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Zero, 2015, ano 34, n.5, set.

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Voltamos

para

falar

que

nem

tudo

está

bem

o

jornalista,

pornatureza,é

inquieto.

Nósvemos omundo de

forma diferente.

Quando

tudo parece estar

bem,

éo momento de

entrarmosemação.

Cumprir

a nossamissãodemostraroque estão tentandoesconder.

Talvez,

porisso, queessa

edição

do Zero

esteja

tãocheia detretas

-nomomentoem queexercemos a

profissão,

não

podemos

serdeboa.Começamoscom amatéria de capa,sui­

cídio,

umassuntoqueousamostratarenquantooutrosveículosse censuram.Éhora detrazerosnúmerose otrabalho deprevenção. Além

dela,

mostramosavida de quemmora nascomunidades que

formamoMonteCristo,que contradiza

imagem

quesetemdefora

de que

Florianópolis

é seguraenãotemviolência.

Daqui

daUFSC,

um

apanhado

sobrecomo oscortesdo governo afetaramavidado

ZERO VENCE

PRÊMIO

NACIONAL

É

commuito

orgulho

- e atradicional

responsabilidade

na apostadeum

jornalismo

crítico,

independente

ede elevado

interesse

público

-queacrescentamosmaisuma marca

grá­

ficaao

cabeçalho

doZero. Anovaestrela simbolizaoinédito Prêmio

Expocom

2015

-categoriaJornal

Impresso

- daXXII

Exposição

de

Pesquisa

Experimental

emComunicação,agora emcaráternacional.Duasturmasque

produziram

o

jornal­

-laboratórioem2014enviaramsuasmelhores

produções

do ano

passado, garantindo,

no

total,

seis

edições,

três porturma.

Entendemos queo

prêmio reforça

a

capacidade

editorial,

gráfica

etextual dosalunos que,commuito

esforço, dedicação

e

talento,

convidamo

público

aexercitarumaleiturareflexiva acada

edição.

Noexercícioda

prática,

caminhamparauma

formação

sólidae

ética,

na

promoção

dacidadaniae

respeito

à

universalidade,

pluralidade

e

liberdade,

valorestãocaros e

essenciaisaobom

jornalismo.

Eescassos emtemposdecrisee

riscosàdemocracia.

universitárioe asituaçãoda greve de

estudantes,

servidoresTécni­ co-administrativosem

educação

(TAE's) ede

professores

filiadosà AssociaçãoNacional dosDocentesde Ensino

Superior

(Andes).Tam­ bémumesclarecimentosobreoboato deestuprono

Engarrafamen­

to.Não poupamos nem os lavadores de carro, que estão atuando

deforma

irregular

... Quer

alguma

coisaboa? Ganhamos maisuma

estrelinha paraa nossa

coleção

de

prêmios.

Somosuma novaturmaque está assumindoo

jornal

com amis­ são dehonraro histórico dereportagenscríticase relevantes que

enfeitamas

paredes

da

redação.

Esperamosque

seja

tãobom para você lerquanto foipara nós

produzir

esta

edição.

NascidaemSão

Paulo,

Laura

Capriglione

é

jornalista indepen­

dente. Trabalhou como

reporter

especial

do

jornal

Folha de S. Paulo entre2004e2013.

Dirigiu

oNotícias

Populares

(SP),joi

diretoradenovos

projetos

naEditamAbrilediretora executivadatevista

Veja.

vencedora

do

prêmio

Essadereportagemem 1994,mudouradicalmentesua

carreirae

migrou

do

jornalismo

impresso

pamo

digital.

Participa

do

g1'UPO

jornalistas

Livres.Éumadas

fundadoras

doColetivoPonte,canal

de

informações

sobre

Segurança

Pública, justiça

eDireitos Humanos.

Boa leitura!

Laura

Capriglione

Capa

esteticamente muitobem resolvida.

Simpá­

tica mesmo.Mas, a

exemplo

do que ocorre com a reportagem

referida,

sobre a

Educação Indígena,

é excessivamente otimista. O meninosorrindotrans­

mite a mensagem -falsa-- de que as coisas estão

bem.Masareportagemesclareceque"no

segundo

semestredeste ano não serãoabertas vagas paraa entrada denovos alunos

(

...

)

devido à

retenção

de

recursos".

Ameuver, o

jornalismo

crítico deveriatersido

praticado

commaisênfasena

redação

dotextofinal e naescolha da foto decapa.Todos sabemos dacrise

orçamentária

das universidades federais.Corteses­

tão sendo feitosemváriasfaculdadese emprogra­ masdeensino,

pesquisa

eextensão.Entretanto,du­ vidoquecursos como ode

medicina, engenharia

ou física

estejam

sendo

penalizados

com ofechamento devagas. Esse

simples

fato deveriaterfeitosoar os alarmesda

redação

do "Zero" -seráque,novamen­ te,serãoosmais

vulneráveis,

nocaso,os

indígenas,

osque

pagarão

opreço maisalto dacrise???

Eu não

hesitaria, aliás,

emcolocaressainforma­

ção

-sobreofechamento devagas paraaentrada de novos alunos no

segundo

semestre desteano-no lide dareportagem. E montariatodoo restantedo

textoparamostrarcomoé

importante

a

formação

indígena,

de

que

auniversidade estáneste momento

descuidando.

Aqui

não seriao casodemais

apuração,

que está

bem

feita,

com uma

grande

diversidade de fontese

enfoques,

massimde

opção

editorial.

Areportagem da

página

3, sobre

crowdfunding,

peca

pela parcialidade.

Pelo lado dos sites,aúnica vozéadoCatarse. AcontecequeCatarse éoqueco­ brataxade

administração

maiselevada

(13%,

sem alíviona

negociação)

e oque

impõe

condições

mais

draconianasaoscoletivos

(quem

nãocumpreameta

nãolevanem um

centavo). Hoje,

outros

importantes

players

vêm

disputando

oespaço do financiamento

coletivo,

como o

Benfeitoria,

oKickanteou o

Juntos­

ComVc. Deveriamtersido

ouvidos,

atécomo

serviço.

Umdetalhe: por queafotomostraositefakeKatarsi

emvezdoCatarseaquea

legenda

serefere?

