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CARACTERIZAÇÃO DO ESTÉRIL DA LAVRA DE ROCHAS ORNAMENTAIS NA FABRICAÇÃO DE BRITA

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Academic year: 2021

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CARACTERIZAÇÃO DO ESTÉRIL DA LAVRA DE ROCHAS ORNAMENTAIS NA FABRICAÇÃO DE BRITA

ZAGÔTO, J.T.1, CASER, L.C.T.2, JUNIOR, M.B.3, FARIA, R.F.4

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo.

e-mail: tessinari@ifes.edu.br

2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo.

e-mail: caserluiza@gmail.com

3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo.

e-mail: marciobonattojr@gmail.com

4Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo.

e-mail: romulo.faria@ifes.edu.br

RESUMO

Entende-se por lavra o conjunto de operações ordenadas que objetivam o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração de substâncias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas. A lavra envolve o corte primário e secundário de rochas ornamentais e gera toneladas de estéril, parte da substância mineral sem aproveitamento econômico, a princípio. Cerca de 70% do produto da lavra não possui aplicação direta no mercado consumidor. A destinação final deste material são as pilhas de estéril, popularmente conhecidas como “bota-fora”, que geram um enorme passivo ambiental para a empresa mineradora. O rejeito, proveniente do processo de beneficiamento e que também origina passivo ambiental, é enviado para bacias de decantação e já possui aplicação industrial: o material sólido depositado é utilizado como matéria-prima para a fabricação de bloquetes; a água é recirculada. Visando seguir a linha de destinação do rejeito e aplicando os princípios de sustentabilidade, o objetivo deste trabalho é analisar as características do estéril advindo da explotação da rocha ornamental e selecionado como útil. Para isso, faz-se a caracterização do estéril através da realização de ensaios normatizados, como abrasão, britagem, moagem e compressão, responsáveis por determinar o enquadramento do material dentro dos ensaios.

Assim, concretiza-se a possibilidade de sua utilização como um co-produto, que pode vir a ser um novo insumo na construção civil.

PALAVRAS-CHAVE: caracterização; estéril; rocha ornamental.

ABSTRACT

It is understandable as mining, the group of ordained operations that aim the industrial use of the field, since the extraction of some helpful minerals substances, until the processing of it. The mining involves the primary and secondary cut of ornamental stones and generates tons of sterile, part of the mineral substance without economic use, at first time. About 70% of the mining product doesn't have a direct application in the consumer market. The final destination of this material are the sterile piles, commonly known as the ''send-offs'', that generates huge environmental liabilities. The tailing, descendant from the processing process and which also generates environmental liabilities, is sent to some tailing ponds and has industrial application. The solid deposited material is used as raw material to the

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manufacture of bloquetos; the water is reused. Viewing to follow the destination line of the tailing and applying the sustainable principles, the objective of this work is to analysis the characteristics of the sterile that comes from the ornamental stone exploitation and selected as useful. For this, it is necessary to do the characterization of the sterile through the achievement of standardized experiments, like abrasion, crushing, milling and compressing, responsible by determine the framework of the material inside the trials. So, is achieved the possibility of its using as a co-product, that can be a new input in the civil construction area.

KEYWORDS: characterization; sterile; ornamental stones.

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1. INTRODUÇÃO

As rochas ornamentais, essenciais componentes da parte sólida da crosta terrestre, compreendem vários tipos de rochas: granitos, ardósias, gnaisses e quartzitos.

Durante toda a evolução da humanidade constituíram-se num dos principais elementos de construção utilizados pelo homem, que aprendeu a extraí-las, conhecer suas características estruturais e nortear seu emprego.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais, a produção total brasileira de rochas ornamentais e de revestimento supera 5,2 milhões de toneladas/ano, sendo 3 milhões de toneladas/ano de granitos, 1 milhão de toneladas/ano de mármores e o restante referente à produção de ardósias, quartzitos foliados e pedra Miracema, dentre outros. Os estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia respondem por 80% da produção nacional

.

O estado do Espírito Santo é o principal produtor, com 47% do total brasileiro. (ABRIROCHAS, 2013).

Segundo o Anuário Mineral (2010), o estado do Espírito Santo apresenta a maior reserva medida de rochas ornamentais (granitos e mármores), com 15.351.565.830t, e a segunda maior reserva lavrável deste produto no Brasil, com 2.183.203.159 t.

