Voltamos
para
falar
que
nem
tudo
está
bem
ojornalista,
pornatureza,éinquieto.
Nósvemos omundo deforma diferente.
Quando
tudo parece estarbem,
éo momento deentrarmosemação.
Cumprir
a nossamissãodemostraroque estão tentandoesconder.Talvez,
porisso, queessaedição
do Zeroesteja
tãocheia detretas-nomomentoem queexercemos a
profissão,
não
podemos
serdeboa.Começamoscom amatéria de capa,suicídio,
umassuntoqueousamostratarenquantooutrosveículosse censuram.Éhora detrazerosnúmerose otrabalho deprevenção. Alémdela,
mostramosavida de quemmora nascomunidades queformamoMonteCristo,que contradiza
imagem
quesetemdeforade que
Florianópolis
é seguraenãotemviolência.Daqui
daUFSC,um
apanhado
sobrecomo oscortesdo governo afetaramavidadoZERO VENCE
PRÊMIO
NACIONAL
É
commuitoorgulho
- e atradicionalresponsabilidade
na apostadeumjornalismo
crítico,
independente
ede elevadointeresse
público
-queacrescentamosmaisuma marca
grá
ficaaocabeçalho
doZero. Anovaestrela simbolizaoinédito PrêmioExpocom
2015-categoriaJornal
Impresso
- daXXIIExposição
dePesquisa
Experimental
emComunicação,agora emcaráternacional.Duasturmasqueproduziram
ojornal
-laboratórioem2014enviaramsuasmelhoresproduções
do anopassado, garantindo,
nototal,
seisedições,
três porturma.Entendemos queo
prêmio reforça
acapacidade
editorial,
gráfica
etextual dosalunos que,commuitoesforço, dedicação
e
talento,
convidamopúblico
aexercitarumaleiturareflexiva acadaedição.
Noexercíciodaprática,
caminhamparaumaformação
sólidaeética,
napromoção
dacidadaniaerespeito
à
universalidade,
pluralidade
eliberdade,
valorestãocaros eessenciaisaobom
jornalismo.
Eescassos emtemposdecriseeriscosàdemocracia.
universitárioe asituaçãoda greve de
estudantes,
servidoresTécni co-administrativosemeducação
(TAE's) edeprofessores
filiadosà AssociaçãoNacional dosDocentesde EnsinoSuperior
(Andes).Tam bémumesclarecimentosobreoboato deestupronoEngarrafamen
to.Não poupamos nem os lavadores de carro, que estão atuandodeforma
irregular
... Queralguma
coisaboa? Ganhamos maisumaestrelinha paraa nossa
coleção
deprêmios.
Somosuma novaturmaque está assumindoo
jornal
com amis são dehonraro histórico dereportagenscríticase relevantes queenfeitamas
paredes
daredação.
Esperamosqueseja
tãobom para você lerquanto foipara nósproduzir
estaedição.
NascidaemSão
Paulo,
LauraCapriglione
éjornalista indepen
dente. Trabalhou comoreporter
especial
dojornal
Folha de S. Paulo entre2004e2013.Dirigiu
oNotíciasPopulares
(SP),joi
diretoradenovosprojetos
naEditamAbrilediretora executivadatevistaVeja.
vencedorado
prêmio
Essadereportagemem 1994,mudouradicalmentesuacarreirae
migrou
dojornalismo
impresso
pamodigital.
Participa
dog1'UPO
jornalistas
Livres.Éumadasfundadoras
doColetivoPonte,canalde
informações
sobreSegurança
Pública, justiça
eDireitos Humanos.Boa leitura!
Laura
Capriglione
Capa
esteticamente muitobem resolvida.Simpá
tica mesmo.Mas, a
exemplo
do que ocorre com a reportagemreferida,
sobre aEducação Indígena,
é excessivamente otimista. O meninosorrindotransmite a mensagem -falsa-- de que as coisas estão
bem.Masareportagemesclareceque"no
segundo
semestredeste ano não serãoabertas vagas paraa entrada denovos alunos
(
...)
devido àretenção
derecursos".
Ameuver, o
jornalismo
crítico deveriatersidopraticado
commaisênfasenaredação
dotextofinal e naescolha da foto decapa.Todos sabemos dacriseorçamentária
das universidades federais.Cortesestão sendo feitosemváriasfaculdadese emprogra masdeensino,
pesquisa
eextensão.Entretanto,du vidoquecursos como odemedicina, engenharia
ou físicaestejam
sendopenalizados
com ofechamento devagas. Essesimples
fato deveriaterfeitosoar os alarmesdaredação
do "Zero" -seráque,novamen te,serãoosmaisvulneráveis,
nocaso,osindígenas,
osquepagarão
opreço maisalto dacrise???Eu não
hesitaria, aliás,
emcolocaressainformação
-sobreofechamento devagas paraaentrada de novos alunos nosegundo
semestre desteano-no lide dareportagem. E montariatodoo restantedotextoparamostrarcomoé
importante
aformação
indígena,
deque
auniversidade estáneste momentodescuidando.
Aqui
não seriao casodemaisapuração,
que estábem
feita,
com umagrande
diversidade de fonteseenfoques,
massimdeopção
editorial.Areportagem da
página
3, sobrecrowdfunding,
peca
pela parcialidade.
Pelo lado dos sites,aúnica vozéadoCatarse. AcontecequeCatarse éoqueco brataxadeadministração
maiselevada(13%,
sem alívionanegociação)
e oqueimpõe
condições
maisdraconianasaoscoletivos
(quem
nãocumpreametanãolevanem um
centavo). Hoje,
outrosimportantes
players
vêmdisputando
oespaço do financiamentocoletivo,
como oBenfeitoria,
oKickanteou oJuntos
ComVc. Deveriamtersido
ouvidos,
atécomoserviço.