Reportagem

sobre a

pista

de skate é excessiva­

mentelocaletendenciosanadefesa das

"expropriá­

ções"

feitas

pelos adeptos

da

prática

esportiva.

Fica­ riamelhornum

fanzine,

nãoem um

jornal.

Textode

saúde,

sobreas

fobias,

também peca

pela

parcialidade

porqueseateveafontes

ligadas

à

psica­

náliseeàs

terapias cognitivas. Esqueceu-se

deoutra vertente

terapêutica

fundamental -a

psiquiatria.

Hoje

está mais do que

comprovado

que o intenso

sofrimento

psíquico

experimentado pelos portadores

de fobias

pode

seraliviadocom

drogas ansiolíticas,

usadas

paralelamente

às

terapias cognitivas

psi­

canálise.Areportagemdeveriater

apresentado

todo o

leque

de

opções

detratamento.

MatériasobreaPF

investigando

a

jornada

de mé­ dicos não

permite

qualquer

conclusão dos leitores sobreoque estariaocorrendoagoranoHU. Os mé­

dicosestãofraudandoa

jornada?

Oué assimmesmo e aPFéque nãoentendearealidade doexercícioda

profissão,

comodiz odiretor doHU? Issoacontece

porque não existeuma

apuração/investigação

índe­

pendente,

feita

pelo

"Zero". Areportagem limitou­ -se aouvirosladosem

disputa,

semapresentaraos leitores

quaisquer

subsídios para que eles possam

formaruma

convicção. Reportagem

daquelas

que

poderia

tersidofeitaportelefone.Nãoestá

registra­

daa

opinião

dequem seriaomaiorinteressadono corretofuncionamento doHU:o

paciente.

Letícia M. é o

típico

texto de revista feminina. Tudoem

off,

semcontexto,sem

amplitude,

sem ere­ dibilidade.

MarceloBarcelos, professordadisciplina

Corretootextosobreo

pôquer.

Eu apenasacres­

centariaotamanho econômico do

jogo,

hoje

uma

imensaindústria internacional deentretenimento. Areportagemmais

legal

desta

edição

do "Zero"

éadas

drags,

comfotos incríveise

aprofundamento

narrativo.Valemuito.

Textosobrea

redução

da maioridade

penal

éum

desperdício.

OuveJeanCarlos

Cavalheiro,

um

jovem

inteligente

econtrário à

redução.

Masporque

ele,

sesabemosque87% da

população

das

periferias

é

favorávelà

redução

e,portanto,

Jean

Carlosnãoos

representa?

Um debateentredois

jovens

da

perife­

ria

(um

afavoreoutro

contra),

por

exemplo,

teria

sidomais

produtivo.

É

inexplicavelmente

gratuita

a fotoqueilustraotexto. Nemé do entrevistadonem é da

situação

de

jovens

internados em

restrição

de liberdade.

Corretootextosobreofutebolamericano.

E-mail-zeroufsc@gmail.com ..

,...I11111!�...:Telefone

-(48)3721-4833 Facebook -jjornalzero Twitter- @zeroufsc Cartas -Departamento de Jornalismo- Centro de

ComunicaçãoeExpressão, UFSC,

Trindade, Florianópolis (SC)- CEP:

88040-900

ZIBO

JORNAL

LABORATÓRIO

ZERO Ano XXXIV- N°5 - Setembro de 2015

EQUIPE Amanda Reinert,Amanda Ribeiro,Ana Carolina Fernandes, Ariane Cupertino, Bruna Ritscher, Bruno da Silva,DaniellaCoriolano,DéboraBaldissera,DenerAlana,GabrielLima,GabrielaDequech,GiseleBueno,JúliaRohden,JulianoFrança,KarineLucinda, LauraPrada,Leise

Silva, LilianKoyama, Luara Loth, LuizGabriel Braun, MarinaSimões,Matheus Faisting, MônicaCustódio,Natália Hut,Paula Barbabela, Roberto Granzotto,RubensLopes, Sandy

Costa, Sarah Laís,SimoneFeldmann, Talita Burbulhan,Valda Santos,Valmor Neto eVinícius Bressan

EDiÇÃO

DenerAlano,GiseleBueno, Luiz Gabriel Braune Vinícius Bressan

ILUSTRAÇÃO

Amanda Ribeiro, Luiz Fernando MenezesCAPA Amanda Ribeiro

PROFESSOR-RESPONSÁVEL

Marcelo BarcelosMTbjSP25041 MONITORIA Ayla Passadori,

GabrielaDe Toni

IMPRESSÃO

Gráfica GrafinorteTIRAGEM 5 milexemplares

DISTRIBUiÇÃO

NacionalFECHAMENTO15 de setembro

MelhorJornal Laboratório- IPrêmioFoca

Sindicatodos Jornalistas deSC 2000

MelhorJornal-Laboratório EXPOCOM SUL 2015

3° melhorJornal-Laboratóriodo Brasil

EXPOCOM 1.994

MelhorJornal-Laboratório do Brasil

EXPOCOM 2015

•••••

Melhor PeçaGráfica Set Universitárioj PUC-RS1988, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1998

(3)

+-UFSC

Lava-carros

funcionam

sem

regulamentação

Projeto

busca instituir

normas

para

a

atividade

dos

profissionais

que trabalham

na

universidade

uem

frequenta

a UFSC

deve ter

percebido

a

quantidade

de lavado­ res decarros que háno campus. A

equipe

do

Zero encontrou maisde

20 locais onde

há,

pelo

menos, uma

placa

de

identificação

do

serviço.

Masseráqueessaativida­

de,

prestada

quase cinco

décadas,

éfeita demaneira

legal?

Em 2008, o

professor

Cláudio

Amante e oservidor Dalton Barreto começaram um processo,

junto

à

Procuradoria,

para

permitir

oofício.

O

objetivo

era monitorar as ativi­

dades feitas no espaço

público.

Foi

definidoqueelesseriamcadastrados

pela

Pró-Reitoria deAssuntos Estu­

dantis

(Prae),

afim deque osservi­ çosfossem

regularizados.

Acontece que o Zero encontrou

várias

irregularidades

nos pontos de

lavação.

Entre

elas,

estáo

desperdício

de

água.

