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FACULDA DE CALAFIORI PÂMELA SOARES DA SILVA CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

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FACULDA DE CALAFIORI

PÂMELA SOARES DA SILVA

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA

EDUCAÇÃO INFANTIL

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO – MG 2015

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PÂMELA SOARES DA SILVA

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada à Faculdade Calafiori, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.

Linha de Pesquisa: Gestão Escolar

Orientador: Prof. Esp. Claudio Manoel Person

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO – MG 2015

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CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA

EDUCAÇÃO INFANTIL

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

AVALIAÇÃO: ( ) __________________

Professor Orientador: Esp. Claudio Manoel Person

Professor(a) Me. César Clemente

Professor(a) Dra. Gismar Monteiro Castro Rodrigues

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO – MG 2015

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Aos meus preciosos pais que acompanharam cada dia dessa trajetória. O incentivo constante do meu pai e a dedicação incondicional da minha mãe, que foram meu porto seguro nesta

etapa da minha vida e com certeza estarão ao meu lado nas próximas a serem realizadas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que na sua infinita bondade, iluminou todos os meus dias nessa jornada e me proporcionou a coragem necessária para alcançar minha meta.

Ao Dr. Márcio, Giseli e Gismar pela oportunidade de fazer parte da família Calafiori, pelo comprometimento e carinho constante de toda a equipe. Agradeço ao meu amado coordenador César Clemente e a todos os professores do curso de Pedagogia que, ao longo de todos esses semestres, dedicaram seu saber docente a minha formação.

A minha família, minhas amigas, meu namorado e minhas parceiras da faculdade, que sempre se mostraram compreensivos, companheiros e incentivadores ao longo de todo caminho percorrido.

Em especial, meu agradecimento ao meu orientador e exemplo de profissional Prof. Esp. Claudio Manoel Person, pelo empenho e dedicação. Posso dizer que com ele aprendi além do conteúdo necessário para realização desse trabalho, aprendi o verdadeiro significado da palavra Educação e o que devo fazer para transformá-la.

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“Se perguntarmos a uma criança pequena o que ela acha que quer dizer a palavra 'gestão', provavelmente ela nos dirá que gestão quer dizer 'gesto grande'. E provavelmente os adultos que escutarem isso vão rir dela. Mas pensando bem, a gestão tem a ver exatamente com isso: com os gestos grandes que somos capazes de fazer”.

(KRAMER; NUNES, 2007, p. 452)

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RESUMO

No contexto da Educação Infantil, as pré-escolas são o primeiro lugar em que as crianças se separam de suas famílias e se inserem cotidianamente em um ambiente compartilhado, entrando em contato com várias crianças e outros adultos. Essa primeira etapa social-escolar tem papel fundamental no desenvolvimento integral, sadio e harmonioso da criança. O presente trabalho pretende evidenciar as concepções de gestão educacional e particularidades do gestor da educação infantil para verificar se a práxis desse profissional nas unidades educacionais está articulada com a superação do protótipo administrativo; explicitando ainda, a preocupação de a quem se deve atribuir o cargo de gestor nessa modalidade de ensino. O gestor da Educação Infantil deve ter claras as convicções que a norteiam, na busca de um atendimento eficaz onde a criança é o foco. Hoje, em pleno século XXI, vivemos mudanças aceleradas, que estão introduzindo valores educacionais, morais, éticos e propiciando a autonomia com o objetivo de desenvolver a interação social, utilizando-a como metodologia.

A gestão democrática se contrapõe às estruturas obsoletas verticais e autoritárias, ou seja, práticas individualistas, sem flexibilidade e centralizadas pela hierarquia das funções, as quais perdem lugar para as estratégias de gestão flexíveis, participativas e descentralizadas, nas quais a autonomia assume papel relevante. Neste sentido, as escolas de educação infantil ainda buscam sua identidade frente às demais modalidades de ensino, em razão de estarem permeadas por professores sem a devida formação, a negligência para com as particularidades que envolvem o universo infantil e ainda falta de recursos. Perante essa realidade a Educação Infantil aspira por valorização social e principalmente governamental, mediante ser o alicerce da aprendizagem. Diante disso, seu gestor tem responsabilidades e a ele é atribuído funções, que resultarão em mudanças concretas.

Palavras-chave: Educação Infantil. Gestão Educacional. Gestor. Criança.

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ABSTRACT

In the context of early childhood education, preschools are the first place where children are separated from their families and introduced to a shared environment, making contact with several children and other adults. This first social stage has a fundamental role in the comprehensive, healthy and harmonious development of the child. This present work aims to highlight the concepts of educational management and particularities of the early childhood education manager to verify if this professional has capacity in educational units and is articulated with overcoming the administrative prototype; also showing the concern to whom assign the position of manager in this type of education. The educational administrator must have clear convictions that guide in the search for an effective treatment where the child is the focus. Nowadays in the XXI century, we are living rapid changes that are introducing moral, ethical, and educational values and promoting autonomy with the goal to develop social interaction using it as methodology. The democratic management is opposed to vertical and authoritarian obsolete structures, in other words, individualistic practices, without flexibility and centralization by the hierarchy functions, loses its place to flexible management strategies, participatory and decentralized, in which the autonomy assumes relevant role. That being said, the preschools are still seeking their identity ahead to other modalities of teaching, for being permeated by teachers without proper training, the inattention of the particularities that surrounds the infant universe and the lack of resources. Towards this reality Early Childhood Education aspires social and especially governmental appreciation by being the groundwork of learning. Therefore, your manager has responsibilities and it is assigned functions, which will result in concrete changes.

Keywords: Early Childhood Education. Educational Management. Manager. Child.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CNE - Conselho Nacional de Educação

DCNEI - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação MEC - Ministério da Educação

PPP - Projeto Político Pedagógico

RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Mudanças de enfoque e atitudes que do novo paradigma emergente...19

Quadro 2 - Cronologia das ações que marcam a história do atendimento à criança no Brasil...36

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO... ...11

2 - CONCEPÇÕES DE GESTÃO EDUCACIONAL ... 15

2.1 Gestão Escolar Democrática ... 17

2.2 A Dimensão do Gestor na Gestão Democrática ... 20

3 - A INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO ... 23

3.1 A Escola de Educação Infantil... 24

3.2 A Estrutura da Educação Infantil no Brasil ... 31

4 - EDUCAÇÃO INFANTIL E A GESTÃO EDUCACIONAL ... 38

4.1 O papel do gestor escolar na Educação Infantil ... 40

4.2 Enquanto gestores, que professores queremos formar?... 47

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...55

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INTRODUÇÃO

A patente monografia está contextualizada na temática Educação Infantil, peculiarmente enfatizando a administração das pré-escolas em suas concepções históricas e pedagógicas, e a flexibilidade dos elementos que interferem na prática do gestor educacional dessa faixa etária.

