• Nenhum resultado encontrado

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Tribunal de Justiça de Minas Gerais"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0000.15.006264-4/000

Número do Númeração 0062644-

Des.(a) Jaubert Carneiro Jaques Relator:

Des.(a) Jaubert Carneiro Jaques Relator do Acordão:

24/03/2015 Data do Julgamento:

08/04/2015 Data da Publicação:

E M E N T A : H A B E A S C O R P U S - P O R T E D E A R M A D E F O G O , DESOBEDIÊNCIA E DIRIGIR SEM HABILITAÇÃO - PRISÃO PREVENTIVA - PRESENÇA DA CONDIÇÃO DE ADMISSIBILIDADE PREVISTA NO ARTIGO 313, INCISO I, DO CPP- CONCURSO MATERIAL - SOMA DAS PENAS - NECESSIDADE- REVOGAÇÃO - GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA - MODUS OPERANDI - PERICULOSIDADE EVIDENCIADA - Se o réu foi denunciado por dois ou mais crimes dolosos, em concurso material, impõe-se a soma das penas para se verificar o preenchimento da condição de admissibilidade prevista no artigo 313, inciso I, do CPP.

- Presentes os motivos da preventiva, consubstanciados na garantia da ordem pública, impõe-se a manutenção da restrição da liberdade do paciente, mormente diante do modus operandi na prática delitiva.

VOTO VENCIDO:

- Com o advento da Lei n. 12.403/2011, a prisão preventiva passou a ser concebida como medida de ultima ratio, devendo ser decretada quando presentes os seus pressupostos e requisitos autorizadores e, ao mesmo tempo, se outras medidas cautelares não se revelarem proporcionais e adequadas para o cumprimento de sua finalidade.

- As hipóteses previstas no art. 313 do CPP são pressupostos obrigatórios

para a decretação da prisão preventiva, desse modo, se o caso não se

enquadrar em nenhuma das situações prescritas na lei, resta configurado o

constrangimento ilegal, já que a prisão não possui respaldo legal.

(2)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

- Presente a possibilidade de risco para a ordem pública ou para a conveniência da instrução criminal cabe ao Magistrado de 1ª instância fixar medidas cautelares diversas da prisão, que sejam necessárias e suficientes para os objetivos cautelares visados.

HABEAS CORPUS CRIMINAL Nº 1.0000.15.006264-4/000 - COMARCA DE AIMORÉS - PACIENTE(S): YAN ROCHA PERONI - AUTORI. COATORA:

JD COMARCA AIMORES A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 6ª CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em DENEGAR O HABEAS CORPUS, VENCIDO O DES. RELATOR.

DES. JAUBERT CARNEIRO JAQUES RELATOR.

DESA. DENISE PINHO DA COSTA VAL RELATORA PARA O ACÓRDÃO.

DES. JAUBERT CARNEIRO JAQUES (RELATOR)

V O T O

Trata-se de ordem de HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR,

impetrada pelo advogado Dr. Rodrigo Condé de Carvalho,

(3)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

em favor do paciente Yan Rocha Peroni, que teve sua prisão preventiva decretada no dia 11/10/2014, pela prática, em tese, do crime tipificado no art.

14 da Lei n. 10.826/2003.

Extrai-se dos autos (APFD, fls. 09/17-TJ) que, durante policiamento no bairro Igrejinha em Aimorés/MG, policiais militares avistaram um veículo em atitude suspeita, quando, então, ao tentarem fazer a abordagem esse se evadiu. No entanto, fazendo rastreamento, foi constatado que o condutor perdeu a direção do carro, vindo a colidir em um poste de energia e no muro de uma casa. Ato contínuo os milicianos identificaram o paciente como condutor do veículo, tendo o avistado tentando dispensar um revólver calibre . 38, municiado com seis munições intactas.

Alega o impetrante, em suma, que a decisão que converteu a prisão em flagrante do paciente em preventiva carece de fundamentação idônea, estando ausentes os requisitos do art. 312 do CPP.

Afirma que deve vigorar o princípio da presunção de inocência, não sendo permitido ao magistrado fazer ilações acerca da reiteração delitiva.

Aduz que a liberdade é a regra no direito pátrio, sendo a prisão exceção.

Salienta que o paciente é primário, possui bons

(4)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

antecedentes, residência fixa e ocupação lícita.

