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Atividade baseada em problemas na educação ambiental: sensibilizando os alunos do Ifes campus Santa Teresa sobre as aves da Mata Atlântica

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Academic year: 2023

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CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEIVID TEIXEIRA

ATIVIDADE BASEADA EM PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

SENSIBILIZANDO OS ALUNOS DO IFES CAMPUSSANTA TERESA SOBRE AS AVES DA MATA ATLÂNTICA

Santa Teresa 2022

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CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEIVID TEIXEIRA

ATIVIDADE BASEADA EM PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

SENSIBILIZANDO OS ALUNOS DO IFES CAMPUSSANTA TERESA SOBRE AS AVES DA MATA ATLÂNTICA

Monografia apresentada à Coordenadoria do Curso Superior de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Ciências Biológicas

Orientadora: Drª. Flávia Guimarães Chaves Coorientador: Dr. Vilacio Caldara Junior

Santa Teresa 2022

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Atividade baseada em problemas na educação ambiental:

sensibilizando os alunos do Ifes Campus Santa Teresa sobre as aves da mata atlântica / Deivid Teixeira. – 2022.

55f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Drª. Flávia Guimarães Chaves Coorientador: Dr. Vilacio Caldara Junior

Monografia (graduação em Ciência Biológicas) – Instituto Federal do Espírito Santo, Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Santa Teresa, 2022.

Inclui bibliografias.

1. Ave. 2. Aprendizagem ativa. 3. Aprendizagem baseada em problemas. 4. Animais em extinção. I. Chaves, Flávia Guimarães. II.

Caldara Júnior, Vilacio. III. Instituto Federal do Espírito Santo. IV.

Título.

CDD 23 - 371.3

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ATIVIDADE BASEADA EM PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

SENSIBILIZANDO OS ALUNOS DO IFES CAMPUSSANTA TERESA SOBRE AS AVES DA MATA ATLÂNTICA

Monografia apresentada à Coordenadoria do Curso Superior de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Ciências Biológicas

Orientadora: Drª. Flávia Guimarães Chaves Coorientador: Dr. Vilacio Caldara Junior

Aprovado em 20 de dezembro de 2022 COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________________

Dra. Flávia Guimarães Chaves

Pesquisadora do Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA Orientadora

_____________________________________________

M.a. Jaquelini Scalzer

Instituto Federal do Espirito Santo -campusSanta Teresa Avaliadora

______________________________________________

Dra. Marianna Xavier Machado

Instituto Federal do Espirito Santo -campusSanta Teresa Avaliadora

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Declaro, que para fins de pesquisa acadêmica, didática, e técnico-científica, que este trabalho de Conclusão de curso pode ser parcialmente utilizado, desde que se faça a referência à fonte e ao autor

Santa Teresa, 20 de dezembro de 2022.

__________________________________________

Deivid Teixeira

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Saber de agradecer é uma virtude. Devemos sempre reconhecer aqueles que fizeram parte do processo para que os objetivos fossem cumpridos.

À minha família, que sempre me incentivou a buscar novos objetivos e trabalhar para que os alcançasse e demonstrando orgulho de meus feitos. Em especial a minha mãe que sempre me deu todo apoio, compreensão e carinho que me mantiveram firme, e ao meu falecido pai, que foi o primeiro a me ver no campo da educação e biologia quando eu mal sabia do que estes se tratavam mas não pôde viver pra me ver chegar até aqui.

Aos amigos que fiz durante a graduação, foram meu refúgio e me ajudaram a seguir.

Não haveria chegado tão longe sem os momentos de estudo, de felicidade e até mesmo discussões que fizeram parte de nossas vidas.

À minha orientadora, que abraçou com carinho minhas ideias e propostas. Me auxiliou com seu incrível trabalho e material, demonstrando ainda mais a pessoa e profissional maravilhosa que é. Obrigado, Flavinha!

Aos professores Vilacio, por ter me salvado do sufoco quando tudo parecia desandar, e ao Alexandrino por todo ensinamento no campo da ornitologia e pesquisa. Ainda, minha querida professora Jaque por tudo o que fez por mim enquanto profissional e amiga no momentos em que mais precisei.

À minha banca avaliadora pela presença e imprescindíveis considerações para a minha pesquisa. Nas pessoas de M.a. Jaquelini Scalzer e Dra. Marianna Xavier Machado, além de todos os mestres do Ifes Santa Teresa que puderam contribuir para minha formação e iluminaram os caminhos que resolvi trilhar.

Às equipes PIBID, Residência Pedagógica e INMA, pelas oportunidades e aprendizados.

Obrigado a todos que fizeram parte deste ciclo de pesquisa e graduação!

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Adicionalmente, possuem um carisma que encanta a maioria daqueles que as observam, variando em cores, cantos e hábitos. Em contrapartida, o número de espécies ameaçadas em extinção deste grupo subiu consideravelmente nas últimas Listas Vermelhas, dado a fatores como por exemplo, captura para comércio e perda de habitat. Quando observadas em um bioma ainda mais devastado, como a Mata Atlântica, os números tendem a ser ainda mais preocupantes. A presente pesquisa buscou sensibilizar os alunos para a situação da avifauna ameaçada de extinção, principalmente as espécies ocorrentes em Santa Teresa (ES) - região onde foi aplicado o trabalho. Para tanto, foi feita uma revisão bibliográfica em cima dos estudos de David Ausubel, Lev Vygotsky e outros autores no campo das metodologias ativas de educação. A pesquisa foi aplicada na segunda série do ensino médio do curso de Agropecuária, no Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Espírito Santo - campus Santa Teresa. As intervenções foram iniciadas com um questionário imagético para identificar os conhecimentos prévios dos alunos, seguindo por uma aula expositiva dialogada e finalizando com uma Atividade Baseada em Problemas (ABP). O estudo identificou que os alunos possuíam uma grande defasagem de conhecimento quanto aos conceitos de bioma, ecossistemas e com dificuldade de reconhecer a vegetação que os circundava, e tão pouco as principais causas que levariam ao crescente número de espécies no Livro Vermelho. Contudo, as metodologias aplicadas, com destaque para ABP se mostrou bastante eficaz para trabalhar este tipo de problemática, sendo que as ideias de Vygotsky e Ausubel se mostraram um grande potencializador para tal. Ainda, nota-se que com os resultados extraídos dos questionários e da dinâmica em sala, se faz necessário a confecção de um material que unam os conhecimentos passados com aqueles gerados pelos próprios alunos, como uma cartilha por exemplo, que poderá ser a vir desenvolvida futuramente com o desdobramento desse estudo.

Palavras-chave: Ave. Aprendizagem ativa. Aprendizagem baseada em problemas.

Animais em extinção.