Meu interesse no estudo do tema se deu ao cursar as disciplinas de Gestão Educacional na faculdade, destacando que os cursos de Pedagogia formam não só educadores de sala de aula, mas gestores e outros profissionais da educação. Neste sentido, acredito que as escolas de Educação Infantil ainda busquem sua identidade frente às modalidades de ensino.

É necessária uma gestão que atenda não somente os aspectos do “cuidar” fazendo com que as unidades de Educação Infantil se tornem depósitos de crianças, mas, essencialmente, impregnar a ação pedagógica em inserir e integrar o “educar” na didática desenvolvida para o público pueril. Diante tal, seu gestor tem uma responsabilidade cautelosa; cabe a ele conduzir mudanças expressivas.

A especificidade do fazer pedagógico na educação infantil revela o quão importante são estas duas dimensões, porém muitas instituições priorizam a dimensão do cuidar em detrimento ao trabalho educativo, desta forma confundem o papel da instituição com o da família e esquecem que há uma relação de complementaridade entre elas. (FLÔRES, TOMAZZETTI, 2012)

Neste contexto, pode-se notar que os educadores, tal como o gestor, tem um papel fundamental na formação da criança e a incumbência de exercer uma atuação que possibilite de forma indissociável o cuidar e o educar na instituição de educação infantil. Deste modo, pouco a pouco, a reflexão sobre a ação executada pelos profissionais da educação nos meios educacionais tem conquistado espaço nos pensamentos, na dialogicidade e na construção de saberes dos que atuam em tão bela faixa etária, a Infância. (CARVALHO, 2010)

No Brasil, estar na escola é um direito de toda criança desde o seu nascimento. Este direito está legalmente reconhecido no Estatuto da Criança e do Adolescente e registrado também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A educação infantil, etapa inicial da educação básica, atende crianças de zero a cinco anos em creches e pré-escolas. Anexados aos documentos citados, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil norteiam o funcionamento das instituições de Educação Infantil.

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Sabe-se que são muitos os fatores que podem interferir nos processos da Política de Gestão na Educação Infantil e, em plena era da globalização a educação encontra-se em um momento histórico de importante transformação. De sorte que, para construção, coletiva numa unidade educacional, de um projeto político-pedagógico visando à educação de qualidade, que atenda as políticas para a educação propositiva de uma ação transformadora, libertadora, é preciso que de fato a instituição educacional se organize num espaço onde todos os segmentos estejam alinhados e comprometidos com a elaboração de todo o processo pedagógico. É necessário, assim, repensar as práticas que ali ocorrem envolvendo todos os agentes do processo educacional. (CARVALHO, 2010)

Neste sentido, os fundamentos sobre a gestão educacional são relevantes, pois assumem uma particularidade de plenitude e porque inclui todas as ações da escola de educação infantil e representa a intencionalidade da instituição. Deste modo, compreendida a gestão, é delineado o novo papel do gestor.

Em uma instituição educacional, o gestor desempenha um papel medular. Ele é o gerente do processo educacional, precisa perceber o âmbito escolar e seus componentes como uma organização que tem uma missão, um objetivo a ser alcançado e, recursos a serem administrados. Sua práxis deve ser dinâmica, na qual existe a síntese entre a teoria e a prática.

As condutas docentes e técnico-administrativas devem estar articuladas em uma mesma logicidade.

A administração educacional, atividade social introduzida num contexto, adquire peculiaridades que repercutem em seu cotidiano. Sua prática realiza-se em condições projetadas de modo que se obtenham respostas das necessidades e interesses distintos. A busca singular de uma administração/gestão educacional que atenda às imposições contemporâneas deve sugerir uma associação das ocorrências administrativas e pedagógicas, uma vez que sua ênfase deva promover oportunidades favoráveis ao desenvolvimento de um ambiente de aprendizagem à criança, confirma-se essa afirmação diante do seguinte exposto,

“a concepção de gestão proposta nos últimos tempos tem sido marcada pelo envolvimento da comunidade na organização das questões educacionais, (...) promovendo condições propícias ao desenvolvimento de um ambiente de aprendizagem aos atores sociais envolvidos.”

(CARVALHO, 2010, p. 25)

A Gestão Democrática é uma forma de gerir uma instituição viabilizando a participação, transparência e democracia. Esse modelo de gestão, de acordo com Vieira (2005), representa um notável desafio no procedimento das políticas de educação e no cotidiano da escola.

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À vista disso, é fundamental refletir sobre a responsabilidade com que a gestão educacional das unidades de educação infantil vem sendo estimada e sua repercussão na prática cotidiana, isto nos reporta as contestações a cerca da educação e da infância.

Existe uma grande preocupação, segundo Santade (2013) de quem deverá assumir o cargo de gestor nas diferentes instâncias e modalidades de ensino, principalmente na educação infantil, pois não é somente na formação da criança que este profissional deverá estar atuando, mas também na formação e capacitação dos docentes que integram o grupo.

Assim, a cerca das reflexões destacadas, analisa-se a constatação de que as instituições de educação infantil tornaram-se constituintes dos Sistemas de Ensino. Hoje, a escola de educação infantil disposta em espaços de cuidado e educação, organizados e planejados é responsável, cada vez mais, pela formação da criança. Desprender-se do tradicionalismo e, ao mesmo tempo, flexionar-se de forma singular no processo de busca sujeito-criança, que é o objeto de trabalho da educação infantil, requer ousadia do seu gestor.

De acordo com Huet et al (1992), o gestor da Educação Infantil deve conhecer a criança em idade pré-escolar o que requer do educador um profundo senso de observação, uma atenção constante a detalhes de comportamento com a preocupação de identificar o que é peculiar.

