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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0672.14.010200-1/001

Número do Númeração 0102001-

Des.(a) Washington Ferreira Relator:

Des.(a) Washington Ferreira Relator do Acordão:

02/03/2016 Data do Julgamento:

10/03/2016 Data da Publicação:

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. OFÍCIO. RECURSO VOLUNTÁRIO.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DIREITO A SAÚDE. DIABETES MELLITUS.

FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS E MATERIAL ACESSÓRIO.

D I R E I T O H U M A N O F U N D A M E N T A L À S A Ú D E . R E L A T Ó R I O . NECESSIDADE COMPROVADA. RETENÇÃO DO RECEITUÁRIO MÉDICO.

MULTA. ADEQUAÇÃO.

I. Segundo entendimento da Corte Especial do STJ, sentença ilíquida, proferida contra a Fazenda Pública, suas autarquias e fundações de direito público, está sujeita ao reexame necessário.

II. Nos moldes do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei de Organização e Divisão Judiciárias do Estado de Minas Gerais, são da competência da Vara da Infância e Juventude, o processamento e o julgamento da ação cominatória de obrigação de fazer, com o propósito de obtenção gratuita, de medicamentos e procedimentos médicos a favor de menor.

III. A saúde é direito humano fundamental amparado na Constituição da República de 1988, existindo responsabilidade solidária e conjunta de todos os entes federados no fornecimento de medicamentos e de terapias voltadas a sua efetividade.

IV. Em se tratando de relatório médico que descreve o quadro clínico da paciente e a necessidade de determinados medicamentos, é dever do Estado o seu fornecimento, com base nas afirmações de profissional devidamente habilitado para o exercício de suas funções.

V. A apresentação e retenção de receita médica é medida profilática

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que visa comprovar a atualidade da necessidade do tratamento e do uso do medicamento.

VI. É possível aplicar multa ao Poder Público, como forma de inibir o descumprimento da determinação judicial. Mas fixadas as astreintes em valores excessivos, devem ser reduzidos em homenagem ao princípio da razoabilidade.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0672.14.010200-1/001 - COMARCA DE SETE LAGOAS - APELANTE(S): ESTADO DE MINAS GERAIS - APELADO(A)(S):

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em REEXAME NECESSÁRIO, SUBMETIDO DE OFÍCIO, REFORMAR P A R C I A L M E N T E A S E N T E N Ç A , P R E J U D I C A D O O R E C U R S O V O L U N T Á R I O .

DES. WASHINGTON FERREIRA RELATOR.

DES. WASHINGTON FERREIRA (RELATOR)

V O T O

Trata-se de recurso de apelação contra a sentença de f. 98/105,

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, em prol dos interesses das pacientes Bianca Rocha da Silva e Pâmela Rocha da Silva, em face do ESTADO DE MINAS GERAIS, julgou procedente o pedido para condenar o réu ao fornecimento da "Insulina Lispro" e agulhas para caneta de aplicação de insulina, de 4mm, conforme prescrição médica e enquanto perdurar a necessidade, condicionada a apresentação de relatório médico, a periodicidade quadrimestral, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) limitada a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Sem custas e honorários advocatícios sucumbenciais.

Inconformado com o provimento jurisdicional, o Estado de Minas Gerais, em seu recurso de f. 113/127, suscita, em sede de preliminar, a incompetência da Vara da Infância e da Juventude para processar e julgar ações fundadas no interesse de criança/adolescente que almejam o fornecimento de medicamentos, acrescentando ser da competência do Juízo da Vara de Fazenda Pública.

No mérito, aduz que o relatório médico foi elaborado unilateralmente por médico particular, ressaltando a necessidade de subscrição por médico vinculado ao SUS.

Invocando o princípio da eventualidade, repele a fixação de multa diária pelo descumprimento da ordem judicial pelo Estado de Minas Gerais, pretendendo, na mesma oportunidade, a sua redução.

Requer, ao final, o provimento do recurso, para que seja reformada a sentença, excluindo a multa imposta ao ente Estatal, consignando, de forma expressa, a necessidade de apresentação de receita médica mensal atualizada.

Contrarrazões apresentadas às f. 133/137.

A douta Procuradoria Geral de Justiça se manifestou às f. 133/137,

em parecer da lavra do ilustre Procurador de Justiça, Dr. Paulo Cezar

Ferreira da Silva, opinando pela confirmação da sentença.

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É o relatório.

Procedo ao reexame necessário, pois a sentença é ilíquida em face da Fazenda Pública. Aplicável, assim, o disposto no artigo 475 do CPC.