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Birds are important agents for the maintenance of ecological processes. In addition, they have characteristics that charm most of those who observe them, varying in colors, songs, and habits. On the other hand, the number of endangered species in this group has risen considerably in recent Red Lists, due to factors such as capture for trade and habitat loss. When observed in an even more devastated biome, such as the Atlantic Forest, the numbers tend to be even more worrying. The present research sought to raise students' awareness of the situation of endangered bird species, especially those that occur in Santa Teresa (ES) - region where the work was applied. To this end, a literature review was made based on the studies of David Ausubel, Lev Vygotsky and other authors in the field of active educational methodologies. The research was applied to the second grade of the high school of the Agribusiness course, at the Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Espírito Santo - Santa Teresa campus. The interventions started with an image questionnaire to identify the students' previous knowledge, followed by an expositive dialogue class and ending with a Problem Based Activity (PBA). The study identified that the students had a large knowledge gap regarding the concepts of biome and ecosystems, and had difficulty to recognize the vegetation surrounding them, nor the main causes that would lead to the increasing number of species in the Red Book.

However, the methodologies applied, especially ABP, proved to be very effective to work on this type of problem, and the ideas of Vygotsky and Ausubel proved to be a great potentializer for this. Still, it is noted that with the results extracted from the questionnaires and the dynamics in the classroom, the necessity of a material that unites the knowledge passed with that generated by the students, such as a booklet for example, which may be developed in the future with the development of this study.

Keywords:Bird. Active learning. Problem-based learning. Endangered species.

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Gráfico 1- Respostas mais ditas em relação às espécies……….………..25 Gráfico 2 -Principais fatores de ameaças às aves no Brasil até 2018...28 Gráfico 3 -Principais fatores de ameaça às espécies segundo os alunos…………29 Gráfico 4 -Presença ou não na lista vermelha: relação entre espécies e acertos...30 Gráfico 5- Nível de ameaça: relação entre espécies e acertos………..…....…30

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ABP - Aprendizagem Baseada em Problemas EA - Educação Ambiental

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IFES - Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia do Espírito Santo IUCN - União Internacional para Conservação da Natureza

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo

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1.1 OBJETIVOS………. 15

1.1.1 Objetivos……… 15

2 DESENVOLVIMENTO………...16

2.1 METODOLOGIA………..16

2.1.1 Observar e avaliar: um processo constante……… 16

2.1.2 Caracterização da escola campo……… 18

2.1.3 Questionário por intermédio de imagens………. 19

2.1.4 Aula expositiva dialogada………. 21

2.1.5 Prática de atividades baseadas em problemas (abp): meio ambiente e sociedade……….23

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO………. 25 2.2.1 Norteando as ações……… 25

2.2.2.1 Conhecimentos gerais………. 26

2.2.2.2 Sobre as aves………... 27

2.2.2.3 Ameaçados de extinção……….. 29

2.2.3 Aula expositiva dialogada………. 33

2.2.4 Atividade baseada em problemas………...35

3 CONCLUSÃO………. 37

REFERÊNCIAS………. 38

APÊNDICES………..……… 42

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1 INTRODUÇÃO

Presente nos mais diversos ecossistemas, as aves são grandes agentes ecológicos e econômicos que trabalham como dispersores de sementes, atuando no controle de populações de insetos, roedores e serpentes, entre outros. Auxiliam no processo de remoção de resíduos e ciclagem de nutrientes (ex.: aves que consomem carcaças) e são fundamentais na polinização. Além disso, possuem grande impacto na cultura, funcionando como fonte de inspiração para músicas, poemas, fotografias, e assim por diante. Este carisma pela avifauna faz com que os atos contra sua existência muitas vezes passem despercebidos, como a captura e comércio ilegal, prejudicando não só a vida destes animais, mas podendo acarretar problemas nos ecossistemas em que habitam.

O número de espécies de aves no mundo é de cerca de 9.000, mas estimativas recentes indicam que este número pode chegar a 18.000 caso seja considerada sua diversidade evolutiva, traduzidas, por exemplo, nas atuais subespécies e subpopulações geneticamente distintas (BARROWCLOUGH et al., 2016).

Aproximadamente 58% das espécies de aves são insetívoras, mais de 33% atuam como dispersoras de sementes, e cerca de 10% atuam como polinizadoras (SEKERCIOGLU et al., 2004; WENNY et al., 2011; ELLIS, 2005).

O Brasil é a casa de uma das maiores biodiversidades de avifauna do globo e, segundo Sick (1993) o país abriga mais de 10% das espécies endêmicas da América do Sul, fazendo com que sejamos um dos locais mais importantes para investimento em conservação. Pacheco et al. apresenta alguns dados importantes sobre nossa avifauna:

[...] No total, 1.971 espécies de aves têm ocorrência no Brasil respaldada por evidências documentais e são admitidas na Lista Primária [...]. Onze espécies adicionais são conhecidas apenas por registros não documentados e compõem a Lista Secundária. [...] Ao todo, 293 espécies são indicadas como endêmicas do país, situando o Brasil na terceira posição entre os países com maior taxa de endemismo de aves no mundo.

(PACHECO et al. 2021)

Ainda segundo Pacheco et al. (2021), do total de espécies, 1.066 (54%) são monotípicas, sem subespécies ou “raças geográficas” admitidas, e 905 (46%) são

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politípicas, fracionadas em subespécies (trinômios) em pelo menos uma das obras referenciais recentes. Das espécies politípicas, 591 são representadas no Brasil por mais de uma subespécie e 314 por apenas uma. No cômputo geral, há 3.064 formas válidas ou potencialmente válidas (espécies e subespécies distintas) ocorrentes no território brasileiro.

Para o âmbito educacional, as aves tem grande valor para a educação ambiental pelo fato de despertarem carisma nas pessoas por diversos aspectos: colorido e arranjos da plumagem, tamanho e anatomia do corpo, capacidade de voo, vocalização, aparência dócil, dentre outras (SILVA e MAMEDE, 2005, apud in HANZEN, 2012). Além disso, Argel-de-Oliveira (1997) sugere que as aves não provocam aversão às pessoas, causada geralmente por outros vertebrados, tais como morcegos, ratos, anfíbios e répteis, sendo possível reduzir ou eliminar o sentimento de rejeição, ou a noção de que a presença e proximidade aos animais silvestres é perigoso, prejudicial e indesejável (apud in, BENITES e MAMEDE, 2008).

Por conseguinte, a lista de espécies ameaçadas de extinção publicada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) em 2014, que avaliou 1980 táxons classificou 234 desses em algum grau de risco de extinção, e 25 foram classificados como “Criticamente Ameaçados", o maior grau de ameaça para populações na natureza. A grande quantidade de táxons ameaçados tornou as aves o terceiro grupo zoológico mais representativo da mais recente lista, permanecendo desde a primeira publicação como o maior em números absolutos, se mantendo até 2018 (ICMBIO, 2018a, p. 63).

Padua et al. (2003) sugerem que a adoção de abordagens participativas pode incentivar populações que habitam regiões próximas a áreas naturais a se envolverem com conservação, ajudando a protegê-las. Feisinger (2004, apud in BENITES e MAMEDE, 2008) enfatiza que a prática da conservação da biodiversidade e do ambiente como um todo depende do esforço não somente dos profissionais especializados para este fim, mas também e, principalmente, da colaboração das comunidades locais. A aplicação da educação ambiental nas escolas visa mostrar o motivo da conservação das aves, e despertar nos alunos a

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vontade de estarem envolvidos nesta ação de conservação. Adicionalmente, espera-se que conhecendo e aprendendo a proteger esses animais, criem-se uma conscientização em relação à proteção de todo o meio ambiente (HANZEN, 2012).