Estas concepções e práticas são fundamentais para a construção de uma pré-escola que traga uma contribuição efetiva para o desenvolvimento da criança. É papel do gestor conhecer a criança neste sentido, para atuar de modo significativo.

Justifica-se o tema escolhido, uma vez que o gestor não atuará somente na formação da criança, mas também na formação e capacitação dos docentes, organização das funções e espaços adequados; e ainda promover progressos significativos individuais e coletivos na instituição de Educação Infantil.

Assim, o objetivo geral deste estudo foi evidenciar as concepções de gestão educacional e particularidades do gestor da educação infantil para verificar se a práxis desse profissional nas unidades educacionais está articulada com a superação do paradigma administrativo; explicitando a preocupação de a quem se deve atribuir o cargo de gestor nessa modalidade de ensino.

Esmiuçando a abordagem do tema, os objetivos específicos foram analisar as concepções de Gestão Educacional e os aspectos e práticas da Gestão Democrática; elencar as particularidades que norteiam a Educação Infantil; articular as peculiaridades da Educação Infantil aos processos executados na Gestão Educacional e evidenciar a posição do Gestor Educacional frente ás necessidades e atendimento dessa modalidade, a Educação Infantil.

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Aborda-se um estudo de cunho exploratório e descritivo. Este estudo tem o propósito de familiarizar-se com a Gestão Escolar nas Instituições de Educação Infantil, obter uma nova percepção e descobrir novas ideias. De acordo com Cervo (2007) o conhecimento científico vai além do empírico, procurando compreender, além do ente, do objeto, do fato e do fenômeno, sua estrutura, sua organização e funcionamento, sua composição, suas causas e leis.

A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica, pois Gonçalves (2005) trata-se do primeiro passo em qualquer tipo de pesquisa; sua finalidade é conhecer as diferentes contribuições científicas sobre o assunto que se pretende estudar, com isso a pesquisa envolveu um levantamento bibliográfico e uma análise qualitativa da Gestão Escolar na Educação Infantil.

A elaboração desta pesquisa partiu de uma organização sistemática de leitura, iniciando-se pela pré-leitura, seguida de leitura seletiva, passando pela leitura reflexiva e findando com a leitura interpretativa.

Desenvolveu-se sob a seguinte organização; a escolha do tema e a delimitação do tema, definição dos objetivos, formulação do problema de pesquisa, formulação das hipóteses, estudos exploratórios incluindo levantamento bibliográfico e apontamentos e anotações.

Posteriormente, com a coleta e análise de dados, e conseguinte leitura e processos de leitura para aprofundar o entendimento sobre o assunto, propuseram-se os objetivos da pesquisa e a escolha dos instrumentos de exploração de estudo.

Para a revisão bibliográfica acessou-se a base de dados da Scientific Eletronic Library on line (SCIELO) e o Google Acadêmico, nos meses de Julho de 2014 à Novembro de 2015.

Buscou-se articulação com as palavras-chave: Gestão Educacional, Educação Infantil, Gestor e Criança. As informações conquistadas serão analisadas frente à literatura científica específica, coletando informações a respeito do desenvolvimento da Gestão Educacional na Educação Infantil.

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2 – CONCEPÇÕES DE GESTÃO EDUCACIONAL

No cenário da educação, a gestão tem sido analisada com mais ênfase, partindo do pressuposto de ser enquadrada como uma concepção nova e superadora da interpretação limitada da administração.

A gestão educacional, como a administração educacional ou de outras instâncias, tem suas restrições advindas de leis normativas. O gestor/administrador deve submeter-se aos Conselhos existentes dentro de cada instituição, subordinar-se aos órgãos reguladores da Educação, cumprir o Plano Político Pedagógico, o currículo e o calendário escolar; além de apresentar resultados concomitantes.

A escola é uma instituição social, visto que lhe é atribuída à função “formadora de sujeitos”; é a instituição que a humanidade elegeu para socializar o saber sistematizado, apesar das transformações sofridas no decorrer da história; sua administração se torna uma particularidade fundamental para que seus objetivos sejam atingidos. Os objetivos gerais da escola são garantir aos alunos condições propícias para que desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para a vida em sociedade e a promoção do exercício da cidadania nos alunos-cidadãos. Por esse motivo, é conferida importância a administração da escola, e essencialmente para o sucesso escolar dos alunos.

Paro (2001) apresenta uma análise correspondente com as políticas educacionais no que diz respeito à administração escolar atualmente.

[...] nos meios políticos e governamentais, quando o assunto é a escola, uma das questões mais destacadas diz respeito à relevância de sua administração, seja para melhorar seu desempenho, seja para coibir desperdícios e utilizar racionalmente os recursos disponíveis (PARO, 2001, p.3).

Configura-se então a importância da administração escolar, posto que, a mesma está presente e se faz necessária no cotidiano educacional. Abrangendo sua dimensão, a administração é peculiar a escola, pois ao exercê-la para atingir seus objetivos, são definidas metas e estratégias para melhor alcançá-los.

A sociedade brasileira vem se tornando cada vez mais complexa. Atualmente, vários acontecimentos sociais passam a pleitear a mesma, tais como o surgimento de novos ofícios de trabalho, novas corporações organizadas e desinteresse de outras, novas tendências

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políticas e ampla diversificação institucional. Esses acontecimentos passam a influenciar as instituições escolares, até porque as vivências sociais se iniciam no âmbito educacional, e os aprendizados e conhecimentos escolares estão articulados com exigências e necessidades da sociedade moderna.

Sabe-se que toda teoria é criada para suprir as necessidades de um determinado momento da sociedade, que está constantemente em mudanças, por isso é natural que se procure novas adequações, e foi o que ocorreu com a administração. O modelo tradicional não estava oferecendo resultados, diante as empresas de um modo geral, como também na escola, devido ao seu dinamismo e por possuir vários elementos que articulam entre si com pluralidade e diversidade subjetivas.