Esta a linha exteriorizada no Enunciado da Súmula nº 490 do STJ, inclusive.

Conheço, também, do recurso voluntário interposto pelo Estado de Minas Gerais, eis que dispensado de preparo, tempestivo e dotado dos demais pressupostos de admissibilidade.

Passo, então, a análise dos pontos sujeitos ao reexame necessário.

REEXAME NECESSÁRIO

A causa envolve a pretensão do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, em benefício das menores - Bianca Rocha da Silva e Pâmela Rocha da Silva, portadoras de "Diabetes Mellitus", Tipo 1, de perceberem, de forma gratuita, mensal e contínua, a cargo do Estado de Minas Gerais, a Insulina Listro e agulhas para caneta de aplicação de insulina, de 4 mm, conforme relatórios e receituários médicos (f. 17/20).

Foi deferida a tutela antecipada, conforme decisão de f. 35/36, arbitrando multa diária, em caso de descumprimento judicial.

Após regular processamento do feito, sobreveio, então, sentença,

pela procedência do pedido para confirmar a antecipação dos efeitos da

tutela e, assim, condenar o réu, em obrigação de fazer, retratada no

fornecimento da "Insulina Listro' e agulhas para caneta de aplicação de

insulina, de 4 mm, enquanto perdurar a necessidade das menores, com

comprovação da necessidade quadrimestral, no momento da retirada dos

medicamentos, sob pena de multa sob pena

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de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) limitada a R$

100.000,00 (cem mil reais).

A controvérsia travada nos autos envolve, portanto, o direito das pacientes à "Insulina Listro", bem como agulhas para caneta de aplicação de insulina, de 4 mm, às expensas do Estado de Minas Gerais.

Ab initio, aprecio a preliminar de incompetência absoluta da Vara da Infância e da Juventude suscitada pelo Estado de Minas Gerais.

PRELIMINAR

- Incompetência Absoluta da Vara da Infância e Juventude

No que tange à competência para o processamento e o julgamento da ação, em casos como o presente, é da Vara da Infância e da Juventude.

A Lei de Organização Judiciária do Estado de Minas Gerais (Lei Complementar estadual nº 59, de 2001) estabelece a competência do Juízo da Vara da Infância e da Juventude nos seguintes termos:

Art. 62. Compete ao Juiz da Vara da Infância e da Juventude exercer as atribuições definidas na legislação especial sobre menores bem como as de fiscalização, orientação e apuração de irregularidades de instituições, organizações governamentais e não governamentais, abrigos, instituições de atendimento e entidades congêneres que lidem com menores, garantindo- lhes medidas de proteção. (Destaquei)

Nota-se que o próprio artigo 62 da Lei Complementar estadual nº 59,

de 2001, além de estabelecer a competência absoluta em razão da matéria,

determina a aplicação da Lei nº 8.069, de 1990 (ECA). Este, por sua vez,

define a competência da Justiça da Infância e da Juventude nos seguintes

termos:

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Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:

[...]

IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art.

209;

[...]

Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores ou deva ocorrer a ação ou omissão. (Destaquei)

Da leitura dos dispositivos supracitados, não se constata exceção à competência da Justiça da Infância e do Adolescente, ressalvadas aquelas estabelecidas constitucionalmente, quais sejam, da Justiça Federal e de competência originária (última parte do artigo 209 do ECA).

Atrai-se, nesse contexto, a competência do juízo da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Sete Lagoas, para o processamento e o julgamento do feito.

Em abono, cito julgados do TJMG:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO COMINATÓRIA - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO A MENOR - COMPETÊNCIA DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - RECURSO PROVIDO. - É competente o juízo da Vara da Infância e da Juventude para a causa fundada na proteção de interesse individual de menor (artigos 148, IV e 209 da Lei nº 8.069/1990). - Recurso p r o v i d o . ( T J M G , 3 ª C â m a r a C í v e l , A g r a v o d e I n s t r u m e n t o C v 1.0105.13.019541-2/001, Relator Desembargador ELIAS CAMILO, j.