Também não existe tabela de preços,nem um

padrão

queiden­

tifique

os locais.

Alguns

lavadores

ocupam vagas de estacionamento.

Outros nãopagamataxadevintere­

ais,

referente à luzeà

água.

Há,

ainda,

a

questão

do descarte deresíduosnos riachos que passam

pela

Universida­ de. A assessora daCoordenadoria de

Gestão Ambiental da UFSC, Ariane

pode

continuar :5 desse

jeito.

Tudo

]

vai somando e

gerando

uma

insatisfação

do

público

daUni­ versidade". A estudante Daniela Came­ ro",

43,

conta que, ao che­ gar à UFSC, um lavador se

aproximou

e

bloqueou

a en­

trada,

pedindo

que ela colo­

casse o carro em outro

lugar.

"Fiquei

indig­

nada ao ver que ele

queria

tirarminhavaga.Pedi para

tirar o cavalete. Ele começou a me

xingar,

masacabou

tirando".Já

opro­ fessor

aposentado

do

Departamento

de

Mecânica,

Lourival

Boehs,

66,

diz

queusa o

serviço

hámaisde 30anos. "Não tenho nadaareclamar.

É

bome Grandepartedos lavadores decarrostrabalha apenas dentro daUniversidadeesustentaafamíliacom arendaobtida

Laurenti, considera que não se deve usar otermo

irregular.

"Eu diria que a

palavra

maiscorretaseriaumaati­

vidade informaL"

O atual

responsável pelos

traba­ lhadores é o

professor

Clarilton Ri­

bas. Ele é o idealizador do Lavador

Cidadão,

projeto

que visa

regularizar

o

serviço

de

lavação

decarros.Ribas defende que o

projeto

se

enquandra

como

social, já

que muitoslavadores têmos lava-carroscomo única fonte de renda.Parao

professor,

"o

proble-maé quetem gente quese alimenta com oquearrecada das

lavações".

Ele acreditaqueé necessário

implemen­

tar

ações

decarátercultural.

Essa ideia faz

parte

das normas mínimas internas, documento que

padroniza

ofuncionamento doservi­ ço. Umadas medidas é

estipular

um valorfixo. O lavador também deverá

manteroponto

limpo

e ocrachá pre­ so àcamisa.Além

disso,

menores de idadenão

poderão

exercer a

função.

O

professor

Clarilton entendeque "não

confiáveL"

Por

enquanto,

nãoháumamparo

legal

que

permita

a

utilização

does­ paço da Universidadeparaessesfins.

O

projeto

procura

regularizar

oservi­ çosobumaforma quenãopareça

au-toritária. "Não

podemos

passarcomo umtratorporcima

deles, entendeu?",

salienta Ribas. Conforme destaca

ArianeLaurenti,o

lado social,

aques­

tãoinstitucionaleoaspectoambien­ tal devemseranalisadosem

conjunto.

Até agora,

se

conseguiu

fazer um crachá para cada lavador.

Há,

também orçamento para comprar camisetaseoutroparacolocar

placas

de

identificação.

Aideia

é,

aospoucos,

legalizar

aatividade.

"Já

pensoubotar um trabalhador na rua

depois

de35 anos numespaçono

qual

ele

simples­

mente tira o sustento da

família?",

enfatiza Ribas.

Osni

João

Vieiraé

pai

decinco fi­ lhose lavador decarros há

49

anos. Todosos seusfilhos

seguiram

a mes­ ma

profissão.

Hoje,

aos64anos, éum dos lavadores mais

antigos

da UFSC

e sobrevive apenas

disso,

lavando de

trêsaquatroveículospordia.Dese­

gunda

asexta,vesteocolete amarelo evaiparao estacionamentodo CTC. Osniafirma que procura fazerascoi­

sas sem

prejudicar ninguém.

*Nomefictíciopara preservarafonte

JulianoFrança jdejulianoo@hotmail.com Valdori Santos reportervaldosantos@gmail.com SarahLaís srt.sarahlais@gmail.com

Bar

Engarrafamento:

o caso

não

confirmado

Boato

sobre

série de

estupros

envolvendo

o

estabelecimento começou

nas

redes sociais

lL

Bar

de

estupradores"

era a

pichação

escrita na fa­ chada do bar em que as duas

repórteres

entraram.

Tentando decidiromelhor

plano,

as moças escolheram uma mesa e observaram o movimento.

"Diminuiu

bastante,

costumava ser bem mais

cheio",

garantiu

uma de­ las.Numamesadolado de

fora,

elas

puxaramum

bloquinho

ecomeçaram afazer

anotações.

Umdos garçonsas rondou atéquedecidiram

pedir

uma

cerveja

-quefoi abertaeservidana frente

delas,

por

garantia.

Nodia 17 deagosto,oCentro Aca­

dêmicoLivrede CiênciasSociais

(Cal­

es)

daUFSC

publicou,

em sua

página

no

Facebook,

uma denúncia anôni­ made "Xcasosdeestuprosde pessoas

conhecidas,

em umbarnasredonde­ zasdaUniversidade".Paraprotegeras

vítimas,

oCalesomitiu onúmero de casos eo nomedo estabelecimento.

Nodia

seguinte,

oColetivoPra Fa­

zer Diferente decidiu

publicar

outro

textoem sua

página

namesmarede

social,

que começava com a frase "Nós damosnome aosbois!".Ogrupo

afirmouque garçonsdoBar

Engarra­

famento,

nobairro

Carvoeira,

coloca­ ram

drogas

nas bebidas de

algumas

meninas para que elas

"apagassem".

Em

seguida,

a

acusação

era ainda

mais grave: os funcionários teriam

estuprado

as estudantes

após

oexpe­ diente do bar.

Emtemposdeinternet,não édese

surpreender

que

(quase)

tudo tenha acontecidoviaredessociais:adenún­

cia porparte de um

perfil

anônimo,

o

pronunciamento

do dono do

bar,

a

repercussão

nas

páginas

de coletivos.

Masé muitofácil dizeroquesepensa nainternet,assim comoé fácil assu­

mirumaidentidadeque nãoé asua

própria.

A maneiracomo sedeuessa história apresenta indícios para que seacredite que tudonãopassa deum boato- e

que

ninguém

sabe ondeco­

meçou.