De fato, o próprio sistema educacional se complexifica e se diferencia, requisitando a presença mais racional de seus sujeitos e de indivíduos nele interessados. A gestão é um elemento permanente desta complexificação, sendo em outras organizações ou nas unidades escolares. Ora, a gestão de qualquer setor corporativo conduz-se, entre outros princípios, com a legislação de modo a sistematizar-se e de cumprir constantemente a metas e objetivos estabelecidos.

Conforme Cury et al (2011),

A gestão da educação escolar no Brasil, hoje, conta com um grande número de leis e outras normatizações provindas da área federal, da área estadual e municipal. Esse sistema legal se afirma desde diretrizes curriculares até financiamento e fonte de recursos. Por isso, a oferta de ensino deve ser cuidadosamente gerida a fim de que a igualdade perante a lei, a igualdade de condições e de oportunidades tenham vigência para todos, sem distinções.

(CURY et al, 2011, p. 44)

Gerir é mais relevante e amplo do que administrar, pois além de planejar, supervisionar, organizar e avaliar, também integra a busca e a realização de inovações e desenvolvimento nos processos relacionados ao negócio, constatando oportunidades e soluções perante ameaças possíveis.

Segundo Conti et al (2011, p. 79), “na Língua Portuguesa, não há distinção entre administração e gestão, do ponto de vista de suas definições”. Atualmente, estabeleceu-se uma diferenciação entre ambos os termos, com a necessidade de definir um novo âmbito, no qual a gestão seria mais liberal, participativa e democrática. Já a administração assumiria uma postura mais autoritária e impositiva. Incorporado a esse conceito de administração, suas principais características são: a centralização do poder, onde a autoridade máxima é o diretor,

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as tarefas eram fragmentadas, o pedagógico não caminhava junto com o administrativo, o diretor se preocupava mais com a parte burocrática da escola, as relações eram verticais e hierarquizadas, não havendo participação da comunidade.

Nas ideias de Lück (2000) são descritas as funções do diretor:

[...] Nesse contexto, o papel do diretor escolar constituía-se, sobretudo, em repassar informações, assim como controlar, supervisionar, “dirigir” o fazer escolar, em acordo com as normas estabelecidas pelo sistema de ensino.

Bom diretor era o que cumpria essas obrigações plena e zelosamente, de modo a garantir que a escola não fugisse ao estabelecimento em âmbito central ou em nível hierárquico superior. (LÜCK, 2000, p. 35)

Ao conceber as consideráveis mudanças na sociedade, decorrentes de outras teorias focando as relações interpessoais dentro das instituições, com ênfase no aumento da produtividade, na flexibilidade e no bem estar social, criou-se um novo estilo de gerência: o gestor, priorizando relações mais horizontais, comprometido em vestir a “camisa da empresa”

e também motivar seu grupo para tal. Essa gestão é baseada na concepção de qualidade total, com fundamentos na produtividade capitalista. As metas de ensino são direcionadas através de indicadores econômicos, sociais e políticos. Seu papel é organizar o processo de aquisição de competências, habilidades e técnicas que serão úteis para o ingresso do aluno na nova sociedade global.

Conti et al (2011) faz uma interpretação da função deste gestor:

[...] o gestor gerencial deve ser um líder, que troca o poder de comando do diretor tradicional pela capacidade de influenciar e mobilizar a comunidade escolar. Deve ser líder de equipe capaz de ouvir, apreciar e usar as capacidades de cada um de seus integrantes, fazendo uso das informações que recebe. Procura valorizar as perspectivas e opiniões de todos para garantir a colaboração do grupo. (CONTI et. al,2011, p.93)

Apesar da concepção de gestão da educação ter prosperado muito, hoje em dia, ainda não podemos afirmar que exista supremacia qualitativa na prática da gestão educacional.

2.1 - GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA

Outro conceito importante é a Gestão Democrática. Esse conceito é recente, nasce nas reivindicações populares na década de 1980 em prol da democracia brasileira em todos os âmbitos da sociedade.

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A palavra democracia surge na Grécia, significa governo do povo, regime político baseado nos princípios da soberania popular e da equidade do poder, como explica:

Democracia é o “governo do povo, pelo povo”. Neste sentido, são democráticos o governo, a gestão e as pessoas que se pautam pelo interesse do povo, decidem e executam as decisões com sua participação ativa. O termo democracia é polêmico desde sua origem na Grécia antiga, no século de Péricles, em Atenas, aproximadamente no século IV antes de Cristo. Seu sentido tem mudado ao longo dos anos, conforme os diversos estágios culturais e políticas dos povos. (PROGRAMA DE APOIO AOS DIRIGENTES MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO, 2006, p. 17)

No âmbito educacional, a gestão democrática tem sido utilizada como perfil identitário das instituições, inclusive, das unidades de Educação Infantil. Caracterizada por sua flexibilidade e dinamismo, tem por objetivo ser efetivada nas unidades escolares com a pretensão de garantir processos coletivos de participação e decisão.

A gestão democrática educacional tem como perspectiva propor igualdade nas relações, incentivar o diálogo, eliminar o preconceito, proporcionando a liberdade de ideias, criando um ambiente de superações dos desafios tanto individuais como coletivos e tornando- se um ato político em sua essência, em busca da maior participação nas decisões do rumo da instituição. A interação é um ato de cidadania, pois a escola é um organismo social.

Outro aspecto da gestão educacional democrática, refere-se à capacidade de otimização dos recursos humanos da escola, da utilização das pessoas com potencial para assumir responsabilidades, envolvimento e atenção ao processo pedagógico da escola, que expresse opiniões e dê sugestões, que participe. O gestor escolar deve buscar meios para orientar as pessoas quanto à importância da qualidade social da educação.

Nessa perspectiva, a gestão democrática educacional necessita mais do que simples mudanças nas estruturas organizacionais; precisa de mudanças de paradigmas que respaldem a construção de uma concepção educacional e o progresso de uma nova gestão.

O patrono da educação, Paulo Freire (1996) traz uma contribuição a cerca da complexidade de mudanças de paradigmas:

A mudança do mundo implica a dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de sua superação, no fundo, o nosso sonho. É a partir deste saber fundamental: mudar é difícil, mas é possível, que vamos programar nossa ação político-pedagógica, não importa se o projeto com o que nos comprometemos é de alfabetização de adultos ou de crianças.