Contudo, Aline Santos e Crislaine Santos (2016) sugerem que uma das maiores inquietações em relação à EA escolar é como ela está inserida no currículo das escolas brasileiras na prática. Em seu estudo foi verificado que em 97,4% das intervenções realizadas por professores e/ou pesquisadores utilizam-se questionários ou entrevistas, como metodologia, enquanto apenas 2,4% realizam visitas às escolas.

Nesse contexto destacamos o grande apelo à utilização das Metodologias Ativas (STAKER; HORN, 2015; BACICH et al., 2015; MATTAR, 2017; BACICH; MORAN, 2018; KIELING, 2017, apud in VETROMILLE et al., 2022) com propostas pedagógicas em todas as áreas de ensino, pensando em novos formatos para a educação e escolas, alterando papéis de professores e de alunos. O trabalho com Metodologias Ativas busca que os professores elaborem novas estratégias pedagógicas, em comparação ao passado, em que a escola se restringia à memorização, o professor era o único detentor da informação e o papel do aluno era basicamente memorização de dados. Agora, mais do que nunca, com maior acesso à (des)informação por parte de todos, acreditamos que não seja mais possível que a educação seja baseada meramente em administração de conteúdos, sendo necessário ir além e desenvolver, cada vez mais, raciocínio crítico, análise e interpretação de dados, cidadania digital e, para tanto, mais do que acesso à informação, as práticas precisam ser pensadas de forma a colocar a atividade do aluno no centro do processo (VETROMILLE et al., 2022).

Portanto, intervenções em prol da conservação da avifauna se mostram necessárias no âmbito da Educação Ambiental dentro das escolas, principalmente quando levamos em consideração o número crescente da devastação do bioma que abrange o litoral brasileiro, a Mata Atlântica. Logo, este trabalho visa abordar, na educação básica, a temática de espécies ameaçadas deste bioma, através da metodologia ativa, centrando os alunos como protagonistas do próprio processo de ensino aprendizagem.

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1.1 OBJETIVOS

Sensibilizar os alunos do IFES,campus SantaTeresa, para a situação da avifauna e do bioma capixaba, especialmente espécies ocorrentes na região.

1.1.1 Objetivos específicos

● Apresentar os conceitos de uma espécie ameaçada e as principais causas que levam uma espécie a ser categorizada como tal;

● Estimular o pensamento crítico e a capacidade de resolver problemas nos alunos;

● Debater os impactos antropológicos na Mata Atlântica e formas mitigatórias.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 METODOLOGIA

2.1.1 Observar e avaliar: um processo constante

A aprendizagem é mais efetiva à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento do aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio (PELIZZARI et al., 2002). Nesse contexto, o psicólogo norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) desenvolveu o conceito de Aprendizagem Significativa, que pode ser definida como a forma em que ideias expressas simbolicamente interagem de maneira substantiva e não-arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe. Ela tende a ser substantiva, não-literal, não ao pé-da-letra, e não-arbitrária, o que significa que a interação não é com qualquer ideia prévia, mas sim com algum conhecimento especificamente relevante já existente na estrutura cognitiva do sujeito que aprende. A este conhecimento, especificamente relevante à nova aprendizagem, pode ser, por exemplo, um símbolo já significativo, um conceito, uma proposição, um modelo mental, uma imagem, o qual Ausubel chama de subsunçor ou ideia-âncora (MOREIRA, 2012).

Para que a aprendizagem significativa ocorra é preciso entender um processo de modificação do conhecimento, em vez de comportamento em um sentido externo e observável, e reconhecer a importância que os processos mentais têm nesse desenvolvimento, de forma que são necessárias duas condições. Em primeiro lugar, o aluno precisa ter disposição para aprender: se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitrário e literalmente, então a aprendizagem será mecânica. Em segundo, o conteúdo escolar a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo, ou seja, ele tem que ter lógica e psicologicamente ser significativo: o significado lógico depende somente da natureza do conteúdo, e o significado psicológico é uma experiência que cada indivíduo tem. Cada aprendiz faz uma filtragem dos conteúdos que têm significado ou não para si próprio (PELIZZARI et al., 2002, p. 37-42).

O contato que o indivíduo tem com o meio e com seus iguais é mediado por um conhecimento e/ou experiência assimilado anteriormente, uma vez que o indivíduo

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não tem contato direto com os objetos, e sim mediado. É neste campo que a teoria do Sociointeracionismo de Lev Semionovich Vygotsky (1896-1934) interage com as discussões levantadas por Ausubel.

[...] Esta teoria defende que todo o contexto social, histórico e cultural pode influenciar no desenvolvimento do ser, isto é, a interação que este possui com o meio em que vive, incluindo as relações com outras pessoas, irá contextualizar e complementar a construção de conhecimentos. A mediação, conceito central de sua obra, é a intervenção de um elemento intermediário numa relação. Para Vygotsky, existem dois elementos mediadores: os instrumentos e os signos. Ambos oferecem suporte para a ação do homem no mundo (STADLER et al., 2004).

Instrumento é todo objeto (externo) criado pelo homem com a intenção de facilitar seu trabalho e sobrevivência, enquanto os signos são instrumentos psicológicos (internos) que auxiliam o homem diretamente nos processos internos. Quando o homem cria uma lista para ir ao mercado, está criando signos, ou seja, instrumentos psicológicos que o auxiliarão, mais tarde, na realização da ação (compras no mercado) (STADLER et al., 2004).

Desta forma, a sociedade impacta sobre os conceitos éticos e conhecimentos acerca do mundo. A cultura, aqui abrangendo tudo o que resulta da criação do homem em relação a costumes, tradições, e etc., tem papel fundamental sobre qualquer alicerce educacional que envolve o aluno. Quando esta é tomada como objeto em temas recorrentes a ciências e biologia, seus conceitos destacam-se ainda mais.

Devemos ressaltar que a pesquisa científica, conforme Deslandes, Gomes e Minayo (2013) é “a atividade básica da ciência”. É por meio dela que a realidade é atualizada e ensinada. E é em situações da vida real que seus questionamentos surgem, sendo daí que vem sua motivação e seus objetivos. Trata-se de um processo formal utilizado como meio para “conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”, através do método de pensamento reflexivo, e que necessita ser tratado cientificamente (LAKATOS; MARCONI, 2003, apud in FAJER et al., 2017).

Uma das formas de pesquisa, e que foi utilizada neste trabalho, no que se refere à abordagem do problema, é a pesquisa qualitativa que Prodanov e Freitas definem como sendo aquela que:

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[...] considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. Tal pesquisa é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem (PRODANOV;

FREITAS 2013, p. 70)

Visando por em prática as ideias desses pensadores, se faz necessário utilizar a ferramenta de caderno de campo para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos, bem como as ideias-âncoras, instrumentos e signos que poderão ser extraídos. As anotações de campo, como são chamadas por Triviños (1987), são classificadas por ele em dois tipos: as de natureza descritiva e as de natureza reflexiva. Sobre as de natureza descritiva, destaca-se parte de suas observações:

Os comportamentos, as ações, as atitudes, as palavras etc. envolvem significados, representam valores, pressupostos etc., próprios do sujeito e do ambiente sociocultural e econômico ao qual este pertence. Sob cada comportamento, atitude, ideia, existe um substrato que não podemos ignorar se quisermos descrever o mais exatamente possível um fenômeno.