Umdetalhe: por queafotomostraositefakeKatarsi
emvezdoCatarseaquea
legenda
serefere?Reportagem
sobre apista
de skate é excessivamentelocaletendenciosanadefesa das
"expropriá
ções"
feitaspelos adeptos
daprática
esportiva.
Fica riamelhornumfanzine,
nãoem umjornal.
Textode
saúde,
sobreasfobias,
também pecapela
parcialidade
porqueseateveafontesligadas
àpsica
náliseeàsterapias cognitivas. Esqueceu-se
deoutra vertenteterapêutica
fundamental -apsiquiatria.
Hoje
está mais do quecomprovado
que o intensosofrimento
psíquico
experimentado pelos portadores
de fobiaspode
seraliviadocomdrogas ansiolíticas,
usadasparalelamente
àsterapias cognitivas
eàpsi
canálise.Areportagemdeveriaterapresentado
todo oleque
deopções
detratamento.MatériasobreaPF
investigando
ajornada
de mé dicos nãopermite
qualquer
conclusão dos leitores sobreoque estariaocorrendoagoranoHU. Os médicosestãofraudandoa
jornada?
Oué assimmesmo e aPFéque nãoentendearealidade doexercíciodaprofissão,
comodiz odiretor doHU? Issoaconteceporque não existeuma
apuração/investigação
índependente,
feitapelo
"Zero". Areportagem limitou -se aouvirosladosemdisputa,
semapresentaraos leitoresquaisquer
subsídios para que eles possamformaruma
convicção. Reportagem
daquelas
quepoderia
tersidofeitaportelefone.Nãoestáregistra
daa
opinião
dequem seriaomaiorinteressadono corretofuncionamento doHU:opaciente.
Letícia M. é o
típico
texto de revista feminina. Tudoemoff,
semcontexto,semamplitude,
sem ere dibilidade.MarceloBarcelos, professordadisciplina
Corretootextosobreo
pôquer.
Eu apenasacrescentariaotamanho econômico do
jogo,
hoje
umaimensaindústria internacional deentretenimento. Areportagemmais
legal
destaedição
do "Zero"éadas
drags,
comfotos incríveiseaprofundamento
narrativo.Valemuito.
Textosobrea
redução
da maioridadepenal
éumdesperdício.
OuveJeanCarlosCavalheiro,
umjovem
inteligente
econtrário àredução.
Masporqueele,
sesabemosque87% da
população
dasperiferias
éfavorávelà
redução
e,portanto,Jean
Carlosnãoosrepresenta?
Um debateentredoisjovens
daperife
ria
(um
afavoreoutrocontra),
porexemplo,
teriasidomais
produtivo.
É
inexplicavelmente
gratuita
a fotoqueilustraotexto. Nemé do entrevistadonem é dasituação
dejovens
internados emrestrição
de liberdade.Corretootextosobreofutebolamericano.
E-mail-zeroufsc@gmail.com ..
,...I11111!�...:Telefone
-(48)3721-4833 Facebook -jjornalzero Twitter- @zeroufsc Cartas -Departamento de Jornalismo- Centro deComunicaçãoeExpressão, UFSC,
Trindade, Florianópolis (SC)- CEP:
88040-900
ZIBO
JORNAL
LABORATÓRIO
ZERO Ano XXXIV- N°5 - Setembro de 2015EQUIPE Amanda Reinert,Amanda Ribeiro,Ana Carolina Fernandes, Ariane Cupertino, Bruna Ritscher, Bruno da Silva,DaniellaCoriolano,DéboraBaldissera,DenerAlana,GabrielLima,GabrielaDequech,GiseleBueno,JúliaRohden,JulianoFrança,KarineLucinda, LauraPrada,Leise
Silva, LilianKoyama, Luara Loth, LuizGabriel Braun, MarinaSimões,Matheus Faisting, MônicaCustódio,Natália Hut,Paula Barbabela, Roberto Granzotto,RubensLopes, Sandy
Costa, Sarah Laís,SimoneFeldmann, Talita Burbulhan,Valda Santos,Valmor Neto eVinícius Bressan
EDiÇÃO
DenerAlano,GiseleBueno, Luiz Gabriel Braune Vinícius BressanILUSTRAÇÃO
Amanda Ribeiro, Luiz Fernando MenezesCAPA Amanda RibeiroPROFESSOR-RESPONSÁVEL
Marcelo BarcelosMTbjSP25041 MONITORIA Ayla Passadori,GabrielaDe Toni
IMPRESSÃO
Gráfica GrafinorteTIRAGEM 5 milexemplaresDISTRIBUiÇÃO
NacionalFECHAMENTO15 de setembro•
MelhorJornal Laboratório- IPrêmioFoca
Sindicatodos Jornalistas deSC 2000
•
MelhorJornal-Laboratório EXPOCOM SUL 2015
•
3° melhorJornal-Laboratóriodo Brasil
EXPOCOM 1.994
•
MelhorJornal-Laboratório do Brasil
EXPOCOM 2015
•
•••••
Melhor PeçaGráfica Set Universitárioj PUC-RS1988, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1998
+-UFSC
Lava-carros
funcionam
sem
regulamentação
Projeto
busca instituir
normas
para
a
atividade
dos
profissionais
que trabalham
na
universidade
uem
frequenta
a UFSCjá
deve terpercebido
aquantidade
de lavado res decarros que háno campus. Aequipe
doZero encontrou maisde
20 locais onde
há,
pelo
menos, uma
placa
deidentificação
doserviço.
Masseráqueessaatividade,
prestada
háquase cincodécadas,
éfeita demaneiralegal?
Em 2008, o
professor
CláudioAmante e oservidor Dalton Barreto começaram um processo,
junto
àProcuradoria,
parapermitir
oofício.O
objetivo
era monitorar as atividades feitas no espaço
público.
Foidefinidoqueelesseriamcadastrados
pela
Pró-Reitoria deAssuntos Estudantis
(Prae),
afim deque osservi çosfossemregularizados.