(FREIRE, 1996, p. 79)

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O PPP - Projeto político pedagógico - define a identidade de uma escola, é um documento construído de forma coletiva no qual são apresentados objetivos e metas para a pretensão de uma educação de qualidade. Este processo é bastante complexo e delicado, e necessita ser orientado com eficácia. Consequentemente a construção do PPP tem como principal mediador o diretor da escola, e o cargo de gestor garante que a escola desempenhe sua missão de ser um ambiente de construção do conhecimento, desenvolvimento das capacidades e formação de valores.

Desta forma, está incorporado ao gestor, tomar frente para a elaboração do projeto político pedagógico que irá exigir a definição de políticas e metas educacionais muito bem definidas. A escola não deve elaborar seu PPP apenas por uma exigência legal, mas, mediante a necessidade de restaurar e inovar a ação coletiva no cotidiano de seu trabalho.

As propostas de inovação na gestão no âmbito educacional devem ter presentes, segundo Bordignon et al (2011),

"questões como: que paradigmas presidem as atuais práticas da gestão da educação? Que paradigma garantirá a construção da escola cidadã, através de uma gestão democrática, cujos fundamentos são a autonomia, a participação e emancipação?" (BORDIGNON et al, 2011, p. 151)

É significativo ressaltar que essa nova concepção organizacional não minimiza a importância e autoridade dos gestores educacionais; mas, ressalta e comprova como é imprescindível o papel dos mesmos na gestão democrática e, por isso, a importância de que sua prática seja mais competente tecnicamente e mais relevante socialmente. Essa concepção encontra apoio na psicologia social, na sociologia, na filosofia, na antropologia social e na pedagogia.

Com o quadro comparativo a seguir, Bordignon et al (2011) explicita as mudanças de enfoque e de atitudes que o novo paradigma emergente propõe:

QUADRO 1 - Mudanças de enfoque e atitudes que do novo paradigma emergente ASPECTOS

DA GESTÃO

ENFOQUES E ATITUDES PARADIGMA VIGENTE

(Tradicional)

PARADIGMA EMERGENTE (Novo)

Relações de poder

Verticais Horizontais

Estruturas Lineares/segmentadas Circulares/integradas

(21)

Espaços Individualizados Coletivos

Decisões Centralizadas/imposição Descentralização/diálogo/negociação Formas de ação Autocracia/paternalismo Democracia/autonomia

Centro Autocentrismo/individualismo Heterocentrismo/grupo-coletivo Relacionamento Competição/apego/independência Cooperação/cessão/interdependência Meta Eliminação de conflitos Mediação de conflitos

Tipo de enfoque Objetividade Intersubjetividade

Visão Das partes Do todo

Objetivo Vencer de - Convencer Vencer com - Co-vencer Consequência Vencedores-perdedores Vencedores

Objeto do

trabalho

Informação Conhecimento

Base A-ética Ética

Ênfase No TER No SER

Fonte: Bordignon et al (2011)

Na escola, o diretor, gerente do processo político da gestão escolar é uma autoridade prepotente. O cargo de diretor em uma escola não é feito por ele próprio, mediante que, para o seu cumprimento é conduzido pelas políticas educacionais e o conhecimento teório-prático.

Weber (1978) contribui,

“Que assim, a pessoa que representa tipicamente a autoridade ocupa um

“cargo”. Na atividade específica de seu status, que inclui a atividade de mando, está subordinada a uma ordem impessoal para a qual se orientam suas ações.” (WEBER, 1978, p. 16)

Por conseguinte, os demais sujeitos na escola reconhecem essa autoridade e a cumprem. Para a conduta cotidiana da escola, articulam-se a gestão e o poder. É correto assegurar que, no âmbito educacional, o controle regular sobre as relações de poder é, por certo, o domínio sobre os processos de gestão.

Assim sendo, a gestão democrática deve ser compreendida não apenas como um princípio do novo paradigma, mas também como um objetivo a ser implantado e aprimorado, além de representar-se como uma prática cotidiana nos ambientes educativos. Nesse sentido, se dá a possibilidade de construção e formação de indivíduos capazes de colocar-se frente à sociedade em que estão inseridos, como participantes conscientes de sua inserção social.

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2.2 – A DIMENSÃO DO GESTOR NA GESTÃO DEMOCRÁTICA

No contexto da escola democrática de hoje, esse modelo de gestão atende plenamente os proclamas de um alinhamento à análise de perfil a ser realizado pelo gestor escolar, o qual também deve ser objeto de formação permanente. A formação nesses modelos valoriza o profissional e seus saberes e favorece e motiva o funcionário nas suas funções de trabalho.

O gestor escolar deve ter competência para complementar, analisar, comandar, ajudar e compreender toda a sua equipe, fazendo assim a distribuição de tarefas adequadas a cada perfil de funcionários da escola. Lück et al (2000, p. 91) afirma que “o diretor orientado para a melhoria do desempenho da escola, busca, continuamente, mediante processos de capacitação em serviço, o desenvolvimento de tais características e habilidades”.

Para que o gestor conheça e colabore com sua equipe, deve fazer reuniões nas quais ele possa consultar as pessoas a respeito do que acham necessário para o crescimento de seus conhecimentos e o aperfeiçoamento de seu trabalho.

A parceria entre a escola e a comunidade escolar também é essencial para uma educação de qualidade, tanto a equipe escolar deve conhecer a comunidade com a comunidade deve conhecer a escola.

As articulações da família e da escola formam uma equipe. É indispensável que ambas sigam os mesmos parâmetros e princípios, bem como a mesma orientação em relação aos objetivos que desejam atingir. Aspira-se que as duas idealizem as mesmas metas de forma paralela, possibilitando ao aluno cautela na aprendizagem de forma que venha conceber cidadãos críticos aptos a enfrentar a complexidade de situações que emergem na sociedade.

A participação na gestão da educação é a maneira de assegurar a gestão democrática no sistema de ensino e na escola, pois isso permite o envolvimento de todos os sujeitos afetados pelas decisões, uma vez que tanto os profissionais da educação quanto os educandos e a comunidade, quando respeitados como cidadãos, sintam-se incluídos e se comprometam com as decisões tomadas. (PROGRAMA DE APOIO AOS DIRIGENTES MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO, 2006, p. 66)

Por isso o gestor deve sempre mostrar seu trabalho o mais transparente possível, com isso ele adquire a confiança de sua equipe de trabalho e da comunidade da qual sua escola faz parte.