O que

complica

casos como esse é que não existe uma

delegacia

es­

pecializada

emcrimes deinternet.

É

interessante

questionar

até

que ponto o que acontece

-no meío

digital pode

afetar

!

omundo

real,

pois,

casonão

'"

seja

comprovado

que houve estupro, a denúncia

pode

ser

tipificada

como calúnia e

difamação

(artigos

138 e 139do

Código Penal).

E não

sofreapenas quem iniciouo boato: quem

compartilhou

a

informação

também

pode

ser

punido.

Debarem

bar,

as

repórte-resdoZeroandaram

pelo

entornoda

UFSC,

tentando,

sem sucesso,contato com Mareio

Pamplona,

proprietário

do

Engarrafamento

e de outros três estabelecimentos

próximos

à Univer­

sidade. Os funcionários sempre re­

petiam

que não tinham

autorização

parapassaronúmero dotelefone do chefeequeele deviaestarem

algum

dosoutrosbares: "Com quatrocasas,

fica difícil atépra

gente

saber onde ele

está".

Mas sãocasoscomoodeuma

estu-Fraseacusatóriafoipichadanaparededuasvezesdesde queadenúnciafoi feitanomês deagosto

dante,

que

preferiu

nãoserídentífica­

da,

que

reforçam

a

suspeita

da denún­

cia. A

jovem

e uma

amiga

foram ao barumanoite.

Inesperadamente,

um garçom levou bebidas atéa mesadas

duas,

semque elastivessem

pedido. Já

bebendouma

cerveja,

elasrecusaram os

drinks,

supostamenteenviados por dois rapazes numa mesa

próxima.

Para

elas,

ficaadúvida:teriasidoum flerteou umatentativade

drogá-las?

Nastrêssemanasentreadenúncia eofechamento desta

edição,

não

hou-ve

registro

deboletim de

ocorrência,

nem

pronunciamento

de nenhuma vítima deestupro.Emdez tentativas, a reportagem procurou

informações

no 6° Distrito de

Proteção

à

Mulher,

localizado no bairro

Agronômica,

e só

conseguiu

contatocom uma

plan­

tonista,

quedisse não haver

registro

sobreo caso. Natália Huf natalia.huf®gmail.com Mônica Custódio monicacustodioC@gmail.com

ZERO

Setembro de 2015

(4)

D

Com

cortes

de

verbas

na

educação,

universidade

22

04

1 1

1

junho

maio

agosto

agosto

Dilma anuncia Cerca de 300 Fechamento Conforme Estudantes, Alunos do

ocorte de

RS

servidores do RU

representantes

servidores e

Departamento

8,6 bilhões na filiados à do Comando

professores

de Geociências

Educação

Fasubra decidem Local de Greve da

Arquitetura

decidemem

pela

adesãoa Docente,

pelo

deliberamem Assembleia

É

protocolada

a greve nacional menos 15 Assembleia a

paralisar

suas

greve nacional da

categoria

professores

da greve docurso atividades

da Fasubra,em UFSC aderem à

Brasília Greve Nacional

Docente

Greve dos

técnicos,

fa Ita

de

professores

e

cursos

paralisados

chamam

atenção

para

precariedade

OPrimeiro

reflexo do corte de

R$

8,6

bilhõesna

Educação,

anunciado

pela

presidente

Dilma Rousseff em maio

desteanofoiagreve nacional da Fede­

ração

de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativosem

Instituições

deEnsino

Superior

Públicas do Brasil

(Fasubra),

queabran­

geservidores das universidades

públicas

de todoo

país.

A

intenção

dos

profissionais

era

pressionar

ogoverno paramelhores

condições

de trabalhoe salário. Desdeodia4 de

Junho,

osestudantes da Universidade Federal deSanta Catarina

(UFSC)

fi­ caram sem acessoàBiblioteca Universitária

(BU),

aoRestauranteUniversitário

(RU),

à PRAEeoutros

serviços

essenciais.

Com o cortede

verba,

programas de ensino,

pesquisa

eextensãoede

Pós-Graduação

foramas atividadesmais afetadas.A

Coordenação

de

Aper­

feiçoamento

de Pessoal de Nível

Superior

(Capes),

instituição

do Ministério de

Educação

(MEC)

res­

ponsável

porfinanciar programasde mestrado e

doutorado,

afirmou orepasse de

R$

1,65

bi para seusprogramasde

pós-graduação (Proex,

Prosup,

Reunie

Prouni).

Entretanto,universidades

públi­

casde todoo

país

têmenfrentado dificuldadespara manteras

atividades,

eafirmamqueorepassefoi abaixo do comunicado.

Deacordocom aUniversidade Federal da Bahia

(UFBA),

orepasse paraa

instituição

-queantes

chegava

a

R$

4 milhões- foi de

apenas

R$

1 mi­

lhão. Emnota,a

administração

daUFBArelatou queo

pronunciamento

da

Capes

foi tardioeque

"por

estasrazões,a

implementação

desta medida levará à

paralisação,

de

fato,

da atividade de

pós­

-graduação

namaioriadas universidades do

país".

Na UFSC, os programas de

pós-graduação

também tiveramcorte de 75% novalor

previsto

para

despesas

com

participações

emcongressose financiamento de bolsas de doutoradonoexterior, entre outrasatividades

previstas

noprograma.Em

nota

publicada

emagosto,oCentrode Ciências da

Educação

(CEO)

secolocoucontraoscortesdever­ basparaatividades deensino,

pesquisa

eextensão

edisseque,acurtoemédio prazo, será notávela

redução

de

produção

científica nas universida­ des brasileiras:

"Vivemos,

portanto,ummomento

crucial para resistir, unir

forças

para

pressionar

pela

revisãodoscortese

garantir

quea

educação

pública

não

seja

negligenciada

noorçamentodo

próximo

ano".

A

atuação

doDCEéumdospontoscriticados duranteas

paralisações

dos estudantes. "Oque exis­ teporpartedoDCEéumatentativade desmobili­ zar auniãodas três

categorias

dentro daUFSC: a entidade

ignora

queestudantes tambémsãotraba­

lhadoreseque todaa

precarização

dasoutras cate­

gorias

reflete

naqueles

quedeveriamserrepresen­ tados

pelo

diretório." reclamaaestudante doCAde

Serviço Social,

Luana Costa.