Acontece que o Zero encontrou
várias
irregularidades
nos pontos delavação.
Entreelas,
estáodesperdício
deágua.
Também não existe tabela de preços,nem umpadrão
queidentifique
os locais.Alguns
lavadoresocupam vagas de estacionamento.
Outros nãopagamataxadevintere
ais,
referente à luzeàágua.
Há,
ainda,
a
questão
do descarte deresíduosnos riachos que passampela
Universida de. A assessora daCoordenadoria deGestão Ambiental da UFSC, Ariane
�
pode
continuar :5 dessejeito.
Tudo]
vai somando egerando
umainsatisfação
dopúblico
daUni versidade". A estudante Daniela Came ro",43,
conta que, ao che gar à UFSC, um lavador seaproximou
ebloqueou
a entrada,
pedindo
que ela colo
casse o carro em outro
lugar.
"Fiquei
indig
nada ao ver que ele
queria
tirarminhavaga.Pedi paratirar o cavalete. Ele começou a me
xingar,
masacaboutirando".Já
opro fessoraposentado
doDepartamento
deMecânica,
LourivalBoehs,
66,
dizqueusa o
serviço
hámaisde 30anos. "Não tenho nadaareclamar.É
bome Grandepartedos lavadores decarrostrabalha apenas dentro daUniversidadeesustentaafamíliacom arendaobtidaLaurenti, considera que não se deve usar otermo
irregular.
"Eu diria que apalavra
maiscorretaseriaumaatividade informaL"
O atual
responsável pelos
traba lhadores é oprofessor
Clarilton Ribas. Ele é o idealizador do Lavador
Cidadão,
projeto
que visaregularizar
o
serviço
delavação
decarros.Ribas defende que oprojeto
seenquandra
comosocial, já
que muitoslavadores têmos lava-carroscomo única fonte de renda.Paraoprofessor,
"oproble-maé quetem gente quese alimenta com oquearrecada das
lavações".
Ele acreditaqueé necessárioimplemen
tar
ações
decarátercultural.Essa ideia faz
parte
das normas mínimas internas, documento quepadroniza
ofuncionamento doservi ço. Umadas medidas éestipular
um valorfixo. O lavador também deverámanteroponto
limpo
e ocrachá pre so àcamisa.Alémdisso,
menores de idadenãopoderão
exercer afunção.
Oprofessor
Clarilton entendeque "nãoconfiáveL"
Por
enquanto,
nãoháumamparolegal
quepermita
autilização
does paço da Universidadeparaessesfins.O
projeto
procuraregularizar
oservi çosobumaforma quenãopareçaau-toritária. "Não
podemos
passarcomo umtratorporcimadeles, entendeu?",
salienta Ribas. Conforme destaca
ArianeLaurenti,o
lado social,
aquestãoinstitucionaleoaspectoambien tal devemseranalisadosem
conjunto.
Até agora,
já
seconseguiu
fazer um crachá para cada lavador.Há,
também orçamento para comprar camisetaseoutroparacolocarplacas
deidentificação.
Aideiaé,
aospoucos,legalizar
aatividade."Já
pensoubotar um trabalhador na ruadepois
de35 anos numespaçonoqual
elesimples
mente tira o sustento dafamília?",
enfatiza Ribas.Osni
João
Vieiraépai
decinco fi lhose lavador decarros há49
anos. Todosos seusfilhosseguiram
a mes maprofissão.
Hoje,
aos64anos, éum dos lavadores maisantigos
da UFSCe sobrevive apenas
disso,
lavando detrêsaquatroveículospordia.Dese
gunda
asexta,vesteocolete amarelo evaiparao estacionamentodo CTC. Osniafirma que procura fazerascoisas sem
prejudicar ninguém.
*Nomefictíciopara preservarafonteJulianoFrança jdejulianoo@hotmail.com Valdori Santos reportervaldosantos@gmail.com SarahLaís srt.sarahlais@gmail.com
Bar
Engarrafamento:
o caso
não
confirmado
Boato
sobre
série de
estupros
envolvendo
o
estabelecimento começou
nas
redes sociais
lL
Bar
de
estupradores"
era apichação
escrita na fa chada do bar em que as duasrepórteres
entraram.Tentando decidiromelhor
plano,
as moças escolheram uma mesa e observaram o movimento."Diminuiu
bastante,
costumava ser bem maischeio",
garantiu
uma de las.Numamesadolado defora,
elaspuxaramum
bloquinho
ecomeçaram afazeranotações.
Umdos garçonsas rondou atéquedecidirampedir
umacerveja
-quefoi abertaeservidana frente
delas,
sóporgarantia.
Nodia 17 deagosto,oCentro Aca
dêmicoLivrede CiênciasSociais
(Cal
es)
daUFSCpublicou,
em suapágina
noFacebook,
uma denúncia anôni made "Xcasosdeestuprosde pessoasconhecidas,
em umbarnasredonde zasdaUniversidade".Paraprotegerasvítimas,
oCalesomitiu onúmero de casos eo nomedo estabelecimento.Nodia
seguinte,
oColetivoPra Fazer Diferente decidiu
publicar
outrotextoem sua
página
namesmaredesocial,
que começava com a frase "Nós damosnome aosbois!".Ogrupoafirmouque garçonsdoBar
Engarra
famento,
nobairroCarvoeira,
coloca ramdrogas
nas bebidas dealgumas
meninas para que elas
"apagassem".
Emseguida,
aacusação
era aindamais grave: os funcionários teriam
estuprado
as estudantesapós
oexpe diente do bar.Emtemposdeinternet,não édese
surpreender
que(quase)
tudo tenha acontecidoviaredessociais:adenúncia porparte de um
perfil
anônimo,
opronunciamento
do dono dobar,
arepercussão
naspáginas
de coletivos.Masé muitofácil dizeroquesepensa nainternet,assim comoé fácil assu
mirumaidentidadeque nãoé asua
própria.