(23)

Deve-se, nesse momento, compartilhar de maneira que todos possam verificar a grande responsabilidade que é levar uma educação de qualidade para as crianças; os problemas devem ser sempre barreiras passíveis de serem ultrapassadas.

O gestor não tira assim a sua responsabilidade como um líder escolar, mas busca ajuda sempre, para realmente atingir seus objetivos, e a comunidade que participa também se sente responsável tanto pelo fracasso como pelo sucesso da vida escolar.

Conforme Gadotti (2000),

A escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela deve dar o exemplo.

A gestão democrática da escola é um passo importante no aprendizado da democracia. A escola não tem um fim em si mesma. Ela está a serviço da comunidade. Nisso, a gestão democrática da escola está prestando um serviço também à comunidade que a mantém. (GADOTTI, 2000, p. 35)

Existe uma grande dificuldade diante o gestor, que é essa conscientização da própria comunidade, porque a mesma não está acostumada a ter uma visão da escola atual. E, portanto, é dever de toda a equipe começar essa conscientização com os próprios alunos da escola, incentivando para que todos participem e ajudem no trabalho escolar e com isso, estaremos criando um novo tipo de sociedade.

Os alunos sairão da escola, sabendo que sua responsabilidade não termina por ali, sabendo que o compromisso com a educação de qualidade é estar atento ao projeto escolar, saber identificar os bons gestores, verificando o comprometimento deles com sua equipe e com a comunidade.

Entende-se que o gestor não é dono da escola, por isso não pode se responsabilizar sozinho por ela; ele é o norteador, ou seja, o elemento que guia a escola e o principal responsável para trazer esse grupo junto de si, formando uma só unidade escolar que tem como objetivo uma escola justa, participativa e compromissada com a educação de qualidade para todos.

[...] gestor da dinâmica social, um mobilizador, um orquestrador de atores, um articulador da diversidade para dar unidade e consistência, na construção do ambiente educacional e promoção segura da formação de seus alunos (LÜCK, 2011, p. 16).

Afirma-se então, que um dos aspectos mais importantes é saber trabalhar uns com os outros e juntos com a comunidade para que todos atinjam o mesmo objetivo que é a valorização da educação para as crianças.

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3 - A INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO

A educação está interposta por desafios que comprovam a sua complexidade e importância para a sociedade. A educação infantil é destacada por ser a etapa em que o público pueril se desenvolve nos aspectos cognitivos, corporais, afetivos e sociais.

Inicialmente, dentre esses aspectos, é necessário destacar um, o social; os demais serão explorados ao decorrer deste capítulo.

Como contribui Fonseca (2011),

Finalmente, o aspecto social é indispensável para que crianças estabeleçam relações entre si e com os adultos. Elas desenvolvem o respeito mútuo, a cooperação e a reciprocidade, superam o egocentrismo próprio da idade.

Enquanto desenvolvem relações dialógicas, vão adquirindo autonomia, objetivo fundamental na educação moderna. (FONSECA, 2011, p. 166) Esse é um momento positivo para a construção de conhecimentos. Sendo assim, é necessário refletir sobre a infância, buscando entender este processo através da compreensão histórica, com o propósito de assimilar as inúmeras perspectivas que se relacionam no desempenho profissional dos gestores que trabalham com crianças desta faixa etária.

Através da história da Educação Infantil, nota-se que seu percurso foi determinado por transformações sociais e econômicas. Neste ponto de vista, os sujeitos se organizam a partir das formas diferenciadas de intervenção educativa a que são subordinados.

É neste âmbito que a gestão escolar deve conduzir as peculiaridades das instituições de educação infantil, estimando em seu cotidiano as exigências de sua faixa etária de atuação, em posições pedagógicas e organizacionais.

Zapelini (2009) destaca a importância do especialista em educação no interior das instituições de educação infantil, referindo-se a figura do gestor escolar, considerando que sua formação e experiência pedagógica contribuem com os processos educacionais por ser o articulador da equipe no cotidiano das escolas.

É fundamental destacar que os profissionais que atuam na educação infantil tenham uma formação que os coloquem em contato com outras áreas do conhecimento que estudam e compreendem a criança, sobretudo o gestor, que é o profissional que conduzirá os processos dentro das unidades educacionais. Esses conhecimentos propiciam o desenvolvimento de suas atividades para com os pequenos, reconhecendo suas necessidades e auxiliando-os no planejamento e organização de ambientes que proporcionem desenvolvimento, autonomia, socialização e aprendizagem das crianças de zero a cinco anos.

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Como pontua Spaggiari (1998),

[...] educar atualmente e educar uma idade tão delicada e importante é uma tarefa difícil e complexa que comporta enormes responsabilidades:

responsabilidades que não podem ser vivenciadas e administradas na solidão e na exclusividade, nem familiar nem institucional. (SPAGGIARI, 1998, p.

102).

Diante essa concepção, a participação das famílias na escola de educação infantil pode propiciar a extensão do entendimento quanto à sua importância nessa faixa etária, tal como, quanto ao conhecimento a respeito dos direitos e necessidades da criança. Além disso, compreender a participação das famílias nos processos de gestão escolar na educação infantil tem se configurado como um elemento democrático entendido como referencial de qualidade, por estimular a reflexão sobre as condições estabelecidas, concedendo sua revisão.

É fundamental refletir sobre a ação dos gestores na educação infantil, para a garantia da participação dos diversos atores da comunidade educacional, sendo eles professores, alunos, supervisores, orientadores e os demais funcionários da escola e das famílias na organização da escola, desde o planejamento até a avaliação de seu desenvolvimento, o espaço para o diálogo deve ser estável de maneira a preservar a gestão democrática. Ainda assim, é essencial que as propostas pedagógicas das instituições de educação infantil respeitem as crianças, como sujeitos de direitos, e por consequência, participe nos processos coletivos e de decisão.

Como expõe Tomé (2012), "passada mais de uma década da integração de creches e pré-escolas aos sistemas de ensino municipais, o pensamento em educação infantil e gestão escolar ainda foi pouco explorado conjuntamente no campo científico." (TOMÉ, 2012, p.

