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ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: CONCEITOS, TIPOS E CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA

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ROCHAS ORNAMENTAIS E DE

REVESTIMENTO: CONCEITOS, TIPOS E CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA

Ricardo Gallart de Menezes e João Henrique Larizzatti

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÁRMORES E GRANITOS

Módulo I – Aperfeiçoamento Tecnológico

Disciplina I – 01 – Caracterização Tecnológica, Usos e aplicações

Set/2005

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Apresentação

O presente trabalho, de caráter meramente informativo, é pertinente à disciplina I – 01, intitulada “Caracterização tecnológica, usos e aplicações”, do Módulo I (Aperfeiçoamento Tecnológico), do curso “ESPECIALIZAÇÃO EM MÁRMORES E

GRANITOS”, desenvolvido sob a égide do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, em associação com o Centro de

Tecnologia Mineral – CETEM – do Ministério de Ciência e Tecnologia e Centro Tecnológico de Mármore e Granito – CETEMAG (ES)

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Sumário

Introdução...

... 4

Conceitos...

... 4

Tipos e variedades comerciais...

... 5

Granitos... 5

Mármores... 7

Quartzitos... 8

Ardósias... 8

Serpentinitos e Esteatitos... 9

Arenitos e Conglomerados... 9

Caracterização tecnológica...

... 9

Conclusões...

... 13

Referências bibliográficas...

... 13

(4)

ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: CONCEITOS, TIPOS E CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA

Ricardo Gallart de Menezes e João Henrique Larizzatti (Dsc) Geólogos CPRM – Serviço Geológico do Brasil

Av. Pasteur, 404 – Urca – Rio de Janeiro e-mail: gallart@rj.cprm.gov.br / joao@rj.cprm.gov.br

INTRODUÇÃO

A temática do estudo faz uma abordagem sobre os conceitos emitidos sobre as rochas ornamentais e de revestimento e da sua nomenclatura usual de mercado e significado à luz da geologia. Descreve os aspectos texturais e estruturais de suas principais variedades, incluindo citações de exemplos comerciais.

Discorre ainda, de forma sucinta, sobre a caracterização tecnológica dos materiais pétreos e sua finalidade, as propriedades usualmente consideradas frente às diversas alternativas de emprego e manuseio, e os tipos de análises e ensaios utilizados para a determinação destas propriedades.

CONCEITOS

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define rocha ornamental como uma substância rochosa natural que, submetida a diferentes graus de modelamento ou beneficiamento, pode ser utilizada como uma função estética qualquer.

Rocha de revestimento, por sua vez, é qualificada pelo órgão como material rochoso passível de desdobramentos e beneficiamentos diversos com emprego em acabamentos de superfícies de paredes e pisos em construções civis.

A American Society for Testing and Materials (ASTM), órgão normatizador americano, define dimension stone (pedra ornamental) como qualquer material rochoso natural serrado, cortado em chapas e fatiado em placas, com ou sem acabamento mecânico, excluindo produtos acabados baseados em agregados artificialmente constituídos, compostos de fragmentos e pedras moídas e quebradas.

Frascá (2002), com base nos conceitos da ABNT (1995) e ASTM (2003), entende rocha para revestimento como “um produto de desmonte de materiais rochosos e de seu subsequente desdobramento em chapas, posteriormente polidas e cortadas em placas”.

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Costa et al. (2002) conceitua rocha ornamental e de revestimento como tipos litológicos extraídos em blocos ou chapas, que podem ser cortados em formas diversas e beneficiados através de esquadrejamento, polimento e lustro.

Para Mattos (2002), uma rocha para ser considerada ornamental deve apresentar como requisitos básicos beleza estética, ou seja, homogeneidade textural e estrutural, e possuir características tecnológicas dentro de padrões aceitáveis pelas normas técnicas.

