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(1)

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

José Gomes dos Santos Cidália Fonte

Rui Ferreira de Figueiredo Alberto Cardoso

Gil Gonçalves José Paulo Almeida Sara Baptista

(2)

Email: imprensa@uc.pt URL: http//www.uc.pt/imprensa_uc Vendas online: http://livrariadaimprensa.uc.pt

coordenaçãoeditorial

Imprensa da Universidade de Coimbra

concepçãográfica

António Barros

imagemda capa

Sara Baptista

infografia

Sara Baptista

iSBn digital

978-989-26-0983-6

doi

http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-0983-6

© março 2015, imprenSada UniverSidade de coimBra

(3)

ATAS DAS I JORNADAS LUSÓFONAS DE

CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DE

INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Editores:

José Gomes dos Santos Cidália Fonte

Rui Ferreira de Figueiredo Alberto Cardoso

Gil Gonçalves

José Paulo Almeida

Sara Baptista

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nota introdUtÓria ...17 Editores

Se S S ã o 1 - co m U n i c a ç õ e S lo n g a S

artigo 1

avaliaçãodaS áreaSde preServação permanentedo cÓdigo floreStal BraSileironaBaciado arroioda ronda, ponta groSSa, paraná - BraSil. ...19 Dinameres Antunes & Selma Ribeiro

artigo 2

dinâmica de tranSformação de USo do Solo em eSpaço

rUral a partir de fotointerpretação no período

1965-2010. ... 35 Mário Monteiro, Alexandre Tavares & Rita Serra

artigo 3

SiStema de apoio à deciSão eSpacial para análiSe do impacte

amBiental da diSperSão de polUenteS atmoSféricoS. ... 57 Luís Alçada-Almeida, João Coutinho-Rodrigues & Nuno Sousa

(5)

artigo 4

avaliação mUlticritério integrada aoS Sig para geração de

cenário deSUScetiBilidade aoS movimentoS demaSSanaS

encoStaS. ... 81 Roberto Pinto, Sony Caneparo & Everton Passos

artigo 5

deteção de áreaS de riSco de eScorregamento, BaSeada no USo de Sig, em locaiS de atratividade ecotUríSticana cidade do rio de Janeiro (BraSil). ... 1o8 Nadja da Costa & Vivian da Costa

artigo 6

contriBUiçãodoSiStema deinformaçãogeográfica (Sig) etécnicaS geoeSpaciaiS aplicadaS ao eStUdo geotectônico - SiSmicidade em goiáS. ...135 Alexandre Vale e Silva & Fabrizia Nunes

artigo 7

metodologiaparaidentificaçãoecaraterizaçãodepaiSagenSflUviaiS do BraSil mediantecritérioS eUropeUS. ...151 Carla Prichoa, Pedro Holgado & Selma Ribeiro

(6)

artigo 8

o cadaStro amBiental rUral como nova etapa do planeJamento territorial amBiental BraSileiro. ...170 João-Paulo Santos

artigo 9

organiSmoS geneticamente modificadoS: a neceSSidade da correta delimitaçãoedivUlgaçãodoeSpaçodeStinadoaoplantiocomo mecaniSmo de proteçãoamBiental. ...179 Luana Nogueira

artigo 10

aqUiSição dedadoS tridimenSionaiSem amBiente Sig. ...210 António Franco, Ana Marques & José Dias

artigo 11

identificação de vegetação UrBana com folha cadUca e perene em imagenS mUltieSpectraiS. ...221 Ricardo Lopes & Cidália Fonte

artigo 12

efeito da amBigUidade temática no cálcUlo de métricaS de p a i S a g e m. ...237 Jorge Santos

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artigo 13

UmapropoStaparadeteçãoaUtomáticadeproBlemaSderepreSentação no proceSSo de generalização cartográfica de cartaS t o p o g r á f i c a S. ...251 Claudia Robbi Sluter & Mônica Castro

artigo 14

qUantificação de focoS de calor naS meSorregiõeS do eStado da Bahia - BraSilentre oSanoS de 2010 e 2013. ...267 Adriana Arnaut & António Santos

artigo 15

Uma propoSta metodolÓgicapara o capítUlo da geomorfologia de Uma notícia explicativa de Uma folha da carta geolÓgica de portUgal (1:50 000). ...281 Eliane Marques & Carlos Meireles

artigo 16

oS Sig naavaliaçãodavUlneraBilidadeeStrUtUraleSocialaSSociada atSUnamiS: aplicaçãoaoSconcelhoSde vilado BiSpoe figUeira da foz. ...297 José-Leandro Barros, Alexandre Tavares,

Ângela Santos & António Emídio

artigo 17

BaSeSdedadoSeSpaciaiSnageStão docomBateaincêndioSfloreStaiS - eStUdode caSo: pontoS deágUa. ...315 Filipe Lopes, Sara Santos & André Oliveira

(8)

artigo 18

vUlneraBilidade a incêndioS na eUropa mediterrânea. aBordagem conceptUal e aUtilização dedadoS deSatélite. ...330

Adélia Nunes, Sandra Oliveira, Luciano Lourenço, António Gonçalves, António Vieira & Fernando Félix

artigo 19

a aplicação de SiStemaS de informação geográfica para a análiSe da morfologia UrBana no entorno de terminaiS de ôniBUS UrBanoS. ...345 Melissa Yamada, Claudia Sluter & Cristina Lima

artigo 20

geração SemiaUtomática de dadoS morfométricoS: propoSta para oS novoS limiteS do diviSor de ágUa e altimetria da Bacia hidrográfica do pericUmã - maranhão, BraSil. ...359 Josué Viegas, Messias dos Passos, Taíssa Rodrigues & Paulo Pereira

artigo 21

nav e g aç ão i n d o o r B a S e a da n a r e d e Wifi c o m o S U p o r t e a Se rv i ç o S BaSe a d oS n a lo ca l i z ação: eS tUd o d e ca So n o campUSda Ul. ...377 Diogo Simões & João Catalão

artigo 22

Ut i l i z a ç ã o d e t e c n o l o g i a S S i g e S e r v i ç o S e m c l o U d n a avaliação doriSco: aplicação àvUlneraBilidade eStrUtUral a proceSSoS de inUndação. ...390 Pedro Santos, José-Leandro Barros & Alexandre Tavares