Ressalta que a prisão preventiva se mostra desproporcional, posto que, se condenado, o paciente poderá ter uma pena mais branda que a segregação provisória.

Diante disso, roga a Defesa pelo deferimento da liminar, com a consequente expedição de alvará de soltura. No mérito, requer a concessão definitiva da ordem ora pleiteada.

O pedido liminar foi indeferido às fls. 61/62-TJ.

Informações prestadas pela autoridade indigitada coatora à fl. 67V- TJ.

A Procuradoria-Geral de Justiça, através do douto Procurador Guilherme Pereira Vale, exarou o parecer de fls. 69/74-TJ, opinando pela denegação da ordem, por não vislumbrar a ocorrência de qualquer constrangimento ilegal sofrido pelo paciente e sanável via writ.

É o breve relatório.

Conheço o writ impetrado, pois presentes os pressupostos de

admissibilidade.

(5)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

No presente caso, o impetrante questiona a decretação da segregação cautelar do paciente, sustentando, em síntese, que não estariam presentes os pressupostos e requisitos para a imposição da prisão preventiva.

Depreende-se do art. 312 do CPP que, presentes a prova da materialidade do crime e indícios de autoria (fumus comissi delicti), a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal (periculum libertatis).

É sabido que, em nosso sistema penal e constitucional, à luz do Estado Democrático de Direito, a liberdade é a regra, excepcionável tão- somente por decisão fundamentada que analise concretamente a necessidade da prisão cautelar. Conclui-se, a contrario sensu, que não há prisão automática e tampouco ex lege, sendo imprescindível que a decisão discorra acerca da necessidade ou não da decretação da segregação cautelar.

Isso porque, com o advento da Lei n. 12.403/2011, a prisão

preventiva passou a ser concebida como medida de ultima ratio, devendo ser

decretada quando presentes os seus pressupostos e requisitos autorizadores

e, ao mesmo tempo, se outras medidas cautelares não se revelarem

proporcionais e adequadas para o cumprimento de sua finalidade.

(6)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Sob esse prisma é que podemos afirmar que toda e qualquer espécie de prisão, antes do trânsito em julgado da decisão condenatória, possui natureza cautelar, razão pela qual deve estar devidamente comprovada a necessidade de restringir um bem maior assegurado pela Constituição da República: a liberdade.

Trata-se de aplicação da primazia da liberdade, que deve ser mantida como estado natural do indivíduo ou restituída quando não demonstrada a necessidade de recolhimento ao cárcere.

Sobre o assunto, confira-se as valiosas lições do Mestre Eugênio Pacelli de Oliveira:

"[...] É que agora a regra deverá ser a imposição preferencial das medidas cautelares, deixando a prisão preventiva para casos de maior gravidade, cujas circunstâncias sejam indicativas de maior risco à efetividade do processo ou de reiteração criminosa. Esta, que em princípio deve ser evitada, passa a ocupar o último degrau das preocupações com o processo, somente tendo cabimento quando inadequadas ou descumpridas aquelas (as outras medidas cautelares)." (Atualização do Processo Penal - Lei n°12.403 de 05 de maio de 2011. p.13).

Diante disso, podemos afirmar que a prisão preventiva é uma medida excepcional, somente encontrando guarida na necessidade, exigindo -se que o caso esteja enquadrado em uma das hipóteses previstas no art.

313 do CPP e a sua decretação seja baseada em elementos concretos,

configuradores de algum dos requisitos previstos no art. 312 do mesmo

diploma legal. Assim, meras

(7)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

presunções, de conteúdo abstrato, não podem ser consideradas válidas para a fundamentação da segregação cautelar.

No caso, apesar de não ter observado ilegalidades na manutenção da prisão do paciente em uma primeira leitura dos autos (principalmente em razão da ausência da CAC e da FAC), constato que sua segregação cautelar carece de pressuposto fundamental para a imposição, já que o presente caso não se enquadra em nenhuma das hipóteses constantes no art. 313 do CPP, o qual dispõe sobre as possíveis situações em que é admitida a decretação da prisão preventiva. Confira-se:

"Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:

I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto- Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;

IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver

dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer

elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser

(8)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida." (Código de Processo Penal, Decreto-Lei n. 3.689/41)

Destarte, se o crime pelo qual o paciente foi preso em flagrante delito e que embasou sua prisão preventiva, art. 14 da Lei n. 10.826/03, tem pena máxima cominada em 04 (quatro) anos de reclusão, é inviável o enquadramento do caso na hipótese prevista no inciso I do art. 313 do CPP.