Uma definição de mercado são as “pedras naturais”. Abrangem rochas extraídas a partir de seu desplacamento, através de planos naturais de fraqueza, e são empregadas in natura como placas ou lajotas, sem qualquer polimento, em revestimentos (Mattos, 2002; Mendes & Vidal, 2002). Estas incluiriam, segundo os autores, quartzitos foliados, gnaisses milonitizados, ardósias, arenitos estratificados, e até calcários laminados.

Neste sentido, depreende-se das definições supracitadas que o conceito de rocha ornamental e de revestimento está baseado, sobretudo, em um método de extração e possibilidade de aplicação, conjugados a fatores estéticos, não importando a princípio seus aspectos genéticos e composicionais. Fica patente que qualquer material pétreo natural, passível de extração como bloco e com possibilidades de desdobramentos em chapas, com ou sem beneficiamento, pode ser considerado potencialmente uma rocha ornamental ou de revestimento.

Comercialmente, as rochas ornamentais são definidas essencialmente à luz de duas principais categorias, que são os “granitos” e os “mármores”, distinguidas com base na sua composição mineralógica. Os granitos abrangeriam as rochas silicatadas, ou seja, formadas por minerais estruturalmente constituídos por tetraedros de SiO4, ao passo que os mármores incluiriam as rochas composicionalmente carbonáticas.

Segundo Vidal (2002), estas duas categorias de rochas respondem largamente pelas variedades de rochas ornamentais e de revestimento comercializadas, representando cerca de 80% da produção mundial. No Brasil, dados da ABIROCHAS/CETEM (2002) indicam que os “granitos” correspondem a 57% da produção nacional de rochas ornamentais, enquanto apenas 19% são relativos aos “mármores”.

As demais categorias, não menos importantes, correspondem os quartzitos, as ardósias, os serpentinitos, os esteatitos, os arenitos e os conglomerados.

Entretanto, observa-se uma tendência do mercado de descrever comercialmente algumas dessas variedades como “granito”, em função simplesmente de apresentarem comportamento típico da categoria nos processos de extração, desdobramento e beneficiamento. Costa et al. (2002) cita como exemplos o Quartzito Azul Imperial e o Quartzito Rosinha do Serro, rochas com alto grau de recristalização, granulação fina e textura granoblástica, que, obtidos a partir de blocos, aceitam desdobramentos em teares e lustro e polimentos de chapas. Estes autores acentuam ainda, que, sob certas condições, são utilizados nas mesmas aplicações dos granitos e chegam a ser até mais valorizados no mercado.

Salientam também que tecnologicamente apresentam dados comparáveis ou melhores do que muitos granitos, isotrópicos ou movimentados.

Relativamente aos mármores, os granitos, pela sua grande diversidade estético-decorativa e, em geral, maior resistência às solicitações de uso, sejam elas naturais ou artificiais, são muito mais utilizados, sendo empregados em uma gama maior de situações.

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TIPOS E VARIEDADES COMERCIAIS Granitos

O conceito comercial de granito é muito genérico, abrangendo em sua essência as rochas composicionalmente silicatadas, com mineralogia principal definida a base de feldspatos, feldspatóides e quartzo, ou seja, minerais com dureza Mohs entre 6 e 7. Dependendo da variedade, pode incluir acessoriamente expressivo conteúdo de minerais máficos (escuros) notadamente biotita, anfibólios e piroxênios. É importante complementar, que os feldspatóides são constituintes característicos de rochas geologicamente classificadas como alcalinas que também primam geralmente pela ausência de quartzo.

Do ponto de vista da geologia, “granito comercial” inclui tanto rochas ígneas quanto metamórficas, abrangendo, neste sentido, uma variada gama de tipos textural, estrutural e composicionalmente distintos, o que reflete em cores e padrões estéticos diversos.

