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A ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O DESENVOLVIMENTO ESPORTIVO INFANTIL

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673 A ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E

O DESENVOLVIMENTO ESPORTIVO INFANTIL

SILVA, Thiago Azevedo da Mestre em Cognição e Linguagem pelo Programa de Pós-Graduação em Cognição e Linguagem da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) professorthiagoazevedo@hotmail.com

AZEVEDO, Inessa Trocilo Rodrigues Doutoranda e Mestra em Cognição e Linguagem pelo Programa de Pós-Graduação em Cognição e

Linguagem da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) prof.inessatrocilo@hotmail.com

RESUMO

O presente trabalho apresenta reflexões e questionamentos sobre a especialização precoce e seus aspectos, como a iniciação esportiva, a importância das aulas de Educação Física, a contribuição do docente e a competição. Segundo a literatura especializada, na fase inicial do infante, muitos pais, professores e profissionais esportivos têm preferido métodos tradicionais, rígidos e intensos para buscarem resultados mais rápidos. Outros, relatam a especialização precoce como ineficaz, questionando o aspecto físico e emocional do aluno. Fundamentado em um repertório teórico, ressalta-se a importância de ser observada cada fase de desenvolvimento da criança, na prática esportiva, respeitando-se seus sentimentos, valores e evolução, podendo-se alcançar uma boa performance de forma ordenada. Esta pesquisa promove reflexão sobre o tema, para que professores e responsáveis possam contribuir de maneira adequada para o desenvolvimento esportivo infantil.

Palavras-chave: Especialização precoce. Educação Física escolar. Aluno.

ABSTRACT

This paper presents reflections and questions about early specialization and aspects such as sports initiation, the importance of physical education classes, the contribution of teaching and competition.

According to the literature, the initial phase of the infant, many parents, teachers and sports professionals have preferred traditional, hard and intense to seek faster results methods. Others reported early specialization as ineffective, questioned the physical and emotional aspect of the student. Based on a theoretical repertoire emphasizes the importance of each stage of child development is observed in sports, respecting their feelings, values and evolution, being able to achieve good performance in an orderly fashion. This research promotes reflection on the subject, so that teachers and guardians can contribute appropriately to children's sports development.

Keywords: Early specialization. Physical Education. Student.

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674 INTRODUÇÃO

Em decorrência de diversas opiniões a respeito dos métodos de ensino realizados na Educação Física Escolar, o presente estudo irá abordar a especialização precoce nesse ambiente, juntamente com os fatores que a envolve, tais como a iniciação esportiva, observando a importância da Educação Física na vida das crianças, e a competição. Além disso, irá apresentar questões metodológicas e pedagógicas utilizadas por profissionais que atuam neste ramo.

Em várias modalidades esportivas, a especialização precoce tem sido um assunto muito questionado entre professores, treinadores e outros profissionais que atuam no meio esportivo, onde quem é a favor procura estabelecer métodos de treinamentos tradicionais, rígidos e mecanizados, com a procura excessiva por resultados imediatos, muitas vezes sem respeitar as características individuais, físicas, intelectuais e psicológicas das crianças e principalmente sem dar ênfase aos valores essenciais que o esporte pode e deve proporcionar para suas vidas.

Ao contrário, encontramos profissionais que abominam rigorosamente tal assunto, não vendo justificativa alguma, pois a criança deve ter seu momento de lazer, seu momento lúdico, ou seja, realizar atividades com prazer, sem a pressão e o rigor que a especialização precoce proporciona.

Desta forma serão demonstrados aspectos fundamentais sobre a especialização precoce.

O que realmente de fato este assunto tem contribuído ou não no meio educacional esportivo para a vida da criança e profissionais que atuam na área da Educação Física escolar, a iniciação esportiva, destacando o valor que tal disciplina pode contribuir para o desenvolvimento da criança e a competição.

1 ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE

Segundo Ramos e Neves (2008), a especialização precoce decorre de rigorosos comportamentos inadequados no âmbito infantil, onde o principal objetivo é o desenvolvimento máximo da criança no meio esportivo. A prática da modalidade sem as devidas atividades motoras dentro do meio esportivo, na maioria das vezes acarretará no

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675 Venditti e Souza (2008) retratam a especialização precoce como a realização de gestos técnicos para a produção do atleta, e que este assunto é altamente prejudicial ao desenvolvimento da criança.

