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Ofi /GAB Belo Horizonte, 1º de fevereiro de 2017

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Ofi 2017.16/GAB Belo Horizonte, 1º de fevereiro de 2017

Exmo. Sr. Prefeito de Uberlância, Odelmo Leão,

Com cordiais cumprimentos, gostaria, primeiramente, de parabenizá-lo pela vitória nas eleições e desejar a V. Exa. sucesso em sua Administração.

Uberlândia é uma importantíssima cidade de nosso Estado, na qual, inclusive, tenho muitos amigos. Como presidente da Comissão Extraordinária de Proteção dos Animais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais por dois anos, recebi muitos pedidos de cidadãos de seu município para ajudar os animais. Foram, principalmente, denúncias de maus-tratos, pedidos de apoio para alguma Ong ou ativistas de apoio à causa, além de muitos relatos de animais abandonados.

A causa animal, para mim, vai além de questões políticas. Desde sempre tive um carinho especial por eles e, desde criança, convivi com muitos animais. Aprendi a respeitá-los e percebi, desde cedo, que eles têm sentimentos, sentem medo, dor e sofrem. Quando ingressei na política, sabia que poderia fazer mais pela causa e decidi dar voz a esses seres, lutar por eles.

Fui vereador por dois mandatos em Juiz de Fora-MG e lá conseguimos muitas conquistas, como a aprovação da lei que proíbe a apresentação de animais em circos e a que extingue gradativamente o trânsito de carroças no município, por exemplo. Hoje, depois de muita luta, o município conta com um Núcleo de Atendimento às Ocorrências de Maus-Tratos aos Animais, vinculado à Polícia Civil. Trabalhar políticas públicas de proteção e bem-estar animal sempre foi uma das minhas principais bandeiras, não só pelo amor, mas por saber que me empenhando pela causa também estaria ajudando a saúde pública.

Há muito tempo venho tentando sensibilizar os gestores sobre a importância de se investir em políticas públicas voltadas para o bem-estar dos animais. Hoje, como deputado estadual, tenho conseguido conquistas importantes para nosso Estado. Mas muito ainda precisa ser feito para que possamos alcançar uma outra realidade em

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Minas, punindo quem cometer maus-tratos, cuidando dos animais abandonados - e tendo ações que evitem a prática do abandono -, investindo em ações de controle ético populacional de cães e gatos e, tão importante quanto as demais ações, trabalhando a conscientização da população.

Como deputado, consegui incluir ações no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) do Governo de Minas para a causa animal. Com isso, consegui destinar emendas para que a ONG Aliança Juizforana pela Defesa dos Animais (Ajuda) adquirisse castramóveis para trabalhar no controle ético populacional de cães e gatos.

Os veículos estão equipados e atendem diversas cidades pelo estado afora, ajudando muitos animais. A equipe já realizou milhares de castrações em cerca de um ano de atividades, além de diversas outras ações de educação ambiental e de resgate.

Por isso, gostaria de sugerir algumas ações em prol dos animais de seu município. Com pouco recurso, Uberlândia pode fazer a diferença e contagiar outras cidades a desenvolver políticas públicas sérias, que farão grande diferença não só para os animais, mas para toda a população.

Se um animal for atropelado hoje em sua cidade há grande possibilidade dele ser resgatado. Uma pessoa passa, se compadece, posta nas redes sociais e, logo logo, aparece um herói, que na maioria das vezes não tem recurso, não tem facilidade em transportar esse animal, mas não tem coragem de dormir sabendo que tem um ser atropelado e que, se não for ele, o animal ficará agonizando até a morte.

O resgate desses animais é feito por Ongs, protetores independentes ou por um morador. Essa pessoa vai levar o animal até o veterinário e quem arca com as despesas? São as próprias Ongs, os ativistas, protetores independentes, muitos já com contas altas nas clínicas, pela quantidade de animais que são recuperados por eles. Na maioria das vezes, essas pessoas realizam eventos, vendem rifas e pedem doações para arcar com os custos das clínicas veterinárias e até mesmo para comprar a ração que dão de alimento para os animais resgatados, que eles abrigam, muitas vezes, sem condições. Depois ainda organizam eventos de adoção, na expectativa de conseguir

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todos os animais são adotados e, neste caso, quem continua responsável por eles são essas mesmas pessoas, que os mantêm em suas casas, abrigos improvisados, mas que são incapazes de devolver esses animais para as ruas, pois sabem o quanto isso é triste e o quanto contribui cada vez mais para o abandono e a proliferação do número de animais de rua. Quando o caso se refere a um animal deficiente ou doente, com poucas chances de recuperação, dificilmente ele será adotado, vai ficar com Ongs e protetores por muito tempo. E eles, sem dinheiro e sem recursos, vão precisar pedir apoio a entidades, empresas e continuar lutando para ajudar esses animais. Essas pessoas, na maioria das vezes, têm sua vida, seus afazeres, e são verdadeiras guerreiras, fazendo a função que é do poder público.