Dentre as rochas ígneas, os tipos mais comuns encontrados naturalmente e utilizados como rocha ornamental e de revestimento são os granitos sensu strictu, os quartzomonzonitos, os granodioritos e os quartzodioritos. Constituem variedades plutônicas basicamente quartzo-feldspáticas, fanero-cristalinas, com mineralogia acessória representada principalmente por micas (biotita e muscovita) e anfibólios (hornblenda), em proporções variáveis. Apresentam granulação fina a grossa, porfirítica ou não, podendo exibir uma fraca anisotropia, dada por alinhamento mineral. A distinção dos tipos acima citados é mineralógica, e é determinada pelo percentual de participação entre feldspatos alcalinos (potássicos) e plagioclásios (feldspatos de Na e Ca) na rocha, os quais definem um trend que vai dos granitos potássicos aos quartzodioritos sódico-cálcicos. Equivalentes menos silicosos do granito, quartzomonzonito e granodiorito, ou seja, com menos de 10% de quartzo, correspondem respectivamente o sienito, o monzonito e o diorito.

Variedades comerciais dessas rochas incluem, entre outros, o Juparaná, o Vermelho Capão Bonito, o Cinza Mauá (granitos), o Cinza Prata, o Azul Fantástico (granodioritos), o Preto Águia Branca e o Preto Tijuca (dioritos).

Outras espécies ígneas também valorizadas no mercado como rocha ornamental e de revestimento, porém menos comuns na natureza, são as rochas sieníticas. São termos plutônicos alcalinos constituídos predominantemente de feldspatos potássicos e, caracteristicamente, feldspatóides (sodalita, nefelina, leucita) nos tipos subsaturados em sílica. A mineralogia acessória pode incluir piroxênios e anfibólios alcalinos, que emprestam a cor escura à textura. São rochas fanero-cristalinas, em geral isótropas, e de granulação média.

Uma variedade sienítica muito valorizada e comercializada no mercado é o denominado Azul Bahia. Um sodalita sienito de azul intenso, isótropo e de granulação média. O percentual do feldspatóide (sodalita) chega a corresponder a 30% da composição modal da rocha. É comercializado como blocos, chapas polidas e serradas, e ladrilhos.

Equivalentes ígneos vulcânicos e subvulcânicos, rochas afaníticas ou de granulação extremamente fina com composição equivalente à granítica, são pouco exploradas como rocha ornamental e de revestimento, talvez mais pela raridade de

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ocorrências viáveis do que por critérios de qualidade. No Estado da Bahia uma variedade riolítica, comercializada com o nome Azul Paramirim, tem uma peculiar textura marcada por uma matriz criptocristalina na qual são destacáveis fenocristais subidiomórficos de feldspatos alcalinos, com até 4 cm, e cristais de quartzo azul, alinhados segundo uma fraca anisotropia da matriz. É vendido como blocos, chapas serradas e polidas, e ladrilhos.

No sul do Brasil utilizam-se corriqueiramente blocos de rochas vulcânicas basálticas, estruturalmente, em construções civis, notadamente residenciais.

Uma variedade comercial desta rocha é o Pérola Negra, proveniente da localidade de Santa Vitória, município de Ituiutaba, sudoeste mineiro, que é vendido como blocos e chapas polidas. Corresponde a um basalto de cor preta e de granulação extremamente fina.

As rochas metamórficas comercialmente “graníticas”, também conhecidas como “rochas movimentadas”, têm nos gnaisses e migmatitos seus representantes mais expressivos. Os gnaisses são rochas de granulação fina a grossa, até porfiróide, folheadas, estruturalmente marcadas pelo predomínio de bandas quartzo-feldspáticas sobre as de minerais micáceos, principalmente biotita e/ou hornblenda. Apresentam composição quartzodiorítica a granodiorítica, até granítica.

Os migmatitos, por sua vez, são rochas textural e estruturalmente bastante heterogêneas, com complexos padrões visuais que são bastante apreciados no mercado. Geologicamente, são rochas híbridas, anisótropas, megascopicamente exibindo arranjos petrograficamente distintos, tanto de aparência ígnea como metamórfica, intimamente interrelacionados, correspondendo a feições graníticas/pegmatíticas e gnaissóides, respectivamente.

