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Anota¸c˜oes sobre corpos finitos.

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Academic year: 2022

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Anota¸c˜oes sobre corpos finitos.

Rodrigo Carlos Silva de Lima

rodrigo.uff.math@gmail.com

(2)

1

(3)

Sum ´ario

1 Corpos finitos 3

1.1 Homomorfismo e Isomorfismo . . . 4 1.1.1 Potˆencias da caracter´ıstica . . . 7

2

(4)

Cap´ıtulo 1

Corpos finitos

Iremos considerar sempre K como um corpo finito.

Consideramos o conjunto

BK ={n >0∈N|n.1=0}

tal conjunto ´e n˜ao vazio pois como o corpo K ´e finito tem-se m > n tal que m.1=n.1 e da´ı (m−n)

| {z }

>0∈N

.1=0. logo o conjunto BK ´e n˜ao vazio.

m

Defini ¸c ˜ao 1 (Caracter´ıstica de um corpo finito). A caracter´ıstica de um corpo finito K ´e definida como

car(K) =minBK

o m´ınimo desse conjunto existe pelo princ´ıpio da boa ordena¸c˜ao, pois o conjunto BK ´e n˜ao vazio e ´e um conjunto de n ´umeros naturais .

b

Propriedade 1. car(K) =p ´e um n ´umero primo.

ê Demonstra ¸c ˜ao. Suponha por absurdo que n˜ao seja um n´umero primo, ent˜ao p.1 = (m.1).(n.1) = 0 onde 1 < m, n < p da´ı m.1 = 0 ou n.1 = 0 o que contradiz o fato de p ser o elemento m´ınimo com essa propriedade, ent˜ao p deve ser primo .

Iremos denotar em geral car(K) =p.

3

(5)

CAP´ITULO 1. CORPOS FINITOS 4

b

Propriedade 2. Se m.a=0 com m∈Z, a∈K ent˜ao m=tp ou a=0.

ê Demonstra ¸c ˜ao. Por propriedade de corpo tem-se m.a= 0 ent˜ao m.1= 0 ou a=0. Se m.1=0 tomamos a divis˜ao euclidiana de m por p

m=t.p+r e da´ı

m.1=t.p.1+r.1=r.1

como vale 0≤r < p, n˜ao pode valer 0< r < p pois iria contradizer a minimalidade de p, logo r=0 e m =t.p.

1.1 Homomorfismo e Isomorfismo

m

Defini ¸c ˜ao 2 (Homomorfismo de corpos). Sejam A, B corpos. Uma fun¸c˜ao f:A→B chama-se um homomorfismo quando se tem

f(x+y) =f(x) +f(y)

f(x.y) =f(x).f(y) f(1A) =1B

para quaisquerx, y∈K.Denotaremos nesse caso as unidades 1A e 1Bpelos mesmos s´ımbolos e escrevemos f(1) =1.

b

Propriedade 3. Se f ´e homomorfismo ent˜ao f(0) =0. ê Demonstra ¸c ˜ao. Temos

f(0+0) =f(0) +f(0) =f(0) somando −f(0) a ambos lados segue

f(0) =0.

(6)

CAP´ITULO 1. CORPOS FINITOS 5

b

Propriedade 4. Vale f(−a) = −f(a).

ê Demonstra ¸c ˜ao. Pois

f(a−a) =f(0) =0=f(a) +f(−a) da´ı f(−a) = −f(a).

$

Corol ´ario 1.

f(a−b) =f(a) +f(−b) =f(a) −f(b).

b

Propriedade 5.Se a ´e invert´ıvel ent˜aof(a) ´e invert´ıvel e vale f(a−1) =f(a)−1. ê Demonstra ¸c ˜ao.

f(a.a−1) =f(1) =1=f(a).f(a−1)

ent˜ao pela unicidade de inverso em corpos segue que f(a)−1 =f(a−1).

b

Propriedade 6. f ´e injetora.