Então, o que eu tenho a sugerir é que V. Exa. ouça essas pessoas, que o senhor dê voz e entenda o sentimento de cada uma delas. Que V. Exa. possa fazer uma análise e verificar o que cada uma dessas pessoas passa no seu dia a dia, financeiramente, com seu tempo comprometido, seu psicológico abalado por cada ato, por cada animal que ficou sem resgate, por cada conta pendurada com o veterinário, por sua falta de recurso para comprar a ração e os medicamentos que os animais necessitam. Experimente visitar a casa de uma dessas pessoas ou um abrigo.

Conheça a história dos animais que ali estão, preste atenção e pense em tudo o que eles viveram. A partir daí, V. Exa. não vai pensar apenas em dar apoio a essas pessoas. Como tem uma visão ampla, vai logo pensar em como acabar com o sofrimento deles, dos ativistas e dos animais. E este é o primeiro passo: a sensibilização, o envolvimento, pois se conseguimos chegar a este passo, já vai ser um grande avanço.

Investir na prevenção com relação aos animais é investir na prevenção da saúde pública. Se as cidades não fizerem isso, não vai demorar muito para que estejam se mobilizando como fizeram para combater doenças como a dengue, zika, chikungunya e, agora, a febre amarela. O aumento do número de animais de rua aumenta também o risco de transmissão de zoonoses, o que deve ser tratado com cuidado e atenção pelas administrações municipais. Hoje, em todo o país, muito pouco é feito. O que devemos

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entender é que tratar dos animais é cuidar também da saúde pública.

Infelizmente, ainda temos que conviver com práticas como a eutanásia, que é, inclusive, proibida em nosso Estado através da Lei Estadual nº 21.970/2016, que teve a minha dedicação, como protetor e presidente da Comissão de Proteção dos Animais da Assembleia, para ser aprovada. A aplicação desse método em diversos países em desenvolvimento comprovou a sua ineficácia, uma vez que essas medidas não geram impacto significativo na propagação de zoonoses ou na densidade das populações de cães e gatos – por ser rápida a renovação dessa população – cuja sobrevivência se sobrepõe facilmente à sua eliminação.

É preciso desenvolver um sistema de controle populacional de castração de cães e gatos para que os animais de rua, animais semidomicilados, animais de pessoas com pouco poder aquisitivo possam ter acesso a um sistema de esterilização.

Vai ser bom para a cidade, vai ser bom para os animais. Este é o meu maior pedido.

Visite, entenda, converse com os protetores. Entenda a dedicação deles. Com certeza, com pouco recurso, a prefeitura poderá fazer muita coisa.

Tenho sugerido um programa de castração a algumas prefeituras, que tem veterinários disponíveis para que o município possa capacitar e treinar seus veterinários para que sejam desenvolvidas ações frequentes de castração. Caso V.

Exa. queira levar o castramóvel para a sua cidade, junto com a nossa equipe, com a sua equipe acompanhando, será uma rica troca de experiências, para que o município esteja apto a desenvolver esse trabalho que, sendo feito, é um investimento em prevenção, que mudará aos poucos a realidade dessa importante cidade mineira.

Para se ter uma política de proteção aos animais, de controle e manejo populacional, primeiro é preciso colocar as pessoas certas nos lugares certos. Se, por exemplo, colocar uma pessoa no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) que não tem um pingo de amor pelos animais, esse CCZ nunca vai dar certo. Conheço varias experiências nas quais o CCZ foi um sucesso porque sua gestão foi compartilhada com ativistas, protetores e Ongs da cidade. Estes sim, sabem as necessidades e sabem

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Deixo aqui outra sugestão: que a gestão de todos os órgãos e estruturas relacionados aos animais no município sejam compartilhados com entidades sérias de proteção animal de sua cidade e que haja o envolvimento da fiscalização para transformar a realidade dos animais.

A fiscalização é muito importante, por exemplo, para verificar as atividades de criadouros clandestinos e irregulares de animais domésticos. Aí mesmo na sua cidade, há denúncias de criadouros onde animais vivem em gaiolas, em péssimas condições.

Essas “fábricas de filhotes” não têm regulamentação e são elas que alimentam o mercado clandestino, o que ocasiona e contribui para o aumento do número de animais abandonados no Estado.

Para comprar um animal em uma loja, na maioria das vezes, basta pagar para levá-lo para casa. Às vezes, nem o nome do comprador é perguntado. Para adotar um animal que estava na rua as Ongs e protetores têm o cuidado de saber se a pessoa (ou a família) tem condições de receber aquele animal. É feita uma avaliação para verificar se a pessoa está mesmo apta a adotar. Esse é um processo feito por pessoas que amam e que querem ver esse animal em um lar feliz. E esse animal também é monitorado. Na loja, ninguém sabe o que acontece com os animais depois. É importante destacar que as necessidades de cada raça são específicas e devem ser respeitadas. Na maioria das vezes, no ato da compra de um animal, essas especificações não são explicadas, o que gera um maior número de abandono.