(9)

artigo 23

aplicação de ferramentaS de análiSe e eStatíStica eSpacial - retrato do Sector eStratégico do comércio na cidade de liSBoa. ...406 Pedro Dias, Jorge Rocha, José-António Tenedório & Teresa Tomé

artigo 24

o deSafio da divUlgação de Banco de dadoS geográficoS por meio de Sig WeB: o parqUe natUral mUnicipal do cUriÓ (mUnicípio de paracamBi - rJ, BraSil). ...413 Vivian da Costa & Davyd de Paiva

artigo 25

a i m p o r tâ n c i a d a m o d e r n i z a ç ã o c a d a S t r a l n a g e S tã o territorial UrBana no mUnicípio de caScavel –eStado do paraná - BraSil. ...421 Marcos Pelegrina, Máicon Canal & Rui Julião

artigo 26

po l í t i c a S p ú B l i c a S pa r a o d e S e n vo lv i m e n t o d o c a da S t r o mUltifinalitário rUral no BraSil. ...427 Marcos Pelegrina & Rui Julião

artigo 27

análiSedacoBertUravegetal, eSpaçoSlivreSeáreaSverdeS daárea UrBanade ponta groSSa - pr UtilizandoimagemdeSatélitede alta reSolUção. ...438 Dulcina Queiroz & Sílvia Carvalho

(10)

análiSedainflUênciadointerpoladornacriaçãode modelo digital de terreno (mdt) - eStUdodecaSono mUnicípiode laJedinho- Bahia, BraSil...444 Renan Farias, Milena Limoeiro, Daniel Reis,

Mirele Silva & Santiago Nascimento

artigo 29

UmaanáliSecomparativaentreométodo gnSS de ppp eoS métodoS geodéSicoS convencionaiS...449 Adriana Arnaut, António Santos & Christian dos Santos

artigo 30

dinâmicadoUSo ecoBertUra daterrado mUnicípiode São João do carú, maranhão. ...455 Cutrim Júnior, Paulo Pereira, António Feitosa & Josué Viegas

Se S S ã o 7 - pl e n á r i o

artigo 31

oS Sig no enSino ena inveStigaçãoem caBo verde ...469 Judite Medina Nascimento

(11)

artigo 32

Um olhar SoBreo direito à privacidade e oS ServiçoS BaSeadoS em localização (lBS) àlUzdoSordenamentoSJUrídicoSportUgUêS e BraSileiro. ...487 Tatiana Marques

artigo 33

a informaçãogeográfica em angola: SUBSídioS para elaBoraçãode Uma eStratégia eplano de ação de apoio àimplementação do plano nacional de informação geográfica. ...512 Dilson Kitoko & Marco Painho

artigo 34

SiStemaS de informaçãogeográfica no SUporte àgeStão mUnicipal - eStUdo comparativo doS caSoS de Joinville, Sc (BraSil) e amadora, aml (portUgal) ...532 Rui Julião, Carlos Loch & Yuzi Rosenfeldt

artigo 35

Jangadade Sig na adminiStração púBlicaportUgUeSa. ...551 Joaquim Patriarca, Sara Canilho, João Sacramento, Ricardo Correia, António Castro, Sara Santos, José Santos & Ricardo Pinho

(12)

artigo 36

diretÓrio degeoportaiSportUgUeSeS (geoportaiS.com) ...583 Ricardo Pinho & José Gonçalves

artigo 37

integração doS SiStemaS deregiStro e de cadaStro atravéS de Um SiStema de informaçõeS geográficaS ...606 Amilton Amorim, Priscila Victorino, Alisson Carmo & Rui Julião

artigo 38

geogeStão aplicada ao eSpaço UniverSitário: caracteríSticaS do eSpaço arqUitetônicofacilitadoraS doaprendizado. ...626 Maria do Carmo Bezerra & Mona-Lisa Choas

artigo 39

integração de modeloS de SimUlação em Sig: aplicação ao caSo da drenagem deágUaS plUviaiS UrBanaS. ...649 Alexandra Ribeiro & Alberto Cardoso

artigo 40

generalização cartográfica de linhaS recorrendo a técnicaS de inteligência artificial. ...669 José Travanca Lopes & João Catalão

(13)

deve ser vista de acordo com os princípios ambientais e em respeito a estes.

Destarte, permite a análise de uma medida adotada quanto à sua conformação ou não para com os princípios de direito do ambiente, de modo a possibilitar a fiscalização dos atos da comunidade, uma vez que possibilita a impugnação de medidas legislativas ou administrativas, mesmo que não relacionadas diretamente com o meio ambiente, quando se verificar a possibilidade de ocorrência de efeitos inaceitáveis neste.48 E consiste na integração de todos os Estados-Membros quanto à adoção de medidas de proteção ambiental.

Essa integração demonstra não apenas a preocupação da Comunidade Europeia para com a preservação ambiental, como também permite a estipulação de ações comuns a todos os Estados-Membros no sentido de evitar danos ao meio ambiente.

5. da delimitação do eSpaço para cUltivo de ogm

Quando se tem diagnosticada a incerteza de um risco de dano e sua importância é que se deve fazer a escolha das medidas a tomar para evitar que este venha a se concretizar.

A gestão do risco é uma fase disciplinada pela União Européia como de grande importância quanto à estipulação das medidas que devem ser tomadas para evitar a ocorrência de danos. Ela envolve a possibilidade de proibição, autorização condicionada e de acompanhamento pós- -comercialização, dentre outras. Vinculada ao princípio da precaução, a gestão torna necessário que sejam sopesados o progresso científico, o risco e o perigo. Ou seja, deve ser formulada sempre com a finalidade de evitar a ocorrência do dano.

