EFEITOS DO A M B I E N T E SOBRE A Q U A L I D A D E DAS M U D A S D E TOMATEIRO (Lycopersiaan esoulentum Mill.) *
ΚΕΙ GO ΜI NAM I**
ANTONIO AUGUSTO L U C C H E S I * * * RICARDO V I C T O R I A FILHO **
RESUMO
Com a finalidade de verificar o efeito da adubaçao nitrogenada e intensidade luminosa sobre a qualidade das mudas de tomateiro cv Roma V F , foi instalado um e x p e r i m e n t o e m con dições de estufa de v i d r o , no Setor de H o r -ticultura da ESALQ, Piracicaba (SP) .
Os tratamentos consistiram em plantas som¬ b r e a d a s , com e sem adubação. Foram observa¬ dos a a l t u r a , diâmetro do c a u l e , e desenvol¬ v i m e n t o do sistema radicular das mudas após 32 dias de g e r m i n a ç ã o e os níveis de carboi¬
dratos e nitrato no caule.
Dos resultados concluiu-se que a adubaçao nitrogenada na fase de m u d a é m u i t o impor-tante para se obter plantas sadias e
for-* Entregue para publicação e m 19 0 3 / 1 9 8 1 .
** Departamento de A g r i c u l t u r a e H o r t i c u l t u r a , E.S.A. "Luiz de Q u e i r o zn, USP.
*** Departamento de B o t â n i c a , E.S.A. "Luiz de Queiroz'1, USP.
tes e em condições s o m b r e a d a s , com a d u b a ç ã o n i t r o g e n a d a , as mudas são m a i o r e s , com alto teor de n i t r a t o , enquanto que em condições de pleno sol e a d u b a d a , elas possuem maior
diâmetro e s i s t e m a radicular mais d e s e n v o l -v i d o .
INTRODUÇÃO
A situação fisiológica nos estágios iniciais de d e s e n -v o l -v i m e n t o das plantas é m u i t o importante pára o c r e s c i m e n t o
posterior. A o b t e n ç ã o de mudas de boa qualidade já ê um p a s -so muito grande para se obter uma cultura mui to produt i v a . As culturas iniciadas com boas mudas tem cerca de 50¾ do s u c e s s o garantido. Se as plantas nao estiverem em boas condições na fase de t r a n s p l a n t e , elas falharão com certeza ou terio um ren d i m e n t o muito deficiente e , em c o n s e q ü ê n c i a , a cultura terá um aproveitamento p e q u e n o .
De acordo com KLAUS δ KRAYBILL ( 1 9 1 8 ) , há evidências de que o crescimento vegetativo está associado aos níveis de C e Ν na planta. Estes autores a f i r m a m que as plantas com v e g e t a ção v i g o r o s a , em g e r a l , apresentam alto teor de u m i d a d e , n i -trogênio total e n i t r a t o , e baixo teor de m a t é r i a s e c a , subs tancias redutoras livres, açúcares e p o l i s s a c a r F d e o s . M U R N E E K
(1926) chegou â m e s m a c o n c l u s ã o .
Durante a fase de c a n t e i r o , as condições ambientais po-dem influir no d e s e n v o l v i m e n t o da p l a n t a , p r i n c i p a l m e n t e , o suprimento de água e n i t r o g ê n i o , sem menosprezar os demais fa
tores.
BURLE δ KRETCHMAN C 19.71). afirmam que a intensidade d a luz natural ê baixa em novembro e d e z e m b r o , quando as mudas de tomate, para a cultura de p r i m a v e r a , em Ohio ( U S A ) , estão sendo formadas. Consequentemente é baixo o teor de c a r b o i d r a to na p l a n t a , o que torna as mudas um pouco fracas e e s t í o l a -d a s .
Esce e x p e r i m e n t o foi realizado para determinar os n í -veis de carboidrato e nitrogênio e a q u a l i d a d e das mudas de
tomate em diferentes condições a m b i e n t a i s .
M A T E R I A L Ε M É T O D O
0 e x p e r i m e n t o foi conduzido em condições de casa de v e -getação no Setor de H o r t i c u l t u r a da E S A L Q , Piracicaba (SP).