1036).

Essa missão demanda do gestor da Educação Infantil uma formação que compreenda a crianças em suas múltiplas linguagens, concebendo-as como cidadãs, articulando, desta forma, os conhecimentos que são pertinentes a gestão escolar em termos burocrático- administrativos, com os conhecimentos pedagógicos que consideram as características da Educação Infantil.

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3.1 - A ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL

Na escola de Educação Infantil o funcionamento e a qualidade dos seus serviços, assim como de qualquer organização, dependem do desempenho do trabalho que cada componente no âmbito educacional realiza internamente. As práxis desenvolvidas são articuladas entre si e asseguram as condições de funcionamento da instituição.

Os debates mais extensos sobre este tema e as perspectivas evidentes pelos diretores/gestores levaram os especialistas da temática a alguns entendimentos básicos que, segundo Huet et al (1992) são os seguintes:

Em primeiro lugar, a Educação Infantil desempenha uma função social. Ela abriga e alimenta proporções significativas de crianças de zero a seis anos de idade, ou de zero aos cinco anos, dependendo do Estado ou do Município, constituindo importante espaço de socialização além das fronteiras da família. Em segundo lugar, ao abrigar e cuidar das crianças, liberta a mulher/mãe da função guardiã – facilita sua inserção no mercado de trabalho. Ela cumpre, portanto um papel importante na redefinição do papel social da mulher na sociedade atual. (HUET, 1992, p.17).

Conforme citado no início deste capítulo, a função social da educação infantil é fundamental para que as crianças criem relações com outras crianças e com os adultos, desenvolvendo o respeito, a cooperação e autonomia. Outra perspectiva a ser considerada é o aspecto afetivo, pois mediante a ausência da mãe, a criança tem a necessidade de se inserir em um ambiente de aceitação, compreensão e confiança.

Não menos importante, de acordo com as autoras, em terceiro lugar, a Pré-Escola e/ou Educação Infantil tem uma função pedagógica que fundamenta a promoção do desenvolvimento da criança, particular a sua idade; e, o diretor deve compreender com relevância em que consiste esta função pedagógica que engrandece o desenvolver na criança, o conhecimento do mundo físico, social e de si mesma e, ampliar a sua capacidade de comunicação e expressão.

A proposta é que o conhecimento deve ser buscado e construído pela criança e não simplesmente determinado. O educador não deve agir como único detentor do conhecimento, mas empenhar-se de forma incentivadora e encorajadora, para que a criança desenvolva a construção do conhecimento.

As autoras Huet et al (1992, p. 18) concluem que “um diretor de Pré-Escola poderá ser um excelente administrador sem jamais ser um administrador da Educação se não tiver claro estes aspectos e se não conhecer a função precípua dessa unidade escolar”; portanto,

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acrescentam que o diretor deve conhecer a criança em idade pré-escolar o que requer do educador um senso de observação perspicaz, uma atenção constante a detalhes de comportamento com a preocupação de identificar o que lhe é peculiar.

Para os profissionais que exercem suas funções na Educação Infantil, as pesquisas já pontuaram conhecimentos significativos, imprescindíveis a estes encargos, tais como:

• de que maneira as crianças elaboram e constroem conhecimentos;

De acordo com Castorina (1988) a perspectiva construtivista de Piaget, o começo do conhecimento é a ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o conhecimento humano se constrói na interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer consiste em operar sobre o real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento.

• como aprendem;

Ainda, de acordo com a filosofia de Piaget, as formas de conhecer são construídas nas trocas com os objetos, tendo uma melhor organização em momentos sucessivos de adaptação ao objeto.

• como aprendem o mundo físico e social, enfim, o meio em que vivem;

Segundo Galvão (2000), Wallon argumenta que as trocas relacionais da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas em um "sincretismo subjetivo", por pelo menos três anos. Durante esse período, de completa indiferenciação entre a criança e o ambiente humano, sua compreensão das coisas dependerá dos outros, que darão às suas ações e movimentos formato e expressão.

A negligência para com esses conhecimentos e responsabilidades facilita a impossibilidade da construção de uma instituição de Educação Infantil que traga uma contribuição efetiva para o desenvolvimento da criança. É plausível afirmar que uma das atribuições do diretor/gestor/educador, é conhecer a criança, para atuar proporcionando um ensino significativo e de qualidade, que proporcione as crianças segurança, aprendizagem e lazer.

Atualmente, não é raro encontrar pessoas que ainda se referem às unidades de educação infantil como sendo exclusivamente um local para cuidar das crianças durante o tempo em que os pais trabalham. Este ponto de vista confirma o clichê de que a dimensão educacional inexiste nestas instituições e mediante isso, impulsiona também o descrédito que é dado aos profissionais que atuam com os educandos nesta faixa etária. Entretanto, o educar

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e o cuidar são aspectos inseparáveis e estão vigentes no cotidiano das ações escolares dessa modalidade de ensino.

Como determina as Diretrizes Curriculares para Educação infantil (1999):

Educar cuidando inclui acolher, garantir a segurança, mas também alimentar a curiosidade, a ludicidade e a expressividade infantis. Educar de modo indissociado do cuidar é dar condições para as crianças explorarem o ambiente de diferentes maneiras (manipulando materiais da natureza ou objetos, observando, nomeando objetos, pessoas ou situações, fazendo perguntas etc.) e construírem sentidos pessoais e significados coletivos, à medida que vão se constituindo como sujeitos e se apropriando de um modo singular das formas culturais de agir, sentir e pensar. Isso requer do professor ter sensibilidade e delicadeza no trato de cada criança, e assegurar atenção especial conforme as necessidades que identifica nas crianças.

(DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, 1999, p. 10)

A articulação dos aspectos cuidar e educar deve ser efetivamente realizada. A escola deve considerar a criança pequena em sua integralidade, pois além de receber cuidados, as suas necessidades precisam ser atendidas considerando suas singularidades. A criança ainda é concebida como sujeito ativo do processo de conhecimento, como explicitados pelos norteadores legais para Educação Infantil.

