na gravidez sugere que o nascimento do bebê poderá ser diferente. Por isso, diversos profissionais serão acionados e poderão estar presentes nas salas de parto. Em alguns casos, os bebês irão direto das salas de parto para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI); em outros, passarão pelos berçários e só após a identificação do problema serão enviados para uma UTI.

A antecipação do problema é fundamental para um bom resultado.

Surpresas não devem acontecer em salas de parto. Estas devem estar montadas de forma a poder solucionar qualquer problema. Por isso, escolher adequadamente o local no qual o bebê vai nascer é fundamental. Não existe uma melhor forma de transportar uma criança que o útero materno.

Por isso, quando algum problema for detectado, o parto deve ocorrer em um local que possa atender a mãe e o filho adequadamente.

Este nascer diferente, já necessitando de um grande aparato tecnológico e de muitas pessoas presentes, em um local no qual os principais atores deveriam ser o bebê e seus pais, é realmente muito complicado. Não se pode esquecer que os pais não devem se comportar com atores coadjuvantes nesse cenário.

Os familiares continuam sendo os atores principais junto ao recém-nascido.

Após o parto, se for identificado algum problema, o bebê deverá ser encaminhado a uma UTI e a mãe não poderá recebê-lo no quarto. Este é um momento difícil, assim como receber alta sem poder levar o filho para casa. Mas o momento de ir embora com o filho nos braços chegará para a maioria dos casais. Enquanto isso, os familiares devem se envolver com todos os cuidados que serão prestados a seus bebês.

A UTI Neonatal é um espaço reservado para tratamento de

prematuros e de bebês que apresentam algum tipo de problema ao nascer.

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Geralmente, localiza-se em uma maternidade com capacidade para atender gestações de risco, na qual uma equipe apropriada estará apoiando o pediatra no atendimento ao bebê. Na maioria das vezes, esse local possui uma estrutura física diferente das UTIs de crianças maiores e das de adultos, bem como dispõe de uma metodologia e filosofia de atendimento diferenciado. Isso porque o recém-nascido comporta-se clinicamente diferente de uma criança maior e, ao mesmo tempo, seu tamanho e sua maturidade requerem tecnologia especializada para os cuidados. Da mesma forma, os tipos de problemas que os bebês podem vir a apresentar ao nascer e no primeiro mês de vida são distintos das outras faixas etárias, exigindo abordagem e metodologia de cuidados diferenciadas.

Nem sempre os bebês internados nas UTIs Neonatais estão doentes.

Algumas vezes, eles estão apenas crescendo e se capacitando para respirarem, sugarem e deglutirem sozinhos. Poder realizar tudo isso necessita de um amadurecimento que só acontece por volta das 34 ou 35 semanas de idade gestacional. Portanto, em alguns casos, este tempo deverá ser esperado para os bebês poderem se alimentar adequadamente e irem para casa com toda a família tranqüila.

Muitas são as causas que podem levar um bebê a necessitar de atendimento em uma UTI. Na maioria das vezes, a prematuridade é a maior delas. Quanto menor for o recém-nascido, mais ele precisará estar em uma UTI. Os bebês que nascem em uma idade gestacional muito pequena – por exemplo, de 26 a 28 semanas –, pesarão, ao nascer, cerca de 750 a 1.000 gramas, e precisarão passar um longo tempo internados.

Outras crianças nascidas prematuras – mas com idade gestacional perto dos nove meses completos – poderão passar apenas por uma fase de adaptação, na qual sua respiração estará mais rápida nas primeiras horas de vida, normalizando-se logo depois, permitindo que elas recebam alta rapidamente e sem problemas.

Um outro problema comum é a icterícia, que é a cor amarelada na

pele do bebê. Quando há alguma diferença entre os grupos sanguíneos da

mãe e do filho, este poderá nascer com a cor amarelada e necessitar de

tratamento. Esta intercorrência acontece quando as mães são do grupo

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sanguíneo

O

e os bebês

A

ou

B

, ou então quando as mães forem Rh negativo e os filhos, Rh positivo. Em geral, o tratamento é feitos através de banhos de luz, em aparelhos com luz intensa. Raramente trocas de sangue serão necessárias.

Antigamente, mães do grupo sangüíneo Rh negativo com bebês Rh positivos necessitavam muito mais dessas trocas de sangue. Hoje em dia esse problema pode ser evitado com apenas uma vacina, a ser tomada pela gestante após abortos e/ou após todos os partos nos quais os bebês forem positivos, ou quando apresentarem sangramentos durante a gravidez.

Outras causas que podem levar um bebê a necessitar de atendimento em uma UTI são as malformações congênitas, que poderão levar a intervenções precoces. Há também os problemas com o crescimento intra-uterino – capazes de ocasionar problemas com a glicose do bebê – e as infecções, que podem ser adquiridas antes do parto ou no canal de parto durante o nascimento.

A ‘gestação múltipla’, que dará origem aos ‘bebês gemelares’, também é uma causa freqüente de necessidade de internação em uma UTI Neonatal. A gemelaridade está freqüentemente associada a partos prematuros. Nos casos de gravidez originada por inseminação artificial, na qual a prática de inseminação de múltiplos embriões é freqüente, os partos prematuros são uma ocorrência comum, e quanto mais precoce for o parto, maiores serão os problemas enfrentados pelos bebês após o nascimento. Por isso, apesar de o sucesso da inseminação depender muitas vezes do número de embriões implantados, a questão do risco do parto prematuro e suas conseqüências deverão ser avaliadas e discutidas.

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Referências

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