Também nesse sentido, o Regulamento (CE) nº 1946/2003 do Parlamento Europeu, relativo ao Protocolo de Cartagena, prevê que deve haver uma mobilização entre a comunidade para assegurar um nível adequado de proteção no domínio da transferência, da manipulação e da utilização

48 ARAGÃO, Alexandra. Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia: Comentada.

Almedina. Coimbra, 2013, pág. 452.

(14)

seguras de OGM que possam ter efeitos adversos na conservação e na utilização sustentável da diversidade biológica.49

Como já mencionado anteriormente, dentre os riscos que envolvem o cultivo de organismos geneticamente modificados há o medo de conta- minação entre espécies e é sobre este que vamos nos debruçar.

Apesar de se tratar de uma “novidade” de efeitos pouco conhecidos, sabe-se que os genes de OGM podem espalhar-se, comprometendo assim a diversidade biológica, quando transmitidos por veículos como abelhas e outros insetos, pássaros ou pulgas do mato50, e as próprias condições ambientais como ventos, chuvas, e etc., impedindo a coexistência de espécies modificadas e não modificadas.

Esse risco exige o desenvolvimento de estratégias e melhores práticas para assegurar a coexistência de culturas geneticamente modificadas com a agricultura convencional e a agricultura biológica, visando proteger estas últimas de uma possível contaminação51.

Ocorre que, apesar de a Comissão Européia ter criado uma recomen- dação52 de orientações e melhores práticas para evitar a contaminação das espécies, ela deixa muito a cargo de cada Estado a estipulação das medidas a serem tomadas, não especificando quais seriam essas práticas ou definindo as medidas a serem adotadas de forma geral por todos os Estados-Membros da União Europeia. Chega a mencionar que não há nenhum instrumento a ser recomendado para a coexistência, mas que compete aos Estados à criação de instrumentos de política, tais como acordos voluntários e legislação.

49 Regulamento (CE) n.° 1946/2003 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Julho de 2003, relativo ao mo-vimento transfronteiriço de organismos geneticamen- te modificados. Disponível online em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.

do?uri=CELEX:32003R1946:PT:HTML (acedido em 11 Março, 2014)

50 BASTOS, João Pereira. A Convenção sobre Diversidade Biológica e os problemas dos organismos modificados. In Revista Portuguesa de Instituições Internacionais e Comunitá- rias, nº4. Ano 2002, pág. 72.

51 Commission Recommendation of 23 July 2003 on guidelines for the development of national strategies and best practies to ensure the coexistence of genetically modi- fied crops with con-ventional and organic farming (notified under document number C(2003) 2624). Disponível onli-ne em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.

do?uri=CELEX:32003H0556:EN:HTML (acedido em 10 Março, 2014)

52 Idem

(15)

Segundo o Relatório da Comissão Europeia ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre a coexistência de culturas geneticamente modificadas com culturas convencionais e biológicas53, as discrepâncias entre as políticas adotadas pelos Estados Membros é grande; enquanto alguns já estipu- laram distâncias consideradas seguras ou se debruçaram sobre técnicas de bloqueio, como zonas-tampão, outros nem sequer possuem medidas destinadas a regularizar o cultivo desses organismos. Contudo, aponta que todos os Estados realizam consultas as partes interessadas para o desenvolvimento de medidas de coexistência.

Dentre as discrepâncias conhecidas em nível de segurança entre os Estados, pode-se citar o caso de Portugal, que utiliza uma distância de 200m54 entre o cultivo de OGMs e não OGMs, sendo que, países como Espanha, Estados Unidos, Canadá e França já constataram a ocorrência de contaminação entre as espécies num raio de até 1500m55.

O exemplo acima evidencia não se estar diante de uma política co- mum de proteção entre os Estados, pois, como se depreende do relatório já mencionado, alguns dos países membros se dedicam a técnicas de segregação espacial mais ou menos rigorosas, outros a mecanismos de bloqueio, enquanto alguns nem sequer definiram um mecanismo para tal finalidade.

Ainda, na busca de mecanismos de coexistência, a União Européia financiou dez anos de estudos sobre OGM, o que deu origem a alguns projetos. No projeto Transcontainer56 foi elaborado um estudo sobre estratégias de contenção biológica através da (i) transformação do clo- roplasto; (ii) repressão floral; ou (iii) fertilidade controlada das sementes

53 Relatório da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre a coexistência de cul- turas geneticamente modificadas com culturas convencionais e biológicas. Ano 2009. Disponível online em: http://eur- lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=COM:2009:0153:FIN:en:PDF (ace-dido em 26 Março, 2014)

54 Culturas geneticamente modificadas na agricultura portuguesa: competitividade e sustentabili-dade. Disponível online em: http://www.esac.pt/cernas/ogm.htm (acedido em 10 Março, 2014)

55 FERREIRA, Jorge. Culturas geneticamente modificadas uma ameaça a vida!. Disponí- vel online em: http://www.agrosanus.pt/doc/ogm-milho.pdf (acedido em 11 Março, 2014)

56 Comissão Européia. Uma década de pesquisa em OGM financiada pela UE (2001-2010).

Págs. 94/98. Disponível online em: http://cib.org.br/wp-content/uploads/2011/

11/Uma_decada_de_pesquisa_em_OGM.pdf (acedido em Março, 2014)

(16)

GM. Os dois primeiros apresentaram resultados suscetíveis de serem aplicados somente em espécies determinadas. Já o último, apesar de ter sido satisfatório, ainda se apresenta como um estudo inicial.

O projeto SIGMEA57 debruçou-se sobre a coexistência sustentável de GM e não GM. Para isso realizou a análise sobre as seguintes espécies geneticamente modificadas: (i) milho; (ii) colza oleaginosa; (iii) beterra- ba açucareira; (iv) trigo; e (v) arroz. A constatação foi que as medidas de segregação são boas técnicas, contudo, não se pode partir de uma distância específica, mas sim, elas devem ser reguladas de acordo com a espécie a ser cultivada, uma vez que, dentre as analisadas, cada uma apresentou diferentes potenciais de miscigenação, devendo-se, também, levar em consideração as características de cada zona de plantio.