As mudas de tomate foram obtidas d e uma semeadura feita em caixas de m a d e i r a (45 cm χ 30 cm χ 10 c m ) , com um s u b s t r a to d e m i s t u r a de areia e solo na proporção de 2:1. 0 c u l t i -var utilizado foi Roma V F , p i r i f o r m e , para industria.
A cobertura para sombreamento foi realizada através de uma tela de p o l i e t i l e n o , com reduçlo de 50¾ da insolação.
0 tratamento com adubaçao recebeu uma aplicação aos 15 dias e 25 dias após a g e r m i n a ç ã o , de uma solução contendo 50g de sulfato de amoηϊa em 10 1 de á g u a , A solução foi a p l i c a d a ,
com um regador de crivo fino e em seguida u m a lavagem com água pura para evitar as possíveis queimaduras das folhas pela
so-lução.
A m e d i ç ã o d a altura foi feita com régua e o d i â m e t r o d o caule com um p a q u í m e t r o , a 5 cm d o solo.
Para a análise q u í m i c a foram feitas secções de 1 mm de espessura retiradas d a parte inferior, mediana e superior das mudas com 32 dias de idade.
Para o teste de nitrato procedeu-se de acordo com KLEIN & KLEIN (1970):
a. reagente 1 g de di feni 1-amina em 100 ml de ^ S O ^ (75¾ de p u r e z a ) ;
b. p r o c e d i m e n t o - as secções foram colocadas em u m a pia ca seca e limpa e sobre elas colocadas
de 3 a k gotas d o reagente. Em s e g u i d a , a placa foi agitada cuidadosamente para pro-vocar maior contato do reagente com o tec[ do v e g e t a l . Após 90 segundos foi feita a
lei tura.
A intensidade de coloração foi medida atra vés de atribuição de notas de 0 a 5,
cor-respondente a um teor relativo de n i t r a t o , como segue:
0 - ausência de coloração (poquTssimo n i t r a t o ) ;
1 - presença de pequenas manchas azuladas bem claras (traço perceptível de n i t r a t o ) ;
2 azul a violeta claro (pequena quantidade de n i -trato) ;
3 - azul a v i o l e t a mais escuro que a da nota 2, com fundo branco ainda visível (quantidade m o d e r a d a de η i t r a t o ) ;
k - azul e s c u r o , sem fundo branco (quantidade alta de η i t r a t o ) ;
5 - azul m u i t o e s c u r o , q u a s e preto (quantidade altfs s íma de η i t r a t o ) .
Para o teste de amido procedeu-se conforme K E L I N S KLEIN (1970):
a, reagente - 0,3 g de iodo mais 1,5 g de Kl em 100 ml de H20 ;
b. procedimento - as secçóes foram colocadas em placas secas e limpas e em seguida inundadas com o reagente. Após 1 mjnuto fez-se a
leitu-ra da c o l o r a ç ã o , atleitu-ravés de atribuição de n o t a s , como segue:
1 - vermelho e s c u r o (pequena q u a n t i d a d e de a m i d o ) ; 2 - v e r m e l h o azulado (quantidade moderada de amido) 3 - azul e s c u r o (quantidade alta de a m i d o ) ;
Os tratamentos do e x p e r i m e n t o foram os seguintes: a. s o m b r e a m e n t o , com adubaçao n i t r o g e n a d a ;
b. s o m b r e a m e n t o , sem adubaçao n i t r o g e n a d a ;
c. sem s o m b r e a m e n t o , com adubaçao n i t r o g e n a d a ; d. sem s o m b r e a m e n t o , sem adubaçao nitrogenada.
Para a avaliação do crescimento do sistema radicular atribuiuse notas de 1 a 4, sendo 1 péssimo e k muito bom d e -senvolvimento do sistema radicular.
Para cada parcela foram avaliadas 10 plantas num total de k repetições.
Os resultados f o r a m submetidos a análise e s t a t f s t i c a conforme ΡIMENTEL GOMES (1963).
