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Como se Deve Crer no Evangelho?

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Como se Deve Crer no Evangelho?

Por Silvio Dutra

Ago/2019

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A474

Alves, Silvio Dutra

Como se deve crer no Evangelho?

Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019.

26p.; 14,8 x21cm

1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Alves, Silvio Dutra.

I. Título.

CDD 252

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Se Jesus tivesse dito ao jovem rico, quando este lhe perguntou o que deveria fazer para entrar na vida eterna, que ele deveria simplesmente crer nEle, o jovem poderia dizer que sim que ele acreditava que Jesus era o Messias. No entanto, sabemos que os próprios demônios creem que Jesus é o Filho Unigênito de Deus, e nem mesmo por isso são salvos.

Então a fé que salva deve ser muito mais do que simplesmente proferir com os lábios que cremos em Jesus e que ele é o Salvador do mundo.

Somos chamados a declarar a nossa fé nEle, mas isto deve ser acompanhado por uma firme confiança no coração de que somos pecadores, e que isto nos entristece porque sabemos que entristece o próprio coração de Deus, e por isso nos arrependemos e corremos ao Senhor pedindo-lhe que nos perdoe, nos purifique e nossa salve. Ainda que não expressemos todas estas coisas é necessário ser convencido pelo Espírito Santo e sermos conduzidos a este estado contrito de alma, para que tenhamos um encontro real com Cristo.

Imagine se a um fariseu ou a um escriba dos dias de Jesus, que alinhasse entre aqueles que eram

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blasfemadores do Espírito Santo, e que diziam que Jesus expulsava os espíritos malignos pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios, quando sabiam em seu interior que era pelo poder de Deus que Ele o fazia, se à hora da morte dissessem simplesmente que eles criam agora que Jesus era o Salvador. Este tipo de fé falsa não os salvaria, porque Deus olha para o coração dos homens e não para o seu exterior ou àquilo que eles falam.

Em razão de tais possibilidades é que encontramos um grande embate de Jesus em seu ministério terreno, com os judeus incrédulos, e sobretudo com os escribas e fariseus.

Sempre que lermos ou ouvirmos o Novo Testamento, inclusive as próprias palavras de Jesus nos evangelhos, tudo deve ser submetido à luz da Nova Aliança que Ele veio inaugurar com o Seu sacrifício na cruz.

Esta Nova Aliança está vigorando desde a Sua morte e ressurreição, no período chamado de dispensação da graça, e todos aqueles que professam servir a Deus, o Seu reino e justiça, devem se ater à pregação e ensino do evangelho da salvação de pecadores, porque este é o

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grande e principal propósito da primeira vinda de Jesus a este mundo.

“16 Os escribas e os fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come [e bebe] ele com os publicanos e pecadores?

17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes;

não vim chamar justos, e sim pecadores.”

(Marcos 2.16,17)

“46 Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.

47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.” (João 12.46,47)

Como Jesus mesmo expressou tão categoricamente, o propósito central dEle na presente dispensação, enquanto ela durar, é de salvar e não de condenar pecadores.

Não é o evangelho que condena o pecador, mas a rejeição do evangelho, porque sendo rejeitado, o pecador permanecerá debaixo da maldição e da condenação da Lei.

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Então, ao lermos passagens como as que encontramos no capítulo 16 de Lucas, nosso Senhor não teve qualquer propósito legalista de incentivar os pecadores a buscarem a justificação que conduz à vida eterna, pelo caminho da prática das obras da Lei, e nem mesmo meramente para condenar procedimentos errados.

Tudo quanto Ele carregava em Seu coração é que a fé despertasse no coração dos ouvintes e assim pudessem ser salvos por crerem nEle, uma vez que a fé vem por se ouvir a Palavra de Deus.

Quando apontava seus erros não tinha o propósito de condená-los e desencorajá-los a irem a Deus em busca de perdão, mas exatamente o oposto, pois, pretendia que fossem convencidos de que eram pecadores, e que necessitavam se arrepender de seus pecados, pois sem isto, não poderiam se converter em verdadeiros filhos de Deus.

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A Parábola do Administrador Infiel (Lucas 16.1- 12)

“1 Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como quem estava a defraudar os seus bens.

2 Então, mandando-o chamar, lhe disse: Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, porque já não podes mais continuar nela.

3 Disse o administrador consigo mesmo: Que farei, pois o meu Senhor me tira a administração? Trabalhar na terra não posso;

também de mendigar tenho vergonha.