(TRIVIÑOS, 1987, p.155, apud in FAJER et al., 2017).

Com base no exposto, utilizar as discussões levantadas por Ausubel, Vygotsky e outros, alinhado ao poder de observação e anotação auxiliado pelo caderno de campo, demonstram-se como ótimas ferramentas para a conservação da Mata Atlântica, uma vez que este bioma cobre completamente o estado do Espírito Santo, e ainda, quanto esta somada a avifauna regional ganha um caráter potencializador para atingir ao público alvo que reside neste local. Santa Teresa\ES, a cidade na qual ocorrerá este estudo, possui um grande histórico de luta pela conservação deste bioma e principalmente sua avifauna, visto que é onde residiu Augusto Ruschi (1915-1986), patrono da ecologia brasileira que fez sua fama mundial pelo ativismo e estudo sobre beija-flores.

2.1.2 Caracterização da escola campo

Em busca de uma experiência mais imersa na área científica, foi selecionado o Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia (IFES), campusSanta Teresa, o qual oferta cursos de ensino médio profissionalizante e superior, nas áreas

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agrárias, biológicas e tecnológicas. O campus fica localizado na Rodovia ES 080, Km 93 - São João de Petrópolis, CEP 29.650-000 - Santa Teresa - ES.

A partir da Lei 11.892, que criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia no Brasil em 2008, as escolas federais profissionais existentes se uniram para a criação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo. A extinta EAFST torna-se o campus Santa Teresa”. Desde então, essa instituição octogenária oferece cursos de níveis técnicos integrados ao ensino médio, cursos superiores e cursos de pós-graduação Lato Sensu. Além do ensino, atua também na pesquisa aplicada (IFES, 2022).

A turma trabalhada trata-se da segunda série do Ensino Médio do curso de Agropecuária, uma vez que há grande intensidade da devastação para expansão agrária em todo histórico deste bioma.

Para que esta pesquisa ocorresse dentro dos parâmetros bioéticos, foram disponibilizados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e o de Assentimento que foram lidos e assinados pelos alunos e seus respectivos responsáveis para que os dados coletados pudessem ser utilizados. Esses termos foram entregues no início da pesquisa, antes de sua aplicação. Os mesmos se encontram nos apêndices.

2.1.3 Questionário por intermédio de imagens

Segundo Minayo (2010), a pesquisa qualitativa é a que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. Essa, por sua vez, é em sua esmagadora maioria realizada através de questionários.

Um questionário, segundo Gil (2009), é uma técnica de investigação com questões que possuem o propósito de obter informações; segundo Parasuraman (1991), é um conjunto de questões feito com o fim de gerar os dados necessários para se atingirem os objetivos de um projeto, sendo muito importante na pesquisa científica.

Todavia, a forma como os questionários são construídos, respondidos e avaliados, pode gerar resultados que não condizem com a realidade pela questão indutiva do

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questionado, isto é, ele pode vir a responder o que acha que o pesquisador quer obter (apud in MELO e SANTOS, 2015).

Consoante o que preconiza os estudos de Bardin (1977), o pesquisador precisa conhecer inúmeras possibilidades de análises dos enunciados comunicativos para analisar o conteúdo das mensagens que se propõe a investigar. Todas as suas iniciativas em explicitar melhor o conteúdo, através de índices passíveis ou não de quantificação, a partir de um conjunto sistemático de técnicas, são utilizadas na análise de conteúdo, porque é na pluralidade de ideias que a mesma se consolida (apud in BARRETO e OLIVEIRA, 2020).

Além disso, observa-se que a sociedade está cada vez mais visual, sendo marcante a presença da imagem visual no cotidiano dos sujeitos que buscam a construção de uma imagem positiva e que lhes rendam notoriedade, caracterizando o período como o imperativo da imagem. E a imagem não é apenas uma forma de conhecer o mundo que nos cerca de comunicação, ela tem seu uso no processo de empoderamento social, econômico e político (BARRETO & SANTOS, 2020).

Para trazer uma caraterística mais dinâmica a esse questionário, foram utilizadas imagens, em vez de perguntas diretas com respostas pré-definidas, dispostas por meio da ferramenta Google Formulários - que se mostraram bastante eficaz durante a pandemia da COVID-19 (DIAS, et al., 2021).

As perguntas tiveram um viés investigativo sobre o conhecimento prévio dos alunos, relacionadas a algumas questões importantes para o andamento desta pesquisa, como conceitos sobre bioma e as espécies que nos circundam, principalmente as que se encaixam na Lista Vermelha e que ocorrem na região de Santa Teresa, ES.

As aves selecionadas foram:

Animais ameaçados de extinção:

● Gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus);

Ariramba-de-cauda-ruiva (Galbula ruficauda);

Saíra-apunhalada (Nemosia rourei);

Trinca-ferro (Saltator simlis);

Chauá (Amazona rhodocorytha);

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Gavião-real (Harpia harpyja);

Urubu-rei (Sarcoramphus papa);

Caburé-miudinho (Glaucidium minutissimum);

● Calau (Buceros bicornis); animal exótico do Brasil;

Animais não ameaçados de extinção:

Tiriba-de-testa-vermelha (Pyrrhura frontalis): animal comum em Santa Teresa;

Coleirinho (Sporophila caerulescens): para abordar dimorfismo seuxal;

● Seriema (Cariama cristata): animal comum na região

● Canarinho-da-terra (Sicalis flaveola): animal comum no estado;

● Saíra-douradinha(Tangara cyanoventris); animal comum na região

De forma a corroborar com a pesquisa, é necessário ressaltar a importância do poder de observação e distinção, que realiza a pesquisa, procurando fazer um levantamento com base na frequência e na forma em que as respostas foram explanadas. Neste questionário, a análise se deu com o intuito de identificar os subsunçores (ideia-âncora) que seriam utilizados no processo de construção de uma aprendizagem significativa no decorrer do desenvolvimento das demais atividades.

2.1.4 Aula expositiva dialogada

Historicamente, os trabalhos sobre o ensino e a prática docente já se fundamentaram nos paradigmas: behaviorista, que focava no comportamento observável do discente; cognitivista, que se referia ao pensamento do professor;

ecológico, que considerava a importância da situação; e, nos últimos anos, o paradigma interacionista está em expansão em alguns países como França e Canadá (ALTET, 2011). Gauthier e colaboradores, por exemplo, afirmam que “o ensino corresponde àquilo que podemos chamar de trabalho interativo” (GAUTHIER et al, 2006, p. 371, apud in BORGES et al, 2021). O trabalho interativo “age diretamente sobre o elemento humano” e pressupõe uma mudança no sujeito (GAUTHIER et al. 2006, p. 371;BORGES et al, 2021). Tardif e Lessard, consideram que o essencial da atividade profissional do professor consiste em “entrar em uma classe e deslanchar um programa de interações com os alunos”, concluindo,

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igualmente, que “ensinar é um trabalho interativo” (TARDIF e LESSARD, 2008, p.