ê Demonstra ¸c ˜ao. Sejamx, ytais quef(x) =f(y), logof(x)−f(y) =0,f(x−y) = 0, se x 6=y ent˜ao x−y seria invert´ıvel logo f(x−y) n˜ao seria nulo, ent˜ao segue que x=y.

b

Propriedade 7. f(A) ´e subcorpo de B. ê Demonstra ¸c ˜ao.

• A adi¸c˜ao ´e fechada, dados a=f(x) e b=f(y) ent˜ao a+b∈f(A) pois f(x+y) =f(x) +f(y) =a+b.

• O produto ´e fechado, pois f(x.y) =f(x).f(y) =a.b.

• −a∈f(A) pois f(−x) = −f(x) = −a.

• Se a6=0 ent˜ao a−1 ∈f(A) pois f(x−1) =f(x)−1, x6=0 pois se fosse x =0 ent˜ao a=0, logo x ´e invert´ıvel.

(7)

CAP´ITULO 1. CORPOS FINITOS 6

b

Propriedade 8. Se f ´e bijetora ent˜ao a fun¸c˜ao inversa f−1 de f ´e um homo- morfismo.

ê Demonstra ¸c ˜ao. Sejam a=f−1(x) e b=f−1(y).

• f−1(1) =1 pois f(1) =1.

f−1(x+y) =f−1(f(a) +f(b)) =f−1(f(a+b)) =a+b=f−1(x) +f−1(y).

f−1(x.y) =f−1(f(a).f(b)) = f−1(f(a.b)) =a.b =f−1(x).f−1(y).

m

Defini ¸c ˜ao 3 (Isomorfismo). Um Isomorfismo ´e um homomorfismo bijetor.

Dois corpos s˜ao ditos isomorfos se existir um isomorfismo entre eles. Para todos os efeitos dois corpo isomorfos s˜ao considerados idˆenticos.

b

Propriedade 9. K com car(K) =p possui um subcorpo isomorfo `a Zp.

ê Demonstra ¸c ˜ao. Consideramos a fun¸c˜ao f:Zp →K definida como f(n) =n.1. f ´e um homomorfismo pois

f(n+m) = (n+m).1=n.1+m.1=f(n) +f(m) f(n.m) =n.m(1) = (n.1).(m.1) =f(n).f(m).

f(1) =1.1=1.

$

Corol ´ario 2. f(Zp) ´e um subcorpo de K isomorfo a Zp.

$

Corol ´ario 3. Um corpo finito de caracter´ıstica p possui pn elementos, para algum n natural .

(8)

CAP´ITULO 1. CORPOS FINITOS 7

1.1.1 Potˆencias da caracter´ıstica

b

Propriedade 10. Sejam K corpo finito de caracter´ıstica p e com q = pn, n >0∈N, vale

(a±b)q =aq±bq

ê Demonstra ¸c ˜ao. Por indu¸c˜ao sobre n, para n=1 vale que (a±b)p =ap±bp,

pois

(a+b)p = Xp

k=0

p

k

ak.bp−k =ap+ [ Xp−1

k=1

p

k

ak.bp−k] +bp,

por´em p|

p

k

com 0< k < p, pois vale se k=1, e

p

1

=p, caso 1< k < p, temos

p

k

= p!

k!(p−k)! = p× · · · ×(p−k+1)(p−k)!

k!(p−k)! = p× · · · ×(p−k+1)

k! ,

da´ı k! ´e composto e por isso n˜ao divide o primo p, por isso tal fator ´e m´ultiplo de p e portanto nulo num corpo de caracter´ıstica p, de onde segue

(a+b)p =ap+ [ Xp−1

k=1

p

k

ak.bp−k]

| {z }

0

+bp=ap+bp.

Isso prova o caso base. Supondo para n, vamos provar para n+1

(a±b)pn+1 = [(a±b)pn]p = [apn ±bpn]p =apn+1±bpn+1.

$

Corol ´ario 4. Vale que

( Xn

k=1

ak)q = Xn

k=1

aqk e

( Xn

k=1

akXk)q = Xn

k=1

aqkXkq

(9)

CAP´ITULO 1. CORPOS FINITOS 8

b

Propriedade 11. Seja K um corpo com car(K) =p, ent˜ao a fun¸c˜ao f:K→R dada por f(x) =xq ( com q=pn ) ´e um isomorfismo.