Exemplos comerciais relativos às “rochas movimentadas” correspondem o Macajuba RA (gnaisse), o Guariba, o Roselise, e o Kinawa Bahia (gnaisses migmatizados).

Uma terceira categoria de rocha metamórfica (?) com textura “não movimentada”, excluída dos grupos antecedentes, porém bastante explorada para fins ornamentais e de revestimento são os charnockitos. Consistem rochas em geral isótropas, granoblásticas, granulação média a grossa, com característica cor verde oliva e mineralogia essencial a base de feldspatos e quartzo, acessoriamente incluindo ortopiroxênio hiperstênico, biotita e granada. No mercado são comercializados as variedades Verde Pavão, Verde Ubatuba e Verde Dourado, entre outros.

Mármores

Os mármores, no sentido comercial, incluem rochas composicionalmente carbonáticas, sedimentares e metamórficas. Podem ser maciços a bandeados, cripto a microcristalinos, até granoblásticos médios a grossos nos tipos metamórficos, com minerais predominantemente de dureza Mohs entre 3 e 4, e tons de cores variando do creme-esbranquiçado ao bege-amarelado, entre outros.

A mineralogia predominante consiste de calcita (CaCO3) e dolomita CaMg(CO3)2, em geral com o predomínio da primeira. Acessoriamente, pode incluir quartzo, pirita, siderita, feldspatos, entre outros, além de impurezas, tais como argilas, os quais definem seu padrão cromático, visto que a calcita e a dolomita são brancas.

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Petrograficamente, tal categoria inclui os calcários e dolomitos sedimentares e seus equivalentes metamórficos, os mármores propriamente ditos, e os travertinos. Este último constitui uma variedade calcária, texturalmente, bastante heterogênea, marcada por feições brechóides, cavidades alveolares, estruturas concêntricas e fibrosas, freqüentemente com impurezas argilosas e silicosas.

Os mármores, pela sua própria natureza, são rochas macias, pouco abrasivas, e de baixa resistência aos agentes intempéricos. Aceitam com relativa facilidade os processos de desdobramento. As variedades recristalizadas têm a vantagem de um menor índice de porosidade e de absorção de água.

Comercialmente, são conhecidas diversas variedades, com destaque para o Bege Bahia (travertino), o Imperial Pink (mármore calcítico), a Pedra Cariri (calcário laminado), o Candelária White (mármore dolomítico) e o Carrara (calcário).

Quartzitos

Os quartzitos são rochas metamórficas, granoblásticas a granolepidoblásticas, granulação fina a média, com alto grau de recristalização, estruturalmente maciços a laminados, compostos basicamente de quartzo, com percentuais, em geral, variáveis de 70% a 95% na composição modal. A mineralogia acessória pode incluir micas (muscovita), magnetita, granada, pirolusita, feldspatos, dumortierita e cianita, entre outros. É da presença ou ausência de alguns destes minerais, notadamente dumortierita, cianita e opacos (alterados), que resulta sua variada tonalidade de cor, determinante na sua qualificação comercial, cujos exemplos de mercado são o Azul Macaúbas, o Azul Imperial, e o Branco Santa Mairi, entre outros.

Alguns quartzitos, devido a concentração de micas iso-orientadas em níveis específicos, são finamente foliados ou laminados, permitindo com relativa facilidade sua partição através destes planos de fraqueza. A presença desta estruturação, porém, impossibilita sua obtenção como blocos e sua utilização em teares ou mesmo corte regulares de chapas (Costa et al, 2002). Em função disso, são usualmente extraídos como placas diretamente dos afloramentos e utilizados como chapas rústicas em revestimento de superfícies. Tipos popularmente comercializados são provenientes das regiões de São Tomé das Letras e Luminárias, Minas Gerais, e correspondem as variedades São Tomé, Luminárias, Carrancas e Carranquinha (Fernandes et al, 2002).