Nesse ponto, impende salientar que, apesar de também ter sido lavrado o flagrante com relação ao delito constante no art. 309 do CTB (fl. 26 -TJ), constata-se que esse crime possui pena de detenção, de seis meses a um ano, ou multa, de modo que, sendo a reprimenda de natureza diferente daquela prevista no art. 14 da Lei n. 10.826/03, não há como se operar a soma delas para fins de enquadramento no pressuposto do art. 313, I, do CPP.

Além disso, examinando a CAC (fls. 81v/82-TJ) e a FAC (fls. 80/81- TJ) do paciente verifica-se que ele é primário, isto é, não foi condenado por crime doloso, com sentença transitada em julgado, de modo que também não se enquadra na situação do inciso II do art. 313 do CPP.

Ademais, é evidente que o caso não envolve violência doméstica e

familiar, e o agente está devidamente identificado nos autos, de modo que a

situação em apreço não se subsume, assim, nas hipóteses do inciso III, ou

do parágrafo único, ambos do supracitado art. 313.

(9)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Dessa forma, tenho que a prisão preventiva do paciente, efetivamente, carece de pressuposto obrigatório para sua manutenção.

Portanto, a razão assiste à impetração e à douta Procuradoria-Geral de Justiça, pois em face do princípio da legalidade, o paciente não pode ser mantido preso provisoriamente sem respaldo legal, configurando, assim, a decretação da sua prisão preventiva uma coação ilegal em sua liberdade de locomoção.

Tal entendimento tem se mostrado pacificado na jurisprudência deste Tribunal de Justiça mineiro desde a edição da Lei n. 12.403/11, vejamos:

"EMENTA: HABEAS CORPUS - CRIME DE RECPTAÇÂO - NÃO INCIDÊNCIA DE NENHUMA DAS HIPÓTESES DO ART. 313 DO CPP - CRIME PUNIDO COM PENA MÁXIMA DE QUATRO ANOS - PACIENTE PRIMÁRIO - CONSTRANGIMENTO ILEGAL DEMONSTRADO - ADVENTO DA LEI Nº 12.403/11 - APLICAÇÃO DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES - NECESSIDADE - CONCEDIDO EM PARTE O HABEAS CORPUS.

- A DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, DE ACORDO COM ART.

313, CAPUT, CPP, SÓ É ADMITIDA QUANDO SE TRATAR DE CRIME DOLOSO PUNIDO COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA SUPERIOR A 4 (QUATRO) ANOS; SE O ACUSADO TIVER SIDO C O N D E N A D O P O R O U T R O C R I M E D O L O S O , E M S E N T E N Ç A TRANSITADA EM JULGADO; SE O CRIME ENVOLVER VIOLÊNCIA D O M É S T I C A E F A M I L I A R C O N T R A A M U L H E R , C R I A N Ç A , ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM DEFICIÊNCIA, PARA GARANTIR A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA.

- COM O ADVENTO DA LEI Nº 12.403/11, É POSSÍVEL A APLICAÇÃO DE

(10)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO, QUE DEVEM SER IMPOSTAS CONFORME AS DISPOSIÇÕES DO ART. 282 DO CPP."

(Habeas Corpus 1.0000.14.002977-8/000, Relator(a): Des.(a) Alberto Deodato Neto , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 11/02/2014, publicação da súmula em 21/02/2014)

"EMENTA: HABEAS CORPUS - PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO - PRISÃO PREVENTIVA - AUSÊNCIA DE REQUISITOS - ART. 313 DO CPP - CONCEDIDO A ORDEM.

- Autoriza-se o decreto da prisão preventiva se fundamentando concretamente nas hipóteses do artigo 312 do Código de Processo Penal, desde que observados os requisitos inscritos no artigo 313 do Código de Processo Penal." (Habeas Corpus 1.0000.12.043363-6/000, Relator(a):

Des.(a) Cássio Salomé , 7ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 29/03/2012, publicação da súmula em 03/04/2012)