235). Ainda a respeito dessa dimensão interativa, Tardif (2002) afirma que:

Ensinar é entrar numa sala de aula e colocar-se diante de um grupo de alunos, esforçando-se para estabelecer relações e desencadear com eles um processo de formação mediado por uma grande variedade de interações. A dimensão interativa dessa situação reside, entre outras coisas, no fato de que, embora possamos manter os alunos fisicamente numa sala de aula, não podemos obrigá-los a participar de um programa de ação comum orientado por finalidades de aprendizagem: é preciso que os alunos se associam, de uma maneira ou de outra, ao processo pedagógico em curso para que ele tenha alguma possibilidade de sucesso (TARDIF, 2002 p.

167).

Diante disso, é válido ressaltar que a maioria dos pesquisadores educacionais e uma grande margem de professores entende esse tipo de abordagem como tradicional ou ultrapassada. Contudo, não se pode deixar de levar em consideração a importância básica para o desenvolvimento do aluno. Segundo Moreira (1985) o problema maior está na forma como essa metodologia é aplicada.

Para que esta forma de ensino seja mais efetiva, o aluno precisa ter um papel de destaque na execução de situações às quais foi submetido, tornando-o protagonista do seu processo de aprendizagem, visto que, segundo o termo protagonismo é definido como “pessoa que se destaca em qualquer situação atuando no papel mais importante” (DICIO, 2022).

Volkweiss et al. (2019, apud in DA SILVA et al., 2021) encaram o protagonismo como elemento fundamental para a construção do conhecimento durante a formação dos estudantes, respeitando aspectos que promovem o desenvolvimento de sua autonomia, uma vez que estudantes autônomos são aqueles capazes de pensar, agir, transformar e decidir de forma crítica. Sendo assim, deve-se respeitar a autonomia desse aluno, sua linguagem, sua inquietude e sua curiosidade uma vez que tais fatores são essenciais na construção do conhecimento (FREIRE, 2019).

Sendo assim, uma aula expositiva em que o aluno participa ativamente do que está sendo exposto apresenta um grande potencial. Neste âmbito, foi apresentado uma aula, com o auxílio de slides, sobre a Mata Atlântica e as espécies de avifauna

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ameaçadas de extinção na região deste bioma, demonstrando suas características e causas de suas ameaças.

Posteriormente, também foi apresentado as respostas do questionário para situar os alunos sobre seu próprio conhecimento da temática. É necessário indagar novamente aos discentes acerca das espécies, procurando entender as fragilidades e formas de mitigá-las.

2.1.5 Prática de atividades baseadas em problemas (abp): meio ambiente e sociedade

A prática docente na disciplina de Biologia tem sido pautada, principalmente, na racionalidade técnica, onde é priorizada a mera transmissão dos conteúdos, sem propiciar a interação do professor com os alunos, e entre os alunos na construção dos conhecimentos (VINHOLI-JÚNIOR e PRINCIVAL, 2013). Logo, se faz necessário a implementação de abordagens educacionais que priorizem a participação dos docentes em seu próprio processo construtivo de ensino e aprendizado.

Neste contexto, na tentativa de superar a fragmentação do ensino e de promover interações entre os sujeitos, estudos recentes têm buscado incorporar Metodologias Ativas (MA) no processo ensino e aprendizagem (BORGES e ALENCAR, 2014;

MACEDO, 2020 apud in MARA, 2019). A metodologia da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) é uma proposta que procura tratar os conhecimentos de forma inter-relacionada e contextualizada, capaz de envolver os alunos em um processo ativo de reflexão e de construção de seu próprio conhecimento, que possa contribuir para tomadas de decisões e resolução de problemas (JÚNIOR et al., 2013).

Um dos principais objetivos da ABP é contribuir para superar a limitação do mero acúmulo de conteúdo, o que se mostra insuficiente para a formação de cidadãos autônomos, comprometidos e responsáveis na aplicação dos conteúdos aprendidos (SAVIN-BADEN e MAJOR, 2004; RUÉ, 2009). Isso não significa que tais conteúdos não sejam elementos necessários para a formação de tais profissionais, mas sim que eles devem ser devidamente articulados entre si, em estruturas integradas de

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conceitos, procedimentos e valores, ao invés de serem meramente acumulados (ZABALA, 1998 apud in SEGURA e KALHIL, 2015).

Segundo El Chaer (2013 apud SEGURA e KALHIL, 2015) na ABP os estudantes recebem orientação para a resolução de um problema, sendo agrupados em pequenas formações sob a supervisão de um tutor. Nesse caso, o problema deve ser discutido em grupo incentivando o levantamento de hipóteses, na tentativa da resolução. Em seguida, os objetivos devem ser traçados, pesquisas e estudos propostos e uma nova discussão em grupo será feita para sintetizar e aplicar o novo conhecimento.

A ABP possui seis componentes centrais: o problema; o grupo tutorial, que define o problema e direciona a atividade; o tutor, responsável em estimular o processo de aprendizagem dos estudantes; o estudo individual, na qual o estudante assume a responsabilidade pelo material bibliográfico relevante para a resolução do problema;

a avaliação do estudante, que deve ter um caráter progressivo e por fim, a estruturação da matriz curricular em unidades ou blocos.

Desta forma, após a divisão da turma em grupos, foi proposto o tema “como o atual modelo de vida da sociedade impacta o crescente número de espécies ameaçadas?”. Os alunos utilizaram os recursos a sua disposição, como celulares, para levantar os dados necessários. É válido ressaltar que aqui, minha função foi apenas orientar os alunos.

Após um determinado tempo de pesquisa e leitura, a discussão foi iniciada para explicar o que foi levantado. Cada grupo teve seu momento e puderam concordar ou discordar com os demais, apresentando seus questionamentos. Por fim, os discentes sugeriram formas de mitigação desses impactos, sem que atrapalhem o desenvolvimento da sociedade, isto é, de forma sustentável.

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2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.2.1 Norteando as ações

Como o próprio Ausubel (1980) traz, o educador precisa ter em mente que: “o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Averigue isso e ensine-o de acordo”. Desta forma, o caderno de campo aliado ao questionário se mostraram bastante eficazes para extrair os princípios norteadores para a continuação deste trabalho.

As anotações funcionaram como um diário, onde estavam descritos o roteiro das atividades realizadas em cada aula. Além disso, as principais dúvidas, discussões e ideias dos alunos foram destacadas neste material para que fosse realizado abordagens conforme a necessidade de cada tópico.

Segundo Martins et al. (2005), as imagens são importantes recursos para a comunicação de idéias científicas, desde sua constituição até sua conceitualização.

A semiótica social, a psicologia cognitiva e os estudos culturais entre outros, trazem a compreensão das relações entre imagens, conhecimento científico e ensino de ciências.