ê Demonstra ¸c ˜ao. Vale que

f(a+b) = (a+b)q =aq+bq =f(a) +f(b) ,

f(a.b) = (a.b)q =aq.bq =f(a).f(b) e

f(1) =1q =1

, logo temos um homomorfismo. Como f ´e injetora e K ´e finito, f ´e bijetora, logo temos um isomorfismo.

b

Propriedade 12. Seja K um corpo com car(k) = p e F = {a ∈ K|aq = a} ent˜ao F ´e subcorpo de K.

ê Demonstra ¸c ˜ao.

Basta mostrar que a, b∈F implica a−b∈F e a b ∈F.

(a−b)q =aq−bq =a−b (a

b)q = aq bq = a

b.

b

Propriedade 13. Seja P(x)∈K[x] . TemosP0(X) =0 sse existe um polinˆomio Q(x)∈K[x] tal que [Q(x)]p =P(x)

ê Demonstra ¸c ˜ao. ⇒ P(x) ´e da forma P(x) =akxk, derivando P0(x) =

Xn

k=0

ak.kxk−1 = Xn

k=1

ak.kxk−1=0 da´ı ak.k=0, se ak 6=0 ent˜ao p|k o que nos permite escrever

P(x) = Xn

k=0

ak.p0 xk.p

(10)

CAP´ITULO 1. CORPOS FINITOS 9

pelo resultado anterior ak.p0 =bpk ent˜ao P(x) =

Xn k=0

bpkxk.p = ( Xn

k=0

bkxk)p.

P(x) = Xn

k=0

apkxk.p derivando

P0(x) = Xn

k=0

apk(k.p)xk.p−1=0.

b

Propriedade 14. P(x) =xq−x n˜ao possui fatores irredut´ıveis m´ultiplos em F[x].

ê Demonstra ¸c ˜ao. Derivando temos P0(x) = −1, da´ı P(x) e P0(x) s˜ao primos entre si .

b

Propriedade 15. Seja K um corpo finito com n elementos, para todo a∈K tem-se que

an−1 =1.

ê Demonstra ¸c ˜ao. Considere a fun¸c˜ao f dada por K → K

x 7→ a.x

f ´e injetora e como K ´e finito segue que f ´e bijetora, sendo K ={xk, k∈In−1}

vale que

{a.xk, k∈In−1}={xk, k∈In−1} tomando o produto de todos esses elementos tem-se

Yn−1 k=1

(a.xk) =an−1. Yn−1

k=1

(xk) = Yn

k=1

(xk) logo an−1 =1.

(11)

CAP´ITULO 1. CORPOS FINITOS 10

$

Corol ´ario 5. Sendo K um corpo finito com n elementos, para todo x ∈ K e para todo t ∈N vale que

ant =a.

b

Propriedade 16. Sejam K um corpo finito com car(K) =p e n elementos, F uma extens˜ao deK, ent˜ao os elementos de K s˜ao os elementos de F que s˜ao ra´ızes de Xn =X.

ê Demonstra ¸c ˜ao. Sabemos que os elementos de K s˜ao ra´ızes do polinˆomio Xn = X, mas esse polinˆomio tendo grau n possui no m´aximo n ra´ızes, logo suas ra´ızes s˜ao todos elementos de K.

m

Defini ¸c ˜ao 4 (Ordem de um elemento). A ordem de x ∈K ´e o natural n tal que

ord(x) =min{n >0∈N|an =1}

b

Propriedade 17. Seja K um corpo finito com n elementos e seja a ∈ K. Se para algum inteiro positivo m tem-se am = 1 ent˜ao ord(a)|m, em especial ord(a)|n−1.