Entendemos por treinamento intensivo precoce (especialização esportiva) o período onde adotam-se programas e métodos de treinamento especializados.

Implica ainda em competições regulares, aprimoramento técnico dos fundamentos, assim como do conhecimento tático e o desenvolvimento das capacidades físicas direcionadas para o rendimento esportivo (Santana, 2001).

A especialização precoce tem sido assunto muito abordado entre estudiosos, em virtude do grande número de crianças e profissionais envolvidos em modalidades esportivas.

Santana (2005 apud RAMOS e NEVES, 2008) aborda alguns riscos que a especialização precoce pode causar, tais como o estresse da competição, onde se observa muito o sentimento de insegurança e medo, decorrido da constante prática competitiva. Outro fator é a saturação esportiva, em que a criança mostra sinais de desânimo por causa da excessiva prática e deseja abandoná-la, como também as inúmeras lesões decorridas pelo fato do exagero nas atividades.

No que diz respeito a seu lado psicológico, alguns autores como Venditti e Souza (2008), Santana (2005 apud RAMOS e NEVES, 2008), Marques (1991 apud OLIVEIRA et al., 2007) condenam a especialização precoce, principalmente por tal fato contribuir de maneira negativa, em virtude da pressão por resultados, pelas cargas excessivas, rigidez e constantes competições, ocasionando a desmotivação e o abandono.

Outros autores como Rodrigues (2008), Paes (2002 apud SCAGLIA, 1996), Bayley (1978 apud DARIDO e FARINHA, 1995), Santana (2005 apud RAMOS e NEVES, 2008), com relação ao desenvolvimento motor, não recomendam atividades físicas de maneira precoce, devido à grande intensidade, o número excessivo de repetições e o exagero nas atividades.

Segundo eles, tal fato pode acarretar prejuízos no desenvolvimento da criança, além de contribuir para o grande número de lesões.

Santana (2001) afirma que na especialização precoce os resultados são em curto prazo, e que tal fator, por esse motivo, tende a aumentar o número de seguidores acarretando um grande problema na vida da criança.

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676 Na formação multilateral o rendimento irá transparecer em longo prazo, sua resposta não surgirá de imediato, já na especialização precoce os resultados surgem de forma mais rápida (MARQUES, 1991 apud SANTANA, 2001).

Na verdade, quais são os verdadeiros interesses dos profissionais que trabalham com crianças? Venditti e Souza (2008), Santana (2001) chamam atenção dessas pessoas que têm contribuído de forma negativa no âmbito esportivo. Estão esquecendo de observar a criança num todo, que se diverte, com características próprias, de ver o esporte não só como um esporte competitivo, mas o vê como algo transformador na vida da criança de maneira geral, através de muitos valores e virtudes educativas, que tal desporto pode proporcionar.

Não somente alguns profissionais que trabalham com a iniciação esportiva têm contribuído de forma negativa para a vida da criança, no que diz respeito à especialização precoce. Segundo Voser et al., (2007) os pais também continuamente buscam uma forma de compensar por meio dos seus filhos, vitórias e títulos não alcançados por eles.

Dentro de uma modalidade esportiva, ao desenvolver atividades precocemente em crianças é possível haver o surgimento de obrigações, caracterizando mais precisamente um trabalho, tirando qualquer divertimento e liberdade por parte das crianças naquele período (DARIDO e FARINHA, 1995).

Percebe-se que todo o desenvolvimento do esporte infantil muitas vezes tem sido criado conforme a estrutura do esporte para adultos, não respeitando as etapas do desenvolvimento da criança (GÓMES, 1994 apud SILVA e ROSE, 2005).

Barros (1997 apud BALBÉ, 2008) informa que o esporte na escola em inúmeras situações faz com que o aluno tenha uma imensa responsabilidade no que diz respeito à obtenção de resultados, fazendo com que a criança venha sofrer problemas no que diz respeito ao seu lado psicológico.

2 INICIAÇÃO ESPORTIVA E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Ocorre iniciação esportiva quando a criança começa a prática de esportes em um determinado período e aprende de forma específica e planejada, respeitando assim cada etapa de seu desenvolvimento e suas características (RAMOS e NEVES, 2008).