Para Kuhlman Jr. (1998) ao pesquisar a infância e a história das instituições de Educação Infantil em nosso país declara que estabelecer a polarização entre educação e assistência acaba criando estereótipos acerca dos equipamentos de Educação Infantil, quando na realidade as dimensões educar-cuidar são indissociáveis. Porém, o autor reconhece que ao olhar para a abordagem educacional de cada instituição de atendimento à infância é possível detectar a existência de um enfoque diferenciado conforme o público a quem a mesma se destina.

A Educação Infantil tem sido delineada por duas vertentes. Em um lado encontra se um problema de natureza política, a discriminação social, que delimita um modelo de educação para as crianças de classe alta e outro para as crianças de classes populares, o que sistematiza o ensino público do privado. Do outro lado o problema é de estrutura pedagógica e acontece no interior das instituições escolares infantis, é a divisão entre o cuidar e o educar, que atualmente se divide nas funções da professora e a auxiliar; funções estas que devem estar articuladas diariamente e não devem ocorrer desassociadas.

O que cabe avaliar e analisar é que, no processo histórico de constituição das instituições pré-escolares destinadas à infância pobre, o assistencialismo, ele

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mesmo, foi configurado como uma proposta educacional específica para esse setor social, dirigida para a submissão não só das famílias, mas também das crianças das classes populares. (...) O fato dessas instituições carregarem em suas estruturas a destinação de uma parcela social, a pobreza, já representa uma concepção educacional (KUHLMANN JR, 1998, p. 04).

As creches sempre estiveram associadas a uma prestação de serviço ofertado à população de baixa renda; particularizavam-se por um atendimento em período integral, enquanto que a pré-escola, em meio período, por uma reprodução ao modelo de escola. Os órgãos de caráter assistencialista regulamentarizavam as creches, já os órgãos vinculados ao sistema educacional, dirigiam as pré-escolas. Hoje, esse desmembramento só é realizado pela faixa etária.

A criança é matriculada e levada à creche não somente pelo motivo dos pais estarem trabalhando e não terem com quem deixá-la, ou porque na creche é fornecido complementação alimentar. A creche não é um espaço insignificante onde as crianças passam a maior parte do dia recebendo assistência e cuidados. As crianças não estão na creche para passar o tempo, não estão lá para ficarem sem fazer nada e passar o dia na ociosidade.

Tais papéis estão modificando-se: a criança pequena é hoje compreendida como um ser com capacidades, sujeito de direitos desde a gestação no útero materno, um ser produtor de culturas, já não um "infante" que precisa da voz do outro, do adulto, para fazer-se perceber socialmente. A mulher brasileira, de maneira geral, avançou muito no que diz respeito à sua independência e condições de profissionalização; sobretudo nos estratos mais empobrecidos da população, nas famílias usuárias do serviço de creches, há grande contingente de mulheres que representam o esteio familiar, cumprindo, na maioria das vezes simultaneamente, os papéis de educadora e de provedora do sustento familiar, entre outros. As famílias (no plural), como instituição social, também passam por grandes transformações e, a revisão dos papéis de homem, de mulher e de criança insere-se na ordem do dia. (GOMES, 2013, p. 205)

Segundo o CNE as creches não devem ser consideradas como meras instituições assistencialistas, mas sim educativas. O conceito singular de assistencialismo da creche, como unidade de cuidados para crianças é ultrapassado, simplista e não coincide com as diretrizes da política nacional de educação para os pequenos. A creche não é um “depósito de crianças”.

Em 2011, com o Parecer CNE/CEB nº 8/2011, que trata da admissibilidade de períodos destinados a férias e a recesso em instituições de Educação Infantil, as creches avançaram mais um passo na valorização dentro da sociedade educacional. O CNE confirmar que as férias escolares na Educação Infantil são fundamentais, mediante o pressuposto de que a criança tem direito a uma convivência intensiva e extensiva com a sua família; e ainda, para

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providenciar a organização pedagógica apropriada e curricular das instituições, mantendo igualmente, a relação e a identidade entre professor e alunos, que se revela ainda mais importante nas primeiras experiências da educação formal, além deste período ser indicado para realizar serviços de manutenção do espaço físico escolar.

Na visão de Kramer (1989), ao estudar a Política do Pré-Escolar no Brasil retoma a distinção existente entre os diferentes equipamentos destinados ao atendimento à infância, reforçando que a faixa etária de 0 a 3 anos estava atrelada às áreas da Assistência e Promoção Social, sendo o atendimento realizado pautado na guarda das crianças, com cuidados físicos, de saúde e alimentação, enquanto que a faixa etária de 4 à 6 anos estava a cargo da área educacional. Nesse contexto, é possível afirmar que a separação à cerca do atendimento oferecido as crianças, não se restringia a separação por faixa etária, mas sim pela forma do atendimento, Assistência ou Educação, como se o educar e o cuidar acontecessem separadamente.

Somente a partir da segunda metade do século XIX que as instituições pré-escolares passaram a serem reconhecidas como integrantes de uma nova concepção assistencial, intervindo inclusive a visão a cerca das creches buscando-se construir uma nova maneira de configurar tais instituições, superando a visão de um ambiente exclusivamente de cuidados das crianças pequenas, conceituando, portanto peculiaridades educacionais.

Além das concepções históricas, a escola de educação infantil caracteriza-se por algumas particularidades cotidianas que a cercam e a particularizam. A estrutura de seu ambiente é uma comunidade infantil (de 0 a 5 anos) cujas dimensões afetivas, emocionais, sociais e cognitivas exigem amplo atendimento. Elas envolvem inúmeros detalhes:

desfraldamento, observação do sono e da alimentação, higienização, saúde, horários de remédios, integridade física e psíquica, apresentação dos conhecimentos derivados de várias áreas, diálogos regulares com os pais, entre outros.

A escola de educação infantil ainda pode ser caracterizada como a primeira esfera social em que as crianças se separam de suas famílias e se ingressam regularmente, entrando em contato com muitas crianças e com outros adultos. As organizações espaciais e temporais configuram-se diversamente dos costumes de seus lares. Portanto, é expansiva a diversidade cultural com que as crianças e logo suas famílias se encontram. É um ambiente, sobretudo de convivência e naturalmente repleto de conflitos.

De acordo com as ideias de Balaban (1988),

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