Segundo

osalunos doCentro

Acadêmicode

História,

apesar de

alguns

estudantes docurso seremdo

Diretório,

nãohou­ ve tentativade

comunicação

entreosrepresentantes.Thia­

go

Pimentel, presidente

doCA

deEconomia,afirmaque,ao menos em seucurso,houve um

diálogo

com aentidade:"Entendo queoDCE deveassumirum

papel

fundamentalnaslutases­ tudantispor melhores

condições

deestudo eper­

manência,

eassim espero queo

faça;

até porqueo

movimentoestudantil só tendea

perder

se oDCE

Cadastro Socioeconômicono

Serviço

Socioassisten­

cial daCoAEsnoretornodasAssistentes Sociaisao setor,

após

ofim da

greve."

Segundo

VanessaCanei,estudante de

Relações

InternacionaisebolsistanaPRAE,o

agendamento

paraa

realização

dos cadastros estámantidopara

priorizar

os

calouros,

mas ocadastronão garan­

teosbenefícios.Noedital sobreo

Programa

Bolsa

Permanência,

150 bolsas

são ofertadas e o

lança­

mentodenovo edital está

previsto

após

agreve,mas ainda há dúvidaspor par­

te dos estudantes sobre a fonte de recursos para as novas vagas, que seriam

superiores

aos anos ante­

riores. "Sem

mobilização

estudantil,

essesestudantesterão queabandonara

universidade,

eissoé

algo

que não

podemos

permi­

tir.

Infelizmente,

nãotemos

apoio

doDCEpra nada

em

relação

a

permanência,

oquetornatudo ainda

mais

difícil",

dizVanessa.

"Não

temos

apoio

do

DCE

para

nada

em

relação

a nossa

.I'< •

permanencia,

o

que

torna

mais

difícil"

Permanênciaestudantil

Em 2007,aUFSC aderiuao REUNI

(Reestru­

turação

e

Expansão

das Universidades

Federais),

aumentandoonúmerodevagas

ofertadas,

criando novos cursosde

graduação

efacilitandoo acessode

muitosalunosàsuniversidades

públicas.

Apesar

da

expansão,

acarga administrativaeas

políticas

de

permanência

não

acompanharam

ocrescimento

promovido.

Em2015,cercade três mil estudantes entraramatravés dosistemadecotas

(47,5%

das 6511 vagas ofertadas

pela

UFSCforam reservadas para Política de

Ações Afirmativas).

Em contra­

partida,

há 167 vagas na moradia estudantil e 2068 bolsas estudantisnovalor de

R$

555 destinadas àtoda a universidade Devidoàgreve

dos

TAEs,

oscalouros

ingres­

santes no

segundo

semestre

de 2015 enfrentaram dificul­ dadesemconcluirocadastro socieconômico e concorrer a

algum

benefício.Emnota

divulgada

nodia22deagos­ to,aReitoria anunciou que

"ações

foram executadasem caráter

excepcional,

consíde­ rando-sea

situação

derisco àvidaou a

permanência

dos

recém

ingressos: a) isenção

docustoda

alimentação

no restaurantedos Volantesen­ quantooRU estiver

fechado;

b)

alojamento

provisório

no Módulo III da Moradia

Estudantil;

c)

agendamento

prioritário

para análise do RestauranteUniversitário voltouafuncionarem31/08comfuncionários terceirizados,oquegerou protestos

(5)

vive

instabilidade

Reitoria anuncia areabertura do RU CFH decide

pela

greve em Assembleia Estudantil

agosto

não assumiresses espaços de

reivindicações",

diz.

Areportagementrouemcontatocom o

Diretório,

masnãoobteverespostaatéofechamento da edi­

ção.

Outropontoque,

segundo depoimentos,

impe­

diua

continuação

das

paralisações

dosestudantes foioassédio porpartedos

professores.

Houverela­

tosde alunos sobre

professores

quenão

apoiam

a greve dos

estudantes,

intimidando-os por

e-mail,

aplicando

tarefase

exigindo

presençaem sala de

aula,

sem

possibilidade

de debate. llaltade

professores

eíníraestrutura

Nocursode Ciências

Econômicas,

seis

díscíplí­

nas

obrigatórias

estãosem

professores,

contabili­ zando282cadeiras vagas.Paraqueessademanda fosse

suprida,

serianecessáriaa

contratação

de dois

professores

substitutose um

efetivo, já aprovados

em concurso.Mas,com aSecretaria de Gestão de Pessoas

(Segesp) paralisada

em

função

dagreve dosTAEs,ossubstitutos

aprovados

emprocessose­ letivonão

podem

assumirseuscargos.

O curso de

Relações

Internacionais também

estácomfalta de

professores:

sãoquatro

disciplinas

brigatórias

e

176

alunossemaula. Emboranão

aja

indicativo de greve estudantilnessescursos,foi ealizadana

terça-feira,

dia 1°de

setembro,

uma

ula

pública

para discutiros

impactos

dacriseeco­ ômicanaUFSC,

especialmente

voltadaaos cursos eRIeEconomia.

om

Segesp

parada,

60

provados

em

concurse

úblico

aguardam

omeação

para

ssumrr

es

seus

cargos

Paralisado desde19deagosto,o cursodeArtes ênicasestásem

proíessores

paratrês

disciplinas

brigatórias

dosexto

período.

Existemdois substí­

tosno

quadro

docente,

porém,

a

recontratação

estesé incerta. Por ainda não ter espaço físico

róprio,

asaulas docursosãoministradasemsalas

'emprestadas" pelo

Centrode FísicaeMatemática

(CFM)

e

pelo

cursode

Design,

noCentrode

Cornu-Cerca de 70 pessoasse reúnemem Assembleia docente convocada

pelo

Comando Local de Greve

21

agosto

Ato unificado Assembleia 2aAssembléia dos Servidores Geral dos Geral da Federaisem Estudantes da Comunidade greve

pelas

ruas UFSC:

criação

de Universitária: do Centro um Comando de

aprovada

a

pela

melhora Greve Estudantil.

unificação

da nos salários, que unifica pauta. A

partir

serviços

oscomandos de agora,as

públicos

de dos mais de

categorias

qualidade

para 19 cursos em

apoiam

as a

população

e

estado de greve demandas umas contra o

ajuste

Reabertura

ou

mobilização

das outras fiscal do RU

25

27

1

agosto

agosto

agosto

agosto

ZERO

Setembro de 2015

nicação

e

Expressão (CCE).