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677 Segundo Almeida (2005, apud RAMOS e NEVES, 2008), a iniciação esportiva deve ser separada em três etapas. A primeira delas chamada de iniciação desportiva propriamente dita, cuja idade variada é entre oito e nove anos, onde o foco é a obtenção das habilidades motoras, juntamente com as destrezas globais e específicas do aluno. Este período pode ser de extrema importância à aprendizagem do esporte através de atividades lúdicas e recreativas, porém não é recomendada a competição dentro do esporte coletivo. Entre dez e onze anos de idade, a criança encontra-se apta para o aperfeiçoamento esportivo. Nesta fase é recomendado o aprimoramento das técnicas, táticas, regras, além de aumentar os tipos de movimentos básicos da modalidade esportiva e a permanência dos jogos educativos e atividades lúdicas.

Carazzato (1995 apud VOSER e GIUSTI, 2002), retrata que a partir de doze anos é onde a criança ou o adolescente obtém seus movimentos de forma ampla. É o desenvolvimento final dos padrões motores.

Almeida (2005, apud RAMOS e NEVES, 2008) diz que entre doze e treze anos de idade é observado o aprimoramento das técnicas individuais, juntamente com observação dos sistemas táticos e a ênfase à preparação física para o desporto ou pratica esportiva desejada.

Segundo Silva (2008), a Educação Física praticada em qualquer nível de idade, ultrapassa os limites corporais, porém principalmente no que diz respeito à infância, esta disciplina contribui para o desenvolvimento de valores sociais e éticos, contribuindo para a formação da personalidade da criança.

Santos e Kocian (2006) destacam a importância desta disciplina quanto ao desenvolvimento integral do aluno, onde através da Educação Física, os alunos descobrirão seus limites e diversas formas de promover seus movimentos físicos, como também o desenvolvimento da criatividade e a compreensão conceitual das atividades corporais realizadas pelo homem ao longo de sua história cultural, além de oportunizarem a liberdade de expressão de seus sentimentos.

As aulas de Educação Física proporcionam aos alunos a aproximação de conhecimentos práticos e conceituais dentro do processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, a concepção da cultura corporal vem contribuir para esta disciplina no pleno exercício da cidadania, em que de certa maneira se afirma como direito de todos o ingresso a ela (CRUZ e TONELLO, 2008).

Uma das principais importâncias que a Educação Física exerce para os alunos é no que diz respeito à rara oportunidade que o mesmo tem de fazer uma determinada atividade física, pois o que se vê principalmente em dias atuais, são crianças isoladas em apartamentos, em

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678 frente à televisão, computadores, norteado de alimentações inadequadas, contribuindo desta forma para o sedentarismo (BALBÉ, 2008).

Na iniciação esportiva, às metodologias de ensino aplicadas tem sido assunto de discussão no que diz respeito ao número de aulas que estão sendo realizadas, em que o aluno tem experimentado métodos de constantes repetições indicados pelo professor, levando o aluno a desistir do esporte (CAÇOLA, 2007).

No que diz respeito à metodologia de ensino da Educação Física escolar, Grego e Benda (2001 apud CAÇOLA, 2007) apontam que os modelos tradicionais levam a criança a uma aprendizagem muito restrita, mecanizada e monótona, isso reflete em alunos sem capacidade de desenvolver aspectos importantíssimos à vida do mesmo, como decisão e criatividade. Desta forma deixam de prestar atenção em si mesmo, tornando-se meros imitadores.

Scherer e Neto (2000 apud ARAÚJO e FERREIRA, 2008) relatam que a Educação Física chamada “tradicional” é aquela que tem por objetivos, questões biológicas e anatomo-fisiológica, onde na verdade sua característica é mais uma forma de adestramento do que educação. Além disso, este tipo de Educação física é caracterizado por rendimento e a disciplina dos gestos, sem nenhum tipo de ludicidade e respeito ao outro. Outro fator que chama atenção neste modelo é a maneira que o professor se comporta em relação a seu aluno, em que este não pode expressar suas opiniões e criatividades, tornando-o submisso e passivo. Outro aspecto é no diz respeito ao método das aulas, pois estas são realizadas de maneira igual para todos, não respeitando assim os limites biológicos de cada aluno.

Dentro do esporte, o aluno deve ter a convicção do que está fazendo, não apenas reproduzir gestos. Estes devem também ser estimulados a construir novas maneiras, formas, técnicas e regras, estimulando sua criatividade, sem deixar que o lúdico prevaleça em tal prática (MORENO e MACHADO, 2006).