Os estudos demonstram que ainda é muito incerto o risco de contami- nação das espécies, o grau de sua ocorrência e quais seriam as melhores formas para evitá-lo. Sabe-se da ocorrência de alguns casos, mas não se pode afirmar que essa seja necessariamente uma conseqüência concreta do plantio de organismos modificados. Contudo, como princípio funda- mental do direito ambiental, a precaução recomenda que, diante da mera possibilidade de um dano ao meio ambiente, mecanismos de proteção ou precaução para tentar evitar que este se concretize devem ser postos em prática, ou seja, deve evitar-se a proliferação de danos futuros em contex- tos de incertezas científicas, sobretudo nas decisões a serem tomadas.58 Assim, como o princípio da prevenção também disciplina que uma vez conhecida a possibilidade de uma atividade gerar determinado tipo de dano, é mais inteligente prevenir do que compensar. E, no caso dos OGM já houve a constatação desse dano em alguns países. Ademais, retornar ao status quo é infinitamente mais dispendioso e difícil do que evitar a ocorrência da lesão ambiental.

Exatamente em virtude desse risco de miscigenação ou contaminação de espécies é que se aponta a delimitação do espaço de plantio e a esti-

57 Idem, págs. 99/109.

58 LEITE e CAETANO, José Rubens Morato e Matheus Almeida. Aproximações à sus- tentabilidade material no Estado de Direito Ambiental brasileiro. In: Agrotóxicos: A nossa saúde e o meio am-biente em questão aspectos técnicos, jurídicos e éticos. Funjab. Floria- nópolis, 2012. Pág. 364.

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pulação de uma distância segura entre o cultivo dos diferentes organismos (geneticamente modificados e não geneticamente modificados) como um meio de precaução de danos ambientais não aceitáveis. Valendo-se das conclusões dos projetos Transcontainer e SIGMEA é que se discute a delimitação do espaço como uma boa medida de proteção ambiental no tocante aos OGM.

Tanto pode ser estipulado o afastamento necessário entre as culturas para que não ocorra a perca da biodiversidade através da contaminação, como pode ser elaborado um mecanismo de bloqueio que realmente vede qualquer possibilidade de polinização.

Obviamente, não compete ao Direito à estipulação de qual seria a dis- tância ou a prática de bloqueio mais adequada para evitar uma possível contaminação de espécies, mas sim aos profissionais de outras áreas em apoio técnico, como a Biologia e a Geografia, capazes de mensurar uma distância máxima percorrida pela polinização ou qual a possibilidade dessa contaminação se dar através do solo.

Tais profissionais possuem o conhecimento necessário para definir a distância segura para cultivo das culturas biológicas e convencional para com os OGMs de acordo com a localização espacial em que se encontram, bem como definir técnicas capazes de bloquear a polinização.

Estar-se a falar da necessidade de utilização do Geodireito, a con- gregação do Direito e da Geografia, ou seja, ramo que estuda a relação Espaço-Estado por meio do sistema de cartografia da norma, que obje- tiva espacializar a cidadania, o que é fundamental em termos de direito ambiental.59

Ao operador do Direito - como representante do Estado, uma vez que a este compete o dever de defender o ambiente e controlar as ações de degradação ambiental, impondo-lhes as correspondentes obrigações políticas, legislativas, administrativas e penais60 - caberia apenas a regula-

59 SANCHES, Luiz Antonio Ugeda. “Legislação Geografia e Geodireito”. Palestra in:

Geotecnologias na Gestão Pú-blica. Rio de Janeiro UERJ, 2013. Disponível online em: http://

www.youtube.com/watch?v=iVSynoYG4ss (acedido em 27 Março, 2014)

60 CANOTILHO, J. J. Gomes / MOREIRA, Vital, “Constituição da República Portuguesa anotada”, Vo-lume I, 4ª Edição,

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mentação dessa medida, ou seja, a normatização da distância dita segura e dos mecanismos, como meios obrigatórios para os produtores desses alimentos, bem como a atribuição de multa (coima) ou penalização pelo seu não cumprimento.

Ao Geógrafo como representante do Espaço caberia a análise dos solos e das características dos organismos geneticamente modificados e a sua melhor distribuição geográfica com o fim de manutenção da bio- diversidade existente, tendo em vista que este é um meio de precaução para o possível dano, não certo, mas provável, que estes organismos podem representar ao meio ambiente.

Nesse contexto, invoca-se o princípio da precaução como fundamento para a necessária ação dos Estados no sentido de organização geográfica das espécies modificadas, uma vez que embora não se tenha certeza do dano, ele é possível e, uma vez conhecida ou havendo suspeita da sua ocorrência, os meios para impedir que o risco venha a se concretizar já devem ser colocados em prática.

Como mecanismo de apoio pode-se suscitar, ainda, o princípio do afastamento preventivo.61 Apesar de, como já mencionado, tal princípio ser destinado à proteção de áreas sensíveis, uma vez que tem o escopo de proteger estes espaços contra as atividades humanas que possam colocá-los em risco, baseia-se na estipulação de uma distância mínima de “segurança” entre a respectiva área e uma atividade humana geradora de impacto ambiental.

É exatamente nesse sentido a extensão do princípio em questão ao caso dos OGMs, no momento em que é chamado a estipular o necessário afastamento entre plantações de organismos geneticamente modificados e organismos não geneticamente modificados de forma a precaver a pos- sibilidade de mistura entre as espécies. Ou seja, não apenas num quadro de proteção de áreas de risco, mas sim de prevenção a possíveis riscos de miscigenação entre espécies e conseqüente perda da biodiversidade disponível.