4 Eu sei o que farei, para que, quando for demitido da administração, me recebam em suas casas.

5 Tendo chamado cada um dos devedores do seu Senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu patrão?

6 Respondeu ele: Cem cados de azeite. Então, disse: Toma a tua conta, assenta-te depressa e escreve cinquenta.

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7 Depois, perguntou a outro: Tu, quanto deves?

Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-lhe:

Toma a tua conta e escreve oitenta.

8 E elogiou o Senhor o administrador infiel porque se houvera atiladamente, porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz.

9 E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos.

10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito;

e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.

11 Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?

12 Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?

Por uma leitura apressada desta parábola, alguém poderia indagar o que é que ela tem a ver com o pretendido ensino do evangelho por Jesus?

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Todavia, uma coisa não deve ser esquecida, que ela faz parte do conjunto de parábolas que Jesus disse na presença dos escribas e fariseus, que eram justos a seus próprios olhos, e condenavam todos os pecadores, considerando- os não serem tão justos quanto eles.

Além disso, eles estavam reprovando Jesus por estar ministrando a estes pecadores que eles desprezavam, e até mesmo comendo com eles.

Isto deu ocasião a que o Senhor lhes repreendesse em seu erro, por meio de parábolas, tendo começado com a da ovelha perdida, e passando depois pelas da dracma perdia e a do filho pródigo, e agora continuou com as deste 16º capítulo. Os escribas e fariseus, em sua grande maioria, não entenderiam, mas os discípulos de Jesus, entenderiam, e assim não se escandalizariam com as dúvidas que o diabo buscava injetar neles através da oposição dos escribas e fariseus.

O administrador infiel da parábola era uma referência velada aos escribas e fariseus que usavam as verdades que pertenciam a Deus, e que foram colocadas na dispensação da Lei, sob a guarda dos levitas e líderes religiosos de Israel, para serem administradas fielmente ao povo de Israel em nome do Senhor.

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Mas, eles não foram fiéis no uso destes bens divinos, e adulteraram a Lei com os Seus preceitos, com vistas a agradarem os homens, e assim serem aprovados por eles, apesar de à custa de enganar o Senhor deles, e também para auferirem vantagens para si mesmos. Mas, eles seriam por fim expulsos pelo Senhor, e como que antecipando isto, corromperam-se ainda mais em sua função, em vez de se arrependerem.

Se eles não foram fiéis com as coisas da Antiga Aliança, quanto mais não seriam com as da Nova Aliança. Estas então não lhes seriam confiadas por Deus, porque aquelas não eram eternas, mas estas são preciosas e eternas, e demandam completa santificação para a sua proclamação.

Assim, eles não entrariam, de modo algum, na posse e administração dos bens duradouros e melhores da nova aliança, em razão da infidelidade deles.

Seja o que for que tenhamos, a propriedade de todas as coisas pertence a Deus; nós somente recebemos a graça de usufruir destas conforme o mandamento de nosso Senhor, e para a sua honra. Este mordomo desperdiçou os bens de seu Senhor. Todos estamos sob a mesma acusação; não tiramos o devido proveito daquilo

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que Deus tem colocado sob nossa responsabilidade. O mordomo não podia negar este fato; deveria prestar contas e ir embora.

Este exemplo pode nos ensinar que a morte virá, e nos privará das oportunidades que temos agora. O mordomo ganhará amigos dentre os devedores e inquilinos de seu Senhor, eliminando uma parte considerável da dívida deles para com este. O Senhor a quem é feita alusão nesta parábola não elogiou a fraude, mas o procedimento do mordomo. Somente destaca- se neste aspecto. Os homens mundanos são néscios ao escolherem os seus objetivos, mas em sua atividade e perseverança, são muitas vezes mais sábios do que os crentes. O injusto mordomo não nos é dado como exemplo de engano para com o seu Senhor, nem como justificativa da desonestidade, mas para destacar o cuidado que os homens mundanos dedicam. Bom seria que os filhos da luz aprendessem uma parte da sabedoria e prudência dos homens do mundo, e seguissem com igual diligência o seu objetivo como cristãos, que é melhor do que o daqueles que não conhecem a Deus.

As verdadeiras riquezas significam bênçãos espirituais; e se um homem gasta ou acumula aquilo que Deus lhe tem confiado, quanto às coisas exteriores, que prova poderá ter de que é

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herdeiro de Deus por meio de Cristo? As riquezas deste mundo são enganosas e incertas.