Durante o período da iniciação esportiva, a criança deve ter a oportunidade de vivenciar várias modalidades esportivas, pois, desta forma, esta poderá no futuro optar e especializar na prática de sua preferência (SANCHES e AMARAL, 2005).

Ayoub (2001 apud SANTANA, 2008) destaca a importância das atividades lúdicas durante o período da educação básica, uma vez que esta metodologia tem como elemento necessário a ação educativa na infância.

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679 Cruz e Tonello (2008) informam que dentro da educação Física escolar, a realização do aluno em situações de socialização e o proveito de atividades lúdicas, sem caráter utilitário, são importantíssimos para a saúde, contribuindo para o sucesso coletivo.

Bezerra (2007) destaca a importância das atividades lúdicas no desenvolvimento integral das crianças, uma vez que o brincar contribui em seu aspecto afetivo, intelectual, físico e social, formando desta maneira seus conceitos, ideias, expressão oral e corporal. Estabelece relações lógicas, habilidades sociais, diminuem a agressividade, aprende a participar das atividades gratuitamente, pelo prazer de brincar, ocupa-se dentro de seu tempo, integra-se a sociedade, além disso, constrói seu próprio conhecimento.

Godoi (2005) expressa que a ludicidade e a especialização precoce estão totalmente opostas. A primeira retrata uma forma prazerosa, pertinentes às características das crianças. Já a segunda caracterizada de forma rude, priorizando a excelência técnica. Além disso, a autora faz menção dos riscos físicos que a especialização precoce possa causar na vida da criança.

Conforme Voser e Giusti (2002), algumas práticas pedagógicas devem ser exploradas durante o período da iniciação esportiva, dentre elas o desenvolvimento da lateralidade, organização espaço-temporal, equilíbrio, motricidade grossa e fina, e a individualidade. A classe docente também deve estar atenta a alguns preceitos como a linguagem usada, permitindo uma fácil compreensão dos alunos; proporcionar atividades do interesse das crianças; procurar transmitir o gosto de aprender; aperfeiçoar e incentivar cada conquista ou obstáculo alcançado.

Venditti e Souza (2008) informam sobre a importância do valor de uma prática pedagógica coerente para criança e seu valor em um aspecto global, respeitando cada faixa etária. Tal prática permitirá ao aluno à realização das habilidades específicas corporais e consequentemente a construção do desenvolvimento motor, onde a mesma terá maior domínio e sucesso na realização dos fundamentos da modalidade esportiva em geral.

Outro aspecto primordial no que diz respeito à fase da iniciação esportiva, está relacionado ao que relatam os autores Sanches e Amaral (2005), onde estes citam que durante esta etapa deve haver nas aulas de Educação Física escolar, o respeito aos limites fisiológicos e psicológicos de cada criança, isto é, seu período de crescimento e desenvolvimento.

Santos e Kocian (2006) chamam a atenção da classe docente de Educação Física escolar, a respeito da metodologia aplicada em suas aulas, onde estes devem procurar estimular seus alunos em vários aspectos do seu comportamento humano, sendo elas: motora, cognitiva,

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680 afetiva e social, Além disso, propiciar a criança a várias possibilidades descritas nos PCN`s. O professor, também de acordo com estes autores, tem como papel contribuir para o pleno avanço do desenvolvimento da criança em suas aulas de Educação Física escolar, procurando adquirir experiências, conhecer as potencialidades de cada aluno e o nível que cada um pode apresentar, permitindo assim a realização de várias atividades de forma prática e correta.

Outro fator muito importante no que diz respeito ao papel do professor nas aulas de Educação Física escolar durante este período, é o que citam os atores Sanches e Amaral (2005), onde estes relatam que o professor deve ser criativo, procurando sempre estar incentivando e motivando seus alunos durante a realização de suas aulas.

Freire (1994 apud VENDITTI e SOUZA, 2008) mostra que o profissional que trabalha durante o período da iniciação esportiva, este deve além ensinar a prática do esporte para criança, deve também prepará-lo para o convívio em sociedade, ter seus próprios pensamentos, além de educá-los de forma ampla.