61 Coimbra Editora, Coimbra, 2007, págs. 845/846. É um princípio implícito a toda a legislação em termos de Direito Ambiental.

(19)

Cabe ainda invocar o princípio da integração, uma vez que as medidas destinadas a evitar a miscigenação das espécies devem ser determinadas com vista a abranger toda a União Européia. Logo, a distância mínima segura para o cultivo desses organismos deverá ser observada em todos os Estados-Membros, configurando uma política de integração da proteção ambiental no tocante ao cultivo de organismos geneticamente modificados e de proteção ambiental.

Ressalta-se que a ação dos Estados aqui aludida é uma ação comuni- tária, ou seja, igualitária e conjunta entre todos os Estados-Membros, de forma a buscar a máxima segurança com base em uma política comum.

6. diretiva inSpire: meiode controle

Seguidora do princípio da integração ambiental e um bom mecanismo de efetivação do princípio da precaução quando se trata de organismos geneticamente modificados, a Diretiva Inspire62 permite o acesso a um sistema de informação sobre a acessibilidade e interoperabilidade dos dados geográficos, bem como das diversidades geográficas existentes nas diferentes regiões da União Européia. Esta visa estabelecer a criação da infra-estrutura europeia de informação geográfica através da harmoniza- ção de dados geográficos dos Estados-Membros e sua disponibilização através de geowebservices.

A presente diretiva abrange informações de âmbito geográfico em formato electrónico. Estas são relativas a zonas sobre as quais um Estado- Membro detém ou exerce uma competência e cobrem temas como as fronteiras administrativas, a observação da qualidade do ar, das águas e dos solos, a biodiversidade, a ocupação dos solos, as redes de trans- portes, a hidrografia, a altitude, a geologia, a distribuição da população ou das espécies, os habitats, os sítios industriais ou ainda as zonas de risco natural.63

62 Diretiva 2007/2/CE Do Parlamento Europeu e do Conselho de 14 de março de 2007. Disponível online em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:

2007:108:0001:0014:PT:PDF (acedido em 07 Março, 2014)

63 Infra-Estrutura de Informação Geográfica (INSPIRE). Disponível online em: http://

europa.eu/legislation_summaries/environment/general_provisions/l28195_pt.htm (ace-dido em 27 Março, 2014)

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O Tratado sobre o funcionamento da União Européia, em seu artigo 11º 64, prevê que aquilo que versar sobre a proteção do meio ambiente deve ser executado nas políticas e ações da União, com o objetivo de promover um desenvolvimento sustentável, ou seja, prevê a integração dos Estados e meios com vistas a evitar a ocorrência de danos ambientais.

Nesse sentido, a Inspire se apresenta com uma infra-estrutura de informação geográfica que permite um mapeamento das regiões e disponi- bilização desses dados em rede virtual, logo, importa em um acesso mais claro as realidades ambientais relevantes. Esta diretiva tem o objetivo de promover a disponibilização de informação de natureza espacial (abran- gendo desde dados espaciais de natureza trans-setorial a dados espaciais específicos do setor ambiental), a qual deverá ser utilizada quando da formulação ou avaliação de políticas ambientais. Também, visa trazer aos cidadãos informações úteis em termos de ambiente,65 efetivando, dessa forma, o princípio da informação ambiental.

Se a necessária informação do ambiente que todo o cidadão deve ter direito abarca dados relacionados à infra-estrutura, instalações poluentes, epidemiologia e inclusive organismos geneticamente modificados, dentre outros, não resta duvida que a sinergia entre o Direito e a Geografia66 deve ser efetivada e a Inspire apresenta-se como um bom mecanismo

64 Tratado sobre Funcionamento da União Européia. Artigo 11º: “As exigências em ma- téria de pro-tecção do ambiente devem ser integradas na definição e execuçãodas políticas e acções da Uni-ão, em especial com o objectivo de promover um desenvolvimentosus- tentável”. Disponível on-line em:http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=

OJ:C:2010:083:0047:0200:pt:PDF (acedido em 14 Março, 2014)

65 Diretiva Inspire. Disponível online em: http://snig.igeo.pt/Inspire/directiva_inspire.

asp?menu=1 (acedido em 10 Março, 2014)

66 E é relativamente a essa necessária sinergia que cumpre referir que, assim como a importância da aproximação en-tre Direito e Biologia para preservar o meio ambiente e o homem como uma de suas componentes, deu origem ao Biodireito e ao Direito Ambiental, os quais são o reflexo da expressão ”desenvolvimento sustentável”, expressão que, por sua vez, nada mais é do que a necessidade de conhecer a ecologia e normatizar formas de preservá-la, uma vez que o desenvolvimento não pode comprometer as cadeias alimentares e a existência das gerações presentes e futuras.

O Geodireito surge no cenário do desenvolvimento tecnológico, econômico e ambiental, os quais têm como palco comum o espaço, que, por sua vez, tem como base científica a Geografia. E, é no espaço que as relações humanas ocorrem, sendo, então, de grande importância para harmonizar a escala geográfica perante a jurídica, o estudo deste dentro do Direito. SANCHES, Luiz Antonio Ugeda. O que é Geodireito? Disponível online em:

http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI103305,51045-O+que+e+o+Geodireito (acedido em 24 Março, 2014)

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para efetivação desse direito à informação.

Ademais, os grandes privilegiados com esse mecanismo de controle são os poderes públicos, que podem fazer uso desse mecanismo tanto para o efetivo controle das normas impostas ao cultivo de organismos modificados, como para visualizar a viabilidade ou não de liberação do cultivo em determinadas áreas.

No momento em que a lei define a distância mínima entre o cultivo de OGM e não OGM em cada região da comunidade e em virtude do tipo de espécie cultivada e, ato contínuo se procede à demarcação das áreas em que há o plantio de cada espécie modificada e não modificada colocando-as a disposição no Geoportal Inspire, estar-se-á permitindo o conhecimento dessas áreas e, ao mesmo tempo, a monitorização dos cultivos.