A maneiracomo sedeuessa história apresenta indícios para que seacredite que tudonãopassa deum boato- eque
ninguém
sabe ondecomeçou.
O que
complica
casos como esse é que não existe umadelegacia
especializada
emcrimes deinternet.É
interessante
questionar
até�
que ponto o que acontece
-no meío
digital pode
afetar!
omundoreal,
pois,
casonão�
'"seja
comprovado
que houve estupro, a denúnciapode
sertipificada
como calúnia edifamação
(artigos
138 e 139doCódigo Penal).
E nãosofreapenas quem iniciouo boato: quem
compartilhou
ainformação
tambémpode
serpunido.
Debarem
bar,
asrepórte-resdoZeroandaram
pelo
entornodaUFSC,
tentando,
sem sucesso,contato com MareioPamplona,
proprietário
do
Engarrafamento
e de outros três estabelecimentospróximos
à Universidade. Os funcionários sempre re
petiam
que não tinhamautorização
parapassaronúmero dotelefone do chefeequeele deviaestarem
algum
dosoutrosbares: "Com quatrocasas,fica difícil atépra
gente
saber onde eleestá".
Mas sãocasoscomoodeuma
estu-Fraseacusatóriafoipichadanaparededuasvezesdesde queadenúnciafoi feitanomês deagosto
dante,
quepreferiu
nãoserídentíficada,
quereforçam
asuspeita
da denúncia. A
jovem
e umaamiga
foram ao barumanoite.Inesperadamente,
um garçom levou bebidas atéa mesadasduas,
semque elastivessempedido. Já
bebendouma
cerveja,
elasrecusaram osdrinks,
supostamenteenviados por dois rapazes numa mesapróxima.
Para
elas,
ficaadúvida:teriasidoum flerteou umatentativadedrogá-las?
Nastrêssemanasentreadenúncia eofechamento desta
edição,
nãohou-ve
registro
deboletim deocorrência,
nempronunciamento
de nenhuma vítima deestupro.Emdez tentativas, a reportagem procurouinformações
no 6° Distrito deProteção
àMulher,
localizado no bairro
Agronômica,
e sóconseguiu
contatocom umaplan
tonista,
quedisse não haverregistro
sobreo caso. Natália Huf natalia.huf®gmail.com Mônica Custódio monicacustodioC@gmail.com
ZERO
Setembro de 2015D
Com
cortes
de
verbas
na
educação,
universidade
22
•04
1 1
1
junho
maio
agosto
agosto
Dilma anuncia Cerca de 300 Fechamento Conforme Estudantes, Alunos do
ocorte de
RS
servidores do RUrepresentantes
servidores eDepartamento
8,6 bilhões na filiados à do Comando
professores
de GeociênciasEducação
Fasubra decidem Local de Greve daArquitetura
decidemempela
adesãoa Docente,pelo
deliberamem AssembleiaÉ
protocolada
a greve nacional menos 15 Assembleia aparalisar
suasgreve nacional da
categoria
professores
da greve docurso atividadesda Fasubra,em UFSC aderem à
Brasília Greve Nacional
Docente
Greve dos
técnicos,
fa Ita
de
professores
e
cursos
paralisados
chamam
atenção
para
precariedade
OPrimeiro
reflexo do corte deR$
8,6
bilhõesnaEducação,
anunciadopela
presidente
Dilma Rousseff em maiodesteanofoiagreve nacional da Fede
ração
de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-AdministrativosemInstituições
deEnsinoSuperior
Públicas do Brasil(Fasubra),
queabrangeservidores das universidades
públicas
de todoopaís.
Aintenção
dosprofissionais
erapressionar
ogoverno paramelhorescondições
de trabalhoe salário. Desdeodia4 deJunho,
osestudantes da Universidade Federal deSanta Catarina(UFSC)
fi caram sem acessoàBiblioteca Universitária(BU),
aoRestauranteUniversitário
(RU),
à PRAEeoutrosserviços
essenciais.Com o cortede
verba,
programas de ensino,pesquisa
eextensãoedePós-Graduação
foramas atividadesmais afetadas.ACoordenação
deAper
feiçoamento
de Pessoal de NívelSuperior
(Capes),
instituição
do Ministério deEducação
(MEC)
responsável
porfinanciar programasde mestrado edoutorado,
afirmou orepasse deR$
1,65
bi para seusprogramasdepós-graduação (Proex,
Prosup,
Reunie
Prouni).
Entretanto,universidadespúbli
casde todoopaís
têmenfrentado dificuldadespara manterasatividades,
eafirmamqueorepassefoi abaixo do comunicado.Deacordocom aUniversidade Federal da Bahia
(UFBA),
orepasse paraainstituição
-queantes
chegava
aR$
4 milhões- foi deapenas
R$
1 milhão. Emnota,a
administração
daUFBArelatou queopronunciamento
daCapes
foi tardioeque"por
estasrazões,aimplementação
desta medida levará àparalisação,
defato,
da atividade depós
-graduação
namaioriadas universidades dopaís".