Em função do elevado conteúdo de quartzo os quartzitos são rochas naturalmente resistentes aos abrasivos e duros ao corte.

Ardósias

As ardósias são rochas metapelíticas de grau metamórfico muito baixo, cripto a microcristalinas, cor cinza-escura a preta, formada predominantemente por filossilicatos, principalmente sericita. A presença deste mineral confere à rocha proeminente laminação, permitindo fácil obtenção de placas mais ou menos uniformes. Seus acessórios mais comuns incluem quartzo, clorita, ilita, carbonatos, feldspatos e opacos. Devido as suas características, são rochas geralmente impermeáveis e pouco resistentes ao desgaste abrasivo.

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As “ardósias” comercializadas e provenientes do estado de Minas Gerais (um grande produtor) não constituem ardósias verdadeiras, representando um estágio mais incipiente de metamorfismo, o que, entretanto, não interfere com suas qualidades e uso como as ardósias propriamente ditas. Em termos de composição, incluem basicamente cloritas e ilitas (∼ 50%), quartzo e calcita. No mercado são vendidas como chapas polidas e lajotas e designadas com base na sua cor (Ardósia Vinho, Ardósia Verde, etc.).

Serpentinitos e Esteatitos

Os serpentinitos são produtos de alteração hidrotermal de rochas ígneas ultrabásicas magnesianas, principalmente dunitos e peridotitos, e compostos basicamente por minerais do grupo da serpentina, os quais se formam às expensas da hidratação de olivinas e piroxênios (Elhers & Blatt, 1982). São rochas de coloração verde-escura a amareladas, maciças a fibrosas e de baixa dureza.

Os esteatitos (pedra sabão) resultam da alteração de rochas ultrabásicas serpentinizadas, mediante ação de soluções hidrotermais ricas em CO2, que promovem reações entre os minerais de serpentina e a sílica, dando origem a formação de talco e magnesita (Ehlers & Blatt, 1982). São rochas de cores esverdeadas, untuosas ao tato, de baixíssima dureza, sendo empregadas usualmente no fabrico de objetos residenciais e decorativos, e no setor estatuário.

No tocante aos serpentinitos, equivocadamente comercializados como granitos, Costa et al (2002) acentua um potencial mercado para esses materiais, com crescente aumento de demanda, sinalizado por importações provenientes da Índia (Granito Verde Rajasthan) e Itália (Granito Verde Alpi).

Arenitos e Conglomerados

Os arenitos são rochas sedimentares clásticas, de granulação fina a média, maciças a laminadas, formadas basicamente por grãos de quartzo, cimentados por material silicoso, ferruginoso ou carbonático, podendo ocorrer acessoriamente feldspatos detríticos e frações argilo-siltosas. Em razão da própria natureza, os arenitos são em geral porosos e resistentes ao desgaste abrasivo. Uma variedade comercial é o Rosa Bahia, um arenito fino, maciço, ortoquartzítico, com pontuações argilosas, que é vendido como blocos.

Os conglomerados são rochas sedimentares clásticas, textura heterogênea, formado de seixos de diferentes tamanhos, formatos e composição, imersos em matriz mais fina, em geral de natureza arenosa ou areno-siltosa e cimento silicoso.

De um modo geral, as variedades comercializadas apresentam recristalizações metamórficas em graus variáveis, que emprestam maior coesão à rocha. A relação matriz versus seixos também é inconstante, ora com predomínio de um, ora da outro, com reflexos nos padrões estéticos.

Na Bahia a variedade comercial Verde Marinace, um conglomerado polimítico, apresenta 60% de matriz e 40% de seixos em matriz arenosa fina epidotizada. O Vesúvio Bahia, por sua vez, tem 70% de seixos e apenas 30% de matriz, esta também arenosa e epidotizada. Tais rochas são vendidas como blocos ou chapas serradas, polidas ou flameadas.