RESULTADOS Ε DISCUSSÃO
A média dos resultados o b t i d o s , é apresentado na Tabela 1 .
Houve um acúmulo de nitrato no tratamento com alta a d u -b a ç a o , principalmente com -baixa intensidade luminosa, na par-te inferior da p l a n t a . Resultados semelhanpar-tes f o r a m obtidos por H O F F e WlLCOX (1970).
Carboidratos também se acumularam na parte inferior, em bora o tratamento com nao sombreado e com alta a d u b a ç a o , não se mostrasse nenhum v e s t í g i o de acúmulo de carboidratos.
A distribuição de NO3 e de carboidratos segue os padrões encontrados por KLAUS & KRAYBÍLL ( 1 9 1 8 ) , ou s e j a , há um aumen
to dessas substancias do topo para a parte inferior. 0 n i t r a
-to é encontrado também nas folhas e mui-to pouco nos fru-tos (MURNEEK, 1 9 2 6 ) .
A adubaçao nitrogenada provoca um crescimento maior na p l a n t a , quer e m condição sombreada ou n l o . A redução na q u a n tidade de luz provoca também um c r e s c i m e n t o , p o r é m , e s t i o l a
d a m e n t e , principalmente em condições sem adubaçao n i t r o g e n a -d a .
Esse estiolamento (expansão c e l u l a r , pelo relaxamento das fibrilas de celulose na parede c e l u l a r ) , em condições de baixa luminosidade, é devido a u m acúmulo no nível de hormô-nios produzidos pela p l a n t a , principalmente de giberelinas e a u x i n a s , que em condições normais de luminosidade, grande par-te é f o t o - o x i d a d a .
0 sombreamento com adubaçlo nitrogenada produz mudas com maiores teores de nitrato e mais d e s e n v o l v i d a s . C o n t u d o , o tratamento sem s o m b r e a m e n t o , com adubaçlo nitrogenada produz plantas mais fortes (maior diâmetro de caule e maior desenvol^ v i m e n t o do s i s t e m a r a d i c u l a r ) ,
Para o t r a n s p l a n t e , o tratamento com adubaçao nitrogena da em s o m b r e a m e n t o é m e l h o r , desde que nos últimos d i a s , a n
-tes do t r a n s p l a n t e , as mudas sofram um e n d u r e c i m e n t o , através d a redução de água e m a i s insolação, para se adaptar melhor ãs condições de campo.
CONCLUSÃO
Para as condições do e x p e r i m e n t o pode-se concluir q u e : 1. a adubaçao nitrogenada na fase de formação de mudas
de tomate é m u i t o importante, pois em sua ausência as mudas são pequenas e mal n u t r i d a s , quer seja som-b r e a d o , quer em pleno s o l ;
2. Os níveis de nitrato e a a l t u r a das mudas são m a i o r e em condições de sombreamento e com adubaçao n i t r o g e -n a d a ;
3. 0 diâmetro do caule e o s i s t e m a radicular são mais desenvolvidos em condições de pleno s o l , com aduba -ção η i trogenada.
SUMMARY
EFFECTS OF ENVIRONMENT ON QUALITY OF TOMATO TRANSPLANTING PLANTS
In o r d e r to study the effects of shading and unshading c o m b i n e d w i t h Ν fertilizing on tomato transplanting p l a n t s , an experiment in greenhouse conditions was carried o n .
It w a s concluded that Ν is important to produce healthy a n d strong plants. Under shading plus Ν f e r t i l i z a t i o n , plants are taller and have high nitrate c o n t e n t s , while under unshad
ing p l u s Ν f e r t i l i z a t i o n , plants have higher diameter and more developed root system.
LITERATURA CITADA
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KLEIN, R.M.; K L E I N , D.T., 1970. Research m e t h o d s in plant s c i e n c e , American M u s e u m of Natural History P r e s s , Nova Y o r k , 756pp.
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PIMENTEL G O M E S , F., 1963. Curso de Estatística E x p e r i m e n t a l , 2a. e d . , Livraria Nobel S.A., 384p.