Convençamo-nos de que são verdadeiramente ricos, e muito ricos, aqueles que são ricos na fé, ricos para com Deus, ricos em Cristo e em suas promessas; então, acumulemos o nosso tesouro no céu, e esperemos de lá a nossa porção.

Lucas 16.13-17:

13 Ninguém pode servir a dois Senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

14 Os fariseus, que eram avarentos, ouviam tudo isto e o ridiculizavam.

15 Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus.

16 A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.

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17 E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei.

Estas palavras de Jesus são uma aplicação da Parábola que ele havia falado anteriormente, sobre o administrador infiel. Quando apontou a incompatibilidade entre interesses pessoais egoístas e avarentos com o serviço que deve ser prestado a Deus. Ninguém será um administrador fiel das coisas do Reino dos céus, enquanto estiver sob o domínio de um coração avarento e cobiçoso, como era o caso dos escribas e fariseus.

Não temos outra maneira de provar para nós mesmos que somos de fato servos de Deus do que a de nos darmos inteiramente ao seu serviço, bem como fazer de Mamom, ou seja, de todo o nosso ganho mundano, utilizável para o seu serviço (v. 13) : Nenhum servo pode servir a dois senhores, cujos interesses e comandos são tão diferentes quanto os que são de Deus e os que são de Mamom.

Se alguém amar o mundo, automaticamente desprezará a Deus e se fará seu inimigo.

As exigências do serviço a Deus poderão colidir em muitos pontos com os seus interesses mundanos, quer no que tange à qualidade e tipo

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destes interesses, quer quanto ao tempo necessário para ser despendido com Deus.

O que está em foco não é se devemos ou não nos ocupar com atividades seculares, pois isto é necessário na maioria dos casos dos crentes que necessitam fazê-lo para a sua subsistência e de seus familiares. Havendo inclusive ordens específicas de Deus que trabalhemos para atender a tal propósito.

Então em que consiste esta incompatibilidade entre o serviço de Deus e o de Mamom.

Simplesmente no princípio que governa os nossos corações, pois como já dissemos antes, os ganhos que temos de Mamom devem atender aos interesses do reino de Deus e serem usados para a Sua glória, e nisto se inclui o nosso cuidado pessoal e de nossos familiares, ou de outros que estiverem sob o nosso cuidado providencial.

Mas, em todo o caso, devemos considerar que com estas palavras, nosso Senhor visava sobretudo responder aos fariseus que haviam ficado indignados com a parábola que ele havia contado sobre o administrador infiel, citada no início deste capítulo, por entenderem que estava se referindo a eles.

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Os fariseus eram gananciosos, como se afirma no texto.

Eles estavam zombando de Jesus por estar ensinando tais coisas que contrariavam seus interesses gananciosos, pois na condição de religiosos não buscavam o que fosse para a glória de Deus, senão para atender a seus próprios interesses gananciosos.

Não admira que tivessem ficado ofendidos, pois faziam da religião uma ocasião para ganho financeiro pessoal, e não para salvar e edificar almas na verdade da Palavra de Deus

Então nosso Senhor demonstrou quão incompatíveis eram os interesses deles com os de Deus a quem eles diziam representar na terra.

Como eram muito estimados pelo povo, que ignorava a verdadeira condição deles perante Deus, consideravam-se justificados e elevados, todavia nosso Senhor lhes alertou que não eram elevados, mas uma abominação aos olhos de Deus.

Eles tinham ainda contra eles e seus interesses o fato de que o evangelho estava inaugurando uma nova dispensação e todo o sistema judaico

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da antiga aliança cairia, e como era nele que estava baseada a ministração deles, teriam o seu negócio arruinado, pois estavam fazendo um uso indevido da religião.

A antiga aliança seria revogada (o sistema de culto), mas não a Lei, e por isso nosso Senhor fez questão de finalizar afirmando que seria mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til (menor caráter da lei juntamente com o iota). A eles cabia ensinar e cumprir a lei e não corrompê-la e descumpri-la conforme era o costume deles, e portanto seriam devidamente julgados e condenados por Deus.