Sem

professores

paratrês

disciplinas,

o curso de Matemática também

pede

pormelhor infraes­

trutura:"Nosso

prédio

de aulase nossosprogramas

de extensão estãosendo

engolidos

acada volta às

aulas,

enãohá sinal de

construção

deum

prédio

novo.Estamos

perdendo

nosso

espaço",

afirmouo

presidente

doCentroAcadêmicoLivredeMatemáti­

ca

(Calma),

Guilherme

Wagner.

Emmemorando

circular,

a

Segesp

divulgou

que

são

aproximadamente

60candidatos

aprovados

em concurso

público aguardando

a

nomeação,

assim como os

aprovados

emprocesso seletivo.Novos pro­ cessosseletivos tambémnão estãosendo realizados.

Pauta.s

especificas

Os movimentosdos estudantes tambémtrazem

paradebateas

solicitações

específicas

de cadacur­ so.Os CAsdeFilosofiaeHistória

incluíram,

entreos

motivosdagreve

deflagrada

nomês

passado,

apar­

ticipação

dos estudantesna

reestruturação

curricu­

lare a

ampliação

da biblioteca setorial.Durantea Assembléia Geral dos Estudantes daUFSC,alunos docursodeLetras Librascriticaramafaltadetra­

dutorese

intérpretes

da

lingua

Brasileira deSinais

qualificados

paraatuarem

serviços

essenciaisaos

estudantes,

como oHU,aPRAEe aBU. O Centro

Acadêmico de Farmácia

deflagrou

a

paralisação

no dia 17 deagostoparachamara

atenção

dareito­ riaquantoaos

problemas

nacomprademateriais

para aulas

práticas,

comoreagentes

químicos.

osalunos do

departamento

de

Geociências,

para­ lisadosnoiníciodo

segundo

semestre,

exigiram

a

regularização

das

condições

das saídas de campo, como o

pagamento/reembolso

aos alunosepro­ fessores dosgastos, efazercomqueelas

estejam

previstas

no

plano pedagógico

docurso,bemcomo

disponibilizadas

nos

planos

deensinodos

profes­

sores. LilianKoyama Izkoyama@gmail.com Natália Huf natalia.huf@gmail.com Karine Lucinda karine.lucinda@gmail.com Gabriel Lima gabrielduwe@gmail.com SandyCosta sandycossta@gmail.com

(6)

Inez Cristina daSilveira trabalhacomotaxistaháseisanos erelata que, apesar denuncatersidoassaltada,jápassou poralguns episódiosintimidadores duranteasmadrugadasnas ruasdeFlorianópolis

Insegurança

afeta

o

trabalho

dos

taxistas

Temendo

assaltos,

motoristas

deixam de atender comunidades

que

têm

histórico de violência

"

E

noite

quando

o

casal,

com

não mais que 30 anos, se

aproxima

do táxi onde Vanderlei da

Silva,

47,

aguarda

os

passageiros

na

Praça

XVde

Novembro,

no Centrode

Florianópolis.

Elesentramno carro e

pedem

paraomotoristaoslevar atéa ruaGeneralVieiradaRosa,naloca­ lidadeconhecidacomoMonteSerrat. Por contadonevoeiro e,

alertado

pelos colegas

dos

frequentes

assaltos na

região,

otaxista parao carro em frenteauma

escola,

na rua

solicitada,

eavisa que não

pode

iralém

daquele

ponto.Alâmina dafacaespetaabarri­ ga domotorista, enquantoo

homem,

sentadonobancotraseiro,ordena que ele continueo

trajeto

até

chegar

em frentea uma

igreja

evangélica

noalto domorro.Os

criminosos

saemlevan­ doocelular dotaxistae os

R$100

que ele tinhanacarteira.

A violência e a

insegurança

das ruassãosentidas por quemtrabalha nas

madrugadas

de

Florianópolis,

principalmente

taxistas,quenãodis­

põem

desistemaseficazes de

proteção,

tomando-sealvo da

ação

dos crimi­

nosos. Temendoos

assaltos,

motoris­

tasdeixam de levaros

passageiros

nas comunidades onde o índice de vio­

lênciaé maiselevado.Deacordocom Zulmar de Faria,

presidente

do Sin­

dicato dos Taxistas de

Florianópolis

e

Região,

estanãoéa

recomendação

passada

aosmotoristas,

pois

segundo

ele "o direitode ir evirdas pessoas

não

pode

ser

prejudicado".

Entretan­

to, moradores de

regiões

como oMa­

ciço

doMorrodaCruzeMonteCristo

deixam deseratendidos

pelo

serviço

a

partir

das 20h.

Além dos três assaltos que

sofreu,

Silva,

citado no começo da reporta­ gem, relembraomomentomais

dra-!

I

"A segurança dos

trabalhadores é

zero.

Eles

ficam

expostos

quando

o

passageiro

entra

no

carro"

mático que passou durante os anos de

profissão.

Aconteceu

quando

três

jovens

embarcaramno

táxi,

porvolta do

meio-dia,

e

pediram

paraseremle­ vadosaobairroSerraria,emSão

José.

No percurso,umdosrapazesatendeu ocelular edisse que eles

estavam

preparados

para uma troca de tiros.

"Quando

viostrêssacarem as armas que

guardavam

dentro dos

calções,

parei

otáxiemfrentea umbaredisse

que não entrarianomeiodotiroteio. Aover ostraficantesrivaisnobardo lado de

fora,

ostrêsrapazesse escon­ deram dentro do

táxieapontaram a armaparamim

pedindo

para que

eu saísse dali o mais

rápido

possível.

Então os deixei noutro ponto do bairro e eles me

paga-ram

pela

corrida. Recebi o dinheiro tremendo".