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CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA

A escolha da melhor rocha como uso estrutural ou para revestimento, para um pretenso projeto arquitetônico ou de engenharia, precede o conhecimento de suas propriedades intrínsecas, que, conjugado ao conhecimento do meio físico no qual ficará submetida a rocha e às suas solicitações de uso, definem sua qualificação e viabilidade de emprego. O uso inadequado dos materiais pétreos pode levar ao comprometimento da durabilidade e da estética, e, consequentemente, implicações de ordem econômica e de segurança.

As propriedades intrínsecas das rochas compreendem parâmetros físicos, físico-mecânicos e químico-mineralógicos. São determinados mediante análises e ensaios tecnológicos, executados sob rigorosos procedimentos padronizados, norteados por instruções normatizadoras, e constituem a caracterização tecnológica das rochas.

Na análise do meio físico são levados em consideração às oscilações de temperatura e umidade, ventos e condições atmosféricas, estes últimos fundamentais no caso de revestimentos de paredes e pisos externos, enquanto para o uso, o atrito e o peso sobrejacente.

Em geral, as prescrições básicas usualmente utilizadas para a caracterização tecnológica de materiais pétreos compreendem a análise petrográfica, a determinação de índices físicos (massas específica, porosidade e absorção de água, aparentes), a determinação do coeficiente de dilatação linear, a determinação do valor da compressão uniaxial, ensaios de flexão em três pontos ou módulo de ruptura, a avaliação do índice da resistência ao impacto duro, o percentual de desgaste abrasivo, a determinação do coeficiente de enfraquecimento a partir do gelo/degelo conjugado a resistência à compressão, ensaios de flexão em quatro pontos, a avaliação da propagação de ondas ultra- sônicas, o grau de alterabilidade, e a determinação do módulo de elasticidade.

Obviamente, a realização de alguns desses ensaios estará condicionada ao tipo de solicitação de uso que se dará a rocha. Entretanto, algumas dessas determinações independem de um tipo de aplicação específica da rocha, fazendo parte de procedimentos de rotina da caracterização tecnológica dos materiais pétreos. Entre elas podem ser incluídas o cálculo dos índices físicos e a petrografia.

Com exceção da análise petrográfica, todos os demais ensaios possuem valores de referência para diversos tipos de rochas, padronizados por órgãos normatizadores.

A título de ilustração, é mostrado o Quadro I com os valores especificados pela ASTM para algumas propriedades de rochas utilizadas como revestimentos.

O Quadro II, por sua vez, exibe as normas da ABNT e seus equivalentes internacionais, relativos à ASTM e a EN (European Standard).

Vidal (2002) observa que a caracterização tecnológica deve ser realizada já na etapa da pesquisa mineral, de modo a ter uma previsão do destino do material a ser obtido, com base no conhecimento de suas propriedades intrínsecas.

Neste sentido, Rzhevsky & Novik (1971, in Navarro, 2002) observam a importância de ensaios relativos à propagação de ondas ultra-sônicas na investigação de tensões e na estabilidade de maciços rochosos. Para Mouza et al.

(1983, in Navarro, 2002), o método é um instrumento eficiente na determinação do grau de fissuramento e porosidade das rochas.

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No tocante a algumas propriedades, Mendes e Vidal (2002) observam que o conhecimento dos valores da massa específica aparente e da resistência à flexão é fundamental para o dimensionamento de espessuras de chapas fixadas através de grampos em revestimentos de paredes. Acentuam também os autores, como dado a ser considerado, o valor do coeficiente de dilatação linear, de fundamental importância para o cálculo de espaçamento de juntas entre placas de revestimento, notadamente em ambientes externos.