Na UFSC, os programas de
pós-graduação
também tiveramcorte de 75% novalorprevisto
paradespesas
comparticipações
emcongressose financiamento de bolsas de doutoradonoexterior, entre outrasatividadesprevistas
noprograma.Emnota
publicada
emagosto,oCentrode Ciências daEducação
(CEO)
secolocoucontraoscortesdever basparaatividades deensino,pesquisa
eextensãoedisseque,acurtoemédio prazo, será notávela
redução
deprodução
científica nas universida des brasileiras:"Vivemos,
portanto,ummomentocrucial para resistir, unir
forças
parapressionar
pela
revisãodoscortesegarantir
queaeducação
pública
nãoseja
negligenciada
noorçamentodopróximo
ano".A
atuação
doDCEéumdospontoscriticados duranteasparalisações
dos estudantes. "Oque exis teporpartedoDCEéumatentativade desmobili zar auniãodas trêscategorias
dentro daUFSC: a entidadeignora
queestudantes tambémsãotrabalhadoreseque todaa
precarização
dasoutras categorias
refletenaqueles
quedeveriamserrepresen tadospelo
diretório." reclamaaestudante doCAdeServiço Social,
Luana Costa.Segundo
osalunos doCentroAcadêmicode
História,
apesar dealguns
estudantes docurso seremdoDiretório,
nãohou ve tentativadecomunicação
entreosrepresentantes.Thia
go
Pimentel, presidente
doCAdeEconomia,afirmaque,ao menos em seucurso,houve um
diálogo
com aentidade:"Entendo queoDCE deveassumirumpapel
fundamentalnaslutases tudantispor melhorescondições
deestudo epermanência,
eassim espero queofaça;
até porqueomovimentoestudantil só tendea
perder
se oDCECadastro Socioeconômicono
Serviço
Socioassistencial daCoAEsnoretornodasAssistentes Sociaisao setor,
após
ofim dagreve."
Segundo
VanessaCanei,estudante deRelações
InternacionaisebolsistanaPRAE,o
agendamento
paraa
realização
dos cadastros estámantidoparapriorizar
oscalouros,
mas ocadastronão garanteosbenefícios.Noedital sobreo
Programa
BolsaPermanência,
150 bolsassão ofertadas e o
lança
mentodenovo edital estáprevisto
após
agreve,mas ainda há dúvidaspor parte dos estudantes sobre a fonte de recursos para as novas vagas, que seriam
superiores
aos anos anteriores. "Sem
mobilização
estudantil,
essesestudantesterão queabandonarauniversidade,
eissoéalgo
que nãopodemos
permi
tir.
Infelizmente,
nãotemosapoio
doDCEpra nadaem
relação
apermanência,
oquetornatudo aindamais
difícil",
dizVanessa."Não
temos
apoio
do
DCE
para
nada
em
relação
a nossa
.I'< •
permanencia,
o
que
torna
mais
difícil"
Permanênciaestudantil
Em 2007,aUFSC aderiuao REUNI
(Reestru
turação
eExpansão
das UniversidadesFederais),
aumentandoonúmerodevagasofertadas,
criando novos cursosdegraduação
efacilitandoo acessodemuitosalunosàsuniversidades
públicas.
Apesar
daexpansão,
acarga administrativaeaspolíticas
depermanência
nãoacompanharam
ocrescimentopromovido.
Em2015,cercade três mil estudantes entraramatravés dosistemadecotas(47,5%
das 6511 vagas ofertadaspela
UFSCforam reservadas para Política deAções Afirmativas).
Em contrapartida,
há 167 vagas na moradia estudantil e 2068 bolsas estudantisnovalor deR$
555 destinadas àtoda a universidade Devidoàgrevedos
TAEs,
oscalourosingres
santes no
segundo
semestrede 2015 enfrentaram dificul dadesemconcluirocadastro socieconômico e concorrer a
algum
benefício.Emnotadivulgada
nodia22deagos to,aReitoria anunciou que"ações
foram executadasem caráterexcepcional,
consíde rando-seasituação
derisco àvidaou apermanência
dosrecém
ingressos: a) isenção
docustoda
alimentação
no restaurantedos Volantesen quantooRU estiverfechado;
b)
alojamento
provisório
no Módulo III da Moradia
Estudantil;
c)
agendamento
prioritário
para análise do RestauranteUniversitário voltouafuncionarem31/08comfuncionários terceirizados,oquegerou protestosvive
instabilidade
Reitoria anuncia areabertura do RU CFH decidepela
greve em Assembleia Estudantilagosto
não assumiresses espaços de
reivindicações",
diz.Areportagementrouemcontatocom o
Diretório,
masnãoobteverespostaatéofechamento da edição.
Outropontoque,
segundo depoimentos,
impe
diua
continuação
dasparalisações
dosestudantes foioassédio porpartedosprofessores.
Houverelatosde alunos sobre
professores
quenãoapoiam
a greve dosestudantes,
intimidando-os pore-mail,
aplicando
tarefaseexigindo
presençaem sala deaula,
sempossibilidade
de debate. llaltadeprofessores
eíníraestruturaNocursode Ciências
Econômicas,
seisdíscíplí
nas
obrigatórias
estãosemprofessores,
contabili zando282cadeiras vagas.Paraqueessademanda fossesuprida,
serianecessáriaacontratação
de doisprofessores
substitutose umefetivo, já aprovados
em concurso.Mas,com aSecretaria de Gestão de Pessoas(Segesp) paralisada
emfunção
dagreve dosTAEs,ossubstitutosaprovados
emprocessose letivonãopodem
assumirseuscargos.O curso de
Relações
Internacionais tambémestácomfalta de
professores:
sãoquatrodisciplinas
brigatórias
e176
alunossemaula. Emboranãoaja
indicativo de greve estudantilnessescursos,foi ealizadanaterça-feira,
dia 1°desetembro,
umaula
pública
para discutirosimpactos
dacriseeco ômicanaUFSC,especialmente
voltadaaos cursos eRIeEconomia.om
Segesp
parada,
60
provados
em
concurse
úblico
aguardam
omeação
•para
ssumrr
es
seus
cargos
Paralisado desde19deagosto,o cursodeArtes ênicasestásem
proíessores
paratrêsdisciplinas
brigatórias
dosextoperíodo.
Existemdois substítosno
quadro
docente,
porém,
arecontratação
estesé incerta. Por ainda não ter espaço físicoróprio,
asaulas docursosãoministradasemsalas'emprestadas" pelo
Centrode FísicaeMatemática(CFM)
epelo
cursodeDesign,
noCentrodeCornu-Cerca de 70 pessoasse reúnemem Assembleia docente convocada
pelo
Comando Local de Greve21
agosto
Ato unificado Assembleia 2aAssembléia dos Servidores Geral dos Geral da Federaisem Estudantes da Comunidade grevepelas
ruas UFSC:criação
de Universitária: do Centro um Comando deaprovada
apela
melhora Greve Estudantil.unificação
da nos salários, que unifica pauta. Apartir
serviços
oscomandos de agora,aspúblicos
de dos mais decategorias
qualidade
para 19 cursos emapoiam
as apopulação
eestado de greve demandas umas contra o
ajuste
Reaberturaou
mobilização
das outras fiscal do RU25
27
1
agosto
agosto
agosto
agosto
ZERO
Setembro de 2015nicação
eExpressão (CCE).