[...] Exemplos de resultados desses estudos incluem a ideia de que imagens são mais facilmente lembradas do que suas correspondentes representações verbais e o efeito positivo de ilustrações na aprendizagem dos alunos. Ainda, extensas revisões da literatura educacional documentaram investigações acerca do papel da imagem na aprendizagem entre eles, modelos que analisam texto, imagem e suas inter-relações análises das expectativas de autores e leitores acerca da imagem (MARTINS et al., 2005).

Quanto ao questionário, houve muita interação dos alunos com as imagens, sendo notável como os alunos puderam assimilar com mais facilidade a imagem ao nome dos animais do que seria ao inverso. Os questionários normalmente apresentam uma estrutura uniforme com respostas pré definidas e possivelmente indutivas. A utilização de imagens se mostrou vantajosa, pois os alunos conseguiram visualizar melhor, já que as mesmas estimulam mais a memória, fazendo com que fique mais fácil reconhecer as aves e os ambientes.

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2.2.2.1 Conhecimentos gerais

Houve um total de 82 participantes do questionário, sendo composto por 64% de mulheres com a média geral de idade em 16 anos. Quando perguntado sobre a região, 49% responderam que são da Grande Vitória, enquanto cada 1\3 do restante apontaram ser residente de Santa Teresa, ou da região central serrana ou de outros lugares do Espírito Santo como Aracruz, Ibiraçu, etc.

De forma geral, os alunos demonstraram pouco domínio sobre a definição de bioma.

Em sua grande maioria, foram trazidas ideias rasas ou incompletas que não embasam o conceito geral. Além disso, foram observadas respostas claramente copiadas da internet. Isto acabou gerando uma certa confusão ao debatermos sobre os diferentes ecossistemas da Mata Atlântica.

O levantamento concluiu que todos os alunos moram em região predominada por Mata Atlântica, contudo, apenas 62% dos pesquisados reconheceram isso, enquanto 17% responderam que não. Isso demonstra como existe uma falta de conhecimento sobre o próprio bioma que circundam, sendo necessária essa abordagem no decorrer do trabalho. O restante dos alunos respondeu com a alternativa “não sei dizer”.

A questão sobre os ecossistemas foi abordada por múltipla escolha, havendo seis opções, onde os alunos deveriam marcar quatro como corretas, sendo elas: opção 1 (floresta ombrófila no Rio de Janeiro), opção 3 (manguezal), opção 4 (restinga) e opção 6 (floresta ombrófila no entorno do IFES-campusSanta Teresa). As opções 2 e 5 eram respectivamente caatinga e cerrado.

Houveram apenas 4 (quatro) respostas corretas e 11 (onze) incorretas. As demais foram definidas como incompletas, pois os alunos marcaram apenas uma, duas ou três das opções. A opção 6 foi marcada por 60% dos alunos, ainda sim, o resultado corrobora para a ideia de que os alunos pouco conhecem o espaço que convivem, ou seja, demonstrando a defasagem nos conhecimentos biológicos e geográficos, podendo dificultar ações em prol da conservação ambiental, que pode ser reflexo da forma em que se é abordado estes conteúdos, uma vez que recebem pouca atenção

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durante o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio. Segundo Ravitch (2011, p.

129, apud in CONCEIÇÃO et al., 2021 ):

A falta de atenção à história, ciências e artes diminui a qualidade da educação, a qualidade de vida das crianças, a qualidade da vida diária na escola e até mesmo a performance nos testes. [...] As crianças expandem seu vocabulário e melhoram suas habilidades de leitura quando aprendem história, ciências e literatura, assim como elas podem refinar suas habilidades de matemática aprendendo ciência e geografia. E as artes podem motivar os estudantes a amar o aprendizado (RAVITCH, 2011).

Quando trazemos este pensamento a uma instituição do cunho científico como o IFES, a preocupação se agrava ao entender que esta tem a finalidade de formar profissionais técnicos da área agrícola, uma vez que esta área de trabalho tem como objetivo mitigar os impactos ambientais da principal causa de degradação dos ecossistemas brasileiros. Ou seja, ter uma defasagem no conhecimento básico do bioma que os cercam pode contribuir com uma contínua deterioração da biota.

2.2.2.2 Sobre as aves

As respostas sobre as espécies foram divididas entre corretas - para o nome popular ou científico; incompleta - para o nome incompleto ou genérico; errado e não sei, como pode ser observado no gráfico abaixo (Gráfico 1). Como esperado, houveram mais respostas corretas para as espécies não ameaçadas de extinção com uma larga vantagem para seriema, em segundo trinca-ferro, única espécies ameaçada entre os primeiros, seguido de canarinho-da-terra e coleirinho (macho).

Gráfico 1: Respostas mais ditas em relação às espécies.

Fonte: Autoral (2022).

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Mesmo sendo solicitado na questão que fosse evitada a utilização de nomes genéricos, por gerar discordância, essa foi utilizada pelos alunos. Essa discordância dificulta de forma acentuada o assunto. Por exemplo, para o reconhecimento do chauá, não houve acertos com seu nome popular, apenas genérico, sendo este tratado como papagaio, assim como o caburé-miudinho respondido como coruja ou apenas caburé.

Atualmente temos cinco espécies de psitacídeos ameaçadas de extinção na Mata Atlântica que são morfologicamente parecidas e com certeza caberia na definição popular de papagaio. Dessa forma, é imprescindível que saibam diferenciar o chauá dos demais psitacídeos para que ocorra uma educação ambiental correta acerca de cada espécie.

A saíra-apunhalada apresentou 68 respostas incorretas e 6 incompletas, totalizando 90%. A alta taxa de erros provavelmente é dada por ser um animal extremamente raro, porém, posteriormente quando foi apresentado as respostas de questionários, os alunos disseram reconhecer graças a plataforma de rede socialInstagram, onde há conteúdo sobre o projeto Saíra-apunhalada que ocorre no estado, destacando aqui como as plataformas midiáticas podem contribuir para projetos como este de conservação.

A espécie mais reconhecida foi o trinca-ferro, visto que é um animal recente na lista de espécies ameaçadas e comumente encontrado em gaiolas nas regiões rurais do estado. Carrega consigo uma fama de animal com um belo canto, motivo esse que gera bastante caça para prendê-lo em cativeiro, ocorrendo até mesmo competições de tal. Essa é uma das possíveis causas que levaram este animal a ter seu nome na lista vermelha. Em contrapartida, também foi a espécie com maior taxa de erros.

Ariramba-de-cauda-ruiva, tiriba-de-testa-vermelha e gavião-real foram as espécies que mais apresentaram erro e para as três foi notória a confusão com outros indivíduos com hábitos e/ou morfologia semelhantes, como beija-flor, araponga e coruja, respectivamente.

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Enquanto a ciência moderna apresentou uma aversão ao senso comum, uma vez que, o considerou como algo superficial, imaginário e infiel, a ciência pós-moderna, por sua vez, objetiva o recuperar, pois “(...) reconhece nesta forma de conhecimento algumas virtualidades para enriquecer a nossa relação com o mundo” (SANTOS, 2008, p.89, apud in RAMOS e RAMOS, 2019). No âmbito da ornitologia, a inserção do cidadão comum e seus conhecimentos quase sempre foi de suma importância. O conhecimento e costumes de geração para geração podem ser positivos, como no reconhecimento de alguma espécie, como negativo no caso da captura de aves canoras.