Desta totalidade, a produção bruta destes materiais foi de 1.095.384 t e, a produção beneficiada, de 99.986 t. Considerando que dados empíricos demonstram que, da lavra de rochas ornamentais, 40% constitui-se de estéril, este será o objeto do nosso estudo, conforme ilustrado na foto 01.

Foto 01. Estéril proveniente da lavra de Rochas Ornamentais Nova Venécia.

Fonte: Dos autores.

O Estado do Espírito Santo (ES) tornou-se referência mundial em mármore e granito, além de destacar-se como líder absoluto na produção nacional de rochas. Com mais de 90% dos investimentos do parque industrial brasileiro no setor de rochas ornamentais, apresenta um potencial geológico imensurável, amplamente desenvolvido por meio de pesquisas geológicas, tecnologias de extração e beneficiamento. Possui mais de 600 jazidas ativas de granito, com enorme diversificação chegando a mais de 500 tipos, constituindo-se o maior polo de extração e beneficiamento de rochas ornamentais do país (SINDIROCHAS, 2009).

Toda essa produção gera um enorme volume de resíduos sólidos, até então não

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aproveitados (estéril). A caracterização desse estéril pode gerar resultados que o torne viável como uma nova fonte de recursos para o setor, reduzindo a área de deposição e minimizando os impactos ao meio ambiente.

Considerando o grande volume de estéril gerado pela lavra de rocha ornamental, utilizando-se da correta caracterização deste material e passando por um processo de seleção e fragmentação, pode-se tornar viável a aplicação deste resíduo em outra atividade, a exemplo na construção civil.

O objetivo principal deste trabalho consiste em utilizar o estéril da lavra de rocha ornamental na fabricação de agregados para aplicação na construção civil.

Consequentemente reduzir os impactos ambientais e o volume de material na construção de depósitos de estéril. Fator que impacta também diretamente na sustentabilidade do setor de rochas ornamentais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia utilizada consistiu em uma pesquisa descritiva de caráter exploratório e enquadra-se como um estudo de caso, que busca compreender o fenômeno como um todo, sem perder a identidade unitária.

O produto final do trabalho é uma descrição integrada e compreensiva do caso como um todo, sendo esta a principal vantagem do método. O investigador pode centrar sua atenção em um pequeno número de casos e explorar com detalhe todas e cada uma das facetas que possam esclarecer o fenômeno estudado (FIGUEIREDO, 2004).

A área de estudo está compreendida na região noroeste do Estado do Espírito Santo (ES), especificamente nos municípios de Barra de São Francisco e Nova Venécia, distante cerca de 250 km de Vitória, capital do estado.

Dentro da área de estudo, pretende-se amostrar duas empresas do setor de rochas ornamentais que se dispuseram a colaborar com a pesquisa. Por motivos éticos não serão divulgados os nomes das empresas participantes, sendo identificadas no banco de dados como: E1 (empresa 1), E2 (empresa 2) e assim sucessivamente, caso necessário.

A tabela 01 apresenta os ensaios utilizados na caracterização tecnológica de agregados para aplicação na construção civil.

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Tabela 01. Normas de caracterização tecnológica de agregados para os principais usos na construção civil. Fonte: Dados adaptados obtidosFrazão (2007).

PROPRIEDADES ANALISADAS

USOS CONCRETO

HIDRÁULICO

CONCRETO BETUMINOSO

LASTRO

Amostragem NBR NM 26 nn NBR

11541 Petrografia de Materiais Naturais NBR 7389 NBR 7389 nn

Granulometria NBR7217 NBR7217 nn

Massa Específica, Porosidade e

Absorção d’água NBR 6458 NBR 6458 NBR 6458

Forma NBR 7809 ME 86 NBR 6954

Massa Unitária NBR 7251/7810 np nn

Abrasão NBR 6465 NBR 6465 NBR 6465

Compressão nn nn NBR 6953

Figura 01. Fluxograma esquemático do processo.

Fonte: Dados obtidos a partir dos autores.

2.1. ANÁLISE DE DADOS

A análise dos ensaios obtidos a partir da caracterização do material amostrado foi organizada em categorias, a fim de virem a compor o banco de dados. Para a tabulação dos dados, foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2010, que servirá de base para as possíveis correlações e viabilidade de utilização dos resíduos de rochas ornamentais.