Portrás de doismonitoresnasede da

Associação

dosTaxistasdeSão

José

e

Florianópolis,

José Henrique

Weber

acompanha

astransmissões viarádio feitas

pelos

maisde2.100

profissionais

na

região

da Grande

Florianópolis.

É

ele quemanota

esporadicamente,

em um

caderno,

asocorrências envolven­ dotaxistasetambémfica

responsável

por acionara

polícia

nos casos mais graves, como sequestro,

agressão

ao

motoristaouroubo do veículo.

Apesar

da inconsistêncía dos dados sobreas­

saltos,

a

Associação

reconheceafalta de segurança dos trabalhadores. De

acordocom o

presidente

CarlosHum­

berto Vieira,a

instituição

implantou

um sistema de rastreamento que

abrange

cerca de 50% dos veículos cadastrados. "Asegurançados

taxis-tasézero,porque eles ficamexpostos

depois

queos

passageiros

entramno carro. Tentamos

ampliar

asegurança dostrabalhadores instalando cabines

para os motoristas, mas isso gerou uma

rejeição

porpartedos

usuários,

quenãosesentiam

confortáveis,

en­

tãoascabinescomeçarama serreti­

radas".

Há 35 anostrabalhandocomota­

xistaem

Florianópolis,

Carlos Alberto Vieira,

56,

conta que

sofreu

pelo

menoscincoassaltosenquantotraba­ lhava.O

primeiro

aconteceu

quando

transportava um

passagei­

ro que ia da

Capital

para o

município

de

Biguaçu.

Quando

che-gamos BR-101, apontou a armaparamim,mandoueupararo

carro,entregarodinheiro que tinha edescer. Elesencontrarammeu car­ ro em Curitiba

algum

tempo

depois.

Naquele

dia,

soube que ele também havia assaltado outros 15 taxistas

aqui

na

região".

Em outra ocasião,

após

deixarum

passageiro

nobairro

MonteCristo,ele foi

impedido

desair porumhomemque

bloqueava

apas­

sagem, numa bicicleta. "Ao menos quatro homens também cercaram o carro e um deles veio na minha

janela pedir

que eu entregasse o dinheiro.Dissequenão

tinha

nada,

pois

havia

começado

oturnono

táxi,

então o cara que estava na bicicleta abriu umespaçoe eu na ele

acelereio carro.Foi assimqueconse­

gui escapar".

A ausência de

registros

sobre os casos de violência contra os

profis­

sionais,tanto porparte do Sindicato como da

Associação

dos Taxistasde

São

José

e

Florianópolis,

não

permite

chegar

a um númeroexatodeocor­ rências e dos

tipos

de

agressões

so­ fridas.Entre os taxistas, écomum a ideiade queo

registro

do boletim de ocorrência é ineficaz.Deacordocom a

delegada

AnaCláudiaRamosPires,

da

Delegacia

de

Repressão

aRoubos da

Capital,

nosseismeses emque está

àfrente da

instituição,

foi realizado

apenasumboletim de ocorrênciapor

partedos taxistas. AnaCláudia pon­

tuaaindaqueo

registro

dosboletins é fundamental paraa

criação

deestra­

tégias

de

proteção

àsegurança

públi­

ca,

pois

otrabalho da

polícia depende

de estatísticas que são alimentadas

pelo

sistema."Através desses

registros

é

possível

definiros horárioselocais commaiorincidência doscrimese o modo de

operação

dos criminosos", destaca.

ZEBO

Valmor Neto

valmorneto88@gmail.com

(7)

Monte

Cristo

Chico Mendes

e

Novo

Horizonte,

duas

comunidades da

periferia

de

Florianópolis,

vivem

acuadas

entre

a

poltcía

e o

crime

o

morador

não

é

o

inimigo

orno tu

conseguiu

vir?", a mulher perguntou. Dona Milita

fingiu

uma dor de

cabeça

súbita e foi embora da reunião sobre economia solidá­

ria. A moça que fez a pergunta em :omdeironiamora naBeira-MarNorte;Milita

\1aria

Marques

vemdo bairroMonteCristo, na oartecontinental de

Florianópolis. Naquela

ma­

mã,

Militaouviu do vizinho que foram quase Wminutosde tiroteioentreos grupos

ligados

tocrime

organizado.

Omedo fezpareceruma etemídade.

Amoradorasaiu decasa eencontrouuma

nãe

desesperada

por causa do filho baleado 10confronto danoiteanterior. Com umnóna �arganta,Milita pegou oônibusem

direção

ao

:entroda cidade. Alíder comunitária viveem 'lova

Esperança,

comunidadequefazparte do

\1onte Cristo.

acostumada a conviver com J tráfico de

drogas

e com a

ação

ostensivada

oolícía,

desabafa:"Nosúltimosmeses,aguerra :omou uma

proporção

como nuncaantes". A rerguntada moça de classe médiairritouMili­ :a:

_"Quando

matamumdos nossos,essagente liz graçasaDeus,mas era umadas

crianças

da rossa

comunidade,

e que

poderia

sertão boa quantoofilho dela".Correu em

direção

à Câ­ narade

Vereadores,

subindo cada

degrau

do

orédiodecididaafazer

algo.

Arespostado Estado paraoaumentodavio­ ência entre os grupos rivais que controlam J tráfico de

drogas

no Monte Cristo foi inten­

sificaro

policiamento.

Hoje,

é o único bairro 10 Continente com uma viatura

própria

para

o

patrulhamento.

Aolado daVia

Expressa,

ro­ doviaqueune aBR-lOl à

Ilha,

oMonte Cristo

é um mosaico de nove comunidades: Monte

Cristo, Nossa Senhora da

Glória,

Novo Hori­

zonte, Chico

Mendes,

Nova

Esperança,

Santa

TerezinhaI,SantaTerezinhaII,PromorarePa­

norama. Oúltimo censodoInstitutoBrasileiro de

Geografia

e Estatística

(IBGE)

indica queé o décimo maior bairro de

Florianópolis,

com 12.707 habitantes. Há

divergências: segundo

o

sitedoCentrode

Educação

e

Evangelização

Po­

pular

(Cedep),

organização

não-governamental

queatuanaáreadesde1987, a

população

gira

emtorno de20 mil. Os moradores mais anti­

gos concordamcomesse

número,

confirmado também

pelo

Comandodo22°Batalhão daPM,

responsável pelos

11distritos doContinente. No MonteCristo, orendimento médio mensalpor pessoa é de

R$ 616,73,

quase trêsvezesmenor, se

comparado

ao

município

de

Florianópolis,

com rendaper

capita

de

R$

1.731,91

(IBGE,

2010).