Nos dias de Lutero, quando os líderes da Igreja Romana agiam de maneira gananciosa e adulterada conforme os escribas e fariseus dos dias de Jesus, um dos seus prelados disse que se a doutrina da justificação simplesmente pela fé, conforme Lutero estava pregando e afirmando, tivesse grande recepção por parte do povo, eles estariam arruinados. Certamente ficariam desprovidos de muitos de seus ganhos por meio de indulgências vendidas para tirar almas do purgatório inventado por eles, para mantê-las sob servidão e aumentando sempre os seus ganhos financeiros. Eles não apontavam unicamente para Cristo para a salvação da alma, mas para os méritos da própria Igreja, e essa

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superstição fez escravos por séculos para o enriquecimento de muitos religiosos. E isto ainda acontece no mundo, até mesmo no próprio meio Protestante, quando se deixa a sã doutrina de lado, para se atender não aos interesses do Reino de Deus, mas aos dos próprios homens que sejam gananciosos e interesseiros como os escribas e fariseus dos dias de Jesus.

Lucas 16.18 - Vide Mateus 19.9-12

“18 Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério.”

Esta passagem parece estar deslocada de contexto, mas possivelmente foi usada por Jesus para a conclusão do que havia falado antes, uma vez que estava tratando de infidelidade e da impossibilidade de se servir a dois senhores.

Como a mulher casada está ligada pela Lei ao marido, enquanto ele vive, de igual modo, os escribas e fariseus ainda encontravam-se sob o laço de compromisso com a Lei de Moisés, pois a Nova Aliança ainda não havia entrado em vigor. Eles deveriam servir fielmente a Deus nos termos da Lei, e não adulterarem a Lei, para

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atenderem a seus próprios interesses. E todos aqueles que se associassem a eles, pensando que estavam livres de tal compromisso imposto por Deus, também eram considerados infiéis.

Lucas 16.19-31:

“19 Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente.

20 Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele;

21 e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras.

22 Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.

23 No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.

24 Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que

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molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.

25 Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos.

26 E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós.

27 Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,

28 porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.

29 Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.

30 Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender- se-ão.

31 Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão

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persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.”

Aqui as coisas espirituais estão representadas por uma descrição do diferente estado do justo e do injusto neste mundo e no porvir. Não nos é dito que o rico obteve a sua fortuna por meio de fraude ou de opressão; porém, Cristo mostra que um homem pode ter muitas riquezas, pompa e prazer neste mundo, e perecer para sempre sob a ira e a maldição de Deus. O pecado deste rico era que somente fazia provisão para si mesmo. Aqui há um santo varão, nas profundezas da adversidade e da angústia que será feliz para sempre no porvir.

Muitas vezes a sorte de alguns dos santos e servos mais amados de Deus é a de serem grandemente afligidos neste mundo. Não nos é dito que o rico tenha infligido algum dano a Lázaro, o pobre, mas não encontramos que tivesse se interessado por este.

Aqui está a diferente condição, após a morte, de um pobre e santo, e de um rico ímpio. o rico, no inferno, levantou os olhos, estando em tormentos. Não é provável que existam conversas entre os santos glorificados e os pecadores condenados; porém, este diálogo mostra a miséria e o desespero, e os desejos

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infrutíferos nos quais entram os espíritos condenados. Chegará o dia em que aqueles que hoje odeiam e desprezam o povo de Deus, receberão alegremente a bondade deles;

porém, o condenado no inferno jamais terá o mínimo alívio de seu tormento.

Os pecadores são agora chamados a ponderar a respeito de suas vidas, mas não o fazem, não querem fazê-lo e encontram maneiras de evitá- lo. Como as pessoas más somente possuem boas coisas nesta vida, e na morte são para sempre separados de todo o bem, assim, o povo santo sofre situações más somente nesta vida, e na morte são para sempre separados delas. Bendito seja Deus, que neste mundo não exista um abismo insondável entre o estado natural e a graça; podemos passar do pecado a Deus, mas se morrermos em nossos pecados, não haverá saída.

O rico tinha cinco irmãos, e teria desejado detê- los em seu rumo pecaminoso. Chegarem a este lugar de tormentos pioraria a sua desgraça, pois teria ajudado a mostrar-lhes o caminho a este lugar. Quantos desejariam agora retratar-se ou desfazer o que escreveram ou fizeram!

Aqueles que gostariam que o pedido do rico a Abraão justificasse orar aos santos já mortos,

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ficam deste modo tão longe de ter provas verdadeiras, quando o erro do pecador condenado é tudo o que podem encontrar como exemplo. É óbvio que não haveria qualquer estímulo para seguir o exemplo daquele homem rico, uma vez que todas as suas petições foram feitas em vão.