Sem
professores
paratrêsdisciplinas,
o curso de Matemática tambémpede
pormelhor infraestrutura:"Nosso
prédio
de aulase nossosprogramasde extensão estãosendo
engolidos
acada volta àsaulas,
enãohá sinal deconstrução
deumprédio
novo.Estamosperdendo
nossoespaço",
afirmouopresidente
doCentroAcadêmicoLivredeMatemática
(Calma),
GuilhermeWagner.
Emmemorando
circular,
aSegesp
divulgou
quesão
aproximadamente
60candidatosaprovados
em concursopúblico aguardando
anomeação,
assim como osaprovados
emprocesso seletivo.Novos pro cessosseletivos tambémnão estãosendo realizados.Pauta.s
especificas
Os movimentosdos estudantes tambémtrazem
paradebateas
solicitações
específicas
de cadacur so.Os CAsdeFilosofiaeHistóriaincluíram,
entreosmotivosdagreve
deflagrada
nomêspassado,
aparticipação
dos estudantesnareestruturação
curriculare a
ampliação
da biblioteca setorial.Durantea Assembléia Geral dos Estudantes daUFSC,alunos docursodeLetras Librascriticaramafaltadetradutorese
intérpretes
dalingua
Brasileira deSinaisqualificados
paraatuaremserviços
essenciaisaosestudantes,
como oHU,aPRAEe aBU. O CentroAcadêmico de Farmácia
deflagrou
aparalisação
no dia 17 deagostoparachamaraatenção
dareito riaquantoaosproblemas
nacomprademateriaispara aulas
práticas,
comoreagentesquímicos.
Já
osalunos dodepartamento
deGeociências,
para lisadosnoiníciodosegundo
semestre,exigiram
aregularização
dascondições
das saídas de campo, como opagamento/reembolso
aos alunosepro fessores dosgastos, efazercomqueelasestejam
previstas
noplano pedagógico
docurso,bemcomodisponibilizadas
nosplanos
deensinodosprofes
sores. LilianKoyama Izkoyama@gmail.com Natália Huf natalia.huf@gmail.com Karine Lucinda karine.lucinda@gmail.com Gabriel Lima gabrielduwe@gmail.com SandyCosta sandycossta@gmail.comInez Cristina daSilveira trabalhacomotaxistaháseisanos erelata que, apesar denuncatersidoassaltada,jápassou poralguns episódiosintimidadores duranteasmadrugadasnas ruasdeFlorianópolis
Insegurança
afeta
o
trabalho
dos
taxistas
Temendo
assaltos,
motoristas
deixam de atender comunidades
que
têm
histórico de violência
"
E
noite
quando
ocasal,
comnão mais que 30 anos, se
aproxima
do táxi onde Vanderlei daSilva,
47,
aguarda
ospassageiros
naPraça
XVdeNovembro,
no CentrodeFlorianópolis.
Elesentramno carro epedem
paraomotoristaoslevar atéa ruaGeneralVieiradaRosa,naloca lidadeconhecidacomoMonteSerrat. Por contadonevoeiro e,já
alertadopelos colegas
dosfrequentes
assaltos naregião,
otaxista parao carro em frenteaumaescola,
na ruasolicitada,
eavisa que nãopode
iralémdaquele
ponto.Alâmina dafacaespetaabarri ga domotorista, enquantoohomem,
sentadonobancotraseiro,ordena que ele continueotrajeto
atéchegar
em frentea umaigreja
evangélica
noalto domorro.Oscriminosos
saemlevan doocelular dotaxistae osR$100
que ele tinhanacarteira.A violência e a
insegurança
das ruassãosentidas por quemtrabalha nasmadrugadas
deFlorianópolis,
principalmente
taxistas,quenãodispõem
desistemaseficazes deproteção,
tomando-sealvo daação
dos criminosos. Temendoos
assaltos,
motoristasdeixam de levaros
passageiros
nas comunidades onde o índice de violênciaé maiselevado.Deacordocom Zulmar de Faria,
presidente
do Sindicato dos Taxistas de
Florianópolis
eRegião,
estanãoéarecomendação
passada
aosmotoristas,pois
segundo
ele "o direitode ir evirdas pessoasnão
pode
serprejudicado".
Entretanto, moradores de
regiões
como oMaciço
doMorrodaCruzeMonteCristodeixam deseratendidos
pelo
serviço
apartir
das 20h.Além dos três assaltos que
sofreu,
Silva,
citado no começo da reporta gem, relembraomomentomaisdra-!
I
"A segurança dos
trabalhadores é
zero.
Eles
ficam
expostos
quando
o
passageiro
entra
no
carro"
mático que passou durante os anos de
profissão.
Aconteceuquando
trêsjovens
embarcaramnotáxi,
porvolta domeio-dia,
epediram
paraseremle vadosaobairroSerraria,emSãoJosé.
No percurso,umdosrapazesatendeu ocelular edisse que elesjá
estavampreparados
para uma troca de tiros."Quando
viostrêssacarem as armas queguardavam
dentro doscalções,
parei
otáxiemfrentea umbaredisseque não entrarianomeiodotiroteio. Aover ostraficantesrivaisnobardo lado de
fora,
ostrêsrapazesse escon deram dentro dotáxieapontaram a armaparamim
pedindo
para queeu saísse dali o mais
rápido
possível.