Embora, com isso, também se traga uma dificuldade para uma mudança de paradigmas sobre as temáticas conservacionistas. Culturas e costumes são quase imutáveis, mas sempre objetivamos criar uma flexibilização nos ideais pessoais para que se crie uma nova gama de conhecimentos, afinal, a aprendizagem é constante, mesmo que não arbitrária.

2.2.2.3 Ameaçados de extinção

As turmas, de forma geral, trazem um bom domínio sobre o conceito de espécie ameaçada de extinção. Praticamente todas as definições abordaram a ideia central de que são espécies que correm risco de desaparecer num futuro próximo. Contudo, 8% dos alunos disseram não conhecer nenhuma espécie ameaçada.

Quando perguntado sobre quais espécies ameaçadas conheciam, apareceu em 53% das respostas estas três: arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) ou arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari).

Porém, posteriormente na correção, os alunos fizeram alusão ao filme Rio, onde o protagonista trata-se de uma ararinha-azul (Cyanopsitta spixii). Apenas estes nomes, junto aHarpiaforam relacionados às aves.

Os demais animais mais citados foram a onça-pintada e as tartarugas-marinhas, no qual esta última trata-se de duas famílias (Cheloniidae e Dermochelyidae). Tanto as araras, quanto estes últimos são animais que aparecem com frequência na mídia, o que pode ter influenciado nas respostas dos alunos.

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Segundo o ICMBIO (2018b), as principais ameaças às aves brasileiras apontadas durante o processo de avaliação para composição do Livro Vermelho foram o desmatamento e a fragmentação de habitat oriundos de atividades antrópicas, especialmente aquelas relacionadas às atividades agropecuárias e a expansão urbana (Gráfico 2). Outras ameaças relevantes são as queimadas e a captura de animais, seja para consumo ou para o comércio ilegal para servirem como animais de estimação.

Gráfico 2:Principais fatores de ameaças às aves no Brasil até 2018.

Fonte: ICMBIO (2018b).

Para os alunos, em nenhum momento foi citado a agropecuária ou expansão urbana, embora a ação antrópica ao lado de pressão ambiental natural esteja entre as mais citadas. Podemos visualizar as respostas, divididas em categorias no gráfico a seguir (Gráfico 3):

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Gráfico 3: Principais fatores de ameaça às espécies segundo os alunos.

Fonte: autoral (2022).

Embora ariramba-de-cauda-ruiva, canarinho-da-terra e calau-bicórnio tenham apresentado um grande número de erros ou inconsistências quanto a sua identificação, obtiveram uma boa resultante quanto a sua presença ou não na lista vermelha. Contudo, as espécies que se categorizam entre as ameaçadas não alcançaram 50% de respostas corretas, sendo que trinca-ferro, recente na lista, e saíra-apunhalada com uma população extremamente preocupante ficaram abaixo de 20 respostas corretas para cada. Os demais resultados podem ser observados na Gráfico 4enquanto naGráfico 5demonstra-se a relação sobre o nível de ameaça.

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Gráfico 4:Presença ou não na lista vermelha: relação entre espécies e acertos

Fonte: autoral (2022).

Gráfico 5:Nível de ameaça: relação entre espécies e acertos

Fonte: autoral (2022).

É necessário ressaltar que o reconhecimento de uma espécie como ameaçada é mais importante do que o seu nível. Durante o trabalho não foi dada preferência a animais específicos, e sim visado avifauna como um todo necessitado de atividades em prol de sua conservação, assim como a Mata Atlântica.

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2.2.3 Aula expositiva dialogada

Fortemente criticada pelos novos educadores brasileiros, o método de aula expositiva tem causado transtorno por conta de seu uso no âmbito escolar, contudo, talvez a problemática esteja intrínseca justamente em sua repetição ou má aplicação.

[...] não há algo intrinsecamente errado com a aula expositiva como mecanismo de ensino. Sua imagem está tão desgastada simplesmente em razão do uso ou mau uso que dela se faz. Isto é, muitas vezes a aula expositiva é o único recurso instrucional utilizado tornando-se, portanto, rotineiro e sofrendo um desgaste natural. Em outros casos, ela é usada em situações inoportunas ou mal dadas, prejudicando decisivamente sua imagem e conduzindo a resultados medíocres em termos de aprendizagem.

Infelizmente, na maioria das vezes, ocorre ainda uma indesejável combinação entre essas duas possibilidades, o que leva ao uso excessivo de aulas expositivas mal ministradas (MOREIRA , 1985, p. 63, apud in ANDREATA, 2019, p. 705).

Para que a aula fosse de fato dialogada, antes de seu início foi perguntado aos alunos se lembravam do meu trabalho e qual seu objetivo de forma a tentar criar uma certa liberdade para interação, pois era necessário para a efetividade desta pesquisa e seu mostrou benéfico ao decorrer dos questionamentos.

Utilizando do feedback gerado através do questionário e identificando os subsunçores e problemáticas, como já citado, foi notória a defasagem de conhecimento para com a definição de bioma e ecossistema. Logo, esta foi a primeira temática trabalhada, abordando os pilares dos níveis de classificação ecológica situando estes dois termos e trazendo para dentro daquelas mesmas imagens utilizadas no questionário. Aproveitei para realizar a mesma pergunta sobre quais daquelas fotografias dos diferentes ecossistemas eram encontradas na Mata Atlântica.

A grande maioria dos alunos se saiu bem, demonstrando domínio no reconhecimento, mesmo ainda havendo dúvidas por parte de alguns. Contudo, até mesmo reconheceram que as imagens erradas se tratavam do Cerrado e Caatinga, respectivamente. Sobre o mangue, foi interessante ver como alguns, moradores ou não de Vitória-ES, relacionaram esse tipo de vegetação ao território da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) até mesmo citando algum trabalho anterior da instituição.

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Essa temática abriu espaço para o debate sobre a Mata Atlântica e sua extensão.

Houve uma reação de espanto por grande parte do público quando foram mostrados os dados atuais em comparação com as dimensões nativas. Neste momento, alguns alunos citaram o exemplo de nossa própria cidade foco, Santa Teresa (ES), e como as atividades antrópicas vêm se intensificando na região devastando gradativamente nosso território. Com isso, foi abordado como pode influenciar na lista de espécies ameaçadas.

Ao dar início neste assunto, foi exposto sua definição e mostrado quatro diferentes espécies ameaçadas de extinção nativas da cidade causando curiosidade nos alunos sobre como a lista é feita, sua delimitação e validade. Estes questionamentos já haviam sido previstos, logo, foram utilizados os critérios com base na IUCN para categorizar uma espécie e responder estas e outras perguntas. Contudo, ainda foi instaurado uma dúvida quanto ao território de delimitação para uma espécie. Para tentar responder, procurei um exemplo próximo aos alunos citando a Arara-vermelha que era comumente encontrada na região do Espírito Santo, como em Colatina, e hoje não se há relatos de indivíduos com vida livre próximo ao município.

Neste momento, os alunos começaram a questionar de fato sobre alguns dos fatores que poderiam influenciar nas populações das aves e sua necessidade de forrageio.