Em relação ao movimento, tão importante nas aulas de Educação Física, Gonçalves (1994 apud BALBÉ, 2008) chama a atenção do professor no que diz respeito à maneira que o docente trata este assunto, onde muitas vezes sem sentido, ou seja, movimentos mecânicos realizados de forma abstrata, em que só tem a contribuir para alunos sem participação e criatividade, tornando em pessoas sem capacidade de interpretar o mundo por si mesmo e interpretá-lo conforme o pensamento dos outros.

A prática motora deve ser encarada de maneira especial no âmbito escolar, através de diversas oportunidades, uma vez que ela é muito importante no processo de desenvolvimento global da criança. Desta forma cabe ao professor estabelecer meios e critérios de forma coerente e planejada (ETCHEPARE et al., 2003).

Peres (2000 apud ARAÚJO e FERREIRA, 2008) também demonstra que o professor de educação Física não deve se deixar levar por metodologias individualistas e pedagogias simplistas, porém estar estimulando a criatividade e competência em seus métodos de ensino.

Batista et al. (2006) retrata que o desempenho do profissional não depende somente do nível de competência que estes adquirem, além disso, a auto-avaliação é de suma importância para que cada um observe suas competências. Sendo assim cabe a classe docente sempre estar atenta a olhar pra dentro de si mesma e observar se realmente certas atitudes estão contribuindo ou não para o amplo e verdadeiro desenvolvimento do aluno.

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681 O professor de educação Física poderá alcançar grande êxito no processo de ensino-aprendizagem, caso sua formação e a preocupação em relação ao nível do trabalho que irá ser aplicado, estiverem inteira influência no conteúdo, ensinando e tratando de maneira científica e metodológica, observando os critérios de seleção, transmissão e avaliação, respeitando os interesses individuais e coletivos, dando sentido aos movimentos e expressões, contribuindo assim para descobertas e ao mesmo tempo motivando a criatividade como fator de inteligência (ARAÚJO e FERREIRA, 2008).

3 COMPETIÇÃO

De Rose & Korsakas (2006 apud GALATTI et al., 2007) relatam que a competição no âmbito esportivo é a disputa entre indivíduos ou equipes, que buscam objetivos bem definidos de uma modalidade, dentro de um evento esportivo e suas regras.

De acordo com Berleze et al. (2002), a competição é observada quando a criança tenta superar os outros, consequentemente suprindo sua necessidade de aprovação social, cujo incentivo é extrínseco.

Nos dias de hoje, observa-se em grande parte das escolas uma certa preocupação em fazer dos alunos simplesmente instrumentos de alto rendimento, para que estes venham conseguir os melhores resultados dentro de competições internas e entre escolas, tornando o ambiente escolar, mais precisamente as aulas de Educação Física, em verdadeiros treinamentos desportivos (BALBÉ, 2008).

De acordo com Voser et al., (2007), a competição é prejudicial à medida que sua orientação se preocupa exclusivamente com o resultado final, onde a modalidade esportiva é muito mais valorizada do que a criança, ou seja, o infante é considerado apenas como um objeto.

Segundo Galatti et al. (2007), a competição no primeiro momento da vida da criança, não é vista como um problema uma vez que ela deseja competir. O que faz com que tal assunto se torne polêmico, é a forma que esta competição é organizada e seus objetivos. Muitos destes eventos acontecem de forma equivocada, onde a criança quando não alcança o objetivo de ser campeã, é eliminada não alcançando nenhuma vantagem para si. Haveria melhor proveito com realização de torneios e jogos com maiores possibilidades de sucesso e oportunidades.

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682 Analisando alguns riscos que possam envolver a competição infantil, pode-se dizer que ela não é adequada, porém não se deve partir deste princípio, mas sim como fator integrante do processo de formação esportiva, observando o impacto psicológico da vida do aluno. Dentro desse processo a competição poderá atender as verdadeiras necessidades, possibilitando um grande sucesso na vida das crianças (RÉ et al., 2004).

Certamente, a competição que hoje é praticada entre crianças, com seus regulamentos idênticos aos de adultos, e o comportamento equivocado do sistema humano, não está sendo suficientemente formativa. Parece haver muita disparidade entre o mundo infantil e o comportamento de técnicos (as), pais e dirigentes esportivos. Parece haver muita disparidade entre como a criança faz esporte e pensa e como os regulamentos e os adultos a obrigam agir. Parece haver muita cobrança, formalidade, preciosismo, discriminação (Santana, 2001).