"HABEAS CORPUS - PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO - PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA - PENA CARCERÁRIA MÁXIMA PREVISTA DE 04 (QUATRO) ANOS - PACIENTE PRIMÁRIO - CRIME QUE NÃO ENVOLVE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - IDENTIDADE CIVIL INEQUÍVOCA - INVIABILIDADE DE SUBSISTÊNCIA DA CUSTÓDIA CAUTELAR - LIMINAR RATIFICADA - ORDEM CONCEDIDA. I - A prisão preventiva, modalidade de medida cautelar, tornou-se exceção na sistemática processual atual, primordialmente após a entrada em vigência da Lei n.º 12.403/11. II - Assim, não estando presente ao menos um dos requisitos do art. 312 do CPP e, mais ainda, sequer satisfeitos os requisitos instrumentais do art. 313 do CPP, inviável a manutenção da custódia cautelar. III - Concedido o habeas corpus. Ratificada a liminar." (Habeas Corpus 1.0000.11.069419-7/000, Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum , 4ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 30/11/2011, publicação da súmula em 14/12/2011)

Não obstante, ressalto que a prisão processual poderá ser

novamente decretada se presentes os pressupostos e requisitos

autorizadores, dispostos no art. 312 e seguintes do CPP.

(11)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Por ora, tendo em vista que o paciente possui outras passagens policiais e tentou se evadir da abordagem policial, determino que sejam impostas outras medidas cautelares, diversas da prisão, previstas no art. 319 do CPP, para que seja resguardada a ordem pública e a conveniência da instrução criminal.

As medidas deverão ser impostas pelo Juiz de 1º grau, pois esse, por estar mais próximo dos fatos ocorridos, tem melhores condições de avaliar quais delas serão suficientes e necessárias para atingir os objetivos cautelares visados, podendo, ainda, designar audiência para a fixação das condições a serem impostas.

Dessa forma, por todo o exposto, CONCEDO A ORDEM, e determino ao ilustre Magistrado a quo que fixe medidas cautelares diversas da prisão, previstas no art. 319 do CPP, para que a ordem pública e a conveniência da instrução criminal sejam devidamente resguardadas.

Cientifique-se o nobre Magistrado e, uma vez compromissado o paciente, expeça-se em seu favor o competente alvará de soltura, se por outro motivo não estiver preso.

Determino que seja enviada, imediatamente, cópia desta decisão

com o objetivo de ser juntada ao respectivo processo, consoante dispõe o

art. 461 do RITJMG.

(12)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Sem custas.

É como voto.

DESA. DENISE PINHO DA COSTA VAL

Analisando detidamente os autos, ouso divergir do eminente Desembargador Relator, pois entendo que a prisão cautelar do paciente deve ser mantida.

Isso porque, verifica-se pela análise das informações prestadas pela autoridade coatora, acostada aos autos à fl.67v, que o paciente foi denunciado pela suposta prática dos delitos previstos no artigo 14 da Lei 10826/03, 330 do CP e artigo 309 do CTB, cujas penas privativas de liberdade máximas, somadas pela ocorrência do concurso material, ultrapassam o limite de 04(quatro) anos exigido pelo artigo 313, inciso I, do CPP.

Sobre o tema nos ensina o ilustre doutrinador Andrey Borges de Mendonça, in Prisão e outras Medidas Cautelares Pessoais, Ed. Método, p.

242:

"Embora haja lacuna, não temos dúvidas em asseverar que devem ser

observadas as normas relativas ao concurso de crimes, seja somando-as (no

concurso material) ou aplicando a majorante no máximo ( no caso de crime

(13)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

em razão da aplicação das regras do concurso de crimes resultar pena máxima superior a quatro anos, será plenamente cabível a decretação da prisão preventiva."

Portanto, não há que se falar que a prisão preventiva do paciente não é cabível.

Lado outro, alega o impetrante que não estão presentes os motivos da prisão preventiva, previstos no artigo 312 do CPP.

Razão, no entanto, não lhe assiste.

Verifica-se, à fl. 46, que o MM. Juiz de Direito, Dr. Vinícius da Silva Pereira, ao converter a prisão em flagrante do paciente em prisão preventiva, fundamentou sua decisão no preenchimento dos pressupostos e motivos previstos no artigo 312 do CPP.

Destaco a seguir trecho da referida decisão:

"(...)

No caso em tela, entendo que estão presentes os requisitos da prisão preventiva, uma vez que os crimes somados são puníveis com mais de 04 anos de reclusão, havendo indícios suficientes de autoria e materialidade.