Combater essas fábricas clandestinas é muito fácil, pois elas não estão legalizadas. Existe uma lei aqui em Minas, de minha autoria, que classifica o que é crueldade contra animais e estabelece multas diferentes para quem cometer maus- tratos. A Lei é a 22.231/2016 e estipula multa de R$ 900 quando for identificado maus- tratos, R$ 1.500 quando também houver lesão no animal e R$ 3.000 quando houver a morte do animal. Se há fiscalização contra essas “fábricas”, há a possibilidade de se implantar um sistema de autuação para arrecadação do município.

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São essas as sugestões iniciais. Acredito que seria muito importante serem ouvidas por V. Exa. e que possam fazer Uberlândia ser lembrada sempre como uma cidade que respeita os animais.

Respeitar os animas não é passar com a carrocinha e colocá-los amontoados em um canil. Nenhuma cidade vai resolver os problemas de animais de rua fazendo isso. Tem que passar para a população que aquele animal que está na rua saudável não será recolhido pela prefeitura. A prefeitura pode oferecer atendimento, mas recolhendo ele vai estar num local condenado ao sofrimento. Essa não pode ser a política de proteção animal da cidade.

Para finalizar, gostaria, ainda, de falar sobre um tema muito importante: as carroças. Muitos prefeitos não gostam de tratar desse tema por julgarem ser desgastante, mas a discussão e as ações são necessárias.

Carroças são verdadeiras formas de sofrimento dos animais. Em uma fiscalização é possível notar que os casos de maus-tratos são frequentes. Não se sabe ao certo quem é o condutor dos Veículos de Tração Animal (VTA), geralmente as cidades não têm esse controle. E para piorar, na maioria das vezes, vemos carroças sendo conduzidas por crianças ou por pessoas alcoolizadas, o que ainda traz enorme risco para a população.

Além disso, grande parte dos condutores de VTA descarta os resíduos ou materiais recolhidos em local público, lotes vagos e locais de difícil fiscalização. E ainda existe a situação dos animais: para onde eles vão quando não servem mais para o serviço? Muitas vezes são utilizados para abastecer o mercado clandestino de carne.

Procure saber se os animais que deixaram de puxar carga trabalhando em VTA foram para o veterinário, um santuário, um abrigo. Na maioria das vezes, ou eles foram descartados em qualquer local ou foram vendidos para abastecer o mercado irregular de carnes. Isso precisa de regulamentação urgente e há como ser feito de uma forma amena para os carroceiros, mas dando um prazo para extinguir esse tipo de atividade em sua cidade.

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Posso oferecer um modelo de projeto que já apresentei em outras cidades – e que vem sendo executado com sucesso – que visa a extinção da atividade dentro de um período determinado. Com essa iniciativa, V. Exa. não vai ter desgaste como prefeito, não vai ter desgaste com a Câmara Municipal, e terá um grande respeito da proteção animal.

Estou disposto a me reunir com V. Exa., em sua cidade, para discutirmos sobre todos esses assuntos, que são de extrema importância. Estou disposto a colaborar para que a cidade de Uberlândia possa ser uma cidade onde os animais sejam respeitados e que os protetores, que são verdadeiros heróis, sejam reconhecidos e ouvidos pela Administração. Esse é meu objetivo.

Estou disposto a me reunir com V. Exa. e apresentar o melhor sistema para ser implantado em sua cidade, além de ajudar no treinamento dos profissionais, para desenvolver programas de capacitação com baixo custo. Os veterinários ficarão satisfeitos e a prefeitura terá condições de realizar uma esterilização por um preço muito mais barato.

Também posso ajudar levando o castramóvel até a cidade, fazendo mutirões.

Mas eu quero muito que V. Exa. escute a proteção animal aí em seu município. Pode haver conflitos, mas isso ocorre porque cada protetor trabalha de um jeito, cada Ong trabalha de uma forma. Mas é sempre comum uma coisa: o amor e a dedicação pelos animais. E é isso que me faz respeitar cada uma dessas pessoas que dedicam suas vidas em prol dessa causa tão nobre.

Acredito que, juntos, podemos desenvolver um trabalho diferenciado e que será exemplo para outras cidades mineiras.

Atenciosamente,

Noraldino Junior Deputado Estadual

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EXMO. SR. PREFEITO ODELMO LEÃO

PREFEITURA DE UBERLÂNDIA

AV. ANSELMO ALVES DOS SANTOS, 600

SANTA MÔNICA – UBERLÂNDIA-MG - 38408-150

Referências

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