Em relação ao revestimento de pisos externos, por exemplo, são fatores que merecem destaque os índices de desgaste abrasivo e de absorção de água, em função do pisoteio e da chuva. A determinação do valor da compressão uniaxial, por sua vez, é considerada um dado imprescindível no caso de uso estrutural da rocha.

Através do Quadro III, extraído de Frascá (2002), observa-se a exigência de algumas importantes propriedades das rochas, conforme a sua solicitação de uso como revestimento.

Quadro I – Valores padronizados pela ASTM para alguns ensaios em rochas ornamentais utilizadas como revestimento

Tipo de rocha Densidade (Kg/m3)

Absorção de água

(%)

Compressão uniaxial

(Mpa)

Módulo de ruptura (Mpa)

Flexão em quatro pontos

(Mpa)

Granitos ≥ 2.560 ≤ 0,4 ≥ 131 ≥ 10,34 ≥ 8,27

calcítico > 2.595

dolomítico > 2.800

serpentinítico ≥ 2.690 Mármores

( ASTM C 503)

travertino ≥ 2.305

≤ 0,20 ≥ 52 ≥ 7 ≥ 7

baixa

densidade ≥ 1.760 ≤ 12 ≥ 12 ≥ 2,9 n.e.

média

densidade ≥ 2.160 ≤ 7,5 ≥ 28 ≥ 3,4 n.e.

Calcários ( ASTM C

568)

alta densidade ≥ 2.569 ≤ 3 ≥ 55 ≥ 5,9 n.e.

≥ 60% sílica

livre ≥ 2.003 ≤ 8 ≥ 27,6 ≥ 2,4 n.e.

≥ 90% sílica

livre ≥ 2.400 ≤ 3 ≥ 68,9 ≥ 6,9 n.e.

Arenitos /quartzitos

( ASTM C

616) ≥ 95% sílica

livre ≥ 2.560 ≤ 1 ≥ 137,9 ≥ 13,9 n.e.

exterior n.e. ≤ 0,25 n.e. ≥ 49,6*/

≥ 62,1** n.e.

Ardósias ( ASTM C

629) Interior n.e. ≤ 0,45 n.e. ≥ 37,9*/

≥ 49,6** n.e.

FONTE: FRASCÁ, 2002

* PARALELO A FOLIAÇÃO

** PERPENDICULAR A FOLIAÇÃO

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Sobre a qualidade da rocha frente a algumas de características intrínsecas, Mendes e Vidal (2002) frisam que quanto menor a presença de minerais deletérios e do valor dos índices de porosidade, absorção de água, da resistência ao atrito, e do coeficiente de dilatação linear, melhor ela será. Por outro lado, valores maiores para a resistência à compressão uniaxial, do seu módulo de elasticidade, da resistência ao impacto duro, da flexão e dos ensaios gelo/degelo, sinalizam aumento de qualidade da rocha.

Quadro II – Normas da ABNT para alguns ensaios e análises para Caracterização de Rochas Ornamentais

e seus equivalentes no exterior

ENSAIO NORMA ABNT NORMA INTERNACIONAL

EQUIVALENTE

Análise petrográfica NBR 12768 ASTM C 295 EN 12407

Ìndices físicos NBR 12766

ASTM C 97 EN 1936 ASTM C 121 (ardósias)

Compressão uniaxial NBR 12767 ASTM C 170 EN 1926

Gelo/degelo NBR 12769 EN 12371

Flexão em três pontos

(módulo de ruptura) NBR 12763

ASTM C 99 EN 12372

Flexão em quatro pontos ASTM C 120 (ardósia) ASTM 880

Dilatação térmica linear NBR 12765 ASTM D 4535 ASTM E 228

Desgaste abrasivo* NBR 12042 (Amsler)

ASTM C 241 (tráfego de pedestres) ASTM C 1352 (taber)

FONTE: Catalogo de Rochas Ornamentais – ABIROCHAS/CETEM, 2002.