Então os deixei noutro ponto do bairro e eles mepaga-ram
pela
corrida. Recebi o dinheiro tremendo".Portrás de doismonitoresnasede da
Associação
dosTaxistasdeSãoJosé
e
Florianópolis,
José Henrique
Weberacompanha
astransmissões viarádio feitaspelos
maisde2.100profissionais
na
região
da GrandeFlorianópolis.
É
ele quemanotaesporadicamente,
em umcaderno,
asocorrências envolven dotaxistasetambémficaresponsável
por acionara
polícia
nos casos mais graves, como sequestro,agressão
aomotoristaouroubo do veículo.
Apesar
da inconsistêncía dos dados sobreassaltos,
aAssociação
reconheceafalta de segurança dos trabalhadores. Deacordocom o
presidente
CarlosHumberto Vieira,a
instituição
implantou
um sistema de rastreamento quejá
abrange
cerca de 50% dos veículos cadastrados. "Asegurançadostaxis-tasézero,porque eles ficamexpostos
depois
queospassageiros
entramno carro. Tentamosampliar
asegurança dostrabalhadores instalando cabinespara os motoristas, mas isso gerou uma
rejeição
porpartedosusuários,
quenãosesentiamconfortáveis,
entãoascabinescomeçarama serreti
radas".
Há 35 anostrabalhandocomota
xistaem
Florianópolis,
Carlos Alberto Vieira,56,
conta quejá
sofreupelo
menoscincoassaltosenquantotraba lhava.Oprimeiro
aconteceuquando
transportava umpassagei
ro que ia daCapital
para omunicípio
deBiguaçu.
Quando
che-gamos BR-101, apontou a armaparamim,mandoueupararocarro,entregarodinheiro que tinha edescer. Elesencontrarammeu car ro em Curitiba
algum
tempodepois.
Naquele
dia,
soube que ele também havia assaltado outros 15 taxistasaqui
naregião".
Em outra ocasião,após
deixarumpassageiro
nobairroMonteCristo,ele foi
impedido
desair porumhomemquebloqueava
apassagem, numa bicicleta. "Ao menos quatro homens também cercaram o carro e um deles veio na minha
janela pedir
que eu entregasse o dinheiro.Dissequenãotinha
nada,
pois
haviacomeçado
oturnonotáxi,
então o cara que estava na bicicleta abriu umespaçoe eu na eleacelereio carro.Foi assimqueconse
gui escapar".
A ausência de
registros
sobre os casos de violência contra osprofis
sionais,tanto porparte do Sindicato como daAssociação
dos TaxistasdeSão
José
eFlorianópolis,
nãopermite
chegar
a um númeroexatodeocor rências e dostipos
deagressões
so fridas.Entre os taxistas, écomum a ideiade queoregistro
do boletim de ocorrência é ineficaz.Deacordocom adelegada
AnaCláudiaRamosPires,da
Delegacia
deRepressão
aRoubos daCapital,
nosseismeses emque estáàfrente da
instituição,
foi realizadoapenasumboletim de ocorrênciapor
partedos taxistas. AnaCláudia pon
tuaaindaqueo
registro
dosboletins é fundamental paraacriação
deestratégias
deproteção
àsegurançapúbli
ca,pois
otrabalho dapolícia depende
de estatísticas que são alimentadaspelo
sistema."Através dessesregistros
épossível
definiros horárioselocais commaiorincidência doscrimese o modo deoperação
dos criminosos", destaca.ZEBO
Valmor Neto
valmorneto88@gmail.com
Monte
Cristo
Chico Mendes
e
Novo
Horizonte,
duas
comunidades da
periferia
de
Florianópolis,
vivem
acuadas
entre
a
poltcía
e o
crime
o
morador
não
é
o
inimigo
orno tu
conseguiu
vir?", a mulher perguntou. Dona Militafingiu
uma dor decabeça
súbita e foi embora da reunião sobre economia solidária. A moça que fez a pergunta em :omdeironiamora naBeira-MarNorte;Milita
\1aria
Marques
vemdo bairroMonteCristo, na oartecontinental deFlorianópolis. Naquela
mamã,
Militaouviu do vizinho que foram quase Wminutosde tiroteioentreos gruposligados
tocrimeorganizado.
Omedo fezpareceruma etemídade.Amoradorasaiu decasa eencontrouuma
nãe
desesperada
por causa do filho baleado 10confronto danoiteanterior. Com umnóna �arganta,Milita pegou oônibusemdireção
ao:entroda cidade. Alíder comunitária viveem 'lova
Esperança,
comunidadequefazparte do\1onte Cristo.
Já
acostumada a conviver com J tráfico dedrogas
e com aação
ostensivadaoolícía,
desabafa:"Nosúltimosmeses,aguerra :omou umaproporção
como nuncaantes". A rerguntada moça de classe médiairritouMili :a:_"Quando
matamumdos nossos,essagente liz graçasaDeus,mas era umadascrianças
da rossacomunidade,
e quepoderia
sertão boa quantoofilho dela".Correu emdireção
à Câ naradeVereadores,
subindo cadadegrau
doorédiodecididaafazer
algo.
Arespostado Estado paraoaumentodavio ência entre os grupos rivais que controlam J tráfico de
drogas
no Monte Cristo foi intensificaro
policiamento.
Hoje,
é o único bairro 10 Continente com uma viaturaprópria
parao
patrulhamento.
Aolado daViaExpressa,
ro doviaqueune aBR-lOl àIlha,
oMonte Cristoé um mosaico de nove comunidades: Monte
Cristo, Nossa Senhora da
Glória,
Novo Horizonte, Chico
Mendes,
NovaEsperança,
SantaTerezinhaI,SantaTerezinhaII,PromorarePa
norama. Oúltimo censodoInstitutoBrasileiro de
Geografia
e Estatística(IBGE)
indica queé o décimo maior bairro deFlorianópolis,
com 12.707 habitantes. Hádivergências: segundo
ositedoCentrode
Educação
eEvangelização
Popular
(Cedep),
organização
não-governamental
queatuanaáreadesde1987, a
população
gira
emtorno de20 mil. Os moradores mais antigos concordamcomesse
número,
confirmado tambémpelo
Comandodo22°Batalhão daPM,responsável pelos
11distritos doContinente. No MonteCristo, orendimento médio mensalpor pessoa é deR$ 616,73,
quase trêsvezesmenor, secomparado
aomunicípio
deFlorianópolis,
com rendapercapita
deR$
1.731,91(IBGE,
2010).