Verifica-se que o modus operandi revela a

(14)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

periculosidade em concreto da conduta do autuado, que furou o bloqueio policial vindo a colidir com o poste. Visto que portava arma de fogo e munição, com o intuito de driblar a abordagem policial, não se sabendo qual seu intuito em dirigir inabilitado e armado, o que merece atuação enérgica dos Poderes Constituídos, com vistas à preservar a ordem pública e tranqüilidade social.

(....) "

Extrai-se da decisão objurgada que ela, embora sucinta, fundamenta a necessidade da prisão do paciente para a garantia da ordem pública, diante do modus operandi na conduta criminosa, que revela a sua periculosidade in concreto.

Sobre o conceito de ordem pública, ensina o brilhante Professor Paulo Rangel:

"Por ordem pública, deve-se entender a paz e a tranquilidade social, que deve existir no seio da comunidade, com todas as pessoas vivendo em perfeita harmonia, sem que haja qualquer comportamento divorciado do 'modus vivendi' em sociedade. Assim, se o indiciado ou o acusado em liberdade continuar a praticar ilícitos penais, haverá perturbação da ordem pública, e a medida extrema é necessária se estiverem presentes os demais requisitos legais." ("in" Direito Processual Penal, 16ª edição. Ed. Lumen Juris, 2009 - p. 713).

Extrai-se do APFD (fls.27/35) que o paciente tinha consigo, no

interior de um automóvel, um revólver calibre 38, sem autorização e, ao ser

(15)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

parada, saindo do local em alta velocidade.

Consta, ainda, que o réu não possuía habilitação para dirigir.

Assim, tenho que, diante dos crimes praticados e pelas circunstâncias em que eles foram executados, demonstrada está a periculosidade in concreto do paciente, o que justifica a sua manutenção no cárcere, para fins de resguardar a ordem pública.

Vigora no processo penal o princípio da inocência e, a regra, é a liberdade, no entanto, em certos casos, deve se prestigiar a paz e a segurança da sociedade, o que se verifica no presente caso e nesta fase processual.

Com efeito, resta ao Poder Judiciário responder satisfatoriamente à sociedade, sendo imprescindível, por vezes, a constrição da liberdade do indivíduo em prol da garantia da ordem pública. Entre o interesse individual e o público deve prevalecer o interesse público.

Cumpre registrar,ainda, que as condições pessoais favoráveis, por si sós, não são garantidoras da liberdade, quando presentes outros motivos que justificam a restrição cautelar do paciente.

Desta feita, diante da prova da materialidade do delito, da existência

de indícios suficientes de autoria, bem como da presença dos motivos da

segregação cautelar, não merece acolhida o pedido contido na inicial.

(16)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Em face do exposto, DENEGO A ORDEM impetrada.

Sem custas.

É como voto.

DESA. LUZIENE MEDEIROS DO NASCIMENTO BARBOSA LIMA (JD CONVOCADA)

Acompanho a divergência lançada pela Desembargadora Denise Pinho da Costa Val.

SÚMULA: DENEGARAM O HABEAS CORPUS, VENCIDO O DES.

RELATOR

Referências

Documentos relacionados

O fato de que as coisas têm tamanhos, pesos, volumes, temperatura diferentes e que tais diferenças frequentemente são assinaladas pelos outros (está longe, está perto,

Considerando a formação da equipe de trabalho, o tempo de realização previsto no projeto de extensão e a especificidade das necessidades dos catadores, algumas

Nesse sentido, o livro de Mary Del Priori Sobreviventes e guerreiras: Uma breve história da mulher no Brasil de 1500 a 2000 convida seus leitores a refletir sobre a história

Na hipótese de serem satisfeitos os pressupostos da prisão preventiva, que são dois, e pelo menos um de seus requisitos, que são quatro, o juiz poderá decretar a medida

Art. Entende-se por aluno regular aquele aprovado em processo seletivo, matriculado no curso, com direito a orientação formalizada no Programa. Aluno especial é

Convênio de colaboração entre o Conselho Geral do Poder Judiciário, a Vice- Presidência e o Conselho da Presidência, as Administrações Públicas e Justiça, O Ministério Público

III - ser ou ter sido sócio ou diretor de ETC ou CTC. Para fins de cumprimento do requisito de tempo de atividade profissional, poderá ser utilizada qualquer combinação dos

O objetivo deste trabalho foi avaliar épocas de colheita na produção de biomassa e no rendimento de óleo essencial de Piper aduncum L.. em Manaus