A localização dos OGMs e sua devida demarcação de espaço territorial é uma das principais alternativas a tomar em consideração quando se fala na idéia de precaução de um possível dano a biodiversidade que estes podem vir a gerar em termos de mistura entre as espécies. Ou seja, através da escolha de uma localização mais adequada, optando por aquela que menor risco de dano apresente a coexistência com os organismos não geneticamente modificados e, consequentemente na delimitação de uma distância mínima entre o cultivo das duas espécies (OGM e não OGM), estar-se-à a tentar precaver tal situação de risco.

Frisa-se que a própria Diretiva no nº 5 do seu anexo III67 prevê, quan- do se refere à saúde humana e segurança, a demarcação dos organismos geneticamente modificados no Geoportal, sendo que, para além desse item, há outros em que se poderiam introduzir dados relativos ao plan- tio de OGMs e das espécies biológicas como meio de monitorização das áreas e do espaço entre o plantio das diferentes culturas, como exemplo o campo destinado a distribuição das espécies.

Ao ser lançada no portal a localização espacial de cada plantação de organismos modificados e não modificados, melhor se torna a capacida-

67 Diretiva Inspire, categoria de dados geográficos. Anexo III. Disponível online em:

http://snig.igeo.pt/Inspire/temas_anexoiii.asp?menu=2 (acedido em 10 Março, 2014)

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de de monitoramento dos referidos cultivos68, bem como a percepção de obediência ou não às regras de segurança, tais como uma distância mínima entendida como segura para o cultivo de cada espécie. Ademais, a possibilidade de maior controle e rastreabilidade é fundamental até mesmo para eventuais regimes de responsabilidade.69

A simples estipulação de uma distância aceitável como “segura” em termos ambientais e sua normatização não permite ao poderes públicos e aos cidadãos a certeza do seu cumprimento por aqueles que cultivam estes organismos. Já, com a utilização do portal, faz-se possível um maior controle sobre esses cultivos e conseqüentemente mais efetividade dá- -se a lei.

O ato de controle deixa de estar apenas nas mãos dos titulares de poder e passa também a pertencer ao cidadão que, ao acessar o portal e verificar uma distribuição geográfica incorreta das culturas, pode fazer uso dos mecanismos de denúncia, exercendo sua ecocidadania. Quadro que contribui para o desenvolvimento sustentável, tendo em vista que este se pauta não apenas na proteção do meio ambiente, mas também no fato de os próprios cidadãos serem sujeitos ativos dessa proteção.

Ademais, efetiva o constante da Diretiva 2003/4 do Parlamento Europeu, a qual determina que para o fim de promover uma vasta disponibilização e divulgação de informação ambiental junto ao público, deve-se utilizar as tecnologias telemáticas ou eletrônicas, quando disponíveis.70 Assim, a Diretiva Inspire se traduz, também, num mecanismo de efetivação do princípio da informação ambiental.

68 A necessidade de monitoramente das regiões de cultivo dos organismos geneticamente modifi-cados é fixada na Diretiva 2001/18/CE: “(44) Em conformidade com o Tratado, os Estados-Membros poderão tomar outras medidas relativas à monitorização e à fiscalização, designada-mente por organismos oficiais, dos produtos colocados no mercado que cont- enham ou sejam constituídos por OGM”. Disponível online em: http://eur- lex.europa.eu/

smartapi/cgi/sga_doc?smartapi!celexapi!prod!CELEXnumdoc&lg=PT&numdoc=301L0018

&model=g uichett (acedido em 11 Março, 2014)

69 ESTORNINHO, Maria João. Segurança Alimentar e a Proteção do Consumidor de Organismos Ge-neticamente Modificados. Almedina. Coimbra, 2008. Pág. 88.

70 DIRECTIVA 2003/4/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 28 de Janeiro de 2003 relativa ao acesso do público às informações sobre ambiente e que revoga a Directiva 90/313/CEE do Conselho. Disponível em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/

LexUriServ.do?uri=OJ:L:2003:041:0026:0032:PT:PDF Acesso em: 27.03.2014

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vamente os resultados dos Pontos de Interesse, para a aplicação, que interpreta todos os dados e como mostra a Figura 4, exibe-os no ecrã sobre a forma de ícons no mapa.

Figura 4 - Figura com os ícons dos pontos de interesse, bem como a localização do dispositivo

Através da imagem acima ilustrada, podemos verificar que com o ícon a preto temos a localização do utilizador e com os ícons a vermelho os pontos de interesse.

4. diScUSSão de reSUltadoS

Com este modelo de arquitetura, podemos perceber que neste momento todas as alterações que possam existir na componente do Cliente, não irão afetar o funcionamento de todo o Sistema. Esta abstração foi possível com a base de dados instalada no dispositivo. Deste modo, a informação referente à localização dos AP do edifício, armazenada nessa base de da- dos é estática, ou seja não irá sofrer mudanças. Uma das razões para que a informação referente aos pontos de interesse não seja armazenada na base de dados do dispositivo é que todos estes pontos têm uma grande probabilidade de serem alterados. Isto poderá acontecer num contexto

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em que os pontos de interesse sejam salas de aula em que ano após ano há uma remodelação das aulas lecionadas em cada sala.

5. conclUSão

Um dos grandes objetivos deste trabalho consistia na integração de diferentes tecnologias e ferramentas no desenho de uma solução eficien- te para a navegação indoor. Como podemos verificar, no subtópico do Funcionamento do Sistema, conseguimos relacionar todas as tecnologias e obter assim um resultado satisfatório.

Na aplicação desenvolvida evidenciou-se o potencial da integração de sistemas de posicionamento baseados na rede WiFi, a consulta em mobilidade de serviços WMS e da interação dos dispositivos móveis com bases de dados espaciais para fornecimento de serviços baseados na localização em tempo real.

BiBliografia

GRAHAM, Stephen & Marvin, Simon (2001) - “Splintering Urbanism”, Routledge, London.