Do
conflito,
acirradoemnovembro de2014,
surgiu
aoperação
"OrdemeProgresso",
umaparceria
entre a PolíciaCivil e aPolícia Mili tarqueinvestiga
o tráfico dedrogas
e as facções
criminosas que estariamatuandonolocal hácercadeumadécada.Apenas
nos dias das trêsetapas daoperação
- realizadasem30 de maio, 30 de
julho
e 14 de agosto de 2015 -, foram efetuadas cercade 75 ordensjudiciais
de buscaeapreensão nas comunidades. Essasações
resultaramemquase 30prisões
e apreensõesentreadultoseadolescebtesedezarmas foram confiscadas. Além de
drogas, principal
mente
maconha,
apesar do crack ser asubs tânciamaisvendidanaregião.
Odelegado
quecomandou a
operação, João
Fleury,
daDivisãodeCombateaoNarcotráfico
(Denarc),
nãosoube informarquantasdessas
ZERO
Nas
três
etapas
da
operação,
foram
efetuadas 40 ordens
de busca
e
apreensão
e
30
prisões
pessoas permaneceram presase nem o custo
total. "Não dá para acabar
[com
o tráficol.
Nós enxugamos o
gelo,
mas se não enxugar,transborda. E setransbordar afeta vocês que
vêm bater
aqui
e perguntar porquê
agentenãofez
nada",
refletiuFleury
sobre oslimitesda
operação.
OBatalhão de
Operações
Especiais(BOPE)
também atuou recentemente no Monte Cristo,
durante 27
dias,
naoperação "Saturação
deTropas
Especializadas
(OSTE)".
Entre 4 e 31de agosto, o 22° Bata
lhãodaPM
transferiu
a territorialidade para oBOPE.A
operação
OSTEresultouem 17
prisões
eapreensões
de adoles centes. O comandanteMarcos Barreto
Valen-ça,afirmaquetodosospresosestãorelaciona dosagrupos docrime
organizado.
Segundo
adefensorapública
estadual espe cializadaem casosdeacusação
deenvolvimentocom ocrime
organizado,
Fernanda MambriniRudolfo,
aviolênciapolicial
quejá
existecostu maficarmaisevidente duranteoperações
poli
ciais
especiais:
"Para que existaessaocupação,
háuma
cobrança
muitogrande
porresultadosimediatos.Só queisso não existeemsegurança
pública.
Então,
arepressão
aumenta". Mãonoparedão
eterritóriosproibidos
Soltar
pipa
nafavelaem quecresceu. Esteémaisumdos direitos das
crianças
do bairroque nãoé
respeitado, pelo
menosnãoenquantoo grupo que comandao tráfico de
drogas
na ChicoMendese ogrupo rivalnaNovoHorizonteestão em
"guerra",
como todosnomeiamo confronto.Masnãoé sóocrimeorganizado
que limitaodireito dapopulação,
com suasintrigas,
caguetagens,tiroteiosetoquesderecolher. Umgaroto negro de dezanos contaque foi abor dadopor
policiais
militares enquantoempinava
pipa
na praça perto da ViaExpressa.
Arrancaram os carreteis, comlinhassem cerole aspipas.
Obrinque-II
do foi
quebrado
diantedoseurosto.Commedo,
omenino correu paracontaraos
amigos
que opolicial
quase enfiou uma das varetas no seu olho. Orelato seespalhou
echocou educado res eoutrosjovens
já
acostumadoscom otrata mentoviolento quedenuncíam
predominar
nobairro,
ocupado
porforças policiais.
Cláudio deSouzaé educadoreinstrutorde skate do
Fênix,
projeto que atraiosjovens
emsituação
de risco por meio dos esportes radi-cais, dentro doCedep.
Mora há dois anos em
Florianópolis
e garantejá
ter descoberto quenão vive em uma Ilha da
Magia:
"Já
diziam osRacionais Me's: 'omundo é diferente da ponte para cá'.
Aqui,
para onde você olha
só vê
polícia.
Se ocupar as comunidades comBOPEfosse
isolução,
oRio,de ondeeuvenho,
seriao
paraíso".
Segundo
osmoradores,
oconflitoe aviolênciaentregrupos
ligados
ao tráfico dedrogas
e dearmasaumentoue ostiroteios começarama serfrequentes,
inclusiveduranteodia. Saíram dos becosetomaramcontadasruasmaismovimentadas,
como aAvenidaJoaquim
Nabuco. Traficanteschegaram
airàs escolas paraavisardos confrontose ordenarque os
pais
buscas sem osfilhosantes das 17h.Quando
assumiuo comando do 22°
Batalhão,
Marcos BarretoValença
soube que dos setehomicídiosregis
trados no continente, cinco foram no Monte Cristo. Deacordocomocomandante,
apolícia
comemorou30 diassemassassinatosnoinicio\
de setembro.
Marcolimiteentreasduas comunidadesten
doàfrenteaChico Mendese nosfundosaNovo
Horizonte, a escola América Dutra Machado
acompanha
diariamenteas cenasde violência.Umaluno lembradamanhã detiroteio intenso: "Maisdecincominutos
ininterruptos,
achei atéquefosse
algo
desmoronando nocolégio".
Ele e oscolegas
estavamemaula,
mas aprofessora,
seminterromper
aexposição,
apenaspediu
quenãoficassem
próximos
àsjanelas.
Cláudio de Souza