ê Demonstra ¸c ˜ao. Dividimos m por ord(a), m = ord(a).s+r onde 0 ≤ r <

ord(a) ent˜ao

am=aord(a).sar =1=ar

da´ı r=0 pois se n˜ao a minimalidade de ord(a) estaria comprometida .

b

Propriedade 18. Seja Kum corpo finito,a, b∈Kcommdc(ord(a), ord(b)) = 1 ent˜ao ord(a.b) =ord(a).ord(b).

ê Demonstra ¸c ˜ao. Seja m = ord(a) e n = ord(b). Vale que (a.b)n.m = 1 e se (a.b)t =1 ent˜ao

1= (a.b)t.m =bt.m

(12)

CAP´ITULO 1. CORPOS FINITOS 11

da mesma maneira

1= (a.b)t.n =at.n

isso significa que m|tn e n|tm por termos mdc(n, m) =1 segue que m.n|t da´ı

m.n=min{t >0|(a.b)t =1}

logo ord(a.b) =ord(a).ord(b).

b

Propriedade 19. Seja K um corpo finito a ∈ K e n ∈ N, se ord(a) = m ent˜ao

ord(an) = m mdc(m, n).

ê Demonstra ¸c ˜ao. Seja t =ord(an) logo t ´e o menor tal que an.t =1,

t ´e o menor n ´umero tal que m|n.t, da´ı n.t=mmc(m, n) t= mmc(m, n)

n = m

mdc(m, n) onde usamos a identidade m.n=mmc(m, n).mdc(m, n).

FTeorema 1. Para cada primoP en≥1 natural existe um corpo finito de ordem pn denotado por Fpn, unicamente determinado como um subcorpo de um fecho alg´ebrico Fap, sendo o corpo de decomposi¸c˜ao do polinˆomio Xpn −X, os elementos de Fpn s˜ao as ra´ızes de tal polinˆomio. Cada corpo finito ´e isomorfo a exatamente um corpo FPn, usualmente denotamos pn=q e da´ı Fq no lugar de Fpn.

ê Demonstra ¸c ˜ao.

b

Propriedade 20. Seja Fq um corpo finito n ≥ 1 ∈ N, em um dado fecho alg´ebricoFaq existe uma e apenas extens˜ao de Fq de grau ne tal extens˜ao ´e o corpo Fqn.

ê Demonstra ¸c ˜ao.

(13)

CAP´ITULO 1. CORPOS FINITOS 12

F Teorema 2. O grupo multiplicativo de um corpo finito ´e c´ıclico . ê Demonstra ¸c ˜ao.

m

Defini ¸c ˜ao 5 (Fun¸c˜ao de Frobenius). A fun¸c˜ao f : Fq → Fq com f(x) =xp ´e um automorfismo que fixa Fp, chamada fun¸c˜ao de Frobenius.

F Teorema 3. O grupo de automorfismos de Fq ´e c´ıclico de grau n e gerado por f, fun¸c˜ao de Frobenius .

ê Demonstra ¸c ˜ao. Seja G o grupo gerado por f, notamos que fn = I, pois fn(x) =xpn =x ∀x∈Fq.

Seja d p per´ıodo para f, d≥1, temos

fd(x) =xpd =x∀ x∈Fq ent˜ao x∈fq ´e raiz da equa¸c˜ao

xpd−x =0

que tem at´e pd ra´ızes, logo d≥ n, usando d ≤ n ent˜ao d =n. Falta mostrar que G

´e o grupo de todos automorfismos de Fq. Qualquer autormorfismo de Fq deve deixar Fp fixado ent˜ao ´e um automorfismo de Fq sobre Fp. O n ´umero de tais automorfismos

´e ≤[Fq :Fp] =n, Fq n˜ao pode ter outro automorfismo exceto aqueles de G.

b

Propriedade 21. Sejam m, n inteiros ≥1, em qualquer fecho alg´ebrico de Fp, o subcorpo Fpn est´a contido em Fpm ⇔ n|m . Se esse ´e o caso seja q = pn e m=nd, ent˜ao Fpm ´e normal e separ´avel sobre Fq, e o grupo de automorfismos de Fpm sobre Fq ´e c´ıclico de ordem d, gerado por fn.

ê Demonstra ¸c ˜ao.

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