* Ensaios não são comparáveis, embora com o mesmo fim.

No tocante a análise petrográfica, além da definição da mineralogia, composição modal e natureza da rocha, ela permite a identificação de feições que podem constituir fatores restritivos ou benéficos ao seu uso. Exemplos desses fatores são as alterações secundárias e microfissuramentos, que têm reflexos imediatos na resistência mecânica e química, e consequentemente na durabilidade e estética.

Neste sentido, Barros (1998) registra que, do ponto de vista tecnológico, é fundamental uma análise da mineralogia, textura e do sistema poroso. Enfatiza ainda que este último é o aspecto petrográfico mais significativo, com influência direta na alterabilidade da rocha e no seu comportamento geomecânico.

Por sua vez, Melo (1998), assinala que o exame petrográfico deve atentar a presença de estruturas específicas, como, por exemplo, intercrescimentos simplectíticos e texturas do tipo rapakivi, zonada e geminada, pois constituem aspectos que interferem na dureza da rocha. Segundo o autor a mesma atenção

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deve ser dada a ocorrência de processos de saussuritização, os quais contribuem para a qualidade das chapas polidas, pois aumentam sua iridescência, com reflexos no brilho e na estética.

Quadro III – Parâmetros tecnológicos exigidos conforme o emprego da rocha em revestimento

PISOS PAREDES Função do

revestimento Exterior Interior Exterior Interior FACHADAS TAMPOS*

Tipo de rocha 9 9 9 9 9 9

Absorção de

água 9 9 9 9 9 9

Desgaste

abrasivo 9 9

Flexão 9 9 9 9

Compressão 9 9 9

Dilatação

térmica 9 9 9 9 9

Alterabilidade 9 9 9 9

FONTE: FRASCÁ, 2002

* Especialmente pias de cozinha

CONCLUSÕES

Como principais conclusões podemos citar que ROCHA ORNAMENTAL é um conceito calcado efetivamente em uma tecnologia específica de lavra e beneficiamento, conjugado a um campo particular de aplicações. Aspectos genéticos e composicionais da rocha são de importância secundária.

A nomenclatura comercial, por sua vez, tem como raiz padrões estéticos e decorativos sem qualquer vínculo com a natureza geológica da rocha.

No tocante as características físico-mecânicas das ROCHAS ORNAMENTAIS, bem como sua alterabilidade, estão diretamente relacionadas a sua composição mineralógica, textura e estrutura internas, que, em síntese, definem sua melhor aplicação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIROCHAS/CETEM. 2002. Catálogo de rochas ornamentais do Brasil. Rio de Janeiro. CD-ROM. Windows 95.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 1995. Catálogo ABNT. Rio de Janeiro. 360p.

ASTM – American Society for Testing and Materials. C 615_99 standard specification for granite dimension stone. Disponível em: <

http://www.astm.org> acesso em 10 set. 2003.

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Barros, L.A.A. 1998. Caracterização e patologias das rochas ornamentais. Mini- curso. In: I Simpósio de Rochas Ornamentais do Nordeste, Anais, Olinda, PE..

Costa, A.G.; Campello, M.S.; Maciel, S.L.; Calixto, C.; Becerra, J.E. 2002. Rochas ornamentais e de revestimento: proposta de classificação com base na caracterização tecnológica. In: III Simpósio sobre Rochas Ornamentais do Nordeste, Anais, Recife, PE.

Ehlers, E.G.; Blatt, H. 1982. Petrology: Igneous, Sedimentary, and Metamorphic.

W.H. Freeman and Company, San Francisco, 732p.

Fernandes, T.M.G.; Godoy, A.M.; Fernandes, N.H. 2002. Caracterização petrográfica química e tecnológica dos quartzitos do centro produtor de São Tomé das Letras, no sudoeste do estado de Minas Gerais. In: III Simpósio de Rochas Ornamentais do Nordeste, Anais, Recife, PE.

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Referências

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