HIGHTOWER, Jeffrey & Borriello, Gaetano (2001) - “Location Sensing Techniques”, IEEE Computer, Junho 2001.

ABOODI, Ahed & Tat-Chee Wan (2012) - “Evaluation of WiFi-based Indoor (WBI) Positioning Algorithm”, in Mobile, Ubiquitous, and Intelligent Computing (MUSIC), 2012 Third FTRA International Conference, Vancouver, Canadá, 26-28 June 2012, 260 264.

BALLAZHI, Rilind - “Wireless Indoor Positioning Techniques”, in Communication Systems V, B. Stiller et al. (Eds.), Zürich, Switzerland, 54 68

HUI, Liu & Houshang, Darabi & Banerjee, Pat & Jing, Liu (2007) - “Survey of Wireless Indoor Positioning Techniques and Systems”, in Systems, Man, and Cybernetics, Part C: Applications and Reviews, IEEE Transactions on Volume 37, Issue 6, Nov. 2007, 1067 - 1080

LANDU JIANG (2012) - “A WLAN Fingerprinting Based Indoor Localization Technique”, Lincoln, Nebraska, Julho, Dissertação apresentada à Universidade de Nebraska Lincoln

OGUEJIOFOR O.S., Okorogu V.N., Adewale Abe, Osuesu B.O (2013) - “Outdoor Localization System Using RSSI Measurement of Wireless Sensor Network”, in International Journal of Innovative Technology and Exploring Engineering (IJITEE), Volume-2, Issue-2.

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Ut i l i z ação d e t e c n o lo g i a S Sig e S e rv i ç o S e m cloud n a ava l i ação d o r i S c o: a p l i cação à v U l n e r a B i l i da d e

e S t rU t U r a l a p r o c e S S o S d e i n U n dação

SANTOS, Pedro Pinto dos1, BARROS, José Leandro2 & TAVARES, Alexandre Oliveira3

1 Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal); Colégio de São Jerónimo, 3001-401 Coimbra, Portugal; Tel: +351 239 855570; Fax: +351 239 855589; email: pedrosantos@ces.uc.pt 2 Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal); Colégio de São Jerónimo, 3001-401 Coimbra, Portugal; Tel: +351 239 855570; Fax: +351 239 855589; email: joseleandrobarros@gmail.com 3 Departamento de Ciências da Terra e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal);

Largo Marquês de Pombal, 3000-272 Coimbra, Portugal; Tel: +351 239 860566; Fax: +351 239 860501;

email: atavares@ci.uc.pt

reSUmo

Partindo de dois projetos de investigação científica que têm em comum a realização da avaliação da vulnerabilidade do território aos efeitos de inundação por tsunami e por inundação estuarina agravada por storm surge, o trabalho que se apresenta descreve a me- todologia e mais-valias da utilização de tecnologias de informação geográfica nesse processo de avaliação. Concretamente, descreve-se o recurso a soluções de Sistemas de informação geográfica e Sistemas Globais de Navegação por Satélite (Collector for ArcGIS®) a partir de dispositivos móveis (tablet e smartphone) para efetuar levantamento de dados no campo, com apoio de bases de dados partilhadas a partir de serviços em cloud (ArcGIS Online).

O trabalho realizado até ao momento demonstra o elevado valor destas ferramentas na aquisição, integração, manipulação e visualização de dados específicos para a avaliação da vulnerabilidade estrutural dos edifícios face aos processos de perigo, bem como o seu

http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-0983-6_22

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potencial de integração no planeamento e nas operações de socorro e de emergência de proteção civil.

palavraS-chave

Serviço SIG em cloud, Trabalho de campo, Vulnerabilidade, Tsunami, Inundação.

US e o f giS t e c h n o lo g i e S a n d c lo U d S e rv i c e S i n r i S K a S S e S S m e n t: a p p l i cat i o n to S t rU c t U r a l v U l n e r a B i l i t y

to f lo o d i n g p r o c e S S e S

aBStract

From the starting point of two scientific research projects, that have in common the realiza- tion of vulnerability assessments to the effects of flooding from tsunami and river flooding aggravated by storm surge, the presented paper describes the methodology and advantages of using geographic information technologies in the evaluation process. Specifically, we describe the use of solutions of Geographic Information Systems and Global Navigation Satellite Systems (Collector is ArcGIS®) from mobile devices (tablets and smartphones) to perform field data collection, with the support of databases shared through cloud services (ArcGIS Online).

The work conducted until the moment highlights the high value of these tools in the ac- quisition, integration, manipulation and visualization of specific data to the assessment of structural vulnerability of buildings, in the face of the mentioned hazardous processes, as well as its potential for integration in civil protection emergency planning and relief operations.

KeyWordS

GIS cloud service, Field work, Vulnerability, Flooding, Tsunami.

1. introdUção

A maioria dos domínios científicos apresenta, sob um ou outro prisma, uma dimensão espacial. Nas Ciências do Risco, como esfera do conhe- cimento marcada por elevada transdisciplinaridade e aplicabilidade ao território, esta dimensão está indelevelmente bem marcada (TAVARES, 2013).

Os avanços das últimas duas décadas na área das tecnologias de informação, ainda que, em alguns casos não inicialmente vocacionados para aplicações geográficas, cedo revelaram o seu potencial para tal uti- lização, pelas mais-valias em tempo, custo económico e eliminação de

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erros - sobretudo aqueles associados à conversão de dados em formato analógico recolhidos em campo, para formato digital - que proporcionam (LONGLEY et al., 2005). De entre os avanços mais recentes destaca-se o recurso a computação e armazenamento em clouding (XIAOQIANG &

YUEJIN, 2010) e o desenvolvimento de novas aplicações para sistemas operativos, como Android®, que correm em dispositivos móveis. De acordo com Naghavi (2012), as principais vantagens dos serviços em cloud consistem na agilidade, acessibilidade aos recursos, partilha e dis- ponibilização, confiabilidade, escalabilidade e facilidade de manutenção.