Santana (2001) acredita que a criança tem o prazer em disputar, competir e que essa competição é atrativa. O problema não está na competição, mas sim os valores que a envolvem.

A criança ao competir interage, compete juntamente com alguém, adquire a disciplina, observa e valoriza seu esforço, estabelece metas, procura melhorar, respeitar os adversários, além de vivenciar tanto a vitória e a derrota e seus ensinamentos. Desta forma, qualquer tipo de competição se tornará viável e eficaz.

Devido ao valor imenso que alguns profissionais têm dado a competição, Venditti e Souza (2008) informam que estes introduzem de forma intensa o desenvolvimento físico e técnico dentro do período inicial da criança, não enfatizando as virtudes educativas que a competição pode proporcionar, como por exemplo, a ética e o espírito de cooperação.

Alguns técnicos e professores têm contribuído de forma negativa dentro desse âmbito esportivo, estabelecendo métodos formais, instituindo o autoritarismo, tornando o ensino opressor e adestrador, privilegiando os que se destacam, premiando apenas os vencedores, e tomados por desejo de criar novos talentos, não encaram essa questão como algo natural (SANTANA, 2001).

Segundo Voser et al., (2007) a iniciação esportiva competitiva através de crianças é muito mais presente do que as pessoas acham e isto está ligado pelo fato delas serem influenciadas e dependentes dos adultos. Além disso, verifica-se que a competição é principalmente desempenhada nos países de maior hegemonia mundial.

Nos Estados Unidos a competição é valorizada desde a iniciação esportiva, ocorrendo

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683 Médio. As atividades são adaptadas para os alunos-atletas e as competições fazem parte do contexto escolar. O alto rendimento faz parte da vida desses alunos e ao encerrar o ciclo estudantil este pode escolher se deseja ou não seguir uma carreira de atleta. Caso sua escolha seja permanecer no meio esportivo, este é encaminhado a clubes conveniados à escola, ou são concorridos no mercado (DRUBSCKY, 2003).

A respeito do alto rendimento, característico no país americano, Grego (1997 apud DRUBSCKY, 2003) relata que este assunto deve ser observado e desenvolvido na etapa final da iniciação esportiva e que outros fatores devem ser valorizados neste período.

Galatti et al. (2007) tratam a competição, como algo importante, desde que sua finalidade venha abranger todas as crianças através do sucesso e das oportunidades, ou seja, que todas tenham o prazer em competir.

Turpin (2002 apud REVERDITO et al., 2008) cita que a colaboração deve estar em conjunto com a competição, seguido da cooperação e dos valores sociais.

[...] é necessário que o ensino se concretize de forma competitivo-colaborativa, facilitando uma significativa melhora no grau de cooperação entre companheiros e adversários, para que, assim, todos possam apropriar-se dos benefícios da competição (REVERDITO et al. 2008).

Garcia (2002 apud REVERDITO et al., 2008) mostra que o essencial é compreender o indivíduo que compete, sua finalidade e seus valores. A compreensão da competição vem a posteriori.

CONCLUSÃO

A procura excessiva por resultados imediatos de alguns professores em relação ao desempenho e o rendimento máximo das crianças e uma certa preocupação em fazer dos alunos simplesmente instrumentos de alto rendimento, para que estes venham conseguir os melhores resultados dentro de competições, observou-se que tal procedimento poderá acarretar em sérios problemas à vida dos mesmos, devido às pressões expostas e ao imenso rigor, na realização das atividades.

Observou-se que as atividades no contexto da Educação Física escolar devem visar o respeito das individualidades das crianças, criatividade, desenvolvimento motor, cognitivo e

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684 socio/afetivo, respeito as individualidades (tempo) dos alunos, valores e a inexistência das pressões expostas pela especialização precoce

Na iniciação esportiva, a criança ao se identificar com um determinado esporte, o que ela deseja é praticá-lo com prazer. Aliar esse sentimento, procurando estabelecer o desenvolvimento correto de acordo com a faixa etária do infante é uma grande oportunidade do professor enriquecer as aulas de Educação Física, além de transforma-lo em um cidadão de bem no decorrer de sua vida. Professores precisam ser construtores e facilitadores na aprendizagem, pois desta forma alcançarão automaticamente o sucesso profissional, além de exemplo e referência para seus alunos.

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Referências

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