30.1.2014, publ. 7.2.2014)

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CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO COMINATÓRIA - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS E INSUMOS - MENOR - COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DO JUIZADO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE. ECA. CONFLITO PARCIALMENTE PROVIDO. -"A competência para as ações que envolvam incapazes é do ECA, segundo esta Lei (princípio da especialidade), tratando-se, neste caso, de competência absoluta.- A pretensão aqui deduzida enquadra-se na hipótese contida no art. 148, IV, c/c art. 209, do ECA, sendo da competência absoluta do Juízo da Vara da Infância e da Juventude a apreciação das controvérsias fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos vinculados à criança e ao adolescente. - Precedentes deste Tribunal e do STJ. Confira-se, por todos: AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 164.119 - SP (2012/0070696- 5) - RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES - DECISÃO MONOCRÁTICA- j. 10/05/2012." (TJMG, 7ª Câmara Cível, Conflito de Competência 1.0000.13.040532-7/000, Relator Desembargador BELIZÁRIO DE LACERDA, j. 8.10.2013, publ. 11.10.2013)

Na mesma linha, venho decidindo em casos similares, como e l u c i d a m o j u l g a m e n t o d o s E m b a r g o s d e D e c l a r a ç ã o - C v n º 1.0145.11.036000-8/002 e o julgamento da Apelação Cível 1.0699.11.007522 -2/001.

Superada esta questão, passo ao mérito da questão posta em juízo.

MÉRITO

Nos moldes do artigo 23, II, da Constituição da República de 1988, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência.

O dispositivo, conjugado com os artigos 196 a 198 da Lei Maior,

indica a responsabilidade solidária dos entes federados, justamente como

forma de facilitar o acesso aos serviços, ampliando os meios do administrado

exigir que o Poder Público torne efetivo o

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direito humano fundamental à saúde resguardado no artigo 6º do mesmo texto.

A saúde é, portanto, direito de todos e dever do Estado, sendo certo que a responsabilidade pela prestação dos serviços é dos entes federados, que devem atuar conjuntamente em regime de colaboração e cooperação.

A melhor interpretação dos artigos 23 e 196, ambos da Lei Maior, é a que defende, a meu ver, os interesses da coletividade, ampliando os instrumentos e meios da parte obter o efetivo acesso à saúde, de modo a se promover a prestação mais adequada e eficiente possível.

As diretrizes e competências ditadas por normas de natureza infraconstitucional - repartição de competências - devem ser obedecidas administrativamente. Cada um dos entes federados poderá cobrar do respectivo, as despesas que efetuou, compensando-se eventuais créditos.

Na lição de JOSÉ AFONSO DA SILVA:

A norma do art. 196 é perfeita, porque estabelece explicitamente uma

relação jurídica constitucional em que, de um lado, se acham o direito que

ela confere, pela cláusula 'a saúde é direito de todos', assim como os sujeitos

desse direito, expressos pelo signo 'todos', que é signo de universalização,

mas com destinação precisa aos brasileiros e estrangeiros residentes - aliás,

a norma reforça esse sentido ao prever o acesso universal e igualitário à

ações e serviços de saúde -, e, de outro lado, a obrigação correspondente,

na cláusula 'a saúde é dever do Estado', compreendendo aqui a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que podem cumprir o dever

diretamente ou por via de entidade da Administração indireta. [...] A ênfase

está precisamente aí, na promoção e proteção de uma vida humana

saudável, como um direito fundamental, no qual entra, com igual força, a

recuperação da saúde.

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[...]

Finalmente, para que não se tenha o direito reconhecido como programático apenas, a norma aperfeiçoa o direito, consignando-lhe garantia. É isso que está previsto: 'A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido (...)' - o direito é garantido por aquelas políticas indicadas, que hão de ser estabelecidas, sob pena de omissão inconstitucional, até porque os meios financeiros para o cumprimento do dever do Estado, no caso, são arrecadados da sociedade, dos empregadores e empresas, dos trabalhadores e de outras fontes [...]. (SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 7.ed. atual. até a Emenda Constitucional nº 66, de 13.7.2010. São Paulo: Malheiros Editores, 2010, p. 782)

A propósito, o entendimento recente e uníssono do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL sobre a responsabilidade solidária dos entes federados no fornecimento de medicamento e tratamento médico.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. FORNECIMENTO D E M E D I C A M E N T O E T R A T A M E N T O M É D I C O . D E V E R CONSTITUCIONAL DO ESTADO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERADOS. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (ARE 858379 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 24/02/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe- 042 DIVULG 04-03-2015 PUBLIC 05-03-2015).

Outro não é o entendimento do colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, externando por ocasião do julgamento do AgRg no AREsp 609.204/CE, de Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, da SEGUNDA TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014:

ADMINISTRATIVO. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS). AÇÃO CIVIL

PÚBLICA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. LEGITIMIDADE ATIVA

DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DE INTERESSES OU DIREITOS

INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. SÚMULA 83/STJ. VIOLAÇÃO DO ART. 1º

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DA LEI N. 1.533/51. SÚMULA 7/STJ. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS. SÚMULA 83/STF. [...] 2. Qualquer um dos entes federativos - União, estados, Distrito Federal e municípios - tem legitimidade ad causam para figurar no polo passivo de ação visando garantir o acesso a medicamentos para tratamento de saúde. Agravo regimental improvido.