Logo, utilizei alguns exemplos de animais que se demonstraram de conhecimento da maioria dos questionários. Primeiro, sobre aHarpia(Gavião-real) e sua necessidade de grandes territórios para domínio e alimentação, por se tratar de uma ave de grande porte. Após, as aves da família dos Trochilidários (beija-flores) e sua especificidade, coevolução e sensibilidade populacional. Outro exemplo bastante reconhecido foi do trinca-ferro que alguns alunos disseram já ter tido contato direto com algum indivíduo da espécie. Este animal é grande vítima de caça para uso doméstico e competitiva por se tratar de um animal com grandes habilidades canoras, o que acabou lhe trazendo para a lista vermelha.

Para trazer um feedback para os alunos, as respostas corretas sobre a avifauna foram expostas através de uma apresentação de slide. Neste, foi feita uma ficha do animal no qual continha seu nome científico, nome popular, distribuição do Brasil e categoria de ameaça na Mata Atlântica e no país, além de ser debatido um a um

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sobre algumas de suas principais ameaças. De início já foi logo esclarecida a questão da nomenclatura e a necessidade de cuidado por parte do pesquisador sobre a questão cultural em relação ao nome popular genérico das espécies.

Contudo, este debate foi reiniciado algumas vezes por conta de posicionamentos previamente identificados no questionário, como o chauá e o caburé-miudinho.

A ave que mais gerou impacto foi a saíra-apunhalada devido sua história recente e tamanho populacional atual. Este momento também serviu para esclarecer as diferenças morfológicas e dos hábitos entre as aves de rapina, uma vez que foi recorrente a confusão entre águias, gaviões e corujas, assim como os psitacídeos e outros já abordados no questionário.

Contudo, foi fortemente indagado pelos alunos sobre seus os nomes populares e genéricos, gerando a explicação sobre a necessidade do nome científico para identificar os indivíduos para trabalharmos dentro do assunto. Como lembrado pelos alunos, o fato é que as políticas públicas já são de difícil funcionamento, mais ainda quando tratamos o chauá como um outro papagaio qualquer que tem grande área de forrageio por todo país.

2.2.4 Atividade baseada em problemas

O ensino de ciências exige uma abordagem pedagógica inovadora, capaz de atender a complexidade do processo ensino-aprendizagem que vai além da memorização excessiva do conteúdo. A abordagem tradicional utilizada no Ensino de Ciências não desenvolve no estudante o pensamento crítico e nem tão pouco, as habilidades para a resolução de problemas reais da sociedade(SEGURA e KALHIL, 2015). Para isso, há uma necessidade de se conhecer metodologias e estratégias pedagogicamente efetivas que sejam capazes de fazer a interlocução entre o conhecimento construído no âmbito escolar e no cotidiano, de forma que haja o uso real da ciência em prol da sociedade.

Com a utilização da metodologia de ABP, foi notório como o interesse e participação dos alunos aumentaram neste ciclo. Ao serem divididos em grupos, deu-se início às discussões sobre as causas que poderiam levar ao crescimento da lista vermelha,

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assim como as formas de mitigar. Os debates se mostraram de grande intensidade entre os grupos, trazendo diversos tópicos, visto que em nenhum dos textos foi trago apenas uma forma de ameaça ou de mitigação, resultando numa alta diversidade de respostas, diferente do questionário individual inicial.

Houve uma diferença para com as respostas dos questionários, sendo que neste momento as causas do aumento de espécies na Lista Vermelha oriundas de atividades antrópicas relacionadas a perda de habitat como fragmentação, agropecuária, queimadas, expansão urbana ou extração florestal apareceram em todas as respostas.

Outros tópicos que aqui apareceram também foram: poluição, mudanças climáticas e agravamento do aquecimento global, utilização de energias não renováveis, competição de espécies, doenças, fenômenos genéticos e demográficos, além de testagem de cosméticos em animais.

Já para as formas de mitigação, as ideias vão justamente em contraponto às principais causas de ameaça, destacando-se a legislação, preservação e conscientização. Para os alunos, nosso país tem uma visão muito abstrata sobre a biodiversidade por falta de visibilidade e divulgação, além de que as leis não abrangem e nem punem de forma suficiente para que haja uma real sensibilização sobre a temática. Logo, deveria haver maior trabalho nessas áreas, incluindo a utilização de redes sociais para divulgação.

Os demais tópicos citados foram: reflorestamento, desenvolvimento sustentável, melhoramento nas práticas agropecuárias e de construção civil como a utilização de mecanismos menos poluentes e otimização de espaço, e reintrodução de espécies.

Trazendo notoriedade como ao fato de que as atividades antrópicas tem efetividade negativa mas também é de suma importância para que acelere a recuperação de habitatse por consequência ao retorno da avifauna para essas regiões.

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3 CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho corroboram com a teoria sobre a eficácia das metodologias ativas no processo de ensino aprendizagem. Esta, associada com o sociointeracionismo de Vygotsky e a aprendizagem significativa de Ausubel tem seu efeito potencializado, até mesmo no campo da educação ambiental. Assim como atividades baseadas em problemas tendem a estimular o pensamento crítico do aluno, uma vez que o professor atue corretamente como orientador.

A educação ambiental é tratada como tema transversal, e por isso, acaba tendo uma passagem curta e pouco significativa. Logo, quando damos ênfase a ela, desperta mais interesse, principalmente quando abordamos algo próximo aos alunos, como o bioma em que vivem.

Ainda, nota-se que com os resultados extraídos dos questionários e da dinâmica em sala, se faz necessário a confecção de um material que unam os conhecimentos passados com aqueles gerados pelos próprios alunos, como uma cartilha por exemplo, que poderá ser a vir desenvolvida futuramente com o desdobramento desse estudo.

Enfim, este trabalho mostrou a diversidade do conhecimento popular sobre a avifauna e como isso pode influenciar na construção e manutenção das listas vermelhas e ainda, a importância de preservar a Mata Atlântica como um todo.

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APÊNDICES

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CAMPUSSANTA TERESA

Rodovia ES-080, Km 93 – Distrito São João de Petrópolis – 29660-000 – Santa Teresa – ES

27 3259 - 7878 A.1. Informações sobre o Projeto de Pesquisa:

Título da pesquisa: “METODOLOGIAS ATIVAS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

SENSIBILIZANDO OS ALUNOS PARA AS AVES DA MATA ATLÂNTICA”.

Instituição: Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia do Espírito Santo - Campus Santa Teresa.

Endereço: Rodovia ES-080, Km 93 – Distrito São João de Petrópolis – 29660-000 – Santa Teresa – ES. Telefone 27 3259 -7878, e-mail: deividt4@gmail.com.

Aluno responsável pela pesquisa:

Deivid Teixeira, estudante do 8º período de Licenciatura em Ciências Biológicas ________________________________________

Deivid Teixeira

Orient.: Drª. Flávia Guimarães Chaves Coorient.: Dr. Vilacio Caldara Junior ___________________________________________________________________

Dra. Flávia Guimarães Chaves Dr. Vilacio Caldara Junior

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