Todos os dados coletados foram analisados de acordo com as normas ABNT vigentes para agregados empregados na construção civil.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho pretende fornecer subsídios para a elaboração de um diagnóstico da utilização do estéril da rocha ornamental em agregados para uso direto na

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construção civil e espera como resultados:

Fomentar uma melhora na gestão de resíduos de rochas ornamentais, através da comercialização deste novo produto gerado pelo empreendimento, possibilitando a redução de passivos ambientais provenientes da disposição de estéril e a viabilidade economicamente novo produto.

Além de tornar a mineração de rochas ornamentais cada dia mais sustentáveis, poderá servir de base para projetos futuros. Vale ressaltar que existem vários estudos referentes ao reuso/aplicação do rejeito da lama proveniente do beneficiamento das rochas ambientais; porém, com foco no estéril da lavra, temos pouquíssimas referências.

Tabela 02. Análise da distribuição granulométrica do estéril da rocha ornamental.

Fonte: Pesquisa in loco.

Peneira

(#) Granulometria

(mm)

Massa Retida (g)

% Retida Simples

% Retida Acumulada

% Passante

>5# 4,00 819,74g 59,67% 59,67% 40,33%

6# 3,35 52,42g 3,81% 63,48% 36,52%

7# 2,80 54,73g 3,98% 67,46% 32,54%

32# 0,50 295,40g 21,5% 88,96% 11,04%

60# 0,25 65,90g 4,79% 93,75% 6,25%

150# 0.105 47,94g 3,49% 97,24% 2,76%

<150# <0.105 37,62g 2,73% 99,97% 0,03%

Total 1373,75g

Através dos dados referentes ao peneiramento do estéril da rocha ornamental obtém-se determinadas faixas granulométricas as quais podem ser evidenciadas no gráfico os devidos percentuais de passante e retido para cada malha.

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0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

4,00 3,35 2,80 0,50 0,25 0.105 <0.105

% Retida Simples

Peneiras (mm)

% Passante

Análise de distribuição Granulométrica

Figura 02. Gráfico obtido a partir da distrubição granulométrica do estéril de rocha ornamental.

4. CONCLUSÕES

Com os resultados obtidos, concluímos que há possibilidade de o material que constitui o rejeito ser utilizado como um novo insumo na construção civil.

Assim, além de diminuirmos o impacto ambiental e o tamanho dos depósitos de estéril, destinamos um novo produto para o mercado consumidor.

5. REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Rochas Ornamentais. Brasília, 2007. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000009569.pdf>.

Acessado em: 21 de jun. de 2014.

FIGUEIREDO, N. M. A. de. (Org.). Método e Metodologia na Pesquisa Científica.

S.1., Difusão Editora, 2004.

FRAZÃO, E. B. Agregados para Construção Civil no Brasil. Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral – MME, 2007

INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). IBGE cidades. Censo de 2010.Disponível: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?codmun=320390>.

Acessado em: 21 de jun. de 2014.

MARGUERON, C.; MELLO, E. F. Estratégias competitivas para empresas de rochas ornamentais na região metropolitana do Rio de Janeiro. Anuário do Instituto de Geociências. UFRJ. vol. 28 2. 2005. p. 71-101. Disponível em:

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http://www.anuario.igeo.ufrj.br/anuario_2005/Anuario_2005_71_101.pdf. Acesso em:

05 dez. 2013.

MELO, L.S.C. Gestão ambiental de resíduos sólidos gerados em empresas de beneficiamento de rochas ornamentais em Belo Horizonte. Monografia, Especialização em Meio Ambiente. Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, 2008.

RELATÓRIO TÉCNICO 33, Ministério de Minas e Energia. Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. Projeto Estal. Disponível em:

http://www.mme.gov.br/sgm/galerias/arquivos/plano_duo_decenal/a_mineracao_bras ileira/P23_RT33_Perfil_de_Rochas_Ornamentais_e_de_Revestimento.pdf>.

Acessado em: 20 de jun. de 2013

SINDIROCHAS Sindicato das indústrias de rochas ornamentais, cal e Calcário do estado do Espírito Santo. Relatório de ações 2008. Vitória. Espírito Santo. 2009.15p.

SOUSA, JOSÉ GONÇALVES DE. Análise ambiental do processo de extração e beneficiamento de rochas ornamentais com vistas a uma produção mais limpa:

aplicação em Cachoeiro de Itapemirim – ES. Universidade Federal de Juiz de Fora,

MG. Juiz de Fora, 2007. Disponível em: <

http://www.ufjf.br/analiseambiental/files/2009/11/Jos%C3%A9-Gon%C3%A7alves-de- Souza.pdf>. Acessado em: 20 de jun. de 2013.

Referências

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