O funcionamento do Sistema Único de Saúde / SUS, previsto no art. 200 da Constituição da República, bem como na Lei Federal nº 8.080, de 1990, é de responsabilidade solidária da União, dos Estados-membros e dos Municípios, de modo que qualquer destes entes tem legitimidade ad causam para figurar no pólo passivo da ação que consiste em garantir o acesso à saúde.

Diante do exposto acerca da disciplina constitucional do funcionamento do SUS, não restam dúvidas acerca da legitimidade do Estado de Minas Gerais para figurar no pólo passivo da lide.

No caso, a documentação carreada aos autos, notadamente os relatórios e os receituários médicos (f. 17/20), deixa incontroversa a indispensabilidade da Insulina Listro e das agulhas para caneta de aplicação de insulina, 4 mm, às pacientes, por serem portadoras de Diabetes Mellitus, Tipo 1, desde os 11 anos de idade.

Da mencionada documentação (f. 17/20), depreende-se que as pacientes, irmãs gêmeas, já realizaram tratamento com a insulina NPH, que é fornecida pela rede pública de saúde. Contudo, vêem apresentando, com freqüência, crises graves de hipoglicemias, razão pela qual a insulina indicada foi substituída por análogos de insulina de curta e longa duração, ocorrendo uma melhora significativa no quadro das menores.

Portanto, havendo prescrição médica que atesta a necessidade dos

medicamentos pretendidos na inicial, e não possuindo a família das menores

condições econômica para adquiri-los, é perfeitamente aceitável que estas

tenham acesso à insulina pretendida, com base nas afirmações de

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habilitado para o exercício de suas funções, independentemente de estarem sendo acompanhadas por médico particular, não conveniado ao Sistema Único de Saúde.

Da mesma forma, não há razão para afastar a pretensão inicial, amparando-se, para tanto, no princípio da reserva do possível, pois, além de o Município ter deixado de comprovar a ausência de recursos, é de conhecimento que não raras vezes os entes Federativos, em qualquer das esferas, cumprem o mínimo do orçamento exigido constitucionalmente para manutenção da saúde (art. 198, §3º, da CR/88).

De mais a mais, deve ser afastada qualquer tese concernente à existência de listas de competências, ausência de previsão orçamentária, necessidade de licitação e, por conseqüência, violação ao princípio de separação de poderes, previstos no art. 2º, da CR/88, pois, a saúde é direito fundamental.

Registra-se, também, oportunamente, que a apresentação e retenção de receita médica, a periodicidade quadrimestral, é medida profilática que visa comprovar a atualidade da necessidade do tratamento e do uso do medicamento, sobretudo por se tratar de uma doença incurável.

Mantenho, assim, o ato sentencial que ordenou o fornecimento da Insulina Listro e das agulhas às menores. Isso porque, como visto, restou demonstrada, à saciedade, pela prova documental, que os medicamentos são imprescindíveis para o quadro clínico das pacientes, que devem ter consciência de sua condição de diabéticas, vivendo com disciplina e determinação, em razão das limitações impostas pela alimentação.

Quanto à aplicação da multa, as astreintes são inibitórias e

coercitivas, visando, não o seu pagamento, mas sim o cumprimento da

determinação judicial, inclusive possui amparo legal nas obrigações de fazer,

art. 461, §4º do CPC.

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Com efeito, entendo ser possível a imposição de multa diária ao Poder Público por descumprimento de determinação judicial conforme colocado no Juízo Singular.

Contudo, entendo que a multa diária ora fixada mostra-se excessiva, devendo ser mantido o valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), mas limitada à quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) atendendo assim, ao princípio da razoabilidade.

Por fim, isento o Estado da condenação das custas e despesas processuais, nos termos do art. 10, inciso I, da Lei 14.939/2003.

Ante o exposto, EM REEXAME NECESSÁRIO, REFORMO PARCIALMENTE A SENTENÇA, apenas para limitar a multa cominatória à quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO.

Isenção das custas recursais, nos termos do artigo 10, I, da Lei estadual nº 14.939, de 2003.

É como voto.

DES. GERALDO AUGUSTO DE ALMEIDA (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. EDGARD PENNA AMORIM - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "EM REEXAME NECESSÁRIO, SUBMETIDO DE

OFÍCIO, REFORMARAM PARCIALMENTE A SENTENÇA, PREJUDICADO

O RECURSO VOLUNTÁRIO."

Referências

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