Do

conflito,

acirradoemnovembro de

2014,

surgiu

a

operação

"Ordeme

Progresso",

uma

parceria

entre a PolíciaCivil e aPolícia Mili­ tarque

investiga

o tráfico de

drogas

e as fac­

ções

criminosas que estariamatuandonolocal hácercadeumadécada.

Apenas

nos dias das trêsetapas da

operação

- realizadas

em30 de maio, 30 de

julho

e 14 de agosto de 2015 -, foram efetuadas cercade 75 ordens

judiciais

de buscaeapreensão nas comunidades. Essas

ações

resultaramemquase 30

prisões

e apre­

ensõesentreadultoseadolescebtesedezarmas foram confiscadas. Além de

drogas, principal­

mente

maconha,

apesar do crack ser asubs­ tânciamaisvendidana

região.

O

delegado

que

comandou a

operação, João

Fleury,

daDivisão

deCombateaoNarcotráfico

(Denarc),

nãosoube informarquantasdessas

ZERO

Nas

três

etapas

da

operação,

foram

efetuadas 40 ordens

de busca

e

apreensão

e

30

prisões

pessoas permaneceram presase nem o custo

total. "Não dá para acabar

[com

o tráfico

l.

Nós enxugamos o

gelo,

mas se não enxugar,

transborda. E setransbordar afeta vocês que

vêm bater

aqui

e perguntar por

quê

agente

nãofez

nada",

refletiu

Fleury

sobre oslimites

da

operação.

OBatalhão de

Operações

Especiais

(BOPE)

também atuou recentemente no Monte Cristo,

durante 27

dias,

na

operação "Saturação

de

Tropas

Especializadas

(OSTE)".

Entre 4 e 31

de agosto, o 22° Bata­

lhãodaPM

transferiu

a territorialidade para o

BOPE.A

operação

OSTE

resultouem 17

prisões

e

apreensões

de adoles­ centes. O comandante

Marcos Barreto

Valen-ça,afirmaquetodosospresosestãorelaciona­ dosagrupos docrime

organizado.

Segundo

adefensora

pública

estadual espe­ cializadaem casosde

acusação

deenvolvimen­

tocom ocrime

organizado,

Fernanda Mambrini

Rudolfo,

aviolência

policial

que

existecostu­ maficarmaisevidente durante

operações

poli­

ciais

especiais:

"Para que existaessa

ocupação,

háuma

cobrança

muito

grande

porresultados

imediatos.Só queisso não existeemsegurança

pública.

Então,

a

repressão

aumenta". Mãono

paredão

eterritórios

proibidos

Soltar

pipa

nafavelaem quecresceu. Este

émaisumdos direitos das

crianças

do bairro

que nãoé

respeitado, pelo

menosnãoenquanto

o grupo que comandao tráfico de

drogas

na ChicoMendese ogrupo rivalnaNovoHorizon­

teestão em

"guerra",

como todosnomeiamo confronto.Masnãoé sóocrime

organizado

que limitaodireito da

população,

com suas

intrigas,

caguetagens,tiroteiosetoquesderecolher. Um

garoto negro de dezanos contaque foi abor­ dadopor

policiais

militares enquanto

empinava

pipa

na praça perto da Via

Expressa.

Arrancaram os carreteis, comlinhassem cerole as

pipas.

O

brinque-II

do foi

quebrado

diantedoseurosto.Com

medo,

o

menino correu paracontaraos

amigos

que o

policial

quase enfiou uma das varetas no seu olho. Orelato se

espalhou

echocou educado­ res eoutros

jovens

acostumadoscom otrata­ mentoviolento que

denuncíam

predominar

no

bairro,

ocupado

por

forças policiais.

Cláudio deSouzaé educadoreinstrutorde skate do

Fênix,

projeto que atraios

jovens

em

situação

de risco por meio dos esportes radi-cais, dentro do

Cedep.

Mora há dois anos em

Florianópolis

e garante

ter descoberto que

não vive em uma Ilha da

Magia:

"Já

diziam osRacionais Me's: 'o

mundo é diferente da ponte para cá'.

Aqui,

para onde você olha

só vê

polícia.

Se ocupar as comunidades com

BOPEfosse

isolução,

oRio,de ondeeu

venho,

seriao

paraíso".

Segundo

os

moradores,

oconflitoe aviolên­

ciaentregrupos

ligados

ao tráfico de

drogas

e dearmasaumentoue ostiroteios começarama ser

frequentes,

inclusiveduranteodia. Saíram dos becosetomaramcontadasruasmaismo­

vimentadas,

como aAvenida

Joaquim

Nabuco. Traficantes

chegaram

airàs escolas paraavisar

dos confrontose ordenarque os

pais

buscas­ sem osfilhosantes das 17h.

Quando

assumiu

o comando do 22°

Batalhão,

Marcos Barreto

Valença

soube que dos setehomicídios

regis­

trados no continente, cinco foram no Monte Cristo. Deacordocomo

comandante,

a

polícia

comemorou30 diassemassassinatosnoinicio

\

de setembro.

Marcolimiteentreasduas comunidadesten­

doàfrenteaChico Mendese nosfundosaNovo

Horizonte, a escola América Dutra Machado

acompanha

diariamenteas cenasde violência.

Umaluno lembradamanhã detiroteio intenso: "Maisdecincominutos

ininterruptos,

achei até

quefosse

algo

desmoronando no

colégio".

Ele e os

colegas

estavamem

aula,

mas a

professora,

sem

interromper

a

exposição,

apenas

pediu

que

nãoficassem

próximos

às

janelas.

Cláudio de Souza

explica

que as au­ las de skate precisam ser feitas com base em uma

estratégia

de locais neutros, aon­ de todos possam ir: "Se fizermos as au­ las na

quadra

da Chico

Mendes,

há um ou

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