Um mensageiro vindo dentre os mortos não poderia dizer mais do que aquilo que foi dito nas Escrituras. A mesma força da corrupção que irrompe através das convicções da Palavra escrita, triunfaria acima de um testemunho de mortos. Busquemos a lei e o testemunho (Is 8.19, 20), porque esta é a palavra correta da profecia, sobre a qual podemos ter a maior certeza (2 Pe 1.19). As circunstâncias de cada época mostram que os terrores e os argumentos não podem dar o verdadeiro arrependimento sem a graça especial de Deus, que renova o coração do pecador.

Nesta parábola do rico e do mendigo, Jesus usou esta expressão Moisés e os Profetas, que era uma das formas de se referir a todo o conjunto das Escrituras do Antigo Testamento, que foram produzidas por revelação e inspiração de Deus.

Não é nosso propósito neste momento comentar toda a parábola, mas destacar um dos

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seus pontos muito importantes, para que possamos entender o modo designado por Deus para a salvação das nossas almas.

O rico, estando no inferno, pensava erroneamente que poderia ter sido salvo por um sinal poderoso que lhe fosse enviado do céu, como o envio do mendigo Lázaro a seus cinco irmãos que ainda viviam na terra, para lhes servir de testemunho, vendo o estado de glória em que ele se encontrava, pois o haviam conhecido muito bem em sua miséria quando vivia na terra, e no entender do rico, isto lhes convenceria de que havia de fato um céu.

Foi dado como resposta ao seu pedido, simplesmente que seus irmãos deveriam ouvir Moisés e os profetas, ou seja, as Escrituras, para que fossem salvos.

Ou seja, eles deveriam dar atenção ao testemunho que as Escrituras dão relativamente à santidade de Deus e de Cristo, como também da ruína completa dos homens em face da sua natureza pecaminosa, mas que Deus, em Sua misericórdia afirma que o justo viverá pela fé, ou seja ele terá vida eterna, pela fé na Palavra do Senhor.

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Este é o significado interior de se ouvir Moisés e os profetas.

É o de nos arrependermos de nossa condição caída e buscar refúgio na graça do Senhor Jesus que nos está sendo oferecida gratuitamente por darmos crédito à Sua Palavra.

O firme fundamento repousa nisto, a saber, em se honrar a Palavra do Senhor, porque Ele dá muita honra à mesma.

Por isso nos deu a revelação da Sua pessoa e vontade nas Escrituras, para que mesmo sem um sinal visível do céu, sem qualquer coisa extraordinária que nos seja enviada por Ele para ser testemunhada pela nossa visão natural, creiamos em tudo o que Ele afirma na Sua Palavra escrita, de modo que demonstramos com isso que damos de fato crédito ao que Ele tem dito.

Não foi justamente o oposto disto que aconteceu na queda do jardim do Éden?

O homem e a mulher deram crédito à palavra da serpente e desconsideram aquilo que Deus lhes havia falado.

Então não seria por nenhum sinal enviado do céu, como o rico da parábola insistiu pedindo

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que outras pessoas que haviam morrido e ressuscitado, fossem enviadas a seus irmãos para que eles cressem.

Mas esta foi a resposta que lhe foi dada:

“Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.”

Não porque fossem duros o bastante para não reconhecer o poder de Deus em ressuscitar, mas porque não foi este o método designado por Deus para a salvação, que é o de ter fé na Sua palavra revelada, de modo que a fé vem pelo ouvir a Palavra.

Não será pela visão do arcanjo Miguel, de um Serafim, dos querubins, do próprio Cristo, que alguém será salvo.

A salvação sempre ocorrerá somente quando acolhermos com mansidão e fé a Palavra do Senhor.

Hoje, temos mais do que Moisés e os profetas, porque por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, temos também as Escrituras do Novo Testamento.

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Então temos uma maior e melhor razão para crermos, lendo, amando, acolhendo e praticando a Palavra de Deus. Pela fé em tudo o que nos tem sido revelado por Ele, para que crendo em Sua Palavra, que nos aponta Cristo, como nossa única esperança, sejamos salvos.

Ouvir com fé. Esta é a chave que nos conduz para o céu e para a vida do céu.

Lembremos sempre desta afirmação solene, que é a fórmula da salvação:

“...Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.”

Referências

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