O acoplamento destas novas ferramentas com outras pré-existentes, como sejam os Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS) e os Sistemas de informação geográfica (SIG), permite eficientes e poderosas arquiteturas de aquisição, integração, manipulação e visualização de da- dos geográficos (YANG et al., 2011; GOODCHILD, 2012).

A disseminação de dispositivos móveis com acesso a georreferencia- ção fornecida por GNSS, como sejam os smartphones ou tablets, permite soluções de maior versatilidade e menor custo na aquisição e integração de informação geográfica em campo, quando comparadas com soluções baseadas em estações e recetores de GNSS - que recorrem por vezes a aplicações dispendiosas como ArcPad® - nas situações em que a elevada precisão planimétrica e altimétrica não são um requisito.

O trabalho que se apresenta constitui um exemplo de aplicação de tecnologias de informação geográfica (TIG), recorrendo a serviços em cloud, num processo de avaliação da vulnerabilidade estrutural em áreas costeiras, conduzido a partir de dois projetos de investigação científica na área dos riscos naturais. Os sistemas costeiros e estuarinos são ambientes dinâmicos por natureza (CARTER, 1988), mesmo na ausência de processos extremos, sobre os quais a presença e intervenção humana atuam a dois níveis: agravamento da perigosidade - retenção de sedimentos nas albu- feiras das barragens, alteração do balanço sedimentar, etc. (e.g. FREIRE et al., 2007) - e da vulnerabilidade, dada a localização face aos processos de perigo (e.g. SANTOS & KOSHIMURA, 2013).

Após a enunciação dos objetivos e objetos de análise comuns e di- ferenciadores dos dois projetos de investigação, descreve-se a estrutura

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das matrizes de campo e o recurso à cloud ESRI para a recolha de dados.

Por fim, apresentam-se os resultados preliminares obtidos, realçando o papel das TIG no apoio ao trabalho de campo, conducente à concretiza- ção do objetivo de caracterização e diferenciação da vulnerabilidade do território. Na sequência dos trabalhos em desenvolvimento posiciona-se a agregação da informação produzida a um nível superior como seja a unidade territorial estatística - subsecção e secção estatística, e freguesia.

2. oBJetivoS e oBJetoS deanáliSe

O trabalho em desenvolvimento está enquadrado em dois projetos de investigação científica em curso: “TSURIMA - Gestão do risco de tsunami para o ordenamento do território e a proteção civil” (RISKAM, 2014), e

“MOLINES - Modelação da inundação em estuários: da avaliação da peri- gosidade à gestão crítica” (LNEC, 2014), financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O projeto TSURIMA tem por objetivo proceder à modelação numérica da inundação por tsunami, avaliar a vulnerabilida- de do território das áreas afetadas e propor estratégias de planeamento de emergência e de ordenamento do território adaptadas aos diferentes cenários de risco. O projeto MOLINES apresenta de um modo geral a mesma sequência metodológica porém, aplicada ao risco de inundação estuarina - componente mareal - agravada por processos de storm surge, i.e., sobrelevação do nível do mar de origem meteorológica, e pelo efeito da drenagem urbana.

A área de estudo do projeto TSURIMA consiste nos concelhos de Albufeira, Figueira da Foz, Setúbal e Vila do Bispo. O projeto MOLINES tem por área de estudo o estuário do Tejo desde os concelhos de Vila Franca de Xira e Benavente, a montante, até aos concelhos de Oeiras e Almada, a jusante.

3. metodologia

A metodologia que serve de base ao presente artigo pode ser divi- dida em duas fases distintas: a primeira foi realizada essencialmente

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em ambiente desktop e a segunda centrou-se na realização de trabalho de campo. O processo metodológico aqui apresentado foi aplicado nos projetos MOLINES e TSURIMA. Ambos os projetos pretendem avaliar o edificado potencialmente afetado por inundações. No caso do MOLINES pretende-se avaliar os processos de inundação em margens estuarinas, incluindo os processos de sobrelevação meteorológica conjugados com o efeito da maré, e a drenagem urbana. No que concerne ao TSURIMA pretende-se avaliar os edifícios potencialmente afetados por inundação devido a tsunami, tendo por base a modelação numérica do tsunami de 1 de Novembro de 1755.

Para tal foi necessário recolher e selecionar com base na bibliogra- fia e na opinião de peritos um conjunto de parâmetros intrínsecos ao edifício e à sua área envolvente que auxiliassem na avaliação da sua vulnerabilidade. Deste processo resultou a construção de matrizes de avaliação de campo para os dois projetos, atendendo às especificidades de cada um. Devido à diferença na escala de análise, a área envolvente considerada no projeto TSURIMA agrega-se à área de inundação e no projeto MOLINES à subsecção estatística. Concretamente, a matriz de ava- liação de campo para os edifícios apresenta um total de 11 parâmetros no projeto MOLINES e um total de 13 parâmetros no projeto TSURIMA, relacionados com estrutura, função, ocupação e flutuação ocupacional do edifício e suas unidades de utilização, ou alojamentos (Tabela 1).

A área envolvente é descrita segundo 5 parâmetros tanto na matriz do projeto MOLINES, como na matriz do projeto TSURIMA (Tabela 2). As diferenças advêm do facto de que existem parâmetros específicos para a inundação por tsunami que não têm relevância para a inundação es- tuarina, relacionados com a diferente hidrodinâmica de cada processo.

Nestas matrizes descreve-se a ocupação do solo predominante na área envolvente - secção ou subsecção estatística -, os elementos sensíveis e de capacidade de suporte existentes (lares de terceira idade, centros de saúde, quartéis de bombeiros, etc.) e as características do fabric urbano, e de elementos de proteção natural e estrutural.

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Tabela 1 - Parâmetros de avaliação dos edifícios, propostos nos projectos TSURIMA e MOLINES

Tabela 2 - Parâmetros de avaliação da área envolvente, propostos nos projectos TSURIMA e MOLINES

Referências

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